20 DE MARÇO DE 2003 – IMPERIALISMO IANQUE INVADE O IRAQUE:
INTERNACIONALISTAS PROLETÁRIOS DA LBI DEFENDERAM A VITÓRIA MILITAR DA NAÇÃO
OPRIMIDA E A FRENTE ÚNICA COM SADAN HUSSEIN PARA DERROTAR AS TROPAS
NEOCOLONIALISTAS!
Neste 20 de março completa-se 14 anos da invasão
das forças imperialistas anglo-ianques no Iraque. Como pontuamos na época, a
guerra foi lastreada por uma brutal ofensiva ideológica, política
e militar do imperialismo, aberta com a derrota histórica sofrida pelo
proletariado mundial com a liquidação da URSS e dos Estados operários do Leste
europeu. Com o projeto “neoliberal” chegando ao seu esgotamento e sem um
contraponto político e militar ao seu poderio, como era realizado pela ex-URSS,
o imperialismo ianque sentiu-se à vontade para adotar uma política de ofensiva
militar baseada nas tendências nazi-fascistas. Essa política tomou impulso após
os atentados ao World Trade Center e ao Pentágono com a escusa do combate ao
terrorismo. A necessidade econômica de se apoderar da segunda maior reserva de
petróleo do mundo e a primeira em água do Oriente Médio, abrindo a
possibilidade de controlar o preço do barril de petróleo no mundo inteiro, levou Bush a desferir o ataque ao Iraque. Detendo a supremacia bélica do planeta, Casa Branca avaliou que não era preciso a formação de grandes blocos de alianças
militares para invadir e ocupar países de pequeno e médio porte, como foi o
caso do Iraque. A militância da LBI defendeu desde o primeiro momento a consigna
de “Vitória militar ao Iraque” porque acreditávamos no enorme potencial de luta
das massas árabes e iraquianas, apesar de não depositarmos nenhuma confiança no
regime burguês nacionalista de Saddam Hussein, sempre propenso a um acordo com
os bandidos imperialistas, como o pactuado em 91. Para recordar a análise que
fizemos a época tão atual, reproduzimos abaixo as “Teses Trotskistas acerca da ocupação
militar ianque sobre o Iraque”, extraídas do livro “Guerra de rapina contra o
Iraque”, lançado pela LBI em abril de 2003.
TESES TROTSKISTAS ACERCA DA OCUPAÇÃO MILITAR SOBRE O IRAQUE
(ABRIL/2003)
1. Após 12 anos, Bush Júnior completa o "serviço"
iniciado por seu pai na guerra do Golfo em 1991, invadindo militarmente o
Iraque e aniquilando o regime de Saddam Hussein. O triunfo militar
norte-americano, ancorado em menor escala pelo imperialismo inglês, marca um
novo período de correlação de forças entre as classes sociais na arena mundial,
aberto após o ataque sofrido no 11 de setembro. A nova doutrina de segurança
nacional do governo Bush de "ataques preventivos" é reflexo direto da
ofensiva imperialista mundial, desencadeada com a queda dos Estados operários
do Leste europeu e da ex-URSS. A ocupação militar no Afeganistão foi o balão de
ensaio para o novo passo, ou melhor, para a passagem de um período da ofensiva
mundial ao atual momento de extremo recrudescimento, com a vitória militar
sobre o Iraque. A ofensiva imperialista iniciada em 89, consolidada com o
triunfo militar sobre a Iugoslávia (1999), um antigo país da "cortina de
ferro" (Pacto de Varsóvia), atinge agora um ponto de inflexão mais
profundo, pavimentando uma perspectiva de guerras de ocupação a diversos países
e, ao mesmo tempo, de fomentar contrarrevoluções internas sob pressão dos EUA.
