HÁ 45 ANOS DO “APERTO DE MÃO” ENTRE NIXON E MAO: QUANDO O
ESTADO OPERÁRIO DEFORMADO CHINÊS ALIOU-SE VERGONHOSAMENTE AO IMPERIALISMO
IANQUE CONTRA A URSS
Em 22 de Fevereiro de 1972 o chacal Richard Nixon chegou a
Pequim e apertou a mão de Mao Tsé Tung, em um ato simbólico de aproximação
entre o imperialismo ianque e o então Estado Operário deformado chinês, uma
aliança escandalosa voltada contra URSS. Fazendo uma analogia entre a política
do Maoísmo de 45 anos atrás e a orientação de capitulação de seus seguidores no
Brasil ao imperialismo ianque na agressão neocolonialista a Líbia de Kadafi, a
LBI publicou em 2011 uma ácida polêmica com o Jornal A Nova Democracia, Liga
Operária e o MEPR. Nesse texto que reproduzimos na íntegra denunciamos que a
capitulação dos Maoístas ao imperialismo ianque vinha de longe. Em 1972 na
China estiveram ao lado de Nixon sob o pretexto de combater o
“social-imperialismo” da União Soviética e em 2011 na Líbia com Obama contra o
suposto “regime pró-imperialista” de Kadaffi! A China chegou a estabelecer
relações de cooperação com o agressor colonialista ao ponto de Mao encontrar-se
pomposamente com presidente ianque Nixon em Pequim no ano de 1972, em pleno
processo de massacre das massas oprimidas do Vietnã pelo imperialismo genocida.
A partir desse momento, o governo chinês alinhou-se sistematicamente ao
imperialismo norte-americano, sob a justificativa de que a URSS representaria
uma ameaça maior aos interesses do país. Nesta "reunião histórica"
entre Mao e Nixon, eles estabeleceram uma espécie de "zona de exclusão
aérea" para impedir que a URSS levasse apoio militar aos combatentes
vietnamitas que lutavam contra os EUA usando o espaço aéreo chinês, sendo a
China anos depois "premiada" por sua colaboração com um assento
permanente no membro do Conselho de Segurança da ONU.
ONTEM NA CHINA COM NIXON, HOJE NA LÍBIA COM OBAMA: SEGUINDO
OS PASSOS DA POLÍTICA DE MAO E DE SUA APROXIMAÇÃO COM O IMPERIALISMO IANQUE
Home Paga de LBI (15/03/2011)
O jornal "A Nova Democracia" (AND), porta-voz do
maoísmo no Brasil, assim como seus "camaradas" da Liga Operária (LO)
e do MEPR, estão mergulhados em uma confusão profunda quando se trata de
caracterizar o que vem ocorrendo no chamado "mundo árabe", mais
particularmente na Líbia. O título do editorial da edição de março, "Dois
caminhos nas rebeliões árabes", por si só revela o pântano político e
teórico que estão imersos os seguidores do "comandante Mao" no
Brasil. Uma coisa é certa, em meio a esse "dilema", a AND tem adotado
uma posição no mínimo passiva diante da crise que se instalou na Líbia. Ao não
identificar o imperialismo como o inimigo principal no conflito, justamente
quando este orquestra uma intervenção militar no país semicolonial para por fim
ao regime nacionalista burguês de Kadaffi, os maoístas acabam, em nome do apoio
às supostas "rebeliões árabes", tragicamente sendo arrastados pela
onda da reação democrática contrarrevolucionária impulsionada pelos
revisionistas que dizem criticar.
A primeira grande confusão da AND é colocar em um mesmo saco
todo o processo que vem ocorrendo no Magreb e no Oriente Médio. Assim afirma
que: "Povos da Argélia, Tunísia, Egito, Marrocos, Líbia, Jordânia, Irã,
Iêmen, Bahrein e Sudão se rebelam contra a opressão, corrupção, carestia de
vida e por uma verdadeira democracia... Os países do norte da África e do
Oriente Médio estão em convulsão. Um após o outro, os povos da região se
insurgiram espontaneamente levantando bandeiras democráticas e exigindo
emprego, diminuição dos preços dos alimentos, melhores condições de vida, o fim
da corrupção, etc.". Essa caracterização encobre conscientemente que na
Líbia e no Irã não há nada de "mobilizações de massas espontâneas"
ocorrendo, mas ações orquestradas pela CIA para debilitar e, se possível,
derrotar regimes nacionalistas burgueses em decadência que têm enfrentamentos
parciais com a Casa Branca e as transnacionais ianques.
Nos outros países enumerados, as mobilizações populares
foram e estão sendo manobradas por direções democrático-burguesas através de
uma transição pactuada com imperialismo e as FFAA para renovar seus gerentes
desgastados. Apesar dessa realidade ser parcialmente denunciada pela AND ao
registrar que o "Imperialismo tenta manter dominação e fomenta democracias
de fachada" o jornal não tira as conclusões políticas de suas próprias
palavras e embarca no mesmo tom artificialmente euforizado do conjunto da
esquerda revisionista dizendo que a região está em "revolução". Como
parte dessa "onda insurgente", os maoístas adotam uma solução de
apoio às fantasiosas "mobilizações de massas" na Líbia ao dizer que
"Regime de Kadafi na Líbia não tem nada de socialista ou popular e, embora
deva vender caro sua saída, também deve cair pela força das massas". O
fato de Kadaffi não ser socialista, uma obviedade denunciada desde o início da
crise líbia pela LBI, quando inclusive pontuamos que nos últimos anos o regime
tem levado adiante um processo de aproximação principalmente com a União
Europeia, não nos coloca na barricada do imperialismo, que em nome da
"luta contra a ditadura e pela democracia" deseja por fim ao regime
nacionalista burguês que derrubou a monarquia em 1969. Pelo contrário, o
principal inimigo dos povos é o imperialismo e neste momento de clara divisão
no terreno da luta de classes os revolucionários devem se postar em frente
única com as forças que apóiam o regime no combate aos "insurretos"
monárquicos, aos oficiais e membros do governo que se venderam a OTAN e a ONU,
sem depositar nenhuma confiança no governo burguês de Kadaffi. A AND faz ao
contrário: condena em palavras o imperialismo, denuncia suas manobras de
fachada, mas não o define como seu inimigo principal em meio ao conflito com o
regime nacionalista burguês e nega-se de forma covarde a chamar uma frente
única com Kafaffi para derrotar as tropas mercenárias internas, a ONU e a OTAN.
