MARX O MAIOR REVOLUCIONÁRIO DA HISTÓRIA DA HUMANIDADE
Em uma magistral intervenção por ocasião da morte de Marx,
no dia 14 de março de 1883, Engels relatava que seu amigo leal havia descoberto
a lei especial do movimento dialético que rege o modo atual de produção
capitalista e da sociedade burguesa. “A descoberta da mais-valia de repente
jogou luz sobre o problema, na tentativa de resolver o que todas as
investigações anteriores, de ambos os economistas burgueses e críticos
socialistas, tinham tateado no escuro”. Concluiu Engels: “Era antes de tudo um
revolucionário. Sua verdadeira missão na vida foi contribuir, de uma forma ou
de outra, para a derrubada da sociedade capitalista e das instituições estatais
que a tinham trazido à existência; contribuir para a libertação do proletariado
moderno, o primeiro a se tornar consciente de sua posição e de suas
necessidades, consciente das condições de sua emancipação. Lutar era seu
elemento. E ele lutou com uma paixão, uma tenacidade e um sucesso como poucos
poderiam contestar. Como Comunistas Revolucionários aprendemos com o estudo da
obra fundante do método do materialismo histórico e dialético, a perspectiva
transformadora do proletariado como sujeito histórico e as teorias do
valor-trabalho desenvolvidas por Marx – entre outras questões da atual crise do
capitalismo e das experiências de luta pelo socialismo no mundo. Os problemas
que Marx enfrentou eram questões de seu tempo presente e, para entendê-los, foi
preciso estudar a realidade que se colocava concretamente e tudo o que a
precedera. Lênin, o líder Bolchevique da grande Revolução Russa de 1917, ao
discursar diante do 3º Congresso da Juventude Comunista da Rússia, em 2 de
outubro de 1920, disse referindo-se a Marx: “Se vocês se colocarem a pergunta
sobre por que a doutrina de Marx conseguiu se apoderar de milhões, ou dezenas
de milhões de corações da classe mais revolucionária, receberiam uma só
resposta: isso ocorreu porque Marx se baseou em fundamentos sólidos do
pensamento humano acumulado na era do capitalismo; porque, havendo estudado as
leis do desenvolvimento social, Karl Marx compreendeu a inevitabilidade do
desenvolvimento do capitalismo, que conduz ao comunismo, e, sobretudo, o
demonstrou com base no estudo o mais exato possível, o mais detalhado e
profundo da própria sociedade capitalista, através da completa assimilação do
que havia sido desenvolvido pela ciência de sua época. Tudo o quanto havia sido
criado pela sociedade humana foi submetido por Marx à prova da crítica, sem que
um só aspecto tenha escapado à sua atenção”. Novamente Engels, em seu prólogo à
obra de Marx O 18 Brumário de Luís Bonaparte, diz que Marx havia descrito com
tal maestria o curso da história na França, em sua ligação interna com as
jornadas de fevereiro de 1848, que de forma tão brilhante descobriu em O
Milagre, de 2 de dezembro (o dia em que se deu o golpe de Estado de Bonaparte,
em 1851), o resultado necessário desta conexão, e “todas as novas revelações
acontecidas naquela época não fizeram mais do que confirmar o quanto foram
acertadas as reflexões de Marx sobre o curso daqueles acontecimentos
históricos”. Essa capacidade de apreensão tão exata da realidade histórica
viva,escreveu Engels: “Em uma clarividente penetração sobre a essência dos
acontecimentos no momento mesmo em que se desenrolavam, é algo sem
precedentes”. O legado teórico vivo de Marx que guia os Comunistas
Revolucionários nos dias de hoje, não pode ser reverenciado nesta data
histórica apenas de maneira formal, nós da LBI reivindicamos a vigência e
integralidade da Ditadura do Proletariado como única via para iniciarmos a
grande caminhada da humanidade para abolição definitiva das classes sociais. Nesse sentido publicamos na íntegra o discurso do Engels diante do túmulo de Karl Marx.
DISCURSO DIANTE DO TUMULO DE KARL MARX
Friedrich Engels (17 de Março de 1883)
“Em 14 de março, quando faltam 15 minutos para as 3 horas da
tarde, deixou de pensar o maior pensador do presente. Ficou sozinho por
escassos dois minutos, e sucedeu de encontramos ele em sua poltrona dormindo
serenamente — dessa vez para sempre.