A lista dos prováveis alvos ianques vão desde Cuba à Coréia do Norte, do Irã à
Síria, da Colômbia ao Zimbábue. É óbvio que não irão desencadear uma
"guerra total" imediatamente. Referimo-nos a um novo período
histórico, dentro da etapa mundial de ofensiva imperialista aberta em 89, ou
seja, estamos projetando uma caracterização para os próximos 15 anos. Se até o
11 de setembro de 2001, o imperialismo ianque mesclava sua ofensiva sobre os
povos com políticas de "cooptação democrática" ou "reação democrática",
como a convocação de eleições presidenciais na Nicarágua em 1990 e os Acordos
de Oslo entre a OLP e o Estado sionista em 1993, o período pós 11 de setembro é
marcado pela contrarrevolução aberta em toda linha, o que inclui guerras de
ocupação sem nenhuma justificativa, ampliação da presença militar ianque em
todo o planeta (desde o 11 de setembro, os EUA instalaram mais 17 bases
militares em vários países), deposição pela via da contrarrevolução interna de
governos "adversários" etc.. Se alguns pontos relacionados acima não
são propriamente uma "novidade" para a política imperialista, sua
utilização de forma ininterrupta, e sem nenhum "revés" registra o
ingresso de um novo período político, claramente ultrarreacionário e, portanto,
desfavorável ao proletariado mundial.
2. A derrubada militar do regime de Saddam Hussein foi
amplamente comparada pela mídia burguesa à queda dos estados operários
burocratizados do Leste europeu. O "simbolismo" produzido pelas
destruições das estátuas de Saddam fez lembrar o "modus operandi" do
imperialismo, quando incentivou a derrubada das estátuas de Lenin e de outros
dirigentes da revolução socialista de 1917 na ex-URSS. Na verdade, o início do
"pesadelo" de Saddam, começa a partir de 1990, quando a camarilha
restauracionista de Gorbachev que dirigia a antiga URSS resolve retirar sua
influência política e militar de todo o Oriente Médio, deixando seus antigos
"aliados", como o Iraque, à própria "sorte", ou seja,
vulneráveis às pressões econômicas e militares do imperialismo ianque. O Iraque,
no início da década de 90, estava arruinado financeiramente. Não conseguia
suportar a enorme dívida externa, contraída ao longo da guerra contra o Irã.
Seu principal credor era o Kuwait, utilizado pelos EUA como financiador da
compra de equipamentos bélicos norte-americanos para combater o Irã. Acontece
que, no final da guerra Irã/Iraque, os EUA mudam de lado, sob pressão de
Israel, e passam a fornecer armamento aos aiatolás do Irã, que conseguem impor
uma "quase" derrota a Saddam Hussein. Derrotado e falido, o regime de
Bagdá recorre à ex-URSS para intermediar um acordo com o Kuwait, tendo por
objetivo cancelar a dívida contraída durante a guerra contra o Irã. Neste mesmo
período, Saddam enfrenta uma greve geral dos trabalhadores estatais, com salários
atrasados por mais de três meses. A URSS nega-se a exercer qualquer pressão
sobre o Kuwait, ao mesmo tempo que avisa a Bagdá que não apoiará nenhuma ação
militar contra o Kuwait. O governo George Bush, sabendo da delicada situação do
Iraque, ordena que o Kuwait baixe o preço de exportação do petróleo, além de
duplicar os juros da dívida iraquiana. Era uma provocação clara, uma declaração
de guerra ao regime de Saddam vinda de Washington. O Kuwait era uma antiga
província iraquiana, separada de seu território pelo imperialismo inglês, no
começo do século XX, e transformado em um protetorado econômico das grandes
empresas transnacionais petrolíferas. Pressionado pelas massas, diante da crise
econômica, Saddam assume uma antiga reivindicação nacional de reincorporar o
Kuwait ao Iraque, ocupando militarmente o protetorado, com o objetivo de abrir
um "diálogo" sobre sua dívida e elevar subitamente o preço do óleo
cru no mercado internacional. A resposta do governo G. Bush foi imediata,
fechando as portas para qualquer negociação com o regime de Saddam. Com o aval
da ONU e a aquiescência da URSS, o imperialismo deslocou, nos primeiros meses
de 1991, um imenso contingente militar para expulsar as tropas iraquianas do
Kuwait, conseguindo obter uma vergonhosa capitulação militar de Saddam, que se
retirou do Kuwait sem esboçar nenhuma resistência. A partir daí, asfixiado por
um criminoso bloqueio econômico, o regime de Saddam agoniza lentamente até o
golpe fatal celebrado pela fuga da Guarda Republicana e a debandada do staff
iraquiano, com o aval da Casa Branca.
3. Não são poucas "as vozes" que saudaram como
progressiva a queda de Saddam Hussein sob as mãos do imperialismo anglo-ianque.
