HÁ NOVE ANOS DA QUEBRA DO LEHMAN BROTHERS: O FED CONTINUA
SOCORRENDO A BURGUESIA IANQUE!
No dia 15 de setembro de 2008 era anunciada como uma “bomba”
a quebra financeira do quarto maior banco de investimentos norte-americano, o
Lehman Brothers. Era o “alarme” do chash financeiro anunciando que a crise dos
títulos “Sub-prime” que afetara o mercado bursátil de Wall Street contaminava
também o poderoso setor financeiro ianque. Em poucos dias, naquele “setembro
negro”, tomou conta no mundo inteiro um clima de “catástrofe” econômica que
levaria pânico a todos os mercados, desde as semicolônias até os centros
imperialistas. Logo os boatos davam como certa a falência de grandes complexos
industriais, como a General Motors por exemplo, de imediato ocorreu uma
interrupção do fluxo financeiro internacional levando a uma abrupta retração do
crédito, instalando-se uma recessão global generalizada. Somente dois “ícones”
do capitalismo financeiro pareciam passar incólumes pela crise de 2008, o Dólar
que apresentou robustos índices de alta e os próprios títulos do Tesouro
norte-americano que continuaram atrair as reservas monetárias das principais
economias do planeta. Para os marxistas revolucionários era um claro sinal de
que a economia imperialista dos EUA estava bem distante de “colapsar” e que o
“armagedon final” tanto difundido pelos rentistas e barões da indústria era uma
manobra midiática para amealhar centenas de bilhões de dólares do botim estatal
ianque. A esquerda revisionista logo “comprou” a versão do iminente
“apocalipse” do regime capitalista, chegando a anunciar que o imperialismo não
conseguiria sobreviver (política e economicamente) até o final de 2009. Quem
pode esquecer os inúmeros artigos da imprensa da LIT, UIT ou mesmo da FT (PTS
argentino) anunciando que: “muito em breve nossas seções nacionais terão
milhares de militantes e deverão estar preparadas para tomar o poder” (PO,
10/2008). A LBI foi a única organização marxista a caracterizar cientificamente
o fenômeno do crashfinanceiro de 2008, como o momento final de uma onda larga
de expansão capitalista, iniciada logo após a crise dos mercados (“tigres”)
asiáticos na década de 90. Alertamos que o modo de produção capitalista ainda
detinha uma série de recursos para a recomposição parcial de suas taxas de
lucro, mesmo seguindo sua tendência histórica irreversível de estancamento das
forças produtivas. Passados cinco anos do ápice da crise econômica, o
imperialismo master mostrou que não naufragou no abismo abissal vaticinado pela
esquerda revisionista, as enormes reservas financeiras do Estado capitalista
funcionaram como “salvaguardas” para os trustes ianques se recomporem e até
alavancarem seus negócios. Aos que ficaram “surpresos” com o papel jogado pelas
instituições estatais na recuperação dos oligopólios privados, o “velho” Marx
já respondia a esta questão afirmando que o “estado não passa de um comitê
central dos negócios da burguesia”. Mas se a chamada política Keynesiana entrou
em ação em uma época de plena apologia ao “livre mercado” e da tônica a um
neoliberalismo radical, foi porque ambas políticas estatais são úteis à
burguesia em momentos históricos distintos. É bem verdade que o atual
Keynesianismo é mitigado com fortes doses de monetarismo e liberalismo
econômico, mas não poderia ser diferente no período de crise estrutural do
capitalismo. O enorme déficit do Tesouro norte-americano conseguiu suportar seu
alongamento “forçado” pelo crash financeiro, ao contrário dos estados europeus,
“amarrados” com um banco central único à serviço do imperialismo alemão. O FED
atuou com energia e não negou “fogo” a sua própria burguesia, mas de quebra
também acabou por impulsionar mercados emergentes, principalmente na América
Latina, como o Brasil, avalizando o desvio de capitais especulativos para
economias mais estáveis. O resultado prático desta “trilha” financeira foi a
geração de uma enorme bolha de crédito, alimentando o consumo de uma “nova
classe média” tupiniquim, que se desfez no compasso da chegada da recessão
econômica (início do segundo governo Dilma) provocada pelo freio do
desenvolvimento chinês em seu poderoso comércio internacional. A recuperação
econômica dos EUA, sob a instabilidade política da curta "era Trump",
segue os mesmos passos lentos do governo Obama que teve a função histórica de
"diluir" o crash financeiro para as próximas décadas com a rapinagem
realizada contra as reservas de ouro físico da Líbia.
Com uma recuperação mediana, a economia ianque ao longo
destes nove anos ainda apresenta níveis elevados de desemprego, ainda que tenha
demonstrado capacidade de elevação gradual constante do PIB. O departamento de
Comércio do governo Trump informou que o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu a
uma taxa anual de 2,5 por cento no período de abril a junho deste ano. Também
no mesmo relatório, o departamento estatal afirmou que seu índice de preços
para as compras do consumidor, que é a principal medida de inflação do Federal
Reserve, banco central do país, caiu a uma taxa de 0,1 por cento. Em resumo
podemos concluir que a maior economia capitalista do mundo caminha “travada”
com um crescimento pífio e inflação sob controle. Só não podemos dizer o mesmo
dos lucros das transnacionais ianques, que acumularam cifras espetaculares de
crescimento nos últimos três anos, refazendo os mesmos níveis de capitalização
de antes da crise, isto tudo sem falar da “generosa” ajuda estatal a fundo perdido...
Com a política dos subsídios estatais a todo vapor, o FED
deve retardar o aumento de sua taxa de juros ainda por um bom período. Esta
posição continua por favorecer momentaneamente a burguesia brasileira, que vem
atuando como “mediadora” do Banco Central em sua escalada de retomar o viés de
baixa da taxa SELIC. Com o mercado nacional “encharcado” de capitais, nossa
dívida interna não para de crescer, compensando assim o corte dos investimentos
públicos (política de superávit primário). Desta forma a ausência de recursos
estatais para o desenvolvimento de projetos estratégicos para alavancar a
economia brasileira, é substituída pela “falsa euforia” de um consumismo sem
limites, onde os rentistas do mercado financeiro e a burguesia agroexportadora (commoditiesagrominerais)
são os principais “pilares” do nosso tacanho crescimento, associado e
dependente do imperialismo ianque.