terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

HÁ SEIS ANOS DO INÍCIO DA FARSESCA “REVOLUÇÃO ÁRABE MADE IN USA” NO EGITO QUE PARIU A ATUAL DITADURA ASSASSINA ALIADA DE ISRAEL E DO IMPERIALISMO


Exatamente há seis anos tinha início a chamada “Revolução Árabe” no Egito, saudada pelo conjunto da esquerda mundial como um verdadeiro “levante de massas” que traria “democracia” para o país e abriria caminho para o socialismo na terra dos Faraós. Naquele momento a LBI já caracterizou o processo em curso como uma transição política ordenada pelo imperialismo e burguesia nativa, enquanto o revisionismo com seu impressionismo vulgar apoiava acriticamente a “troca de regime” orquestrada nos bastidores pela Casa Branca, devido ao extremo desgaste de Hosni Mubarak, que acabou por renunciar em 11 de fevereiro de 2011. Pontuamos em voz solitária que não existiam organismos de poder das massas insurretas, muito menos um núcleo organizado que se contraponha militarmente à hierarquia militar vigente no Egito. Portanto sem o conjunção destes fatores, falar em revolução, ainda que democrática, seria uma piada de péssimo gosto. Hoje o país é dominado por uma feroz ditadura militar aliada dos EUA e Israel, as forças políticas burguesas que fazem oposição aos generais são perseguidas e seus dirigentes presos ou assassinados, como a Irmandade Muçulmana (IM). O movimento operário encontra-se na defensiva completa e as organizações de esquerda praticamente na clandestinidade. Aos pseudo-trotskistas que saudaram entusiasticamente a “Revolução Árabe” (PSTU, MAIS, CST) restou o profundo silêncio diante da ditadura imposta ao país, não esquecendo que posteriormente essas mesmas correntes apoiaram o golpe militar assassino de AI-Sissi contra o presidente civil Mohamed Morsi (IM) como uma “vitória das massas”, demonstrando sua completa confusão política e alinhamento com a reação burguesa pró-imperialista!

MUBARAK: INICIADA TRANSIÇÃO FEITA PELO IMPERIALISMO E BURGUESIA EGÍPCIA
(Home Page da LBI 11/02/2011)

Após 20 dias de massivos protestos no Egito, apresentados charlatanescamente pela esquerda revisionista como a "revolução árabe", o odiado presidente Hosni Mubarak renunciou neste 11 de fevereiro. Em um pronunciamento na TV, o vice-presidente Omar Suleiman, anunciou que Mubarak havia transferido o controle do governo a um Conselho Militar Supremo que se comprometeu a convocar eleições "livres" em setembro deste ano. Logo após o anúncio, os principais representantes do imperialismo, como o vice-presidente dos EUA, Joseph Biden e o primeiro-ministro da Inglaterra, David Cameron, saudaram a decisão como "um dia histórico". Seguindo o caminho da Tunísia, após a fuga de Ben Ali, todas as instituições burguesas no Egito permaneceram intactas, sem nenhum traço de reformulação "democrática" após a saída do ditador. A alta-cúpula das FFAA dirige agora o chamado "processo de transição" para garantir estabilidade ao regime, seguindo o planejado com a Casa Branca, que havia exigido a renúncia de Mubarak há vários dias para amortecer a tensão política no país.

Por coincidência, há exatamente 32 anos, as massas insurretas varreram nesta mesma data a ditadura do Xá Reza Pahlevi. No Irã, uma frente popular constituída pelo Partido Comunista, o Partido Islâmico e a Oposição Democrática de Bani-Sadr, reformulou todas as instituições do velho regime. Todo o comando militar ligado ao Xá foge do país e a corte constitucional é destituída, posteriormente as massas expropriam todas as empresas instaladas no país controladas pelo imperialismo, culminando com a própria ocupação, organizada por estudantes revolucionários, da embaixada ianque em Teerã.

Posteriormente, a frente popular que dirigiu as manifestações pela queda do Xá é rompida pelo Partido Islâmico devido à hegemonia dos aiatolás, levando a uma perseguição feroz das forças comunistas e democráticas. A partir deste momento, configura-se um regime autocrático dirigido pelos aiatolás que sobrevive até os nossos dias.

O que ocorre hoje no Egito está bem distante do que pode ser considerada uma revolução. Não existem organismos de poder das massas insurretas, muito menos um núcleo organizado que se contraponha militarmente à hierarquia militar vigente no Egito. Sem a conjunção destes fatores, falar em revolução, ainda que democrática, é uma piada de péssimo gosto.

Configurar o processo de revolta popular no Egito como uma revolução é o maior desserviço que a esquerda reformista presta à classe trabalhadora árabe e egípcia, desarmando-a politicamente de qualquer objetivo estratégico revolucionário. Seria o mesmo que considerar a campanha pelas "Diretas Já" e o "Fora Collor" como "revoluções brasileiras" ocorridas nos anos 80 e 90.

O processo de transição no Egito é tão pactuado que a principal força de oposição a Mubarak, a Irmandade Mulçumana, já anunciou que sequer indicará candidato às eleições presidenciais, frustrando as expectativas do presidente do Irã, Armadinejad, que desejava ampliar, via o novo governo, sua área de influência na região.

As demandas democráticas e econômicas das massas egípcias que detonaram as manifestações multitudinárias contra Mubarak e seu regime autocrático só ganharão um corpo revolucionário transicional na medida em que possam estabelecer um fio condutor a partir de um norte estratégico. Essa tarefa não poderá ser assumida espontaneamente pela própria combatividade das massas, faz-se necessário forjar uma vanguarda revolucionária que seja o embrião de um verdadeiro partido marxista-leninista. Seguindo o curso "natural" do atual processo político, este só poderá desembocar em mais uma transição burguesa orientada pelo imperialismo, desprovida de qualquer perspectiva revolucionária, nem sequer levarão o Egito a um regime islâmico com traços anti-imperialistas, como ocorreu anteriormente na Líbia e no próprio Irã.