Com ângulos distintos de análise mas com traços do mesmo conteúdo reacionário,
desde os revisionistas do trotskismo até os "falcões" da Casa Branca,
mais uma vez conformou-se a "Santa Aliança" também ungida na queda do
Muro de Berlim e no ataque ao Pentágono e às Torres Gêmeas do WTC. Os arautos
da democracia burguesa afirmam que agora as massas iraquianas se livraram da
"ditadura sanguinária" de Saddam Hussein e estão em melhores
condições para lutar contra a ocupação imperialista. Na mesma linha política,
concluem que a vitória militar imperialista foi produto exclusivamente de dois fatores:
1) as massas iraquianas não defenderam militarmente seu país, porque não
estavam dispostas a manter vivo o regime de Saddam Hussein; 2) o triunfo
militar anglo-ianque era inevitável devido à imensa superioridade bélica sobre
o Iraque, portanto, não adiantava "resistir" no campo militar,
cabendo unicamente "protestar" contra a guerra nos principais países
do mundo ocidental. Estas duas "teses" que se entrelaçam, levantadas
pela maioria da esquerda mundial, "ignoram" completamente os próprios
fatos concretos das primeiras duas semanas da incursão imperialista no
território iraquiano. Como reféns da opinião pública pequeno-burguesa
"democratizante", os revisionistas acham mais "fácil"
repetir o "senso comum" veiculado pelos órgãos de comunicação a serviço
do capital e seus interesses políticos e ideológicos. Em franca oposição à
"Santa Aliança", nós, os marxistas revolucionários, declaramos bem
alto: sim, era possível derrotar militarmente o imperialismo anglo-ianque nesta
guerra de rapina. Levantamos desde o primeiro momento a consigna de
"vitória militar ao Iraque" porque acreditávamos no enorme potencial
de luta das massas árabes e iraquianas, apesar de não depositarmos nenhuma
confiança no regime burguês nacionalista de Saddam Hussein, sempre propenso a
um acordo com os bandidos imperialistas, como o pactuado em 91.
4. Com a ocupação militar imperialista no Iraque, foi
quebrado não apenas o regime político de Saddam Hussein, como fundamentalmente
o próprio Estado nacional iraquiano foi posto abaixo. O conjunto das
instituições estatais iraquianas já não existem. Não há mais forças armadas,
justiça constitucional, parlamento, serviço público estatal, moeda nacional
etc.. O vácuo de poder não foi ocupado por nenhuma força política nacional,
dando lugar à barbárie e aos saques, como um prenúncio da guerra civil que se
aproxima. O governo Bush recuou de seu objetivo de instalar rapidamente um
governo de ocupação comandado pelo general da reserva Jay Garner (especula-se a
sua iminente substituição como produto do impasse acerca da instalação do
governo militar de ocupação), em função da enorme resistência popular à
ocupação ianque também foram por terra os planos de uma transição para a
passagem gradual ao poder de um governo "nacional" títere chefiado
pelo banqueiro "xiita" Armed Chalabi, ligado ao mercado financeiro de
Wall Street. O Iraque caminha a passos largos rumo à desintegração nacional,
retrocedendo à sua condição tribal das três ex-colônias do Império Otomano no
século XIX. O imperialismo aposta na velha máxima: "dividir para
governar" no Iraque e não está disposto à reconstrução de um Estado
nacional. Joga suas fichas na conversão do Iraque em um protetorado militar com
a instalação de várias bases militares que possam dar suporte à toda a sua influência
na região do Oriente Médio. A aniquilação política do Partido Baath,
responsável pela unificação nacional do Iraque e pela expulsão da aristocracia
religiosa e monárquica do poder, liberou forças centrífugas extremamente
reacionárias, como as seitas xiitas e as tribos fundamentalistas curdas que se
alçam à posição de retomar o controle das respectivas regiões do país onde são
maioria étnica. A tão propalada "liberdade iraquiana", com direito
inclusive da repentina aparição de um duvidoso Partido Comunista, noticiado
pela CNN, não passa da mais completa barbárie reacionária, incluindo a guerra
interna entre os xiitas que marcham a Najaf para demonstrar sua adoração ao
genro do profeta Maomé e à própria guerra civil entre as diversas etnias do
país. O antigo exilado aiatolá supremo do Iraque, Mohamed Bakir Al-Hakin,
ligado ao aiatolá Khamenei, líder máximo do Irã, entrou no país com um
verdadeiro exército, muito bem armado para liquidar as forças do Grão aiatolá
Ali Husseini Al Sistani, também xiita, mas inimigo do regime de Teerã. Os EUA
observam a "contenda" interna xiita intervindo somente na medida de
neutralizar a influência do Irã, mas concedendo espaço militar suficiente para
que se enfrentem fisicamente pela disputa da hegemonia no sul do Iraque. No
norte do país, entre a etnia curda, não há unidade política acerca do papel que
assumirão no Iraque pós Saddam. Existem grupos políticos que lutam pela criação
de um novo país, com fronteiras e autonomia nacional bem delimitadas em relação
à Turquia e ao Iraque, porém, organizações curdas mais ligadas ao imperialismo
ianque advogam a formação de uma "província independente" menos
hostil ao governo de Ancara e limitada ao território iraquiano. Os sunitas,
atônitos com a covarde capitulação de Saddam Hussein, travam ainda no centro do
país uma guerra de guerrilhas contra as tropas piratas. Apesar da enorme
desmoralização e isolamento provocado pela traição do regime burguês de Bagdá.