O que o proletariado militante da Europa e da América, o que
a ciência histórica perdeu com a perda desse homem é impossível avaliar. Logo
evidenciará-se a lacuna que a morte desse formidável espírito abriu.
Assim como Darwin em relação a lei do desenvolvimento dos
organismos naturais, descobriu Marx a lei do desenvolvimento da História
humana: o simples fato, escondido sobre crescente manto ideológico, de que os
homens reclamam antes de tudo comida, bebida, moradia e vestuário, antes de
poderem praticar a política, ciência, arte, religião, etc.; que portanto a
produção imediata de víveres e com isso o correspondente estágio econômico de
um povo ou de uma época constitui o fundamento a parir do qual as instituições
políticas, as instituições jurídicas, a arte e mesmo as noções religiosas do
povo em questão se desenvolve, na ordem em elas devem ser explicadas – e não ao
contrário como nós até então fazíamos.
Isso não é tudo. Marx descobriu também a lei específica que
governa o presente modo de produção capitalista e a sociedade burguesa por ele
criada. Com a descoberta da mais-valia iluminaram-se subitamente esses
problemas, enquanto que todas as investigações passadas, tanto dos economistas
burgueses quanto dos críticos socialistas, perderam-se na obscuridade.
Duas descobertas tais deviam a uma vida bastar. Já é feliz
aquele que faz somente uma delas. Mas em cada área isolada que Marx conduzia
pesquisa, e estas pesquisas eram feitas em muitas áreas, nunca
superficialmente, em cada área, inclusive na matemática, ele fez descobertas
singulares.
Tal era o homem de ciência. Mas isso não era nem de perto a
metade do homem. A ciência era para Marx um impulso histórico, uma força
revolucionária. Por muito que ele podia ficar claramente contente com um novo
conhecimento em alguma ciência teórica, cuja utilização prática talvez ainda
não se revelasse – um tipo inteiramente diferente de contentamento ele
experimentava, quando tratava-se de um conhecimento que exercia imediatamente
uma mudança na indústria, e no desenvolvimento histórica em geral. Assim por
exemplo ele acompanhava meticulosamente os avanços de pesquisa na área de
eletricidade, e recentemente ainda aquelas de Marc Deprez.
Pois Marx era antes de tudo revolucionário. Contribuir, de
um ou outro modo, com a queda da sociedade capitalista e de suas instituições
estatais, contribuir com a emancipação do moderno proletariado, que
primeiramente devia tomar consciência de sua posição e de seus anseios,
consciência das condições de sua emancipação – essa era sua verdadeira missão
em vida. O conflito era seu elemento. E ele combateu com uma paixão, com uma obstinação,
com um êxito, como poucos tiveram. Seu trabalho no ‘Rheinische Zeitung’ (1842),
no parisiense ‘Vorwärts’ (1844), no ‘Brüsseler Deutsche Zeitung’ (1847), no
‘Neue Rheinische Zeitung’ (1848-9), no ‘New York Tribune’ (1852-61) – junto com
um grande volume de panfletos de luta, trabalho em organização de Paris,
Bruxelas e Londres, e por fim a criação da grande Associação Internacional de
Trabalhadores coroando o conjunto – em verdade, isso tudo era de novo um
resultado que deixaria orgulhoso seu criador, ainda que não tivesse feito mais
nada.
E por isso era Marx o mais odiado e mais caluniado homem de
seu tempo. Governantes, absolutistas ou republicanos, exilavam-no. Burgueses,
conservadores ou ultra-democratas, competiam em caluniar-lhe. Ele desvencilhava-se
de tudo isso como se fosse uma teia de aranha, ignorava, só respondia quando
era máxima a necessidade. E ele faleceu reverenciado, amado, pranteado por
milhões de companheiros trabalhadores revolucionários – das minas da Sibéria,
em toda parte da Europa e América, até a Califórnia – e eu me atrevo a dizer:
ainda que ele tenha tido vários adversários, dificilmente teve algum inimigo
pessoal.
Seu nome atravessará os séculos, bem como sua obra!”