segunda-feira, 25 de setembro de 2017

RACHA NA “LPS”: ALEJANDRO ACOSTA É GRAVEMENTE ACUSADO DE SER UM “INFILTRADO”. FALTOU O GRUPO DO “SINDICALISTA” PEDRO PAULO, QUE CONTROLA A “LPS”, DIZER A SERVIÇO DE QUEM...


O grupo de Alejandro Acosta, ex-membro do Comitê Central do PCO que havia ingressado na Luta Pelo Socialismo (LPS) há pouco mais de um ano, acaba de anunciar sua ruptura com o agrupamento político-sindical dirigido pelo oportunista Pedro Paulo (Pepê), também ex-dirigente de Causa Operária, que controla há várias décadas o Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de Minas Gerais. Alejandro acusa a LPS de ser um grupo sindical burocrático degenerado. Por sua vez, Pepê responde caracterizando Alejandro, entre outras sérias acusações, de ser um infiltrado que recorre a métodos policialescos e de sabotador da Organização, declarando: “A prática do entrismo, uma tática política de infiltração, foi realizada pela ala minoritária que compunha a direção da LPS, composta por três pessoas, desde antes do I Congresso da Organização, conforme identificamos por meio das trocas de e-mails, datados de 13 de março, entre o principal representante dessa ala, Alejandro Acosta, e uma ‘militante’ do seu grupo.  Nesse sentido, a Organização entende que deverá ter um cuidado especial com sua rede de militantes e simpatizantes. Ou seja, estará atuando com maior vigor e, como medida prática, irá reestruturar os meios de comunicação, seguindo os requisitos do seu estatuto” (LPS realiza sua II Conferência, debate entrismo e reafirma programa revolucionário, 18/09/2017). Nesse “debate” ao que parece o que menos importa são divergências programáticas até porque ambos os lados têm um histórico de adaptação à Frente Popular, seja no terreno político e sindical, questões vitais que a LBI aprofundará em um outro momento. Nos interessa aqui abordar fundamentalmente a no mínimo “estranha” trajetória de Alejandro Acosta. Tanto o PCO como a LPS acusam-no ou no mínimo insinuam que este recorre a “práticas policialescas” ou mesmo seria um “infiltrado”, como afirmou textualmente Pepê na gravíssima citação acima, questionando inclusive a origem de suas finanças e a quem de fato ele está a serviço. O mais curioso é que essas graves “desconfianças” não impediram nem Causa Operária e muito menos a LPS de alçar Alejandro Acosta à condição de membro não só do Comitê Central mas da Comissão Executiva de ambas as organizações que se reivindicam Trotskistas e Leninistas, ou seja, em tese rigorosas com o controle daqueles que assumem altos postos de direção partidária. Ao contrário, a LPS aceitou via um “acordo” que não só Alejandro como também “simpatizantes” do agrupamento integrassem o CC, em uma prova inconteste de ruptura com as noções básicas de Bolchevismo. Não temos dúvida que Alejandro é um quadro político capaz, mas sem qualquer tradição ou histórico militante na esquerda brasileira. No passado tivemos exemplos de vários “quadros políticos capazes” que estavam a serviço da burguesia e seu aparato de repressão e de inteligência, tanto na ditadura como na “democracia” eles têm um papel fundamental de informar sobre a vida interna das organizações políticas e sabotar a esquerda revolucionária. Voltando a Alejandro Acosta, sabemos apenas que nasceu no Uruguai e estudou no México. Seu passado militante é completamente obscuro e ignorado, foi stalinista, maoísta...“ingressou” no trotskismo pelas mãos do PCO na fase que Rui Pimenta já não tinha nenhum critério militante bolchevique, tanto que tornou sua legenda oca um agrupamento menchevique de aluguel que hoje não passa de uma sombra do PT, repleta de arrivistas e carreiristas que usaram a legenda a serviço da direita. Já nessa época Alejandro tinha a conduta estranha de fazer viagens internacionais “por contra própria” com total autonomia de Causa Operária, viagens que pelo visto continuaram na LPS e que agora são questionadas até mesmo pelos seus ex-parceiros recém rompidos. Vejamos o que afirma o documento público da LPS: “Quem paga suas inúmeras viagens e estadias pelo mundo afora? Ou seja, quem profissionaliza o companheiro, uma vez que não é a LPS? É no mínimo estranho que se abra um debate contestando a profissionalização de militantes e trabalhadores na LPS e em sindicatos (pessoas que todos sabem onde moram, quanto ganham, como vivem e quem efetivamente são), enquanto a situação financeira do companheiro e sua vida pessoal é uma incógnita para o partido. Al cotiza R$250,00 mensais. Então, tudo leva a crer que ganha mensalmente cinco mil reais. Esta quantia é incompatível