segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

 
Liberdade imediata para Gotzon González, ativista espanhol preso político do governo pró-imperialista Dilma!
 
Em uma operação ilegal e arbitrária da Polícia Federal em conjunto com órgãos de inteligência da polícia espanhola encontra-se preso no Rio de Janeiro desde o dia 18 de janeiro, o professor Gotzon González, acusado de pertencer no passado a uma ala da organização separatista ETA (Pátria Livre e Liberdade). Gotzon já residia no Brasil com família constituída há pelo menos 16 anos, trabalhando como professor e tradutor de espanhol. A PF, cumprindo ordens da Audiência Nacional espanhola (órgão de segurança), passou a “monitorar” a vida de um cidadão espanhol que estaria residindo no Brasil usando “documentos falsos” de identidade e de permanência. Tal subordinação ao imperialismo espanhol foi confirmada pelo superintendente regional da PF no Rio de Janeiro, Valmir Lemos de Oliveira: “Essas informações passaram a ser trabalhadas junto com o governo espanhol por meio dos órgãos de segurança de lá e após diversas diligências conseguimos confirmá-las” ( UOL Notícias, 18/1). Este é mais um exemplo, tal como ocorreu no recente caso das tentativas de extradição do ativista Cesare Battisti, de ataque à soberania do país quando o imperialismo italiano exigiu a todo custo sua prisão e extradição, muito embora vivesse há vários anos no Brasil. Hoje, vítima do fascista estado espanhol, Gotzon é alvo de uma grotesca operação política, destinada a aterrorizar preventivamente as massas e ativistas que “ousarem” se enfrentar com o governo Rajoy e o imperialismo europeu.
 
É precisamente no contexto da profunda crise econômica por que passa a Espanha e o velho continente é que deve ser entendido o processo que culminou na prisão do professor Gotzon. O índice de desemprego no país já supera 26%, e entre a juventude estes números sobem para 50%! No ano passado a “troika” (Comissão da União Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu) concedeu um “empréstimo” que supera os 100 bilhões de euros aos bancos espanhóis numa tentativa vã de cobrir a crise econômica em que está mergulhado o sistema financeiro e o próprio governo do PP, do franquista Mariano Rajoy, a fim de que este traçasse um plano de guerra contra os trabalhadores (demissões, cortes de verbas da área social, educação e saúde, aumento de impostos, incremento da repressão etc.). No entanto, A falta de uma direção revolucionária com peso de massas e a incapacidade da pequena burguesia antipartidária encabeçada pelos tão propalados “indignados” nas últimas mobilizações permitiu a vitória da direita fascista na Espanha, completamente o oposto do que “previa” todo o arco da esquerda revisionista (PSTU-LIT, PO, PTS etc.) que enxergava a revolução dobrando a esquina.
 
Assim, a perseguição a supostos militantes do ETA, qualificados como “terroristas” é a expressão política mais acabada da crise e o consequente recrudescimento do regime sob as hostes do imperialismo europeu. O governo Rajoy recorre até mesmo a fatos ocorridos há mais de 20 anos para perseguir e incriminar ativistas sociais ou militantes de organizações de esquerda como método de intimidação não só aos remanescentes do ETA, mas a todo movimento das massas exploradas e nacionalidades oprimidas. No caso de Gotzon, os órgãos de segurança espanhola afirmam que se trata de um suspeito, mas que não confirma sua participação num atentado contra policiais em 1991. No Brasil, sob o arbitrário argumento de que Gotzon “falsificou” documentos – o que é perfeitamente normal para que um refugiado preserve sua identidade real, na condição de perseguido político em seu país de origem e que busca asilo em outro – foi preso por agentes da PF, a poucos dias de seu alegado “crime” prescrever. Aliás, o que é mais grave, até o momento nenhuma corrente revisionista do trotskismo (PSTU, PCO, LER etc.) se pronunciou diante deste caso, tal como aconteceu na época da prisão do dirigente das Farc pelo então governo Lula, Padre Olivério Medina, e mais recentemente de Cesare Battisti que, por serem considerados “terroristas” não receberam a devida solidariedade contra a perseguição dos aparatos repressivos estatais de seus respectivos países.
 
Frente a este curso reacionário que se abriu no país ibérico, de profundos ataques ao proletariado com cortes de benefícios sociais, demissões, perseguição a ativistas é necessário que o ativismo de esquerda, classista e democrático organize atos pela liberdade imediata do companheiro Gotzon. Esta atividade deve fazer parte de uma ampla campanha política nacional e internacional pela sua soltura imediata, denunciando abertamente o governo Dilma como cúmplice do governo fascistóide de Rajoy. Somente a ação da classe operária e do ativismo classista poderá impedir que Gotzon seja enviado para os cárceres do imperialismo espanhol com a criminosa aquiescência do governo da frente popular. A palavra de ordem deve ser encampada por todas as forças políticas democráticas e de esquerda, sindicatos classistas, movimentos populares e camponeses: Liberdade imediata para Gotzon González, preso político do governo Dilma!