segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

HÁ 45 ANOS DO “APERTO DE MÃO” ENTRE NIXON E MAO: QUANDO O ESTADO OPERÁRIO DEFORMADO CHINÊS ALIOU-SE VERGONHOSAMENTE AO IMPERIALISMO IANQUE CONTRA A URSS


Em 22 de Fevereiro de 1972 o chacal Richard Nixon chegou a Pequim e apertou a mão de Mao Tsé Tung, em um ato simbólico de aproximação entre o imperialismo ianque e o então Estado Operário deformado chinês, uma aliança escandalosa voltada contra URSS. Fazendo uma analogia entre a política do Maoísmo de 45 anos atrás e a orientação de capitulação de seus seguidores no Brasil ao imperialismo ianque na agressão neocolonialista a Líbia de Kadafi, a LBI publicou em 2011 uma ácida polêmica com o Jornal A Nova Democracia, Liga Operária e o MEPR. Nesse texto que reproduzimos na íntegra denunciamos que a capitulação dos Maoístas ao imperialismo ianque vinha de longe. Em 1972 na China estiveram ao lado de Nixon sob o pretexto de combater o “social-imperialismo” da União Soviética e em 2011 na Líbia com Obama contra o suposto “regime pró-imperialista” de Kadaffi! A China chegou a estabelecer relações de cooperação com o agressor colonialista ao ponto de Mao encontrar-se pomposamente com presidente ianque Nixon em Pequim no ano de 1972, em pleno processo de massacre das massas oprimidas do Vietnã pelo imperialismo genocida. A partir desse momento, o governo chinês alinhou-se sistematicamente ao imperialismo norte-americano, sob a justificativa de que a URSS representaria uma ameaça maior aos interesses do país. Nesta "reunião histórica" entre Mao e Nixon, eles estabeleceram uma espécie de "zona de exclusão aérea" para impedir que a URSS levasse apoio militar aos combatentes vietnamitas que lutavam contra os EUA usando o espaço aéreo chinês, sendo a China anos depois "premiada" por sua colaboração com um assento permanente no membro do Conselho de Segurança da ONU.

ONTEM NA CHINA COM NIXON, HOJE NA LÍBIA COM OBAMA: SEGUINDO OS PASSOS DA POLÍTICA DE MAO E DE SUA APROXIMAÇÃO COM O IMPERIALISMO IANQUE
Home Paga de LBI (15/03/2011)

O jornal "A Nova Democracia" (AND), porta-voz do maoísmo no Brasil, assim como seus "camaradas" da Liga Operária (LO) e do MEPR, estão mergulhados em uma confusão profunda quando se trata de caracterizar o que vem ocorrendo no chamado "mundo árabe", mais particularmente na Líbia. O título do editorial da edição de março, "Dois caminhos nas rebeliões árabes", por si só revela o pântano político e teórico que estão imersos os seguidores do "comandante Mao" no Brasil. Uma coisa é certa, em meio a esse "dilema", a AND tem adotado uma posição no mínimo passiva diante da crise que se instalou na Líbia. Ao não identificar o imperialismo como o inimigo principal no conflito, justamente quando este orquestra uma intervenção militar no país semicolonial para por fim ao regime nacionalista burguês de Kadaffi, os maoístas acabam, em nome do apoio às supostas "rebeliões árabes", tragicamente sendo arrastados pela onda da reação democrática contrarrevolucionária impulsionada pelos revisionistas que dizem criticar.

A primeira grande confusão da AND é colocar em um mesmo saco todo o processo que vem ocorrendo no Magreb e no Oriente Médio. Assim afirma que: "Povos da Argélia, Tunísia, Egito, Marrocos, Líbia, Jordânia, Irã, Iêmen, Bahrein e Sudão se rebelam contra a opressão, corrupção, carestia de vida e por uma verdadeira democracia... Os países do norte da África e do Oriente Médio estão em convulsão. Um após o outro, os povos da região se insurgiram espontaneamente levantando bandeiras democráticas e exigindo emprego, diminuição dos preços dos alimentos, melhores condições de vida, o fim da corrupção, etc.". Essa caracterização encobre conscientemente que na Líbia e no Irã não há nada de "mobilizações de massas espontâneas" ocorrendo, mas ações orquestradas pela CIA para debilitar e, se possível, derrotar regimes nacionalistas burgueses em decadência que têm enfrentamentos parciais com a Casa Branca e as transnacionais ianques.

