TERREMOTO NO MÉXICO: TRAGÉDIA “NATURAL” APROFUNDA-SE COM A
MISÉRIA IMPOSTA PELO IMPERIALISMO IANQUE E A BARBÁRIE PROVOCADA PELO TRÁFICO DE
DROGAS CONTROLADO PELOS CARTÉIS MAFIOSOS ACOBERTADOS PELO GOVERNO PENÃ NETO
Um forte terremoto de 7,1 graus na escala Richter foi
registrado nesta terça-feira, 19 de Setembro, no México apenas 12 dias depois
de um tremor de 8,2 graus atingir a costa sul do México. O tremor deixou mais
de 100 mortos, número que aumento a cada momento. O fenômeno sacudiu edifícios
e causou pânico, levando as pessoas a correr para as ruas. O tremor ocorreu no
mesmo dia em que se completa 32 anos do terremoto de 8,1 graus que deixou ao
menos 10 mil mortos na capital mexicana. No momento do terremoto, várias pessoas
participavam justamente de um treinamento para aprender a lidar com sismos, o
que demonstra o completo despreparo do governo com o trato do problema
“natural”. A catástrofe atingiu os Estados mais pobres do país, que já sofrem
historicamente por conta da pobreza e do abandono do governo do direitista Peña
Neto, mas que vinham sendo ainda mais castigados nos últimos tempos por terem
se transformado nos principais produtores de papoula, a matéria-prima para a
produção da heroína destinada aos Estados Unidos. O aumento da demanda no Norte
trouxe mais disputa entre cartéis e grupos de “vigilantes” e mais insegurança
para uma população que já sofria com a falta de comida, de trabalho e de
perspectivas. Juntos, os três Estados mais pobres do país, Guerrero, Oaxaca e
Chiapas ostentam a vergonhosa cifra de terem 70,2% de suas populações em estado
de pobreza, segundo o Conselho Nacional de Avaliação da Política de
Desenvolvimento Social. Os territórios montanhosos em que estes Estados se
localizam dificultam a comunicação e o transporte com os grandes centros
urbanos. O sul do México sempre foi uma região muito rural. Mais de 50% da
população de Oaxaca e Chiapas, por exemplo, vive em vilarejos de até 2.500
pessoas. Isso pode dificultar a contagem final do estrago causado pelo tremor.
Desde a última década, quando o mercado de heroína se expandiu ao Norte, o sul
do México foi o primeiro a sofrer seus efeitos. Seu território extremamente
fértil é ideal para o cultivo da papoula. Além disso, as más condições das estradas
em meio às montanhas multiplicam as possibilidades de “esconder” plantações
clandestinas dos olhos das autoridades. Hoje, o México provê mais de 90% da
heroína consumida nos EUA. O cultivo e o transporte da droga fizeram com que os
cartéis locais enriquecessem e entrassem numa luta sangrenta por território.
Nos Estados de Guerrero, Oaxaca e Chiapas, o narcotráfico também passou a
financiar campanhas políticas, o que colocou no bolso dos criminosos as
autoridades regionais. O exemplo mais dramático dessa combinação de fatores foi
a desaparição de 43 estudantes em Ayotzinapa, em 26 de setembro de 2014. A
tragédia completa três anos neste mês, sem que se saiba o que ocorreu e após as
explicações oficiais terem sido desmentidas por peritos. As poucas evidências
levam a crer que os rapazes desapareceram a mando de autoridades locais
associadas com um cartel vinculado ao tráfico de heroína. Com seus vilarejos
disputados por narcotraficantes, que além do comércio ilícito praticam a
extorsão, o sequestro e o estupro das mulheres, seus habitantes decidiram tomar
armas. Surgiram grupos de “vigilantes” de distintos graus. Há desde os mais
amadores, que reúnem donos de comércio ou ranchos com suas espingardas
particulares, até as “polícias comunitárias”, patrocinadas por donos de terras
e empresários. Estes estão tão armados quanto os cartéis e, às vezes, mais que
o próprio Exército. É cedo para mensurar os efeitos econômicos, políticos e
sociais que o terremoto causará. A única certeza é a de que a região Sul do
país ficará ainda mais vulnerável no marco da espoliação da economia nacional
do México imposta pelo imperialismo ianque. Ainda que não existam meios para
impedir os abalos sísmicos, há muitos anos os sismógrafos foram aprimorados
para prever com antecedência de minutos, horas ou até dias os grandes tremores,
tornando possíveis medidas preventivas. Avisos oportunos para que as pessoas
saíssem de suas casas e edifícios decidem a diferença entre a vida e a morte de
dezenas de milhares. O número de mortos seria infinitamente menor se fossem
avisadas com 5 minutos para saírem de dentro de casa e demais zonas de risco.
Mas os países capitalistas, principalmente os imperialistas que dispõem de
sonares avançadíssimos, não dispuseram sua tecnologia a serviço das vidas das
massas miseráveis mexicanas. O fato de que as vítimas não foram avisadas,
apesar de haver meios de sobra para isto, é apenas um primeiro aspecto que
atesta como a tragédia que se seguiu ao terremoto é responsabilidade direta do
imperialismo e seus agentes que dominam o México. Abalos sísmicos são
anteriores à existência do homem na terra. O controle da natureza para que suas
forças não gerem tragédias faz parte da própria evolução humana. Minorar os
efeitos dos desastres naturais, desenvolvendo meios de contorná-los são
discutidos e aprimorados desde o princípio da humanidade. Em 1746, houve um
mortífero terremoto em Lima, capital do Peru. Em 1755, um outro destruiu
Lisboa, Portugal. Tais acontecimentos não passavam desapercebidos dos ideólogos
da Revolução Francesa. Na novela "Cândido" Voltaire questionava a fé
cega em Deus e as explicações fatalistas para os desastres naturais. Russeau
então escreve uma carta a Voltaire e lhe explica que os efeitos do desastre em
Lisboa não estavam subordinados a natureza nem a natureza humana, mas as
condições sociais e a forma de vida baseada na propriedade privada: “Se os
residentes desta grande cidade estivessem mais regularmente distribuídos e
menos densamente avizinhados, as perdas haviam sido muito menores e inclusive
inexistentes. Todos poderiam ter fugido com as primeiras sacudidas e dois dias
depois seriam encontrados a vinte léguas de distância tão felizes como se nada
houvesse acontecido. Mas temos que ficar e expormos a futuros tremores,
insistiam muitos de maneira obstinada, porque o que tínhamos que abandonar era
mais valioso do que o que podíamos levar. Quantos desgraçados pereceram no
desastre por tentar levar, um suas roupas, outro seus papéis, um terceiro seu
dinheiro? Sabemos bem que as pessoas têm se convertido na parte mais
insignificante de seu ser e que não vale a pena salvar-se se tudo mais se
perde”. É preciso impulsionar a constituição de comitês populares para gerir o
socorro contra a tragédia, desde o controle da ajuda internacional até um
programa de obras públicas, passando pela expropriação de todos os mercados e
dos meios de produção, os meios de distribuição, transporte, saúde, todo
aparato militar, veículos e máquinas estrangeiros, a organização da
distribuição da ajuda. Portanto, todos os víveres, água potável, alimentos em
geral devem passar a gestão da classe trabalhadora que desde já deve contar com
a mais ampla solidariedade do proletariado mundial, fortalecendo a luta contra
o governo Peña Neto, completamente submisso ao imperialismo ianque e aos
carteis do tráfico de drogas.