quinta-feira, 19 de setembro de 2013


Para que novos Sabra e Shatila não se repitam: defender a Síria da agressão imperialista e de seus “rebeldes”, aliados de Israel e inimigos do povo palestino!

Durante três dias, entre 16 a 19 de setembro de 1982, foi desferido o mais sangrento genocídio contra o povo palestino da história. Ainda está presente na memória dos palestinos e dos revolucionários que apoiam sua causa a ação covarde das Falanges maronitas (aliadas de Israel) contra os campos de refugiados de Sabra e Shatila no oeste de Beirute, Líbano, em meio à guerra civil deflagrada após o assassinato de um líder da extrema-direita cristã. Neste contexto de guerra, Israel invade o Líbano em junho de 1982. Poucos meses depois iria consumar um ato nitidamente inspirado nos métodos nazistas de extermínio, um ataque surpresa a uma população completamente desarmada, sem qualquer poder de se defender ou de reação. Os campos de refugiados palestinos foram invadidos pelas falanges da extrema-direita cristã explicitamente estimuladas pelo exército israelense que “garantia a salvaguarda” dos palestinos. Guardadas as diferenças, as falanges cristãs do passado podem ser comparadas aos “rebeldes” mercenários islâmicos de hoje que atuam na Síria. À época, sob o comando do facínora genocida Ariel Sharon, os sionistas forneceram armamentos pesados, sinalizadores para iluminar os caminhos da invasão, tanques etc... o mesmo que as potências imperialistas fazem hoje com os “rebeldes”. Tanques Merkeva, que partiram de Israel, cercavam os dois campos de (concentração) refugiados palestinos, impediam que crianças, mulheres grávidas, idosos e outros civis escapassem do massacre. Foram mais de 62 horas de um terror extremo, sem precedentes na história contra uma população indefesa, cujo resultado foi o assassinato de aproximadamente 3.500 civis que já viviam em uma situação de miséria e abandono. Uma típica política de extermínio étnico, uma vez que se trataram de execuções sumárias com requintes de crueldade: estupros, facadas (degola), tiros na nuca, esquartejamentos... O pretexto para um crime desta magnitude foi o assassinato do líder falangista Bachir Gemayel poucos dias antes supostamente – nunca comprovado – por um palestino. O genocídio não poder ser encarado como um fato isolado: envolveu um enorme operativo de guerra, um jogo “diplomático” articulado desde a Casa Branca e o enclave militar de Israel. Para que não ocorram novos massacres como o Sabra e Shatila, nossa tarefa é defender a Síria da agressão imperialista e de seus “rebeldes”, aliados de Israel e inimigos do povo palestino, já que o ELS recebe armas e munições do enclave sionista e informações do Mossad!