Nos outros países enumerados, as mobilizações populares foram e estão sendo manobradas por direções democrático-burguesas através de uma transição pactuada com imperialismo e as FFAA para renovar seus gerentes desgastados. Apesar dessa realidade ser parcialmente denunciada pela AND ao registrar que o "Imperialismo tenta manter dominação e fomenta democracias de fachada" o jornal não tira as conclusões políticas de suas próprias palavras e embarca no mesmo tom artificialmente euforizado do conjunto da esquerda revisionista dizendo que a região está em "revolução". Como parte dessa "onda insurgente", os maoístas adotam uma solução de apoio às fantasiosas "mobilizações de massas" na Líbia ao dizer que "Regime de Kadafi na Líbia não tem nada de socialista ou popular e, embora deva vender caro sua saída, também deve cair pela força das massas". O fato de Kadaffi não ser socialista, uma obviedade denunciada desde o início da crise líbia pela LBI, quando inclusive pontuamos que nos últimos anos o regime tem levado adiante um processo de aproximação principalmente com a União Europeia, não nos coloca na barricada do imperialismo, que em nome da "luta contra a ditadura e pela democracia" deseja por fim ao regime nacionalista burguês que derrubou a monarquia em 1969. Pelo contrário, o principal inimigo dos povos é o imperialismo e neste momento de clara divisão no terreno da luta de classes os revolucionários devem se postar em frente única com as forças que apóiam o regime no combate aos "insurretos" monárquicos, aos oficiais e membros do governo que se venderam a OTAN e a ONU, sem depositar nenhuma confiança no governo burguês de Kadaffi. A AND faz ao contrário: condena em palavras o imperialismo, denuncia suas manobras de fachada, mas não o define como seu inimigo principal em meio ao conflito com o regime nacionalista burguês e nega-se de forma covarde a chamar uma frente única com Kafaffi para derrotar as tropas mercenárias internas, a ONU e a OTAN. Desta forma, a AND não subordina a luta contra Kadaffi à tarefa central deste momento para os leninistas que é derrotar o imperialismo e acaba se somando ao coro reacionário daqueles que em apoio aos "rebeldes" pró-imperialistas dizem que Kadaffi "também deve cair pela força das massas", sendo mais um regime a ser varrido pelo vento das supostas "rebeliões árabes".

Para melhor clarificar o debate vamos reproduzir na íntegra a posição da AND a fim de que não reste a menor dúvida de sua capitulação vergonhosa: "Na Líbia, depois de mais de 40 anos, Muamar Kadafi balança, enfrentando a maior oposição nas ruas em décadas. O USA não perdeu a oportunidade e fomenta a rebelião para derrubar o 'ditador' e instaurar uma 'democracia' ao seu estilo, como feito no Iraque desde 2003. A fama de socialista ou de esquerda adquirida por Kadafi, na verdade em razão de seu passado de radical anti-imperialista, deixa o monopólio de imprensa tão assanhado a ponto de botarem no centro dos acontecimentos os protestos na Líbia, apresentando Kadafi como o 'mais sanguinário ditador'. A gravidade da situação da Líbia, dada sua composição social com várias etnias e tribos, tende a agravar-se numa guerra civil, na qual o imperialismo intervirá, através da OTAN, sob a justificativa da segurança europeia e do abastecimento de petróleo". Diante desta clara ofensiva imperialista qual a posição da AND? Nos dizem abstratamente que "Por hora seguirá a luta entre os dois caminhos, o velho caminho burocrático irá se desgastar e desmascarar, enquanto o novo caminho democrático das massas populares se imporá mais dia menos dia". Nada mais! Alertamos a esses senhores que mais se parecem falsos "videntes" do que marxistas revolucionários: estamos literalmente em meio a uma guerra civil onde a CIA e o Pentágono armam os mercenários e com a ajuda da ONU e da OTAN pretendem derrubar o governo nacionalista decadente para converter o país novamente, como na época da monarquia, em seu quintal exportador de petróleo barato! Os revolucionários estão pela defesa incondicional da nação oprimida contra o imperialismo, como nos ensinou Lenin! Vencido o imperialismo, com as massas em ascenso por sua vitória, trataremos de acertar as contas com o decadente regime burguês de Kafaffi!

