quarta-feira, 20 de setembro de 2017

TERREMOTO NO MÉXICO: TRAGÉDIA “NATURAL” APROFUNDA-SE COM A MISÉRIA IMPOSTA PELO IMPERIALISMO IANQUE E A BARBÁRIE PROVOCADA PELO TRÁFICO DE DROGAS CONTROLADO PELOS CARTÉIS MAFIOSOS ACOBERTADOS PELO GOVERNO PENÃ NETO


Um forte terremoto de 7,1 graus na escala Richter foi registrado nesta terça-feira, 19 de Setembro, no México apenas 12 dias depois de um tremor de 8,2 graus atingir a costa sul do México. O tremor deixou mais de 100 mortos, número que aumento a cada momento. O fenômeno sacudiu edifícios e causou pânico, levando as pessoas a correr para as ruas. O tremor ocorreu no mesmo dia em que se completa 32 anos do terremoto de 8,1 graus que deixou ao menos 10 mil mortos na capital mexicana. No momento do terremoto, várias pessoas participavam justamente de um treinamento para aprender a lidar com sismos, o que demonstra o completo despreparo do governo com o trato do problema “natural”. A catástrofe atingiu os Estados mais pobres do país, que já sofrem historicamente por conta da pobreza e do abandono do governo do direitista Peña Neto, mas que vinham sendo ainda mais castigados nos últimos tempos por terem se transformado nos principais produtores de papoula, a matéria-prima para a produção da heroína destinada aos Estados Unidos. O aumento da demanda no Norte trouxe mais disputa entre cartéis e grupos de “vigilantes” e mais insegurança para uma população que já sofria com a falta de comida, de trabalho e de perspectivas. Juntos, os três Estados mais pobres do país, Guerrero, Oaxaca e Chiapas ostentam a vergonhosa cifra de terem 70,2% de suas populações em estado de pobreza, segundo o Conselho Nacional de Avaliação da Política de Desenvolvimento Social. Os territórios montanhosos em que estes Estados se localizam dificultam a comunicação e o transporte com os grandes centros urbanos. O sul do México sempre foi uma região muito rural. Mais de 50% da população de Oaxaca e Chiapas, por exemplo, vive em vilarejos de até 2.500 pessoas. Isso pode dificultar a contagem final do estrago causado pelo tremor. Desde a última década, quando o mercado de heroína se expandiu ao Norte, o sul do México foi o primeiro a sofrer seus efeitos. Seu território extremamente fértil é ideal para o cultivo da papoula. Além disso, as más condições das estradas em meio às montanhas multiplicam as possibilidades de “esconder” plantações clandestinas dos olhos das autoridades. Hoje, o México provê mais de 90% da heroína consumida nos EUA. O cultivo e o transporte da droga fizeram com que os cartéis locais enriquecessem e entrassem numa luta sangrenta por território. Nos Estados de Guerrero, Oaxaca e Chiapas, o narcotráfico também passou a financiar campanhas políticas, o que colocou no bolso dos criminosos as autoridades regionais. O exemplo mais dramático dessa combinação de fatores foi a desaparição de 43 estudantes em Ayotzinapa, em 26 de setembro de 2014. A tragédia completa três anos neste mês, sem que se saiba o que ocorreu e após as explicações oficiais terem sido desmentidas por peritos. As poucas evidências levam a crer que os rapazes desapareceram a mando de autoridades locais associadas com um cartel vinculado ao tráfico de heroína. Com seus vilarejos disputados por narcotraficantes, que além do comércio ilícito praticam a extorsão, o sequestro e o estupro das mulheres, seus habitantes decidiram tomar armas. Surgiram grupos de “vigilantes” de distintos graus. Há desde os mais amadores, que reúnem donos de comércio ou ranchos com suas espingardas particulares, até as “polícias comunitárias”, patrocinadas por donos de terras e empresários. Estes estão tão armados quanto os cartéis e, às vezes, mais que o próprio Exército. É cedo para mensurar os efeitos econômicos, políticos e sociais que o terremoto causará. A única certeza é a de que a região Sul do país ficará ainda mais vulnerável no marco da espoliação da economia nacional do México imposta pelo imperialismo ianque. Ainda que não existam meios para impedir os abalos sísmicos, há muitos anos os sismógrafos foram aprimorados para prever com antecedência de minutos, horas ou até dias os grandes tremores, tornando possíveis medidas preventivas. Avisos oportunos para que as pessoas saíssem de suas casas e edifícios decidem a diferença entre a vida e a morte de dezenas de milhares. O número de mortos seria infinitamente menor se fossem avisadas com 5 minutos para saírem de dentro de casa e demais zonas de risco. Mas os países capitalistas, principalmente os imperialistas que dispõem de sonares avançadíssimos, não dispuseram sua tecnologia a serviço das vidas das massas miseráveis mexicanas. O fato de que as vítimas não foram avisadas, apesar de haver meios de sobra para isto, é apenas um primeiro aspecto que atesta como a tragédia que se seguiu ao terremoto é responsabilidade direta do imperialismo e seus agentes que dominam o México. Abalos sísmicos são anteriores à existência do homem na terra. O controle da natureza para que suas forças não gerem tragédias faz parte da própria evolução humana. Minorar os efeitos dos desastres naturais, desenvolvendo meios de contorná-los são discutidos e aprimorados desde o princípio da humanidade. Em 1746, houve um mortífero terremoto em Lima, capital do Peru. Em 1755, um outro destruiu Lisboa, Portugal. Tais acontecimentos não passavam desapercebidos dos ideólogos da Revolução Francesa. Na novela "Cândido" Voltaire questionava a fé cega em Deus e as explicações fatalistas para os desastres naturais. Russeau então escreve uma carta a Voltaire e lhe explica que os efeitos do desastre em Lisboa não estavam subordinados a natureza nem a natureza humana, mas as condições sociais e a forma de vida baseada na propriedade privada: “Se os residentes desta grande cidade estivessem mais regularmente distribuídos e menos densamente avizinhados, as perdas haviam sido muito menores e inclusive inexistentes. Todos poderiam ter fugido com as primeiras sacudidas e dois dias depois seriam encontrados a vinte léguas de distância tão felizes como se nada houvesse acontecido. Mas temos que ficar e expormos a futuros tremores, insistiam muitos de maneira obstinada, porque o que tínhamos que abandonar era mais valioso do que o que podíamos levar. Quantos desgraçados pereceram no desastre por tentar levar, um suas roupas, outro seus papéis, um terceiro seu dinheiro? Sabemos bem que as pessoas têm se convertido na parte mais insignificante de seu ser e que não vale a pena salvar-se se tudo mais se perde”. É preciso impulsionar a constituição de comitês populares para gerir o socorro contra a tragédia, desde o controle da ajuda internacional até um programa de obras públicas, passando pela expropriação de todos os mercados e dos meios de produção, os meios de distribuição, transporte, saúde, todo aparato militar, veículos e máquinas estrangeiros, a organização da distribuição da ajuda. Portanto, todos os víveres, água potável, alimentos em geral devem passar a gestão da classe trabalhadora que desde já deve contar com a mais ampla solidariedade do proletariado mundial, fortalecendo a luta contra o governo Peña Neto, completamente submisso ao imperialismo ianque e aos carteis do tráfico de drogas.