LULA NO TOPO DAS PESQUISAS E AS LUTAS EM BAIXA DIANTE DOS
ATAQUES NEOLIBERAIS DE TEMER: OS NEFASTOS EFEITOS DO PACTO DE COLABORAÇÃO DE
CLASSES QUE O PT VEM COSTURANDO COM A BURGUESIA DE OLHO NAS ELEIÇÕES
PRESIDENCIAIS DE 2018
A mídia em geral e a blogosfera ligada a Frente Popular em
particular deu bastante destaque ao fato de Lula está no topo das pesquisas
eleitorais, inclusive crescendo entre as duas últimas enquetes realizadas pela
entidade patronal CNT (Confederação Nacional dos Transportes). Passa dos 27,6%
obtidos em outubro de 2016 para 32,8% agora. Marina Silva ainda é a segunda colocada,
porém em queda, de 16,5% para 13,9%. Aécio segue caindo (18,9% para 12,1). Bolsonaro vai se tornando uma expressão
“sólida” da extrema-direita alcançando 12%. Ciro varia de 7,4% para 5%. Nas
simulações de 2° turno, Lula bate Marina por 38,9% a 27,4%; vence Aécio de
39,7% a 27,5%. Ainda que estas pesquisas não tenham incluído o Juiz Sérgio Moro, uma “carta na manga” da burguesia que derrotaria Lula na disputa
presidencial (se o petista não estiver preso), como já estamos alertando há
tempos e as enquetes sejam amplamente manipuláveis, o fato é que o candidato do
PT lidera com folga as últimas sondagens. Esse cenário de um Lula forte eleitoralmente
em meio aos ataques do governo golpista de Temer aos trabalhadores via o duro ajuste neoliberal (PEC do congelamento dos gastos, Reforma da Previdência e
Trabalhista, desmonte da Petrobras, BB, CEF e Correios) não é nenhuma grande
surpresa, já que o petista tem uma ampla base social e eleitoral mesmo com o PT
tendo sido derrotado nas eleições municipais de 2016 e tudo
indicando que vai perder a maioria dos governos estaduais que controla em 2018.
O “surgimento” da candidatura Ciro Gomes seria uma alternativa a Lula para os
setores da burguesia e da própria Frente Popular que não desejam apoiar o PT já
bastante debilitado, como vem acenando o PCdoB. Jogar as fichas no terreno
eleitoral, mais precisamente na disputa presidencial de 2018 vem sendo a
política da direção nacional do PT, acenando para a burguesia que pode ser uma
opção confiável diante da crise econômica, basta ver como votaram as bancadas
do partido nas eleições da Câmara e do Senado. O vídeo que Lula gravou
recentemente para o 6º Congresso do PT vai nesse sentido: “O Brasil nunca
precisou do PT como agora”. Nesse “plano estratégico” interessa a Frente
Popular que Temer leve adiante até 2018 o ajuste neoliberal sem grandes
problemas, com a CUT, CTB e seus satélites apenas patrocinando atos pontuais
contra as reformas neoliberais. Nenhuma luta de massas, radicalizada e direta
tem sido apontada como alternativa por fora do circo eleitoral. Mesmo com o Rio
de Janeiro mergulhado no caos, Pezão se mantem “de pé” e o governador
fluminense foi até mesmo ao velório da esposa de Lula para demonstrar seu
“respeito” ao petista, enquanto na ALERJ o PT sustenta seu aliado, o odiado
Jorge Piccinani, o mesmo que vai imponto o pacote de maldades do PMDB. Ele foi
reconduzido ao cargo com 64 votos, incluindo os dos deputados petistas que
fazem parte da mesa diretora, na 2º vice-presidente com André Ceciliano (PT).
Uma análise mais apurada desse cenário de colaboração entre a Frente Popular e
o governo Temer se tornará mais visível depois do Carnaval, mas o que já
podemos perceber é que enquanto Lula encontra-se no topo das pesquisas as lutas
estão em baixa, as centrais não organizaram pelas bases qualquer luta contra a
Reforma da Previdência. O ato do dia 15.03 e a “greve geral” dos professores do
dia 08 são mais midiáticas do que efetivas. Com os resultados das pesquisas nas
mãos e como a Rede Globo ainda não lançou oficialmente Moro a presidência, fica
evidente que a burguesia deseja costurar um pacto político envolvendo todos
os partidos da ordem (da esquerda à direita) para aprovar as draconianas
reformas neoliberais no Congresso e jogar o ônus da debacle econômica nas
costas dos trabalhadores, preservando o conjunto das instituições do regime e
mantendo o calendário eleitoral ordinário até as eleições presidências de 2018.
Lula seria uma espécie de “fiador” dessa transição. Alertamos mais uma vez que
PT e PCdoB desejam demonstrar para as classes dominantes que mesmo depois do
Golpe Parlamentar desferido contra o governo Dilma, ainda são forças políticas
palatáveis para o capital, já se passaram há tempos para o campo da burguesia.
Como Marxistas Revolucionários que não patrocinam ilusões eleitorais na Frente
Popular e na candidatura Lula lutamos para a vanguarda romper com a política de
colaboração de classes do PT e chamamos a construção de uma alternativa
revolucionária ao conjunto do regime político burguês e suas apodrecidas
instituições, combatendo vigorosamente o governo golpista de Temer, a direita
reacionária e fascistoide mas sem capitular a política venal e covarde da
Frente Popular, cujo objetivo é amortecer a luta de classes para um terreno que
a burguesia domina: o circo eleitoral de 2018!