O massacre ocorreu quando a minoria maronita, que expressava os interesses da alta burguesia nacional libanesa aliada ao capital imperialista, viu sua supremacia ameaçada pela ascensão política da maioria muçulmana (sunitas e xiitas) e da esquerda nacionalista, que se apoiavam nas lutas dos explorados libaneses e dos refugiados palestinos, explodiu a guerra civil no país (1975-1989). Refugiados no sul do Líbano, espalhados em acampamentos próximos às principais cidades, os palestinos estabelecem uma importante aliança com a resistência dos trabalhadores libaneses em luta contra o regime títere do imperialismo francês. Estava mais uma vez colocada a possibilidade de uma revolução, desta vez com características nitidamente proletárias, já que a divisão social estabelecida no Líbano, rotulada pela imprensa mundial como sendo entre cristãos versus mulçumanos, refletia na verdade diretamente a luta entre explorados e exploradores. Em função da ameaça da perda do controle no Líbano, o imperialismo francês aciona seu enclave na região, que sob o comando nazi-sionista Menahem Beguin desencadeia em junho de 82 uma operação militar de invasão do Líbano, chamada cinicamente de “paz na Galileia”. Agindo em conjunto com os milicianos falangistas, o exército sionista massacra mais de três mil civis nos acampamentos palestinos de Sabra e Shatila. Durante a guerra civil a direita maronita, organizada na Falange, aliou-se ao sionismo que financiou a criação das milícias falangistas, armadas e treinadas pelo Exército israelense e o Mossad. Em 16 de setembro de 1982, foram essas milícias que, cumprindo ordens do Exército sionista comandada pelo assassino Ariel Sharon, invadiram os campos de Sabra e Shatila e chacinaram cruelmente mais de 3.000 refugiados palestinos, a maioria idosos, mulheres e crianças indefesas. Esse massacre, realizado ao estilo dos pogroms nazistas, foi apresentado pelos falangistas como uma vingança pela morte de Bachir Gemayel, que havia sido eleito presidente e assassinado naquele mesmo mês de setembro, antes de sua posse. Substituindo Bachir, seu irmão Amin Gemayel assumiu a presidência da república libanesa. Poucos meses antes do massacre, Ronald Reagan mediou um acordo entre o enclave sionista de Israel e a OLP a fim de “encontrar uma solução” para os refugiados palestinos no Líbano e a guerra civil, com vistas a instalar um governo títere no Líbano. Pura enganação, haja vista que o imperialismo tratava de fortificar seu domínio geopolítico na região, ao mesmo tempo em que visava aniquilar qualquer possibilidade de organização política palestina contra sua hegemonia, se valendo de seu cão de guarda israelense. Após várias rodadas de negociações, a OLP aceitou sair do Líbano, consumando uma traição sem comparativos na história da luta do povo palestino, deixando para trás milhares de refugiados civis desprotegidos. As bases do “acordo” foram que Israel e os EUA garantissem não atacar os palestinos. No entanto, somente a OLP “cumpriu” sua parte... Enquanto isso, Sharon reunia-se secretamente com partidários de Gemayel para “a necessidade de o partido vingar-se do assassinato de Bachir” (Times, 21/2/1983) com plena aquiescência do imperialismo ianque. Nos dias atuais a situação dos campos de (concentração) refugiados palestinos pouco mudou, a não ser o fato de ter aumentado o nível de penúria e opressão, não há infraestrura de água potável, saúde, alimentação, imperando a miséria extrema.

Com o passar de 31 anos, a OLP, através da Autoridade Nacional Palestina (ANP) de Abbas, se converteu em polícia de seu próprio povo após reconhecer a existência de Israel. Hoje, atravessamos um período de ofensiva militar do imperialismo no Oriente Médio com a sua fantasiosa “Primavera Árabe”, vergonhosamente encampada pela esquerda revisionista do trotsquismo, que avança sobre a Síria, após ter destruído com as bombas da OTAN a Líbia, as guerras de rapina colonialista serão a tônica do Pentágono para o próximo período que buscam eliminar todos os resquícios nacionalistas de resistência a seu domínio político (Hezbollah, Síria e Irã). Lembremos que no final de 2012, poucos meses depois do massacre de Sabra e Shatila completar 30 anos, ocorreram violentos combates no campo de refugiados palestinos de Yarmouk, localizado no sul da Damasco. Os confrontos se deram entre os “rebeldes” financiados pelas potências capitalistas e os militantes da Frente Popular pela Libertação da Palestina (FPLP). O objetivo da ofensiva do famigerado ELS foi expulsar do país os grupos palestinos que se opõem a derrubada do governo de Bashar Al Assad pelos mercenários pró-OTAN, Israel e as burguesias árabes servis a Casa Branca. Depois de ter devastado a Líbia, agora submersa na barbárie econômica e pilhagem das transnacionais do petróleo, o alvo neste momento chama-se Síria, que enfrenta a mesma operação sinistra montada pela Casa Branca no norte da África. Os chamados “rebeldes” que são financiados e armados pela OTAN, combatem para derrubar o governo burguês da oligarquia Assad, adversária militar do enclave sionista. A ofensiva sobre a Síria visa debilitar o Hezbollah (aliado do regime Assad), que controla parte do território do Líbano e na mesma “tacada” domesticar o Hamas (como ocorreu com a OLP e a ANP), convertendo-o em um aliado dócil do gendarme terrorista de Israel. Como demonstraram os combatentes da FPLP no campo de refugiados palestinos de Yarmouk, a luta secular do povo palestino deve ter como foco a derrota da chamada “revolução árabe”, que através do governo Obama e de seus aliados na região (como os atuais governos títeres da Líbia, Qatar, Arábia Saudita, Turquia e Egito) pretendem “limpar o terreno” para o sionismo dominar os recursos naturais, como água, gás e petróleo, de todo o mundo árabe e Ásia central.

