REFORMISMO DAS FARC DEPÕE AS ARMAS E PREGA: “GOVERNO DE
CONCILIAÇÃO NACIONAL” PELA VIA DA “PAZ E DO BOM VIVER DA SOCIEDADE COLOMBIANA”
“O Plenário ratificou o espírito de unidade do novo partido FORÇA ALTERNATIVA REVOLUCIONÁRIA DO COMUM e a necessidade de avançar para um governo de transição e reconciliação nacional, que encerre o capítulo da violência política e abra uma nova época, na qual germine a democracia plena através da paz e do bom viver da sociedade colombiana." Com esta plataforma reformista e de apologia ao regime da democracia burguesa as FARC entregaram as armas e se transformou em mais um partido da ordem capitalista na Colômbia. O PCB do Brasil que apesar da verborragia vazia em defesa da "revolução e do socialismo", avalizou sem nenhuma delimitação crítica a "transição democrática" das FARC, assim como capitula vergonhosamente ao PSOL na trilha do eleitoralismo socialdemocrata da chamada “Frente de Esquerda”. Segundo a saudação do PCB ao congresso das FARC que deliberou por esse programa de colaboração de classes, “Desde o Brasil sempre estivemos na linha de frente da solidariedade com os e as camaradas, que na época estavam em armas nas montanhas e agora, neste novo momento, estão buscando os mesmos objetivos pela via política... Os inimigos da paz e do progresso social tramam diariamente para o fracasso dos acordos e buscam de maneira permanente criar condições para retrocessos”. Como se observa, congresso que incorporou as FARC ao regime da democracia dos ricos está sendo comemorado pelo PCB e o conjunto da esquerda mundial, além obviamente que recebe os aplausos da Casa Branca. Acertada a entrega das armas pelas FARC e o plano de sua transformação em partido político subordinado as regras da democracia burguesa, o imperialismo ianque felicitou na época o governo colombiano por ter chegado a um acordo de cessar-fogo definitivo com a guerrilha: “Apesar de persistirem os desafios, o anúncio representa um importante avanço”. As “negociações de paz” com Santos e o conjunto das medidas anunciadas pelas FARC foram sendo tomadas desde 2012 no marco de uma enorme pressão “democrática” de seus “aliados”, particularmente do governo venezuelano e os irmãos Castro, comandantes da burocracia cubana, elas não fortalecem a luta revolucionária na Colômbia e no mundo, na verdade a sabotam. A ofensiva militar imperialista na Líbia e na Síria, apoiando-se na onda de “reação democrática” que varre o Oriente Médio, é a prova do que afirmamos. Frente a essa conjuntura dramática, os revolucionários bolcheviques criticam publicamente as decisões tomadas pela direção das FARC porque estas medidas desgraçadamente levam paulatinamente à sua rendição política e não “só” militar. Através de concessões crescentes se aposta na via da conciliação de classes e na política de integração ao regime títere como prega Piedad Córdoba e seu movimento “Colombianos pela Paz”. Em 2014, quando o grosso da esquerda colombiana apoiou a reeleição de Santos já denunciávamos essa posição vergonhosa do PCB. Naquele momento alertamos: “No Brasil, o PCB integrou-se entusiasticamente a esta política vergonhosa de apoio aos ‘acordos de paz’ levada a cabo pela direção das FARC, pela Marcha Patriótica e a ex-senadora Piedad Córdoba, na verdade uma estratégia traçada por Santos para garantir sua reeleição e voltada no fundo a eliminar a guerrilha. Tanto que na ‘Declaração pública da delegação da visita internacional de solidariedade pela paz com justiça social na Colômbia” assinada pelo PCB em conjunto com outras entidades internacionais e organizações no Brasil (inclusive o PCdoB!) se afirma ‘Nós, como delegação da visita internacional de solidariedade pela paz com justiça social na Colômbia, rogamos à institucionalidade colombiana, em particular à Presidência da República, ao Gabinete Geral da Nação, à Procuradoria Geral da Nação: Manter a mesa de diálogos de paz com as FARC-EP em Havana, assim como abrir mesas similares com o ELN e o EPL. Garantir a participação democrática direta e permanente das organizações sociais na construção de acordos de paz. Decretar um cessar fogo bilateral como condição necessária para avançar na consecução da paz com justiça social, assim como a necessária inclusão do conjunto do movimento social e político colombiano nas negociações. PELA PAZ COM JUSTIÇA SOCIAL NA COLÔMBIA” (Sitio PCB, 07/05/2014). Consideramos uma utopia reacionária o PCB (que integrou a comitiva) defender uma 'paz com justiça social' no exato momento em que esta iniciativa está baseada na política de reação democrática voltada a eliminar a guerrilha. Não por acaso, o PCdoB que também integrou a tal ‘delegação internacional’ comemora que o ‘Respaldo à reeleição de Santos coloca em foco diálogos da Colômbia’ (Vermelho, 30/05), enquanto o próprio PCB se limita a reproduzir um artigo escrito por um terceiro (“Eleições colombianas: O grande vencedor é a abstenção” - Carlos Aznárez, sítio PCB, 29/05) e de forma oportunista o partido não declara qualquer posição eleitoral, muito menos chama o voto nulo, branco ou o boicote ativo! Longe desta posição antileninista, fica cada vez mais claro que a única ‘paz’ que sairá destas negociações é a dos cemitérios, já que desgraçadamente as vidas dos heroicos combatentes das FARC estão sendo sacrificadas em nome de uma política que em nada serve para a luta revolucionária e, muito menos, para libertar a Colômbia do domínio da burguesia e do imperialismo. A história está prestes a se repetir na Colômbia, desta vez como uma segunda tragédia, posto que as FARC parecem ter esquecido o desastre do passado quando se ‘converteu’ em partido institucional, em nome da ‘paz’ e teve a maioria de seus quadros dirigentes assassinados pelo regime burguês. (Blog da LBI, Com o aval das FARC, “esquerda” colombiana apoia o genocida Santos no 2º turno da disputa presidencial! No Brasil, PCB e PCdoB saúdam esta política vergonhosa em nome dos “acordos de paz”! 30.05.2014). Ao contrário do PCB, para nós Revolucionários Trotskistas, não há nada a comemorar! É vital para o movimento de massas colombiano reorganizar os sindicatos operários que sejam capazes de acaudilhar atrás de si as organizações guerrilheiras, submetendo-as militarmente à democracia das assembleias proletárias para implodir o pacto social em curso entre a direção da antiga guerrilha e Santos.