“LULA LÁ”?: FRENTE POPULAR TRANSFORMA MANIFESTAÇÃO DO 15M
NA PAULISTA EM ATO DE LANÇAMENTO DA CANDIDATURA PRESIDENCIAL DO PT,
PATROCINANDO A NEFASTA ILUSÃO REFORMISTA DE QUE VAI FAZER A “ECONOMIA CAPITALISTA VOLTAR A
CRESCER”
Aos gritos de “Olê, Olê, Olá, Lula, Lula!”, o dirigente
máximo do PT e candidato presidencial para 2018 foi recebido ao final da
manifestação na Av. Paulista, por vota das 19hs (Ver Vídeo). O público presente era a
grande massa de petistas, militantes do MST, CMP, PCdoB, do PCO e sindicalistas ligadas a CUT-CTB, já que uma parcela
dos ativistas se dispersaram antes da sua fala. A militância da LBI ficou
presente para acompanhar in loco a intervenção do ex-presidente e fazer uma
análise criteriosa da orientação que Lula estava passando para o conjunto da Frente
Popular. Antes de mais nada é preciso enfatizar o notório clima de “palanque
eleitoral” no final do 15M em São Paulo. Lula não se fez de rogado, recorrendo
em sua oratória a toda sua demagogia habitual, mas o eixo central de sua linha
política foi sem dúvida a defesa da necessidade da eleição de um governo
legítimo para fazer as "mudanças", sendo as atuais mobilizações de
massa contra as reformas neoliberais uma importante forma de pressão para a
escolha de um novo presidente legitimado pelas urnas, que seria obviamente ele. Lula declarou do alto
do carro de som “Quem pensa que o povo está contente, esse povo só vai parar
quando elegerem um governo democraticamente eleito. Somente o povo na rua e
quando a gente tiver um presidente legítimo, com a confiança da sociedade nós vamos
fazer esse país voltar a crescer”. Em resumo, as atuais manifestações devem ter
como objetivo estratégico a volta do PT ao Planalto. O mesmo PT que em 2003 fez
a reforma da previdência para taxar os inativos, aumentar o tempo de
contribuição e a idade mínima, a mesma gerência que com Dilma aplicou o ajuste
neoliberal, reduzindo benefícios do INSS e restringindo pensões, o
seguro-desemprego e privatizando via concessões. Por essa razão Lula alertou
sobre a fragilidade do governo golpista e propôs à burguesia a adoção de um
suposto “programa neodesenvolvimentista” depois de aprovada às reformas
neoliberais no Congresso Nacional, tarefa que a própria Dilma não teve força
para fazer em seu segundo mandado e por essa razão sofreu o impeachment. O
petista, ao criticar as atuais mudanças na previdência, chegou a aconselhar
Meirelles (presidente do BC na gestão da Frente Popular) e mesmo a Temer,
dizendo que “O problema não é de dinheiro. Eu queria que o Meirelles estivesse
ouvindo, o Temer também. Quando nós geramos 22 milhões de emprego, todas as
categorias tinham aumento acima da inflação à previdência conseguiu aumentar
sua arrecadação”. Em resumo, ele recorreu à “fórmula mágica” petista de apoiar
as empresas e os microempreendedores para fazer a economia capitalista crescer,
gerando pequenos ganhos aos trabalhadores. Lula e a direção nacional do PT
ainda insistem em convencer as forças políticas da reação e da direita
institucional que realizou o “melhor governo da história do Brasil” e por esta
razão deve voltar ao Planalto via a reedição de um pacto de colaboração de
classe. O mais importante não foi dito e
tampouco convocado o movimento de massas para derrotar nas ruas a ofensiva
golpista que neste momento se concretiza na Reforma da Previdência, Lula não chamou
a derrubada do governo Temer pelos trabalhadores em luta... Nem poderia, esse
caminho vai contra a política de conciliação de classes, minaria qualquer
chance de Lula ter ainda apoio de um setor burguês a sua candidatura
presidencial. A estratégia adotada pela cúpula do PT consiste angariar o apoio
da burguesia nacional a postulação de Lula, acontece que a classe dominante
compreende que o ciclo histórico do “neodesenvolvimento” está encerrado. Por
isso mesmo não é conveniente Lula chegar novamente ao Planalto em 2018. Usando
seu prestígio popular como elemento de barganha frente a classe dominante, a
intervenção de Lula no 15M de fato foi o ato de lançamento de sua campanha
presidencial. Alertamos que é completamente equivocado esperar dos que iniciaram
o ajuste neoliberal uma reação à altura do que a conjuntura exige, golpistas e
a Frente Popular tem em comum a mesma subordinação programática ao capital
financeiro, mais além da demagogia eleitoral da atual “oposição” ao projeto
Temer. A vanguarda classista deve tomar a iniciativa política de convocar, não
um lobby frente a este Congresso de corruptos, mas um verdadeiro chamado para a
ação direta das massas, rumo à preparação da Greve Geral por tempo
indeterminado, como bravamente e mesmo com a hostilização da Frente Popular
defenderam os militantes da LBI na manifestação do 15M em São Paulo!
