segunda-feira, 18 de setembro de 2017

PSTU CRITICA O “MAIS” POR RECEBER APOIO DO PCdoB EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS NA DISPUTA PARA O CONGRESSO DA CONLUTAS PORÉM “ESQUECE” DE ALGO AINDA MAIS GRAVE: OS MORENISTAS ALIARAM-SE AOS NEOSTALINISTAS PARA ELEGER SEU CANDIDATO A VEREADOR EM BELÉM, FORMANDO UMA MINIFRENTE POPULAR ENCABEÇADA PELO PSOL, APOIADA POR LULA, DILMA E MARINA!


Nos últimos dias vem-se travando uma “batalha” nas redes sociais entre militantes do PSTU e do MAIS envolvendo a disputa das eleições para os delegados do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos ao Congresso da Conlutas. O PSTU acusou o MAIS de receber os votos de trabalhadores vinculados a CTB (PCdoB) e CUT (PT) na assembleia que escolheu os representantes da categoria. Traidores, agentes da frente popular, oportunistas, vendidos...foram alguns dos “qualificativos” imputados pelo PSTU ao MAIS por essa aliança. De fato, a chapa do MAIS recebeu os votos da CTB-CUT e alcançou uma votação bem além de seu peso real entre os metalúrgicos de São José. Uma gravação do dirigente da CTB convocando os trabalhadores a votarem na “chapa do Renatão” (MAIS) torna essa unidade escandalosa evidente. Ocorre que essa política do MAIS na esfera sindical, hoje tão criticada pelo PSTU, foi aplicada nas eleições municipais de Belém, através da coligação para garantir a vaga do candidato a vereador do PSTU (Cleber Rabelo) na Câmara Municipal. Este acabou sendo eleito pela força da chapa majoritária que tinha como candidato a prefeito Edmilson Rodrigues, sustentado pela coligação entre PSOL, PCdoB e PSTU. Para eleger o vereador em Belém o PSTU pode aliar-se ao PCdoB porém na disputa interna da Conlutas o MAIS copiar a política do PSTU é “traição e oportunismo”? Resgatemos a justificativa que na época o PSTU recorreu para explicar a aliança com os neostalinistas em Belém: “Todos os partidos diretamente burgueses com os quais o PSOL queria fazer aliança desistiram da coligação um após o outro. Só sobrava mesmo o PCdoB, que não é um partido burguês, mas é um partido da base do governo Dilma, governo este que governa para a burguesia... A partir daí, diante do fato consumado de que o PSOL fecharia com o PCdoB, deveríamos definir se permaneceríamos na frente ou se nos retiraríamos dela devido à presença do PCdoB. Definimos que era correto permanecer e assim o fizemos. Mas por que definimos assim? A coligação também aumenta as chances de eleger um operário socialista e revolucionário para a Câmara de Vereadores: Cleber Rabelo, trabalhador da construção civil e dirigente do PSTU no estado” (Nota pública do PSTU, 02/07/2012). Em resumo, trata-se de um debate de baixo nível do “sujo falando do mal lavado”, ou melhor, uma troca de insultos de agrupamentos revisionistas que adotam uma política oportunista de aliança com a Frente Popular quando lhes convém eleitoralmente. A base dessa orientação foi a defesa à época pelo PSTU da conformação da “Frente de Esquerda” com o PSOL, onde coube não só o PCdoB, mas até mesmo o PT e Rede, que apoiou Edmilson no segundo turno das eleições, candidato que o PSTU continuou a chamar voto para prefeito em nome de “derrotar a direita”. Em 2012 vimos o PSTU fazendo todo o malabarismo necessário para justificar suas alianças com o PSOL, estivesse este partido coligado ou não com legendas burguesas quando isto lhe trouxe dividendos eleitorais. Agora o mesmo PSTU deseja posar de “ortodoxo e principista”. A própria militância do MAIS, formada na escola do Morenismo e que agora deixou de lado as firulas “revolucionárias” de sua “antiga organização” acusou o PSTU de fazer o mesmo em várias disputas sindicais, como para o Congresso da Fasubra onde o PSTU apoiou a DS na tirada de delegados e recebeu o voto desses petistas para o Congresso da Conlutas. 


Não precisamos ir tão “longe”. Mais recentemente, no 2º turno das eleições municipais do Rio de Janeiro de 2016, o PSTU apoiou a candidatura de Freixo, sustentada por uma “frente de centro-esquerda” burguesa formada pelo PSOL, PT, PCdoB, PSB e Rede! A militância do PSTU não tem qualquer moral política para criticar o MAIS, que aplica uma orientação socialdemocrata parida do ventre do seu progenitor Morenista. Tanto em Belém como no Rio de Janeiro as candidaturas do PSOL não representavam as “sombras” da burguesia e sim os seus mais declarados representantes, a começar pelo próprio Edmilson, que foi financiado por empreiteiras, empresas de ônibus e de limpeza urbana ou mesmo Freixo, apoiado pela Rede Globo. Não por acaso, tiveram ao seu lado o PCdoB, em uma típica frente popular de novo tipo nos mesmos moldes da montada pelo PT. Não temos dúvidas que a “flexibilidade” do PSTU em Belém esteve voltada a eleger um vereador e ter o direito a seu “lugarzinho” no parlamento burguês. Mas a questão se colocava em termos ainda mais graves: Edmilson e a coligação que encabeçava personificava a própria frente popular na cidade, cumprindo exatamente o papel do PT, fragilizado em Belém! O PCdoB é sem dúvida um partido pequeno-burguês completamente integrado ao regime capitalista. Por isto, representa os interesses de classe da burguesia. Seu vínculo com o movimento de massas está a serviço de bloquear as tendências de luta dos trabalhadores e ele foi um fiador dos acordos com as empreiteiras, bancos, donos das empresas de transporte que financiam a campanha de Edmilson! Como pôde o PSTU participar de uma frente assim e agora criticar o MAIS por fazer o mesmo na esfera sindical? O que há de diferente? Trazendo à tona todos esses exemplos de como a política do MAIS apenas aprofundou a política que o PSTU aplicava até pouco tempo atrás antes de seu “zig-zag” (ora à direita, ora à esquerda), o certo é que os Morenistas estão completamente despreparados para travarem um debate político-programático consistente com seus ex-camaradas do MAIS, pela simples razão de que também estão corroídos pelo “cupim” da democracia burguesa e seu regime de benesses sindicais e corporativas, apesar de ainda proclamarem formalmente a vigência do partido Leninista. A pressão das eleições de 2018, quando o PSTU será extremamente tencionado pelo PSOL (e o MAIS em particular) a dar seus votos para garantir o coeficiente eleitoral dos candidatos psolistas em nome da conformação da “Frente de Esquerda”, uma fórmula socialdemocrata lançada originalmente pelo próprio PSTU, vai aprofundar ainda mais a crise da seção da LIT no Brasil, que deve sofrer novos rachas e defecções.