O CASO DO “GOLEIRO BRUNO” VOLTA A CENA ÀS VÉSPERAS DO
CARNAVAL: MAIS UM DISTRACIONISMO MIDIÁTICO EM MEIO AS DENÚNCIAS CONTRA O
GOVERNO GOLPISTA DE TEMER E A
GANG DO PMDB
Às vésperas do Carnaval e diante das graves denúncias
envolvendo o governo golpista de Temer e a gang do PMDB, a liberdade provisória
do “Goleiro Bruno” voltou à cena através da mídia como mais uma expressão de
distracionismo vulgar. Condenado à 22 anos pela morte de Eliza Samudio, ele
poderá aguardar análise de recurso em liberdade. A liberação foi determinada
pelo ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), em
decisão liminar (provisória). Segundo o ministro, Bruno é réu primário, tem
bons antecedentes e poderia ter obtido direito de recorrer em liberdade contra
a condenação. O condenado está preso há mais de seis anos sem culpa definitiva
"formada". Reproduzimos o artigo que a LBI publicou em 2010
analisando o caso do ex-goleiro do Flamengo, quando na época já pontuávamos que
independente da culpa ou não do jogador a investigação era totalmente falha,
não havia provas concretas, apenas suspeitas e a polícia corrupta colaborando
com a comoção manietada pela emissora dos Marinhos, mas o réu em questão já
estava condenado antecipadamente pela opinião pública manipulada pela Rede
Globo. No texto polemizamos também com o feminismo burguês, encampado
lamentavelmente pela esquerda revisionista, que não ia a fundo nas causas que
levaram Bruno a cometer o suposto crime contra uma “garota de programa” que
pretendia vender seu corpo e de seu filho a quem melhor pagasse, sendo a ação
de ambos expressões bárbaras da completa decomposição da sociedade capitalista.
MORTE DE ELIZA SAMUDIO: CASO BRUNO, O ESPELHO DE UMA
SOCIEDADE CAPITALISTA EM COMPLETA DECOMPOSIÇÃO
(Home Page da LBI, 23/07/2010)
Após o fracasso da seleção brasileira com a eliminação da
Copa do Mundo e a frustração dos anunciantes, a mídia buscou encher seus
noticiários com mais um episódio envolvendo jovens em um crime. E mais, de um
famoso jogador de futebol, o goleiro do Flamengo, Bruno Fernandes. Para chamar
atenção e ganhar uns pontos a mais no "Ibope" foi necessário rechear
o crime com fortes doses de sensacionalismo macabro. De quebra, tal como
ocorrera no episódio dos Nardoni há dois anos, a manipulação dos fatos,
principalmente pela Rede Globo, é algo explícito: a investigação é totalmente
falha, não há provas concretas; há apenas suspeitos e a polícia corrupta
colabora com a comoção manietada pela emissora dos Marinhos. No entanto, o réu
em questão já está condenado antecipadamente pela opinião pública. No circo
midiático, sangue e desgraça de outrem são peças altamente rentáveis. Contudo,
esta é apenas a casca do ovo.
HÁ MUITO MAIS A SE ENTENDER DO QUE O "ESPETÁCULO"
MONTADO PELA MÍDIA
É preciso ter a compreensão de que nos tempos atuais o
esporte mercantilizado, no caso o futebol, perdera seu caráter amador,
transformando-se em verdadeiras empresas em busca de lucro. Clubes formam
jogadores, alguns poucos privilegiados que superam a peneira das categorias de
base, para que sejam negociados como mercadoria a clubes europeus. Estes
jogadores ganham grandes fortunas antes mesmo de serem "vendidos"
beneficiados por salários e cotas de patrocínio. A grande maioria deles advêm
de famílias muito pobres e humildes, tendo nas favelas desde a infância
vínculos com traficantes e grupos de extermínio formados por policiais. Aqui há
um campo fértil para que, por exemplo, atletas multimilionários atuem não como
esportistas, mas na condição de verdadeiras máfias em contato com o mundo do
crime organizado.
