BUROCRACIAS SINDICAIS MARCAM PARA 28 DE ABRIL: GREVE GERAL
OU FERIADÃO PROLONGADO?
As centrais sindicais acabam de anunciar a convocação de uma
greve geral para o próximo 28 de abril, uma sexta-feira véspera do feriadão de
Primeiro de Maio. Em primeiro lugar chama logo a atenção de que a proposta das
burocracias sindicais não corresponde a organização de uma verdadeira greve
geral, que no mínimo deveria ser de uma paralisação de 48 horas. Em segundo
lugar a marcação de uma data para mais de um mês após a aprovação da quebra da
CLT pela Câmara Federal de bandidos, equivale realmente a uma trégua das
burocracias sindicais em relação ao governo golpista que terá boa margem para
sancionar o PL 4302 sem a imediata resistência dos trabalhadores. A estratégia
das cúpulas das centrais consiste na pressão parlamentar para arrancar algum
tipo de negociação com o governo golpista. Em particular a CUT trabalha na
perspectiva do máximo desgaste político eleitoral do arco golpista, para
"semear" a candidatura de Lula em cada manifestação nacional,
formalmente convocada como "greve geral", mas longe de pretender
paralisar os ramos fundamentais da produção para derrotar as medidas
neoliberais e anti-operárias. A Conlutas e Intersindical (PSTU e PSOL
respectivamente) são meros apêndices da CUT quando se trata de organização de
greves, ficando a "demarcação" política para o campo meramente
eleitoral. É óbvio que as forças da Frente Popular não pretendem impor derrota
alguma na agenda do ajuste, muito pelo contrário torcem para que Temer finalize
o "trabalho sujo" iniciado no governo Dilma para que a candidatura de
Lula fique livre de assumir estes mesmos "compromissos" com os
rentistas, como fez em 2002 com a repugnante "Carta aos Brasileiros".
Com a "Greve Geral" colada ao feriado de Primeiro de Maio, esta data
que deveria ser comemorada com muita luta, deverá ser utilizada pelo PT como
palanque eleitoral de lançamento da candidatura Lula para disputar o Planalto
em 2018. O proletariado carrega fortes ilusões políticas na Frente Popular e
ainda acredita que um novo governo Lula poderá ser a alavanca necessária para
obter e manter suas conquistas sociais ameaçadas pela quadrilha golpista. Como
Marxistas Revolucionários sabemos bem que o PT representa programaticamente
setores da burguesia nacional que neste momento estão sendo achacados pelo
capital financeiro internacional, mas que de forma alguma podem catalizar os
interesses imediatos ou históricos da classe operária, portanto Lula é a
representação eleitoral destes segmentos da classe dominante. Não se trata de
exigir uma "autocrítica" do PT, como sonham os revisionistas do MAIS
e do PSOL, não é uma questão de erro de "aprendizagem" para Lula e
sim um signo de sua natureza de classe ligada ao capital. Mesmo com o alto
custo político de falar a verdade para as massas por dura que seja,
continuaremos a defender vigorosamente a organização de uma verdadeira greve
geral com ocupações de fábrica, inicialmente de 48 horas, denunciando o caráter
fraudulento das iniciativas da burocracia sindical.