Liberdade imediata para Gotzon
González, ativista espanhol preso político do governo pró-imperialista Dilma!
Em uma operação ilegal e arbitrária da
Polícia Federal em conjunto com órgãos de inteligência da polícia espanhola
encontra-se preso no Rio de Janeiro desde o dia 18 de janeiro, o professor
Gotzon González, acusado de pertencer no passado a uma ala da organização
separatista ETA (Pátria Livre e Liberdade). Gotzon já residia no Brasil com
família constituída há pelo menos 16 anos, trabalhando como professor e
tradutor de espanhol. A PF, cumprindo ordens da Audiência Nacional espanhola
(órgão de segurança), passou a “monitorar” a vida de um cidadão espanhol que
estaria residindo no Brasil usando “documentos falsos” de identidade e de
permanência. Tal subordinação ao imperialismo espanhol foi confirmada pelo
superintendente regional da PF no Rio de Janeiro, Valmir Lemos de Oliveira:
“Essas informações passaram a ser trabalhadas junto com o governo espanhol por
meio dos órgãos de segurança de lá e após diversas diligências conseguimos
confirmá-las” ( UOL Notícias, 18/1). Este é mais um exemplo, tal como ocorreu no
recente caso das tentativas de extradição do ativista Cesare Battisti, de
ataque à soberania do país quando o imperialismo italiano exigiu a todo custo
sua prisão e extradição, muito embora vivesse há vários anos no Brasil. Hoje,
vítima do fascista estado espanhol, Gotzon é alvo de uma grotesca operação
política, destinada a aterrorizar preventivamente as massas e ativistas que
“ousarem” se enfrentar com o governo Rajoy e o imperialismo europeu.
É precisamente no contexto da profunda
crise econômica por que passa a Espanha e o velho continente é que deve ser
entendido o processo que culminou na prisão do professor Gotzon. O índice de
desemprego no país já supera 26%, e entre a juventude estes números sobem para
50%! No ano passado a “troika” (Comissão da União Europeia, Fundo Monetário
Internacional e Banco Central Europeu) concedeu um “empréstimo” que supera os
100 bilhões de euros aos bancos espanhóis numa tentativa vã de cobrir a crise
econômica em que está mergulhado o sistema financeiro e o próprio governo do
PP, do franquista Mariano Rajoy, a fim de que este traçasse um plano de guerra
contra os trabalhadores (demissões, cortes de verbas da área social, educação e
saúde, aumento de impostos, incremento da repressão etc.). No entanto, A falta
de uma direção revolucionária com peso de massas e a incapacidade da pequena
burguesia antipartidária encabeçada pelos tão propalados “indignados” nas
últimas mobilizações permitiu a vitória da direita fascista na Espanha,
completamente o oposto do que “previa” todo o arco da esquerda revisionista
(PSTU-LIT, PO, PTS etc.) que enxergava a revolução dobrando a esquina.
Assim, a perseguição a supostos
militantes do ETA, qualificados como “terroristas” é a expressão política mais
acabada da crise e o consequente recrudescimento do regime sob as hostes do
imperialismo europeu. O governo Rajoy recorre até mesmo a fatos ocorridos há
mais de 20 anos para perseguir e incriminar ativistas sociais ou militantes de
organizações de esquerda como método de intimidação não só aos remanescentes do
ETA, mas a todo movimento das massas exploradas e nacionalidades oprimidas. No
caso de Gotzon, os órgãos de segurança espanhola afirmam que se trata de um
suspeito, mas que não confirma sua participação num atentado contra policiais em
1991. No Brasil, sob o arbitrário argumento de que Gotzon “falsificou”
documentos – o que é perfeitamente normal para que um refugiado preserve sua
identidade real, na condição de perseguido político em seu país de origem e que
busca asilo em outro – foi preso por agentes da PF, a poucos dias de seu
alegado “crime” prescrever. Aliás, o que é mais grave, até o momento nenhuma
corrente revisionista do trotskismo (PSTU, PCO, LER etc.) se pronunciou diante
deste caso, tal como aconteceu na época da prisão do dirigente das Farc pelo
então governo Lula, Padre Olivério Medina, e mais recentemente de Cesare
Battisti que, por serem considerados “terroristas” não receberam a devida
solidariedade contra a perseguição dos aparatos repressivos estatais de seus
respectivos países.
Frente a este curso reacionário que se
abriu no país ibérico, de profundos ataques ao proletariado com cortes de
benefícios sociais, demissões, perseguição a ativistas é necessário que o
ativismo de esquerda, classista e democrático organize atos pela liberdade
imediata do companheiro Gotzon. Esta atividade deve fazer parte de uma ampla
campanha política nacional e internacional pela sua soltura imediata,
denunciando abertamente o governo Dilma como cúmplice do governo fascistóide de
Rajoy. Somente a ação da classe operária e do ativismo classista poderá impedir
que Gotzon seja enviado para os cárceres do imperialismo espanhol com a
criminosa aquiescência do governo da frente popular. A palavra de ordem deve
ser encampada por todas as forças políticas democráticas e de esquerda,
sindicatos classistas, movimentos populares e camponeses: Liberdade imediata
para Gotzon González, preso político do governo Dilma!