No ato da Paulista Lula afirmou que o Brasil cresceu
economicamente e “todos ganharam”, mas pouco falou da subordinação do país aos
interesses dos rentistas do cassino financeiro de Wall Street. Durante os oito
anos do seu governo os rentistas mantiveram com mão de ferro o controle do
Banco Central, na asquerosa figura do estafeta Henrique Meireles, porém o
“presidente metalúrgico” resistiu até o fim a pressão dos banqueiros para
nomearem também o ministro da Fazenda. O setor financeiro não podia se queixar
do governo da Frente Popular, que em seus oito anos de gerência estatal aferiu
lucros bem superiores aos que contabilizou na chamada “Era FHC”, paraíso do
neoliberalismo e da privataria tucana. Lula tinha plena noção de que sua gestão
teria que dominar instrumentos de indução econômica, como o crédito público e
os investimentos estatais, por isso era necessário manter a Fazenda sob sua
guarda, deixando à regulação da taxa de juros e câmbio nas mãos dos rentistas
pela via do ventrículo Meirelles. Era um período de “vacas gordas” com a
explosão do valor das commodities no mercado mundial permitindo o acúmulo de
muita “gordura” das reservas cambiais, enfim o pacto com os banqueiros
funcionou e todos “foram felizes” com a política de colaboração de classes do
PT.
Entretanto a “felicidade”dos mercados se viu ameaçada com o
aguçamento da crise capitalista mundial, e já no final de 2013 a cotação das
principais commodities da cesta de exportação nacional atingia seu valor mais
baixo dos últimos 10 anos, o alarme “vermelho” foi acionado...Com a reeleição
de Dilma em 2014 o cenário econômico do país era totalmente distinto da
reeleição de Lula em 2006, a bolha de crédito internacional não “pairava” mais
sobre o Brasil e o refinanciamento do déficit público que tinha como fiador as
reservas cambiais estava ameaçado. Sem a garantia total de retorno financeiro
os rentistas simplesmente não “trabalham”, afinal quem arcará com um possível
“default” da colossal dívida interna? A resposta é única: o povo brasileiro,
leia-se todos os investimentos do governo federal em áreas sociais devem ser
sacrificados para garantir o pagamento dos spreads dos títulos públicos. Por
esta razão os rentistas não aceitaram mais que o PT nomeasse o ministro da
Fazenda na segunda gerência Dilma, já não só bastava ter o controle do BC era
também necessário comandar diretamente os gastos orçamentários do governo. O
“office boy” Joaquim Levy regeu o draconiano ajuste neoliberal em todo ano de
2015, uma após uma foram adotadas medidas retirando direitos previdenciários,
trabalhistas e cortando as verbas do governo dos setores sociais, além de
estratégicos investimento estatais terem sido paralisados com a justificativa
da Lava Jato. Instalada a profunda recessão econômica no país sob as ordens dos
rentistas, Dilma não possuía mais as condições mínimas de governabilidade, o
estelionato eleitoral da “vaca tossindo” exigia um golpe palaciano e nada
melhor do que a própria “base aliada” do governo do PT para promover o
impeachment.
O ajuste neoliberal patrocinado por Temer não é muito
distante do que vinha sendo praticado no “dia a dia” por Dilma, só que agora os
rentistas exigem “constitucionalizar” a longo prazo as garantias para que o
Estado possa “honrar” os compromissos financeiros de uma dívida fraudulenta. O
atual ajuste neoliberal de Temer representa o sepultamento do “sonho
reformista” de um “neodesenvolvimentismo” convivendo em plena harmonia com a
sanha dos rentistas e parasitas do mercado. Com o repique da crise mundial o
“sonho acabou” e agora o Estado nacional deverá novamente ser “mínimo”, nada
mais de mega projetos estratégicos para o Brasil ou a construção de uma sólida
rede de proteção social, para os pobres e trabalhadores só devem valer de agora
em diante as inflexíveis regras do mercado...Por essa razção, o discurso de
Lula neste 15M tem eco junto aos trabalhadores, mas a burguesia tem os “ouvidos
surdos” para ele, na verdade a classe dominante está realmente preocupada se
essa mobilização cresce, paralisa o país e a produção, coloque em xeque suas
taxas de lucro, sem esperar o circo eleitoral. Estimular essa estratégia
classista e revolucionária desde as bases, lutando pela derrubada do governo golpista
e a edificação de um poder operário e popular é a tarefa dos Marxistas
Revolucionários da LBI que ombro a ombro com o ativismo classista esteve
presente neste 15M!