5. Como marxistas, devemos chamar as coisas pelo seu nome, e
dizer a verdade por mais dura que possa parecer. A rendição sem luta da Guarda
Republicana representou uma derrota para a heróica resistência das massas
iraquianas, expressa nos primeiros dias de combate. Sempre é bom
"lembrar" para os apologistas da "inevitabilidade" do
triunfo militar ianque, que os invasores não conseguiram tomar uma única cidade
importante do país, apesar do intenso e criminoso bombardeio aéreo, antes da
capitulação do alto comando do exército iraquiano. Por hierarquizarmos a luta
contra nossos inimigos, é que convocamos o estabelecimento de uma frente única
militar com o regime burguês de Saddam para combater o imperialismo. E, de
fato, a frente única entre as massas e o regime foi conformada no exato momento
em que as massas acorreram ao chamado para defender seu país com a própria vida
contra as tropas piratas invasoras. Não colocamos um sinal de igual entre Bush
e Saddam, como hoje fazem os revisionistas de todos os matizes. Sabíamos muito
bem que a derrota do regime burguês de Saddam sob o tacão das tropas
imperialistas significaria uma "dupla derrota" para as massas
iraquianas. Trotsky definiu brilhantemente a possibilidade de uma hipotética
derrota do "Brasil fascista" diante da "Inglaterra
democrática": "Se [a] Inglaterra triunfar, poria outro ditador
fascista no Rio de Janeiro e colocaria uma dupla corrente ao redor do
Brasil" (Leon Trotsky, entrevista com Mateo Fossa, 1938). Afirmar agora,
após o triunfo militar ianque, que a luta das massas iraquianas está em
"melhores condições" é uma demência contra-revolucionária, do mesmo
naipe dos que saudaram a restauração capitalista na URSS como uma vitória da
"liberdade" para o proletariado.
6. A luta das massas contra a ocupação imperialista, apesar
de traídas pela covarde burguesia iraquiana, não está definitivamente
derrotada. É verdade que sofreu um duro golpe, gerando enorme confusão política
entre suas fileiras, abrindo caminho desta forma para "alternativas"
ainda mais reacionárias do que o próprio regime de Saddam. Mas as enormes dificuldades
das tropas invasoras apresentarem pelo menos um "governo provisório de
ocupação" revela que a resistência não foi de todo debelada. A tarefa
neste momento consiste em reorganizar a resistência militar, no primeiro
momento, de forma clandestina e baseada em comandos populares multiétnicos,
eleitos democraticamente com mandatos revogáveis. Cada ação concreta no campo
militar deverá combinar-se com a luta de massas nos grandes centros urbanos,
começando por exigir a libertação de mais de 8 mil presos políticos pelas
forças militares de ocupação. A reconstituição de um exército nacional
iraquiano, multiétnico baseado na luta das massas contra a ocupação ianque, é a
única perspectiva progressista para evitar a guerra civil que inexoravelmente
"balcanizará" o Iraque.
