quinta-feira, 16 de março de 2017

“LULA LÁ”?: FRENTE POPULAR TRANSFORMA MANIFESTAÇÃO DO 15M NA PAULISTA EM ATO DE LANÇAMENTO DA CANDIDATURA PRESIDENCIAL DO PT, PATROCINANDO A NEFASTA ILUSÃO REFORMISTA DE QUE VAI FAZER A “ECONOMIA CAPITALISTA VOLTAR A CRESCER”


Aos gritos de “Olê, Olê, Olá, Lula, Lula!”, o dirigente máximo do PT e candidato presidencial para 2018 foi recebido ao final da manifestação na Av. Paulista, por vota das 19hs (Ver Vídeo). O público presente era a grande massa de petistas, militantes do MST, CMP, PCdoB, do PCO e sindicalistas ligadas a CUT-CTB, já que uma parcela dos ativistas se dispersaram antes da sua fala. A militância da LBI ficou presente para acompanhar in loco a intervenção do ex-presidente e fazer uma análise criteriosa da orientação que Lula estava passando para o conjunto da Frente Popular. Antes de mais nada é preciso enfatizar o notório clima de “palanque eleitoral” no final do 15M em São Paulo. Lula não se fez de rogado, recorrendo em sua oratória a toda sua demagogia habitual, mas o eixo central de sua linha política foi sem dúvida a defesa da necessidade da eleição de um governo legítimo para fazer as "mudanças", sendo as atuais mobilizações de massa contra as reformas neoliberais uma importante forma de pressão para a escolha de um novo presidente legitimado pelas urnas, que seria obviamente ele. Lula declarou do alto do carro de som “Quem pensa que o povo está contente, esse povo só vai parar quando elegerem um governo democraticamente eleito. Somente o povo na rua e quando a gente tiver um presidente legítimo, com a confiança da sociedade nós vamos fazer esse país voltar a crescer”. Em resumo, as atuais manifestações devem ter como objetivo estratégico a volta do PT ao Planalto. O mesmo PT que em 2003 fez a reforma da previdência para taxar os inativos, aumentar o tempo de contribuição e a idade mínima, a mesma gerência que com Dilma aplicou o ajuste neoliberal, reduzindo benefícios do INSS e restringindo pensões, o seguro-desemprego e privatizando via concessões. Por essa razão Lula alertou sobre a fragilidade do governo golpista e propôs à burguesia a adoção de um suposto “programa neodesenvolvimentista” depois de aprovada às reformas neoliberais no Congresso Nacional, tarefa que a própria Dilma não teve força para fazer em seu segundo mandado e por essa razão sofreu o impeachment. O petista, ao criticar as atuais mudanças na previdência, chegou a aconselhar Meirelles (presidente do BC na gestão da Frente Popular) e mesmo a Temer, dizendo que “O problema não é de dinheiro. Eu queria que o Meirelles estivesse ouvindo, o Temer também. Quando nós geramos 22 milhões de emprego, todas as categorias tinham aumento acima da inflação à previdência conseguiu aumentar sua arrecadação”. Em resumo, ele recorreu à “fórmula mágica” petista de apoiar as empresas e os microempreendedores para fazer a economia capitalista crescer, gerando pequenos ganhos aos trabalhadores. Lula e a direção nacional do PT ainda insistem em convencer as forças políticas da reação e da direita institucional que realizou o “melhor governo da história do Brasil” e por esta razão deve voltar ao Planalto via a reedição de um pacto de colaboração de classe.  O mais importante não foi dito e tampouco convocado o movimento de massas para derrotar nas ruas a ofensiva golpista que neste momento se concretiza na Reforma da Previdência, Lula não chamou a derrubada do governo Temer pelos trabalhadores em luta... Nem poderia, esse caminho vai contra a política de conciliação de classes, minaria qualquer chance de Lula ter ainda apoio de um setor burguês a sua candidatura presidencial. A estratégia adotada pela cúpula do PT consiste angariar o apoio da burguesia nacional a postulação de Lula, acontece que a classe dominante compreende que o ciclo histórico do “neodesenvolvimento” está encerrado. Por isso mesmo não é conveniente Lula chegar novamente ao Planalto em 2018. Usando seu prestígio popular como elemento de barganha frente a classe dominante, a intervenção de Lula no 15M de fato foi o ato de lançamento de sua campanha presidencial. Alertamos que é completamente equivocado esperar dos que iniciaram o ajuste neoliberal uma reação à altura do que a conjuntura exige, golpistas e a Frente Popular tem em comum a mesma subordinação programática ao capital financeiro, mais além da demagogia eleitoral da atual “oposição” ao projeto Temer. A vanguarda classista deve tomar a iniciativa política de convocar, não um lobby frente a este Congresso de corruptos, mas um verdadeiro chamado para a ação direta das massas, rumo à preparação da Greve Geral por tempo indeterminado, como bravamente e mesmo com a hostilização da Frente Popular defenderam os militantes da LBI na manifestação do 15M em São Paulo!


