DE MILITANTE DA OSI E “LIBELU” (ATUAL “O TRABALHO”) A HOMEM
DO CAPITAL FINANCEIRO NO INTERIOR DA FRENTE POPULAR: A TRAJETÓRIA DE PALOCCI, O
RECORRENTE “DELATOR” DA ESQUERDA
Publicamos o artigo escrito pelo camarada Candido Alvarez
(ex-dirigente da CS e atual Secretário Geral da LBI) em abril de 2006
analisando a demissão de Palocci diante das denúncias de corrupção do governo
Lula, desligamento à época muito lamentado pelo FMI e os rentistas de Wall
Sreet. Depois desse episódio o presidente "operário" se distanciou de
seu ex-ministro em função de Palocci ter proposto internamente, no ápice da
crise do Mensalão, que Lula se afastasse da Presidência da República. O ex-“Libelu”
só voltou ao Planalto pelas mãos de Dilma. De coordenador de sua campanha
presidencial em 2010 virou ministro-chefe da Casa Civil, vindo a “cair em
desgraça” depois quando se achando “seguro” como homem do mercado no interior
da Frente Popular começou a agir como “novo rico” e pagou um preço caro por tal
“audácia”. O que hoje fica envidente, com Palocci cinicamente alinhado ao Juiz
fascistoide Moro para atacar o PT e Lula, há 11 anos a LBI já alertava as bases
do seu atual “pacto de sangue” com a direita via suas ligações com o capital
financeiro no interior da Frente Popular. Palocci atualmente não passa de um
rato delator, formado no escopo de "quadros" da corrente degenerada
“O Trabalho” e depois "aperfeiçoado" pela plataforma de conciliação
de classes dos burocratas da "Articulação" (atual "Campo
Majoritário"). O primeiro prefeito privatista do PT passou-se para o campo
político da “República de Curitiba”, tudo para preservar um robusto patrimônio
financeiro acumulado ao longo dos governos Lula e Dilma... A trajetória do
canalha vem de longe. Lembramos que 1983 no Congresso da UNE de São Bernardo do
Campo Palocci então dirigente da tendência "Liberdade e Luta" já
dedurava os militantes da esquerda revolucionária petista (CS, OQI, MEP, ORMDS,
etc...) para que a “Articulação dos 113” (atual campo majoritário do PT) não
aceitasse o ingresso destas organizações nas plenárias do partido. De lá pra cá
muita "água rolou", porém Palocci convertido ao neoliberalismo nos
governos petistas nunca esqueceu as "lições" de deduragem de Pierre
Lambert e da antiga "Libelu"(ex-OSI) hoje a tendência petista "O Trabalho" e agora entrega o próprio Lula para o justiceiro Moro e os
fascistas da "República de Curitiba"... A torpe tentativa de
identificar Palocci com o Trotskismo, feita por alguns dirigentes
neostalinistas não pode vingar nem por um segundo, pelo simples motivo de que a
antiga OSI, atual "O Trabalho", não passa de uma paródia mal
produzida do legado revolucionário do "velho" Bolchevique. Palocci nunca
passou de um relés revisionista e jamais sequer "arranhou" o perfil
político de um verdadeiro Trotskista!
A DEMISSÃO DE PALOCCI E A MALDIÇÃO DOS CARDEAIS DO PT
(HOME PAGE DA LBI, 04/04/2006)
Como um castelo de cartas que desaba, o coringa do governo
Lula acaba de cair em desgraça, sendo exonerado pelo “capo” da quadrilha
instalada no Palácio do Planalto. A demissão de Antônio Palocci, o homem do
mercado financeiro no fulcro do governo da frente popular, não foi produto
exclusivo da luta entre “David e Golias”, ou seja, das denúncias do humilde
caseiro Francenildo, como tentam emplacar a grande mídia e a esquerda
pequeno-burguesa caudatária da “opinião pública”. A desblindagem de Palocci
pela burguesia nacional corresponde exatamente ao esgotamento do “modelo de
sufoco total” imposto pelo títere do FMI à economia brasileira, esgarçada por
um superávit primário de 5% do PIB ao ano. O anúncio da taxa de crescimento do
PIB em 2005, em torno de 2%, foi o “start” que sinalizou a inconveniência da
permanência da política “ultra” pró-imperialista, levada a cabo pela equipe
econômica comandada por Palocci. Tanto é assim, que a queda do “chefe” motivou
a saída dos acólitos Murilo Portugal e Joaquim Levi, contra-mestres do
neoliberalismo palocciano no Planalto. O FMI logo se apressou em lamentar a
saída abrupta de tão dedicado “office boy”. Seu diretor geral, Rodrigo de Rato,
em nota oficial, afirmou: “Gostaria de aproveitar a oportunidade para enfatizar
as realizações do Brasil sob o comando do ministro Palocci... graças à sensatez
da política econômica, o Brasil conquistou um bem-vindo grau de estabilidade
econômica” (Nota do FMI, 27/03/06). O cordão sanitário estabelecido pelo FMI em
torno da equipe de Palocci não suportou a tremenda pressão política, resultado
do fracasso da economia em 2005, assim como o gritante desequilíbrio
favorecendo os lucros dos rentistas nacionais e internacionais, em contraste
com o semicolapso da burguesia industrial. As denúncias acerca da “República de
Ribeirão” feitas desde 2004 com o escândalo Valdomiro Diniz, pareciam não
atingir o inexorável Palocci, mesmo quando a crise do mensalão atingia seu
maior ápice. Mas a revelação de Francenildo de que o ministro não só
freqüentava a mansão do Lago Sul para “despachar” com seus ex-assessores da
prefeitura, como também participava de suas “festinhas” com garotas de
programa, funcionou como uma verdadeira válvula de pressão, por onde desaguou a
vendeta da burguesia nacional com o embaixador dos mercados e da Bolsa de Wall
Street. A insatisfação da FIESP com Palocci, longe de ser uma contradição
frontal entre “modelos”, é apenas um sintoma da profunda crise estrutural do
capitalismo nativo, que atravessa uma etapa de recolonização global, conduzida
pelo imperialismo ianque. Foi a própria FIESP que tratou de “blindar” a
política econômica do governo Lula, de drásticos cortes de investimentos em
áreas sociais, como também aplaudiu de pé o brutal arrocho salarial dos
trabalhadores do setor público e privado. Mas, agora, a tensão da corda chegou
ao limite, ameaçando afundar o barco da impotente burguesia nacional, e nada
melhor que um “Francenildo” útil para provocar uma leve inflexão na política de
juros altos e pesado arrocho fiscal.