A falsa "neutralidade" dos maoístas na Líbia é ainda mais cínica porque usam o pretexto da obviedade que "Kadaffi não é socialista", denunciando suas concessões ao imperialismo no último período, para se somar ao coro dos revisionistas que vendem o regime líbio como convertido a um reles governo pró-imperialista a exemplo de Mubarak ou Ben Ali para melhor defenderem sua posição vergonhosa.

Mas já no Líbano, a "ortodoxa" AND elogia fervorosamente a "firmeza" do Hezbollah justamente quando este movimento burguês xiita comanda um governo de união nacional com os agentes do imperialismo tendo a cabeça Nayib Mikati, um magnata do setor de telecomunicações e mesmo depois do Hezbollah ter aceitado um acordo para a instalação da base militar da ONU no sul do país no final de 2006 com parte de sua política de coexistência pacífica.

Deve-se compreender que a capitulação dos maoístas ao imperialismo e sua completa miopia quando se trata de combater o principal e maior inimigo dos povos tem sua origem histórica e política na conduta de seu mestre, o próprio "comandante Mao". Mao Tse Tung aproximou-se do imperialismo ianque depois de romper relações com a URSS sem, no entanto, ter abandonado a política de coexistência pacífica teorizada pelo stalinismo; ao contrário, a direção do PCCh aprofundou-a depois que se afastou da União Soviética. As burocracias operárias parasitárias da China e da URSS dividiram os movimentos de libertação nacional na Indochina para manter suas chamadas "áreas de influência" e jogaram estados operários uns contra outros, com o Vietnã tendo apoio soviético e o Camboja suporte chinês. Com parte desta disputa contrarrevolucionária, a China chegou a estabelecer relações de cooperação com o agressor colonialista ao ponto de Mao encontrar-se pomposamente com presidente ianque Nixon em Pequim no ano de 1972, em pleno processo de massacre das massas oprimidas do Vietnã pelo imperialismo genocida. A partir desse momento, o governo chinês alinhou-se sistematicamente ao imperialismo norte-americano, sob a justificativa de que a URSS representaria uma ameaça maior aos interesses do país. Nesta "reunião histórica" entre Mao e Nixon, eles estabeleceram uma espécie de "zona de exclusão aérea" para impedir que a URSS levasse apoio militar aos combatentes vietnamitas que lutavam contra os EUA usando o espaço aéreo chinês, sendo a China anos depois "premiada" por sua colaboração com um assento permanente no membro do Conselho de Segurança da ONU.

A capitulação dos maoístas ao imperialismo ianque vem de longe, ontem na China ao lado de Nixon sob o pretexto de combater o "social-imperialismo" da URSS, hoje na Líbia com Obama contra o suposto "regime pró-imperialista" de Kadaffi! A AND e seus "camaradas" da Liga Operária não fazem mais que seguir os passos da política de traição aos interesses do proletariado mundial, usando sempre os pérfidos "ensinamentos" do "comandante Mao". De pouco adianta se fantasiarem de consequentes defensores do marxismo nas páginas da AND e denunciar os revisionistas e oportunistas, inclusive os pseudotrotskistas que vendem fantasiosamente o que vem ocorrendo no mundo árabe como "revoluções", "ensinando-os" sociologicamente e em tom professoral o que é uma revolução social, se na arena viva da luta de classes AND e LO continuam reféns do velho esquema etapista de Mao Tse Tung e de Stalin a favor de uma "nova democracia" capitalista nascida da aliança entre o proletariado e a burguesia nacional "progressista" com o agravante de sequer se postarem na trincheira de luta para derrotar o imperialismo mundial quando uma nação semicolonial é atacada, refutando o abc do marxismo.