com as idas e vindas e o modo de vida do cotidiano de Al. Até para analisarmos a base para a sua cotização mensal, que no caso de todos os militantes se baseia no que recebem de salário, torna-se essencial este esclarecimento” (Resposta da maioria dos membros do CC da LPS ao documento enviado pelo Companheiro Alejandro sobre o que seria a caracterização às ‘duas políticas’ da LPS - 04 de setembro de 2017). Como se observa, trata-se de um questionamento de alta gravidade, político e moral, perguntando diretamente quem financia sua atividade política e a serviço de quem ele desenvolve sua “militância profissional”. Ainda que algumas das críticas de Alejandro a LPS e anteriormente a Causa Operária sejam corretas, ele em nenhum momento responde as graves acusações que lhe são imputadas, limitando-se a declarar: “Alejandro nunca teve absolutamente nenhum problema em determinar origem de recursos, inclusive nos 13 meses que compartilhou a mesma moradia com outros militantes, como Florisvaldo Lopes. E a questão central seria que Alejandro não dependeu do controle financeiro (e portanto, político) da ala burocrática ou que esta burocracia se vale dos aparatos sindicais (principalmente das finanças) para controlar a Organização para vantagens próprias? Se o problema fosse de provas não deveríamos começar pela abertura da contabilidade dos sindicatos, de maneira ampla, pelo menos às suas diretorias?” (Política revolucionária x controle de aparatos sindicais - Alejandro Responde à Maioria da LPS, 25.09.2017). O fato da direção da LPS “profissionalizar” financeiramente de forma completamente deformada vários assessores sindicais e mesmo “ajudantes” que não são de fato militantes plenos do agrupamento e muito menos quadros testados (o que sem dúvida é um completa degeneração política e material) não torna a acusação que lança contra Alejandro Acosta menos grave, situação que fica ainda mais nebulosa na medida que o mesmo busca escamotear a discussão sobre esta questão mesmo diante um ataque dessa gravidade, sem dar maiores explicações convincentes. O que temos certeza em meio a essa troca de acusações é que apesar das profundas deformações burocráticas e adaptação ao sindicalismo/economicismo que marcam a trajetória política de Pedro Paulo desde Causa Operária e que se aprofundaram na LPS, os companheiros da maioria do que restou da LPS devem provar rigorosamente que Alejandro é um policial ou um infiltrado dos órgãos de inteligência ou da repressão burguesa. A LBI tem inúmeras e sérias diferenças com a LPS e a conduta política e sindical de Pepê, mas esse debate pode e deve ser tratado na dura e rígida arena da discussão programática da esquerda que se reivindica Trotskista e Leninista. Já com relação a Alejandro Acosta não podemos afirmar o mesmo. As duas organizações que ele militou o acusam de fazer “calúnias de natureza policial” (PCO, abril-2016) ou de “prática policialesca” (LPS, setembro-2017). Cabe a Alejandro Acosta uma explicação pública e detalhada ao conjunto da esquerda brasileira e particularmente as organizações que se reivindicam trotskistas, “nicho” onde ele vem atuado no último período, caso não o faça de forma convincente restará ainda mais dúvidas de quem realmente ele está a serviço. Além do mais, a LPS ainda denuncia que parte da militância que Alejandro agrupa em torno de si é quase completamente virtual e sem nenhuma atividade política comprovada. A “militante” Diana Maffei é muito ativa nas redes sociais porém segundo a LPS “a companheira DM (que não tem núcleo e não vende jornal, mas é apresentada como militante pela ala ‘revolucionária’ – nada pessoal contra a companheira) se negou a participar da reunião sem dar qualquer justificativa plausível” ou ainda que “No caso dos 'militantes' de Caxias/RS não se sabe de nenhuma atuação organizada na região onde moram, seja política, sindical, popular ou cultural”. Desde a LBI como Trotskistas-Leninistas, que defendemos a militância Bolchevique e um partido de quadros políticos profissionais (favor não confundir com profissionalização financeira) consideramos que tanto o PCO como a LPS estão pagando o preço por se adaptarem ao peso e a pressão da Frente Popular e de seus aparatos políticos e sindicais. No caso específico da LPS esperamos que os companheiros ainda possam romper com essa “tradição” tradeunista, uma tarefa que somente é possível combatendo sem tréguas os desvios sindicalistas que acabam torando um insipiente núcleo classista refém dos sindicatos e dos seus privilégios oriundos em última instância das benesses do Estado burguês.