segunda-feira, 7 de janeiro de 2013


Casa Branca,“rebeldes” pró-OTAN e revisionistas reforçam sua “frente única” em 2013 exigindo a renúncia imediata de Assad
Ingressamos em 2013 e segue a ofensiva do imperialismo para derrubar o governo de Bashar Al Assad como parte da estratégia militar ianque cujo alvo principal é o Irã. Justamente por esta razão a Casa Branca rechaçou neste domingo, 06/12, o discurso pronunciado horas antes pelo presidente da Síria no Ópera House de Damasco, onde defendeu um “plano de paz” que prevê inclusive eleições em 2014. Tal proposta já é em si mesma uma enorme concessão às pressões feitas pela Rússia e China que desejam impor uma saída de acordo com os EUA. A porta-voz do Departamento de Estado ianque, Victoria Nuland, afirmou que o plano apresentado por Assad é “fora da realidade” e “mais uma tentativa do regime sírio de se manter no poder”. Nuland declarou ainda que “o presidente sírio deve se afastar imediatamente e permitir uma transição política já”. O discurso de Assad também foi duramente criticado pela Turquia, pela Grã-Bretanha e pela União Europeia, que reiteraram pedidos para que o presidente sírio renuncie. Em sintonia com a posição das potências capitalistas, os mercenários “rebeldes” da coalizão nacional de oposição declararam que o presidente quer tornar inviável qualquer acordo internacional que possa acabar com seu governo. Como se vê, desde os representantes do imperialismo até os “rebeldes” pró-OTAN, passando pelos revisionistas do trotskismo que vergonhosamente chamam a ofensiva da Casa Branca de “revolução árabe”, todos tem o objetivo comum de derrubar um governo de corte nacionalista que tem fricções com os interesses dos EUA na região.
O “plano de paz” apresentado por Assad e apoiado pelo Irã, Rússia e China é praticamente o mesmo que o ex-Secretário-Geral da ONU, Kofi Annan, tentou aprovar há 10 meses. Seus cinco pontos preveem um cessar-fogo e a presença de observadores internacionais para monitorar a implementação desta iniciativa. O projeto ainda aponta para a convocação de uma assembleia constituinte para elaborar nova Constituição e a formação de um governo de união nacional e eleições em 2014. O governo também sinalizou entrar em contato com o que Assad chamou de “indivíduos sírios e partidos políticos” para que se estabeleça uma conferência de diálogo nacional. A conferência tentaria redigir uma nova Constituição, que seria submetida a referendo, levando a eleições parlamentares e a um novo governo. O plano prevê que as potências estrangeiras devem parar de armar os“rebeldes” e em contrapartida o governo suspenderia as operações militares, reservando-se o direito de defender os interesses do Estado. Além disso, Assad destacou a criação de mecanismo para garantir a segurança da fronteira, que faz parte da terceira etapa.
As medidas defendidas pelo governo sírio estão “fora da realidade” porque na atual etapa de acirramento da luta de classes na região é impossível qualquer acordo diplomático com o imperialismo que preserve o regime sírio e a relativa independência nacional do país frente as potências capitalistas. A Casa Branca planeja em 2013 derrubar Assad para seguir o plano de atacar o Irã, já que ambos são uma ameaça ao enclave sionista de Israel. Nesta cruzada, os “aliados” da Síria, como Rússia e China, não fazem mais que buscar uma “saída de acordo” o que vem sendo reiteradamente rechaçado por Washington. Até porque, Obama tem como alvo imediato o Irã, mas seu plano bélico estratégico também está voltado para a Ásia, buscando cercar militarmente a China e debilitar a Rússia. Parte desta operação foi desencadeada já nos primeiros dias de janeiro, com o deslocamento de baterias de mísseis terra-ar Patriot da OTAN via Alemanha a cidade turca de Gaziantep, a 50 km da fronteira com a Síria, operadas por um efetivo de 400 soldados. Estes mísseis servirão tanto para atacar a Síria como o Irã.
Diferente do que apresentam a Rússia e a China e mesmo aqueles setores da esquerda que se dizem “defensores da soberania da Síria frente à ingerência do imperialismo”, o plano de paz que Assad defende, uma cópia das medidas defendidas por Kofi Annan no passado, foi que permitiu o incremento bélico dos “rebeldes” pró-imperialistas nestes 21 meses. Para derrotar a ofensiva política e militar das potências abutres e de seus aliados internos é preciso que o proletariado sírio em aliança com seus irmãos de classe do Oriente Médio se levante em luta contra a investida imperialista na região, travestida pela retórica de defesa dos “direitos humanos e democracia”. Neste momento é fundamental estabelecer uma clara frente única anti-imperialista com as forças populares que apoiam o regime nacionalista burguês sírio, assim como com o Hezbollah para derrotar a ofensiva da OTAN e da ONU sobre o país. Combatendo nesta trincheira de luta comum, os revolucionários têm autoridade política para rechaçar inclusive as concessões feitas pelo governo de Bashar Al-Assad a esses organismos imperialistas que pretendem subjugar o país, forjando no calor do combate as condições para a construção de uma genuína alternativa revolucionária às atuais direções burguesas que, via de regra, tendem a buscar acordos vergonhosos com a Casa Branca.