quinta-feira, 16 de janeiro de 2014


Com a sétima alta consecutiva dos juros Dilma manda um recado ao mercado: Sou a candidatura que melhor representa a ortodoxia neoliberal para o Brasil!

O COPOM em sua última reunião ocorrida quarta-feira (15/01) deliberou por unanimidade de seus membros elevar em 0,5% a taxa básica de juros, a SELIC, compondo assim a sétima alta consecutiva que já se encontra no patamar de 10,5% ao ano. A decisão da direção do Banco Central foi lastreada na vontade política do governo Dilma em sinalizar ao mercado financeiro internacional que o país retornará a uma agenda neoliberal mais “agressiva”, após um curto período de interregno na retração dos juros e subsídios fiscais que limitaram parcialmente o aumento de preços dos bens de consumo. Na casa superior aos 10% ao ano e com o BC apontando um viés de alta nas próximas reuniões do COPOM, a taxa básica de juros no país consegue conquistar a posição de “número 1” no mercado financeiro internacional, significando juros reais praticados pelos agentes bancários na ordem de 120% ao ano! Com juros neste elevado nível é evidente que o sistema financeiro disponibilizará menos crédito, tanto para a produção como para o consumo, gerando maior retração na atividade econômica nacional, o que significa mais uma vez uma expectativa de crescimento do PIB para 2014 na ordem de no máximo 2%. Para a burguesia industrial é um prenúncio de mais um ano onde o governo da Frente Popular privilegiará a relação com os rentistas, beneficiados diretamente com a “sangria” do orçamento estatal canalizado para o pagamento de spreads e da “rolagem” dos títulos públicos negociados no mercado financeiro internacional. Estudo econômico divulgado em meados do ano passado revelou que entre os 13 países que alteraram a sua política monetária em 2013, apenas o Brasil e o Egito (país que atravessa uma guerra civil) elevaram os seus juros. Outros 11 países, como Índia, México, Colômbia e Austrália, reduziram os juros para estimular o crescimento de seu mercado interno. Em resumo, o caminho político trilhado pelo governo Dilma é bem claro: “Queremos conquistar a copa do mundo do neoliberalismo econômico!”

Em um ano eleitoral onde o conjunto das candidaturas do regime vigente disputa a “vaga” de a mais subordinada ao “cardápio” imperialista, Dilma saiu na frente com as privatizações do setor energético e de infraestrutura, deixando para Aécio e Campos o triste papel do “choro” aos grandes investidores, que exigem mais abertura (desregulamentação) da economia para seus capitais. Por outro lado, o tripé de sustentação das “gerências” petistas começa a desabar com o déficit da balança comercial brasileira. A outra “perna” do tripé, a do fluxo de crédito internacional, ameaça “quebrar” sob a nova política do FED (EUA) em retomar a elevação de sua taxa de juros. Por último, o principal “trunfo” da Frente Popular, o de ter colocado mais de trinta milhões de brasileiros antes excluídos do mercado de consumo, poderá virar “pó” com o advento de uma forte recessão econômica em 2015.

A equipe econômica do governo utilizou todos os recursos possíveis para maquiar os resultados das chamadas contas “públicas” em 2013, desde a balança comercial até o superávit primário estatal foram manipulados para apresentar resultados positivos pífios. Estes artifícios contábeis tem fôlego curto e já não podem esconder por muito tempo os sinais de esgotamento do “modelo de desenvolvimento” induzido pelos governos petistas, baseado no incremento do crédito e do consumo. A completa ausência da implementação de projetos nacionais estruturantes, que coloquem o país na rota da disputa mundial dos mercados industriais capitalistas, impõe ao Brasil o limitado papel de grande exportador de commodities agrominerais, sem nenhum valor agregado do ponto de vista industrial e tecno-científico. Desta forma cabe ao Brasil, na divisão internacional das forças produtivas, ficar inclusive na “traseira” do crescimento econômico de seus parceiros dos BRICs.

A reeleição da presidente Dilma parece já estar assegurada mais pelo “colchão de gordura” (nutridas reservas cambiais) acumulada nos anos anteriores (fundamentalmente da gestão Lula) do que pela perspectiva econômica que se apresenta para os próximos anos. A esquerda reformista “chapa branca” reclama timidamente do “novo curso” neoliberal do governo da Frente Popular, já a chamada “oposição de esquerda” exige da presidente Dilma uma plataforma de “ética na política” como se “gerenciando” desta maneira o Estado burguês pudesse evitar os efeitos da crise estrutural capitalista. Para os Marxistas Revolucionários somente a estatização integral dos meios de produção e a planificação central da economia será capaz de impulsionar o país na rota de uma nação efetivamente desenvolvida socialmente e soberana diante da brutal ofensiva neoliberal imperialista.