sexta-feira, 31 de março de 2017

RETROCESSO NO 31M: COM PEQUENOS ATOS DOMESTICADOS DE PROTESTO FRENTE POPULAR BUSCA APENAS DESGASTAR ELEITORALMENTE O GOVERNO TEMER


Pequenos atos de rua, alguns bloqueios de estradas... nada de paralisação de fábricas, bancos e transportes. No máximo os operários da planta da Volks de Taubaté, no interior de SP, adiaram a entrada por duas horas. No início da manhã vias foram fechadas em capitais como São Paulo, Salvador, Vitória e Recife. A tarde ocorreram atos em São Paulo, Rio e Fortaleza. Esse é o balanço preliminar deste 31M. A maior concentração ocorreu na Av. Paulista, agregando cerca de 20 mil pessoas mais nem chegou perto dos 100 mil que se aglomeraram em torno do MASP no 15M. Nenhum ônibus ou metrô parou, as principais categorias trabalharam normalmente. Não poderia ser diferente, não houve qualquer mobilização nas bases para um verdadeiro “dia de luta”. De fato inicialmente a Frente Povo Sem Medo e a Frente Brasil Popular haviam convocado para esta data atos pelo “Fora Temer, Diretas Já”, dando um claro eixo eleitoral a manifestação. Só depois agregou-se secundariamente a luta contra as reformas da previdência, trabalhista e a Terceirização. Confirmou-se plenamente os prognósticos feitos pela LBI que estava em curso uma trégua da burocracia sindical ao governo Temer. O retrocesso do 31M é apenas a primeira expressão desse verdadeiro “balde de água fria” na organização de uma verdadeira Greve Geral no país. Quando alertamos que o conjunto da burocracia sindical estava dando uma trégua de um mês ao governo Temer marcando a “Greve Geral” somente para o dia 28 de Abril e ainda mais com um caráter de “feriadão prolongado”, muitos na “esquerda” nos criticaram. Ficaram revoltados com nossa correta denúncia justamente porque desmascaramos essa manobra podre avalizado pelos reformistas (PT, PCdoB e PSOL) assim como pelos revisionistas do trotskismo (PSTU, PCO, MAIS, CST...). O que dizem agora? Apenas se lamentam pelo recuo das mobilizações sem explicar que esse esvaziamento é produto de uma política consciente da Frente Popular que não deseja radicalizar a luta de classes mas fazer pequenos protestos pontuais controlados que desgastem o golpista Temer mas assegure ao Planalto a estabilidade política necessária para ele avançar o máximo o ajuste neoliberal, restando a Lula apenas o papel de criticar as medidas já aprovadas no parlamento no circo eleitoral de 2018. Como não fazemos parte desse grande acordo de colaboração de classes entre PT e PSOL revelamos que esse é justamente o cerne nefasto da política do reformismo de conjunto, que tem o PSTU e a Conlutas como avalistas coadjuvantes, apenas criticam pontualmente os limites dessa política, mas ao final seguem como seus operadores “radicais”. Esse balanço inicial do 31M não só confirma nossos prognósticos mas aponta que a suposta “Greve Geral” de 28 de Abril, após um mês de trégua a Temer, pode não passar de um “feriadão prolongado” se a vanguarda classista não impor nas bases por meio de assembleias uma verdadeira paralisação nacional, com ocupação de fábricas, bancos e do transporte. Alertamos mais uma vez que para derrotar os duros ataques da burguesia fazem-se necessárias verdadeiras medidas de luta, radicalizadas, que paralisem a produção e não apenas “atos de protestos” domesticados e esvaziados como desgraçadamente foi esse 31M, assim nos ensinou Trotsky: “Olhar a realidade de frente, não procurar a linha de menor resistência, chamar as coisas pelo seu nome, dizer a verdade às massas, por mais amarga que seja, não temer obstáculo, ser rigoroso nas pequenas como nas grandes coisas; ousar quando chegar a hora da ação. Tais são as regras da IV Internacional”.