7. A economia norte-americana mergulhada em uma profunda
recessão, espera obter "bons rendimentos" com a pilhagem do Iraque. O
pífio crescimento anual do PIB, algo em torno de 1% (de um total de 10 trilhões
de dólares), foi "puxado" pelos investimentos estatais na indústria
bélica, provocada pela guerra contra o Afeganistão e o Iraque. A dívida pública
e o déficit da balança comercial norte-americana é tão gigantesca que ameaça
atingir o nível do próprio PIB. Nos outros centros imperialistas, a situação
não é melhor. O Japão tem o crescimento congelado do PIB há dez anos! A União
Européia, em melhor situação econômica do que o Japão e os EUA (o euro não pára
de valorizar-se em relação ao dólar), sofre uma dura "baixa" com a
dominação econômica do Iraque com os trustes petrolíferos norte-americanos. A
indústria da UE (principalmente França e Alemanha) depende fundamentalmente das
fontes de energia não renováveis importadas dos países árabes. Com o controle
ianque sobre os poços do Iraque, ficam anulados os contratos firmados entre a
EU e o regime de Saddam, acerca da troca de petróleo por alimentos e
comodities. O imperialismo, como sistema "globalizado" atravessa uma
crise econômica de superprodução e de recessão generalizada nos principais centros
mundiais. Por maior que seja a "lucratividade", suas transnacionais,
com o "botim iraquiano" não será capaz de reverter a atual tendência
mundial a um novo colapso financeiro, do qual o "crash" de 97 foi
apenas um sinal.
8. O governo Bush transferiu o centro do comando militar no
Oriente Médio, da Arábia Saudita ao Katar, provisoriamente até o seu
deslocamento "definitivo" para o Iraque. Pretende, a partir daí,
transformar em centro de "irradiação" militar para toda a região. A
permanência das tropas ianques na Arábia Saudita era fonte de profunda crise no
seio do regime saudita. Seitas fundamentalistas, ganhando cada vez mais
influência na população, exigiam a retirada imediata dos marines de seu
território. A monarquia Saud, que domina o país desde sua fundação enquanto
Estado nacional, atravessa sua pior crise política. Neste sentido, a ocupação
militar no Iraque também é uma operação preventiva contra uma possível
desestabilização do establishment saudita. Tendo o território iraquiano como
centro militar com possibilidades de contingenciar centenas de milhares de
soldados, sem nenhuma restrição de um governo nacional, como ocorria na Arábia
Saudita, os EUA pretendem atuar sobre a Síria, Líbano, Palestina, Irã e sobre a
própria Arábia Saudita se for necessário. Portanto, é na arena do território
iraquiano que o imperialismo ianque concentrará todas as suas forças para
combater e dominar os povos árabes e muçulmanos. Também é nesta mesma arena que
o proletariado mundial deve concentrar todos os seus esforços para expulsar e
derrotar o imperialismo e seus planos de anexação imperial.
9. A luta internacionalista contra a ocupação militar do
Iraque não pode fixar-se nas mãos das direções nacionalistas árabes,
completamente impotentes e claudicantes diante do imperialismo, tampouco deve
recair sobre a social-democracia (em suas várias versões), instrumento da ONU,
um covil de bandidos, para "democratizar", leia-se "espoliar
humanamente" o povo iraquiano. Os pacifistas pequeno-burgueses já
mostraram sua incapacidade em defender a vitória militar do povo iraquiano
diante de seus governos "democráticos" imperialistas. Somente a
classe operária internacional, e seus aliados históricos, é capaz de levar até
as últimas conseqüências o combate antiimperialista. As trágicas lições
extraídas desta guerra imperialista, contra uma nação oprimida, confirmam
dramaticamente a lógica de ferro das teses da Revolução Permanente.
10. A defesa da unificação dos povos árabes em um único
estado nacional publicitada pela voz do presidente egípcio Gamal Abdei Nasser,
nos anos 60, e acompanhada pelo partido Baath da Síria e do Iraque há muitos
anos foi enterrada pelas burguesias árabes que trilharam seu próprio curso de
subserviência ao imperialismo. A OLP também arriou sua bandeira histórica de destruição
do enclave sionista de Israel em troca da promessa de poder constituir um
"bantustão" e ser feitora dos carrascos racistas do Likud. Mas a
vigência da unificação dos povos árabes não morreu com o fim dos arroubos
nacionalistas das burguesias árabes. Tampouco a expulsão dos invasores
sionistas da Palestina perdeu sua necessidade histórica em razão da traição dos
pigmeus da OLP como Arafat. O combate encarniçado das massas iraquianas contra
a ocupação do império norte-americano, assim como a heróica Intifada palestina
que se enfrenta com os criminosos nazi-sionistas recoloca na ordem do dia a
necessidade vigorosa do proletariado árabe e palestino em lutar pela formação
de uma república soviética dos países socialistas do Oriente Médio.