NOVO ÁUDIO "INESPERADO" DA DELAÇÃO DE JOESLEY
BATISTA (JBS): MINISTROS DO STF ENTRAM NO "FOGO CRUZADO" DA DISPUTA
INTERBURGUESA
O aparecimento de um "inesperado" novo áudio, revelando uma conversa entre Joesley Batista e o executivo do grupo JBS, Ricardo Saud, parece ter como endereço certo atingir ministros do STF, além dos próprios controladores do monopólio da exportação carne bovina brasileira. Joesley e Saud se gravaram durante o processo de negociação da delação premiada com a Procuradoria. Aparentemente, estavam aprendendo a operar um dos gravadores que usariam para registrar conversas com autoridades e por "engano" enviaram estas fitas para a PGR. Além de quatro ministros do Supremo, os dois delatores da JBS mencionam o ex-procurador da República Marcelo Miller, que trocou a assessoria do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por um escritório de advocacia contratado pela JBS. Joesley Batista e Ricardo Saud dão a entender na conversa que, mesmo no período em que auxiliava Janot na Lava Jato, Miller já trabalhava para a JBS. O Procurador Geral Rodrigo Janot convocou toda a imprensa esta tarde (04/07) para anunciar a "bomba", mas sem revelar o conteúdo das gravações em função do envolvimento de ministros do Supremo que possuem "foro privilegiado". As fitas de Batista e seu executivo foram então encaminharas ao ministro Edson Fachin do STF que decidirá se dará publicidade ou não as novas "revelações bombásticas". Está bastante claro que o "acidente" que trouxe à tona estas fitas da JBS não foi uma "obra do acaso", é parte da acirrada luta fratricida no interior da burguesia que atravessa uma profunda crise de comando político e estatal. O Procurador Geral Janot, as vésperas de deixar seu cargo (17/09),tenta se proteger de uma futura revanche de ministros do STF, notadamente seus adversários Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes. Outro elemento fundamental é a outra denúncia que Janot apresentará contra Temer ainda nesta semana, baseada na delação do "doleiro" Lucio Funaro, a qual a maioria do STF tenta postergar sua validação. No bojo deste "tiroteio geral" das classes dominantes, a "República de Curitiba" continua mirando sua artilharia em Lula, apresentando uma nova delação de Marcelo Odebrecht contra o ex-presidente. O quadro institucional que parece indefinido, com a permanência forçada do moribundo Temer, caminha lentamente para a substituição do golpista antes das eleições gerais de 2018. As privatizações anunciadas, assim como o encaminhamento das reformas neoliberais ficarão mesmo a cargo de um novo governo ungido pela (i)legitimidade das urnas eletrônicas no ano que vem. Ou seja a lona do "circo eleitoral" começa a ser armado pela burguesia, com a cumplicidade da esquerda reformista (PT e PSOL) e seus candidatos Lula e Chico Alencar, com a estratégia política da consumação final de um novo regime totalmente entreguista e liquidador do que ainda resta do patrimônio estatal. As eleições gerais de 2018 cumprirão o papel de avalizar nas camadas "populares" a recolonização imperialista iniciada na chamada era FHC, e que teve um forte incremento nos governos Dilma e Temer. A possibilidade da burguesia entregar novamente a gerência de seu Estado a Lula é praticamente "zero", apesar de ser o grande preferido da maioria nacional, a forte retração econômica dos BRIC's impede o surgimento de um novo fenômeno econômico do tipo de uma enorme "bolha de consumo e crédito" no Brasil, como o ocorrido a partir de 2005. Porém o cenário internacional pouco favorável para um novo "boom" econômico em 2018, não impedirá que Lula seja candidato e até mesmo vitorioso no primeiro turno, mas sendo derrotado pelo surgimento de um novo "herói nacional" na rodada final concluirá sua participação de coadjuvante no "roteiro democrático" proposto pela burguesia. Portanto o momento político atual, embora possa parecer embotado e confuso é apenas uma transição "transada" pelas elites dominantes para dar espaço a um verdadeiro "parto", o regime bonapartista de corte econômico ultraneoliberal.