Desta forma, a AND não subordina a luta contra Kadaffi à tarefa central deste
momento para os leninistas que é derrotar o imperialismo e acaba se somando ao
coro reacionário daqueles que em apoio aos "rebeldes"
pró-imperialistas dizem que Kadaffi "também deve cair pela força das
massas", sendo mais um regime a ser varrido pelo vento das supostas
"rebeliões árabes".
Para melhor clarificar o debate vamos reproduzir na íntegra
a posição da AND a fim de que não reste a menor dúvida de sua capitulação
vergonhosa: "Na Líbia, depois de mais de 40 anos, Muamar Kadafi balança,
enfrentando a maior oposição nas ruas em décadas. O USA não perdeu a
oportunidade e fomenta a rebelião para derrubar o 'ditador' e instaurar uma
'democracia' ao seu estilo, como feito no Iraque desde 2003. A fama de
socialista ou de esquerda adquirida por Kadafi, na verdade em razão de seu
passado de radical anti-imperialista, deixa o monopólio de imprensa tão
assanhado a ponto de botarem no centro dos acontecimentos os protestos na
Líbia, apresentando Kadafi como o 'mais sanguinário ditador'. A gravidade da
situação da Líbia, dada sua composição social com várias etnias e tribos, tende
a agravar-se numa guerra civil, na qual o imperialismo intervirá, através da
OTAN, sob a justificativa da segurança europeia e do abastecimento de
petróleo". Diante desta clara ofensiva imperialista qual a posição da AND?
Nos dizem abstratamente que "Por hora seguirá a luta entre os dois
caminhos, o velho caminho burocrático irá se desgastar e desmascarar, enquanto
o novo caminho democrático das massas populares se imporá mais dia menos
dia". Nada mais! Alertamos a esses senhores que mais se parecem falsos
"videntes" do que marxistas revolucionários: estamos literalmente em
meio a uma guerra civil onde a CIA e o Pentágono armam os mercenários e com a
ajuda da ONU e da OTAN pretendem derrubar o governo nacionalista decadente para
converter o país novamente, como na época da monarquia, em seu quintal
exportador de petróleo barato! Os revolucionários estão pela defesa
incondicional da nação oprimida contra o imperialismo, como nos ensinou Lenin!
Vencido o imperialismo, com as massas em ascenso por sua vitória, trataremos de
acertar as contas com o decadente regime burguês de Kafaffi!
A falsa "neutralidade" dos maoístas na Líbia é
ainda mais cínica porque usam o pretexto da obviedade que "Kadaffi não é
socialista", denunciando suas concessões ao imperialismo no último
período, para se somar ao coro dos revisionistas que vendem o regime líbio como
convertido a um reles governo pró-imperialista a exemplo de Mubarak ou Ben Ali
para melhor defenderem sua posição vergonhosa.
Mas já no Líbano, a "ortodoxa" AND elogia
fervorosamente a "firmeza" do Hezbollah justamente quando este
movimento burguês xiita comanda um governo de união nacional com os agentes do
imperialismo tendo a cabeça Nayib Mikati, um magnata do setor de
telecomunicações e mesmo depois do Hezbollah ter aceitado um acordo para a
instalação da base militar da ONU no sul do país no final de 2006 com parte de
sua política de coexistência pacífica.
Deve-se compreender que a capitulação dos maoístas ao
imperialismo e sua completa miopia quando se trata de combater o principal e
maior inimigo dos povos tem sua origem histórica e política na conduta de seu
mestre, o próprio "comandante Mao". Mao Tse Tung aproximou-se do
imperialismo ianque depois de romper relações com a URSS sem, no entanto, ter
abandonado a política de coexistência pacífica teorizada pelo stalinismo; ao
contrário, a direção do PCCh aprofundou-a depois que se afastou da União
Soviética. As burocracias operárias parasitárias da China e da URSS dividiram
os movimentos de libertação nacional na Indochina para manter suas chamadas
"áreas de influência" e jogaram estados operários uns contra outros,
com o Vietnã tendo apoio soviético e o Camboja suporte chinês. Com parte desta
disputa contrarrevolucionária, a China chegou a estabelecer relações de
cooperação com o agressor colonialista ao ponto de Mao encontrar-se
pomposamente com presidente ianque Nixon em Pequim no ano de 1972, em pleno
processo de massacre das massas oprimidas do Vietnã pelo imperialismo genocida.
A partir desse momento, o governo chinês alinhou-se sistematicamente ao
imperialismo norte-americano, sob a justificativa de que a URSS representaria
uma ameaça maior aos interesses do país. Nesta "reunião histórica"
entre Mao e Nixon, eles estabeleceram uma espécie de "zona de exclusão
aérea" para impedir que a URSS levasse apoio militar aos combatentes
vietnamitas que lutavam contra os EUA usando o espaço aéreo chinês, sendo a
China anos depois "premiada" por sua colaboração com um assento
permanente no membro do Conselho de Segurança da ONU.