No ato da Paulista Lula afirmou que o Brasil cresceu economicamente e “todos ganharam”, mas pouco falou da subordinação do país aos interesses dos rentistas do cassino financeiro de Wall Street. Durante os oito anos do seu governo os rentistas mantiveram com mão de ferro o controle do Banco Central, na asquerosa figura do estafeta Henrique Meireles, porém o “presidente metalúrgico” resistiu até o fim a pressão dos banqueiros para nomearem também o ministro da Fazenda. O setor financeiro não podia se queixar do governo da Frente Popular, que em seus oito anos de gerência estatal aferiu lucros bem superiores aos que contabilizou na chamada “Era FHC”, paraíso do neoliberalismo e da privataria tucana. Lula tinha plena noção de que sua gestão teria que dominar instrumentos de indução econômica, como o crédito público e os investimentos estatais, por isso era necessário manter a Fazenda sob sua guarda, deixando à regulação da taxa de juros e câmbio nas mãos dos rentistas pela via do ventrículo Meirelles. Era um período de “vacas gordas” com a explosão do valor das commodities no mercado mundial permitindo o acúmulo de muita “gordura” das reservas cambiais, enfim o pacto com os banqueiros funcionou e todos “foram felizes” com a política de colaboração de classes do PT.

Entretanto a “felicidade”dos mercados se viu ameaçada com o aguçamento da crise capitalista mundial, e já no final de 2013 a cotação das principais commodities da cesta de exportação nacional atingia seu valor mais baixo dos últimos 10 anos, o alarme “vermelho” foi acionado...Com a reeleição de Dilma em 2014 o cenário econômico do país era totalmente distinto da reeleição de Lula em 2006, a bolha de crédito internacional não “pairava” mais sobre o Brasil e o refinanciamento do déficit público que tinha como fiador as reservas cambiais estava ameaçado. Sem a garantia total de retorno financeiro os rentistas simplesmente não “trabalham”, afinal quem arcará com um possível “default” da colossal dívida interna? A resposta é única: o povo brasileiro, leia-se todos os investimentos do governo federal em áreas sociais devem ser sacrificados para garantir o pagamento dos spreads dos títulos públicos. Por esta razão os rentistas não aceitaram mais que o PT nomeasse o ministro da Fazenda na segunda gerência Dilma, já não só bastava ter o controle do BC era também necessário comandar diretamente os gastos orçamentários do governo. O “office boy” Joaquim Levy regeu o draconiano ajuste neoliberal em todo ano de 2015, uma após uma foram adotadas medidas retirando direitos previdenciários, trabalhistas e cortando as verbas do governo dos setores sociais, além de estratégicos investimento estatais terem sido paralisados com a justificativa da Lava Jato. Instalada a profunda recessão econômica no país sob as ordens dos rentistas, Dilma não possuía mais as condições mínimas de governabilidade, o estelionato eleitoral da “vaca tossindo” exigia um golpe palaciano e nada melhor do que a própria “base aliada” do governo do PT para promover o impeachment.

O ajuste neoliberal patrocinado por Temer não é muito distante do que vinha sendo praticado no “dia a dia” por Dilma, só que agora os rentistas exigem “constitucionalizar” a longo prazo as garantias para que o Estado possa “honrar” os compromissos financeiros de uma dívida fraudulenta. O atual ajuste neoliberal de Temer representa o sepultamento do “sonho reformista” de um “neodesenvolvimentismo” convivendo em plena harmonia com a sanha dos rentistas e parasitas do mercado. Com o repique da crise mundial o “sonho acabou” e agora o Estado nacional deverá novamente ser “mínimo”, nada mais de mega projetos estratégicos para o Brasil ou a construção de uma sólida rede de proteção social, para os pobres e trabalhadores só devem valer de agora em diante as inflexíveis regras do mercado...Por essa razção, o discurso de Lula neste 15M tem eco junto aos trabalhadores, mas a burguesia tem os “ouvidos surdos” para ele, na verdade a classe dominante está realmente preocupada se essa mobilização cresce, paralisa o país e a produção, coloque em xeque suas taxas de lucro, sem esperar o circo eleitoral. Estimular essa estratégia classista e revolucionária desde as bases, lutando pela derrubada do governo golpista e a edificação de um poder operário e popular é a tarefa dos Marxistas Revolucionários da LBI que ombro a ombro com o ativismo classista esteve presente neste 15M!