Com a sétima alta
consecutiva dos juros Dilma manda um recado ao mercado: Sou a candidatura que
melhor representa a ortodoxia neoliberal para o Brasil!
O COPOM em sua última
reunião ocorrida quarta-feira (15/01) deliberou por unanimidade de seus membros
elevar em 0,5% a taxa básica de juros, a SELIC, compondo assim a sétima alta
consecutiva que já se encontra no patamar de 10,5% ao ano. A decisão da direção
do Banco Central foi lastreada na vontade política do governo Dilma em
sinalizar ao mercado financeiro internacional que o país retornará a uma agenda
neoliberal mais “agressiva”, após um curto período de interregno na retração
dos juros e subsídios fiscais que limitaram parcialmente o aumento de preços
dos bens de consumo. Na casa superior aos 10% ao ano e com o BC apontando um
viés de alta nas próximas reuniões do COPOM, a taxa básica de juros no país
consegue conquistar a posição de “número 1” no mercado financeiro
internacional, significando juros reais praticados pelos agentes bancários na
ordem de 120% ao ano! Com juros neste elevado nível é evidente que o sistema
financeiro disponibilizará menos crédito, tanto para a produção como para o
consumo, gerando maior retração na atividade econômica nacional, o que
significa mais uma vez uma expectativa de crescimento do PIB para 2014 na ordem
de no máximo 2%. Para a burguesia industrial é um prenúncio de mais um ano onde
o governo da Frente Popular privilegiará a relação com os rentistas,
beneficiados diretamente com a “sangria” do orçamento estatal canalizado para o
pagamento de spreads e da “rolagem” dos títulos públicos negociados no mercado
financeiro internacional. Estudo econômico divulgado em meados do ano passado
revelou que entre os 13 países que alteraram a sua política monetária em 2013,
apenas o Brasil e o Egito (país que atravessa uma guerra civil) elevaram os
seus juros. Outros 11 países, como Índia, México, Colômbia e Austrália,
reduziram os juros para estimular o crescimento de seu mercado interno. Em
resumo, o caminho político trilhado pelo governo Dilma é bem claro: “Queremos
conquistar a copa do mundo do neoliberalismo econômico!”
Em um ano eleitoral onde o conjunto das candidaturas do regime vigente disputa a “vaga” de a mais subordinada ao “cardápio” imperialista, Dilma saiu na frente com as privatizações do setor energético e de infraestrutura, deixando para Aécio e Campos o triste papel do “choro” aos grandes investidores, que exigem mais abertura (desregulamentação) da economia para seus capitais. Por outro lado, o tripé de sustentação das “gerências” petistas começa a desabar com o déficit da balança comercial brasileira. A outra “perna” do tripé, a do fluxo de crédito internacional, ameaça “quebrar” sob a nova política do FED (EUA) em retomar a elevação de sua taxa de juros. Por último, o principal “trunfo” da Frente Popular, o de ter colocado mais de trinta milhões de brasileiros antes excluídos do mercado de consumo, poderá virar “pó” com o advento de uma forte recessão econômica em 2015.
A equipe econômica do
governo utilizou todos os recursos possíveis para maquiar os resultados das
chamadas contas “públicas” em 2013, desde a balança comercial até o superávit
primário estatal foram manipulados para apresentar resultados positivos pífios.
Estes artifícios contábeis tem fôlego curto e já não podem esconder por muito
tempo os sinais de esgotamento do “modelo de desenvolvimento” induzido pelos
governos petistas, baseado no incremento do crédito e do consumo. A completa
ausência da implementação de projetos nacionais estruturantes, que coloquem o
país na rota da disputa mundial dos mercados industriais capitalistas, impõe ao
Brasil o limitado papel de grande exportador de commodities agrominerais, sem
nenhum valor agregado do ponto de vista industrial e tecno-científico. Desta
forma cabe ao Brasil, na divisão internacional das forças produtivas, ficar
inclusive na “traseira” do crescimento econômico de seus parceiros dos BRICs.
A reeleição da
presidente Dilma parece já estar assegurada mais pelo “colchão de gordura” (nutridas
reservas cambiais) acumulada nos anos anteriores (fundamentalmente da gestão
Lula) do que pela perspectiva econômica que se apresenta para os próximos anos.
A esquerda reformista “chapa branca” reclama timidamente do “novo curso”
neoliberal do governo da Frente Popular, já a chamada “oposição de esquerda”
exige da presidente Dilma uma plataforma de “ética na política” como se “gerenciando”
desta maneira o Estado burguês pudesse evitar os efeitos da crise estrutural
capitalista. Para os Marxistas Revolucionários somente a estatização integral
dos meios de produção e a planificação central da economia será capaz de
impulsionar o país na rota de uma nação efetivamente desenvolvida socialmente e
soberana diante da brutal ofensiva neoliberal imperialista.