O golpe de misericórdia desferido contra Palocci veio de
“fogo amigo”, mais precisamente do interior da alta cúpula do PT, que resolveu
liquidar a fatura, sepultando definitivamente qualquer pretensão eleitoral do
outrora “todo-poderoso” ministro da mais alta confiança de Lula. Com as
denúncias do caseiro e a conseqüente proporção assumida, sob encomenda, pela
mídia burguesa, o afastamento de Palocci já estava selado. Operava-se uma
“saída honrosa” do tipo desencompatibilização eleitoral como ocorreria com sete
ministros na última semana de março. Mas a máfia do PT de São Paulo, chefiada
pelo ex-lambertista Luis Favre e sua “querida” esposa Marta Suplicy, não gostou
da alternativa e detonou Palocci pelas mãos de Jorge Mattoso, presidente da
Caixa Econômica Federal, “afilhado” da ex-prefeita de São Paulo. Não se pode
saber exatamente se o “vazamento” do extrato bancário do caseiro foi obra de
Mattoso ou do próprio Palocci, mas a “deduragem” do “chefe” é considerada falta
gravíssima no código moral dos corruptos, e só acontece motivada por interesses
“superiores”, como o ocorrido no caso do ex-deputado Roberto Jefferson. Nesse
episódio, Marta e sua corte não admitiram o ofuscamento de seu brilho regional,
ainda mais quando salivam a conquista do governo de São Paulo.
No teatro do absurdo, os personagens rapidamente trocam seus
papéis para confundir a platéia, assim ocorreu na queda de Palocci, seus mais
ácidos críticos da política neoliberal, da esquerda petista ao PCdoB, passaram
ao papel de sua tropa de choque, diante de mais uma “armação da direita”, e
seus apologistas de plantão, como a FIESP e a cúpula do PT, assumiram o script
de seus “éticos” algozes. Neste fogo cruzado, só restou a Lula protagonizar
mais uma vez suas lágrimas de crocodilo e nomear o economista Guido Mantega,
logo saldado por todas as alas da política como uma escolha discreta e
responsável, afastando do páreo as pretensões nebulosas do senador Aloísio
Mercadante, um dos sobreviventes da cepa dos vestais do PT. Mantega assume
prometendo “mais do mesmo” e acenando com um discreto alívio nas taxas de juros
praticadas pelo BC, seja a Selic ou a TJPL. O governo, que já comemorava uma
boa margem de dianteira sobre Alckmin, põe as barbas de molho, ainda mais com a
disposição do prefeito José Serra de disputar o governo de São Paulo, fechando
as portas para uma possível barganha entre PT e PSDB, envolvendo a
“facilitação” do acesso ao Palácio dos Bandeirantes de um nome mais raquítico
dos tucanos, como José Aníbal ou mesmo Paulo Renato.
A disposição do presidente Lula de sacrificar todos os
quadros dirigentes do PT, em troca de sua reeleição, vem se confirmando como
uma verdadeira maldição para os “cardeais” do PT. A longa “quarentena” de
Palocci já se soma às de Delúbio Soares, José Genoíno, José Dirceu, Luis
Gushiken e muito provavelmente à do ex-presidente da Câmara, João Paulo, com a
corda da cassação no pescoço. Um a um são “vítimas” de sua própria política de
gerentes descartáveis do capital financeiro em nosso país. O governo da frente
popular torna-se, a cada nova crise, ainda mais refém das velhas oligarquias
políticas corruptas, que devem rir sobejamente das trapalhadas e incompetências
da gangue petista, sempre flagrada em “pequenos delitos”, se comparados ao
verdadeiro saque estatal promovido no governo FHC. A inação do PT, não reagindo
aos golpes da oposição burguesa, sempre indo para o córner à espera que seu
adversário canse de tanto bater, para depois retomar o fôlego, apresentando-se
como vítima do preconceito das elites, tem uma explicação material. O “Big
Boss” tem sua preferência nessas eleições, e a sua receita para o PT é de
“apanhar calado”, ou seja, manter o controle absoluto de um movimento de massas
passivo e acorrentado pela política de colaboração de classes, mesmo diante da
mais profunda crise política. Subserviência total às ordens de Washington e a direção
hegemônica do movimento operário e popular são os dois elementos que só a
frente popular pode elencar em seu “currículo” eleitoral, e é este “plus” que a
faz ser a opção preferencial do imperialismo na próxima disputa presidencial,
onde o povo não decidirá absolutamente nada sob a tutela de um regime
democrático-burguês decomposto.