O capitalismo bestificante faz com que as relações
interpessoais sejam cada vez mais vazias, individualistas, superficiais e,
bastante comum, prostituídas em busca de status social e poder. Neste contexto,
o caso Bruno é apenas um elo desta corrente que aprisiona política e
ideologicamente as pessoas dentro do atual regime. A chamada geração
"orkuteira" é a expressão mais bem acabada destas concepções, na qual
o que mais vale é a forma não o conteúdo, ou seja, a superficialidade, não as
relações balizadas por verdadeiro espírito de companheirismo e de um projeto de
vida em comum.
O MÉTODO MARXISTA: PARA ALÉM DAS APARÊNCIAS
O feminismo burguês, encampado lamentavelmente pela esquerda
revisionista não vai a fundo ao que tange às causas que levaram o ex-atleta do
Flamengo cometer o suposto crime contra uma "garota de programa" que
pretendia vender seu corpo e de seu filho a quem melhor pagasse. Além do mais,
esta esquerda sem os menores princípios de classe, reivindica que o Estado
capitalista intervenha como resolução policial para estes casos, configurando
um campo completamente distante da luta de classes e do marxismo
revolucionário. Ontem defenderam a criação das delegacias da mulher para
encarcerar os "operários machistas" e hoje são devotos da reacionária
Lei Maria da Penha, revelando assim a ausência de qualquer independência de
classe na questão feminista. Não podemos deixar de lado o caráter, já
mencionado acima, mafioso do referido jogador proporcionado pelo enriquecimento
abrupto e sem limites, e pela mercantilização ("coisificação") da
mulher, muitas das quais vendem seu corpo aos ricos jogadores de futebol na
expectativa de ascensão social. Os grandes meios de comunicação difundem
cotidianamente na população a ideologia burguesa de que a mulher deve ser
esteticamente "perfeita" para ter "algum valor" no mercado
da sociedade. Por esta razão não podemos reduzir este caso simplesmente como
mais um ataque bestial machista contra uma "ingênua" mulher
proletária, Eliza é vitima e ao mesmo tempo foi parte integrante e ativa de uma
engrenagem totalmente corrompida.
A mulher é encarada pelo sistema capitalista como uma
mercadoria de consumo e quanto mais se adequar aos padrões de beleza
capitalista mais se incorpora valor "agregado" a esta
"mercadoria", isto é, quanto mais bela, mais alto o valor do
"produto" no leilão de seres humanos. Semelhante situação ocorre
inclusive nos casamentos atuais nas chamadas "famílias tradicionais"
de classe média alta. Não à toa, disseminam-se em todo o mundo academias e
clínicas estéticas, onde o culto ao corpo é a tônica e entendido como mais uma
"necessidade" criada para o consumo de um produto.
No seio destas relações engrendram-se todo um arco de
podridão: interesses meramente materiais e econômicos em detrimento de laços
afetivos e/ou de camaradagem. A falsidade, agressões, belicosidade,
espancamentos e assassinatos são as normas imperantes. Fenômeno similar a este
sofrem a burguesia, artistas, atletas famosos e a classe média alta. Em suma,
são relações típicas de uma sociedade em profunda decomposição, uma
excrescência que a cada dia ganha terreno em uma época de intensa ofensiva
imperialista sobre os povos do planeta onde se perdeu qualquer referência
política no socialismo. Evidentemente, no caso do goleiro Bruno a parte
socialmente mais frágil deste jogo de interesses, a mulher, foi brutalmente
assassinada.
A ruptura com esta concepção de mundo burguesa só será possível
através da violenta ação da classe operária contra seus algozes capitalistas,
através da revolução socialista! A partir da qual pela necessidade de todo um
coletivo, os interesses mesquinhos e podres oriundos da velha sociedade de
classes serão pari passu extintos. Na edificação da sociedade comunista de
amanhã será enobrecida a autêntica igualdade entre companheiros de relações
afetivas e de vida conjunta, em que impere soberana e profundamente o
sentimento de fraternidade entre o homem e a mulher socialistas.