Assim como na Guerra do Golfo em 91, a então OLP (ainda íntegra nos seus objetivos contra o sionismo) soube corretamente tomar o lado do Iraque, contra os pseudos “oprimidos” do Kuwait, que se abrigaram sob a proteção militar do Pentágono, os combatentes da causa palestina não devem vacilar em perfilar-se no campo militar dos regimes nacionalistas do Irã e Síria (contra os “rebeldes” e a OTAN), como parte integrante da luta por conquistar sua soberania e um Estado nacional. O legado histórico internacionalista que nos deixaram a FPLP e seus heróis mortos na trincheira do combate deve ser honrado pelas novas gerações de lutadores que não podem ser “seduzidos” pelo canto de sereia do imperialismo e sua política de criar uma caricatura de Estado, um bantustão para um povo segregado. Como marxistas leninistas sabemos muito bem das poderosas forças centrífugas que atuam no interior da causa palestina para liquidar o ímpeto revolucionário das massas, transformando suas organizações de luta em instrumentos passivos diante do inimigo sionista. Não foi por acaso que liquidaram a OLP e corromperam seus dirigentes históricos. Agora a dupla criminosa Bibi/Obama pretende quebrar a resistência de todos os grupos guerrilheiros palestinos apontando que o melhor caminho é o da negociação, assim como o trilhado por Arafat nos acordos de Oslo. A recente “trégua”, pactuada entre o Hamas e o Likud, na época sob as bênçãos da Irmandade egípcia e Casa Branca, tentou convencer os mais ingênuos que se tratou de “uma vitória da causa palestina”. Nada mais falso e perigoso para a estratégia revolucionária de destruição do “porta-aviões” do Pentágono estacionado no território palestino, que atende pelo apelido de Israel. Para vencer o imperialismo e seus “rebeldes” é preciso impulsionar uma frente única com a resistência palestina, o Irã, a Síria e o Hezbollah, onde as organizações marxistas revolucionárias atuem na mesma trincheira de combate destes países e dos grupos políticos na luta contra o imperialismo, tendo completa independência política diante do programa burguês-teocrático destes regimes e grupos. Está colocado frente à escalada política e militar do imperialismo em apoio aos “rebeldes” made in CIA na Síria combater para que a luta dos povos do Oriente Médio não sirva para o imperialismo debilitar os regimes que têm fricções com a Casa Branca (Irã e Síria), ou mesmo como cínico pretexto para justificar intervenções militares “humanitárias” como a que ocorreu na Líbia. Cabe aos marxistas leninistas na trincheira da luta contra o imperialismo e pelas reivindicações imediatas e históricas das massas árabes postarem-se em frente única com os governos atacados pelas tropas da OTAN e combater os planos de agressão das potências capitalistas sobre as nações semicoloniais da região. Por estas razões, mais do que nunca, para honrar os mortos de Sabra e Shatila e a miríade de palestinos trucidados ao longo do combate contra o exército israelense e o imperialismo ianque, é necessário defendermos todos os povos ameaçados de invasão pelas grandes potências capitalistas. Os revolucionários devem ter como eixo programático a formação de uma frente única com todas as forças que se enfrentam e trabalham pela derrota da OTAN e a destruição do enclave de Israel no Oriente Médio: na Palestina, Líbia, Síria e Irã... Só há uma saída progressista para conter a barbárie capitalista, a derrota do inimigo número um de todos os povos do planeta, o imperialismo e a liquidação da máquina de guerra sionista.