quarta-feira, 15 de março de 2017

MARX O MAIOR REVOLUCIONÁRIO DA HISTÓRIA DA HUMANIDADE


Em uma magistral intervenção por ocasião da morte de Marx, no dia 14 de março de 1883, Engels relatava que seu amigo leal havia descoberto a lei especial do movimento dialético que rege o modo atual de produção capitalista e da sociedade burguesa. “A descoberta da mais-valia de repente jogou luz sobre o problema, na tentativa de resolver o que todas as investigações anteriores, de ambos os economistas burgueses e críticos socialistas, tinham tateado no escuro”. Concluiu Engels: “Era antes de tudo um revolucionário. Sua verdadeira missão na vida foi contribuir, de uma forma ou de outra, para a derrubada da sociedade capitalista e das instituições estatais que a tinham trazido à existência; contribuir para a libertação do proletariado moderno, o primeiro a se tornar consciente de sua posição e de suas necessidades, consciente das condições de sua emancipação. Lutar era seu elemento. E ele lutou com uma paixão, uma tenacidade e um sucesso como poucos poderiam contestar. Como Comunistas Revolucionários aprendemos com o estudo da obra fundante do método do materialismo histórico e dialético, a perspectiva transformadora do proletariado como sujeito histórico e as teorias do valor-trabalho desenvolvidas por Marx – entre outras questões da atual crise do capitalismo e das experiências de luta pelo socialismo no mundo. Os problemas que Marx enfrentou eram questões de seu tempo presente e, para entendê-los, foi preciso estudar a realidade que se colocava concretamente e tudo o que a precedera. Lênin, o líder Bolchevique da grande Revolução Russa de 1917, ao discursar diante do 3º Congresso da Juventude Comunista da Rússia, em 2 de outubro de 1920, disse referindo-se a Marx: “Se vocês se colocarem a pergunta sobre por que a doutrina de Marx conseguiu se apoderar de milhões, ou dezenas de milhões de corações da classe mais revolucionária, receberiam uma só resposta: isso ocorreu porque Marx se baseou em fundamentos sólidos do pensamento humano acumulado na era do capitalismo; porque, havendo estudado as leis do desenvolvimento social, Karl Marx compreendeu a inevitabilidade do desenvolvimento do capitalismo, que conduz ao comunismo, e, sobretudo, o demonstrou com base no estudo o mais exato possível, o mais detalhado e profundo da própria sociedade capitalista, através da completa assimilação do que havia sido desenvolvido pela ciência de sua época. Tudo o quanto havia sido criado pela sociedade humana foi submetido por Marx à prova da crítica, sem que um só aspecto tenha escapado à sua atenção”. Novamente Engels, em seu prólogo à obra de Marx O 18 Brumário de Luís Bonaparte, diz que Marx havia descrito com tal maestria o curso da história na França, em sua ligação interna com as jornadas de fevereiro de 1848, que de forma tão brilhante descobriu em O Milagre, de 2 de dezembro (o dia em que se deu o golpe de Estado de Bonaparte, em 1851), o resultado necessário desta conexão, e “todas as novas revelações acontecidas naquela época não fizeram mais do que confirmar o quanto foram acertadas as reflexões de Marx sobre o curso daqueles acontecimentos históricos”. Essa capacidade de apreensão tão exata da realidade histórica viva,escreveu Engels: “Em uma clarividente penetração sobre a essência dos acontecimentos no momento mesmo em que se desenrolavam, é algo sem precedentes”. O legado teórico vivo de Marx que guia os Comunistas Revolucionários nos dias de hoje, não pode ser reverenciado nesta data histórica apenas de maneira formal, nós da LBI reivindicamos a vigência e integralidade da Ditadura do Proletariado como única via para iniciarmos a grande caminhada da humanidade para abolição definitiva das classes sociais. Nesse sentido publicamos na íntegra o discurso do Engels diante do túmulo de Karl Marx.

DISCURSO DIANTE DO TUMULO DE KARL MARX
Friedrich Engels (17 de Março de 1883)

“Em 14 de março, quando faltam 15 minutos para as 3 horas da tarde, deixou de pensar o maior pensador do presente. Ficou sozinho por escassos dois minutos, e sucedeu de encontramos ele em sua poltrona dormindo serenamente — dessa vez para sempre.

O que o proletariado militante da Europa e da América, o que a ciência histórica perdeu com a perda desse homem é impossível avaliar. Logo evidenciará-se a lacuna que a morte desse formidável espírito abriu.

Assim como Darwin em relação a lei do desenvolvimento dos organismos naturais, descobriu Marx a lei do desenvolvimento da História humana: o simples fato, escondido sobre crescente manto ideológico, de que os homens reclamam antes de tudo comida, bebida, moradia e vestuário, antes de poderem praticar a política, ciência, arte, religião, etc.; que portanto a produção imediata de víveres e com isso o correspondente estágio econômico de um povo ou de uma época constitui o fundamento a parir do qual as instituições políticas, as instituições jurídicas, a arte e mesmo as noções religiosas do povo em questão se desenvolve, na ordem em elas devem ser explicadas – e não ao contrário como nós até então fazíamos.

Isso não é tudo. Marx descobriu também a lei específica que governa o presente modo de produção capitalista e a sociedade burguesa por ele criada. Com a descoberta da mais-valia iluminaram-se subitamente esses problemas, enquanto que todas as investigações passadas, tanto dos economistas burgueses quanto dos críticos socialistas, perderam-se na obscuridade.

Duas descobertas tais deviam a uma vida bastar. Já é feliz aquele que faz somente uma delas. Mas em cada área isolada que Marx conduzia pesquisa, e estas pesquisas eram feitas em muitas áreas, nunca superficialmente, em cada área, inclusive na matemática, ele fez descobertas singulares.

Tal era o homem de ciência. Mas isso não era nem de perto a metade do homem. A ciência era para Marx um impulso histórico, uma força revolucionária. Por muito que ele podia ficar claramente contente com um novo conhecimento em alguma ciência teórica, cuja utilização prática talvez ainda não se revelasse – um tipo inteiramente diferente de contentamento ele experimentava, quando tratava-se de um conhecimento que exercia imediatamente uma mudança na indústria, e no desenvolvimento histórica em geral. Assim por exemplo ele acompanhava meticulosamente os avanços de pesquisa na área de eletricidade, e recentemente ainda aquelas de Marc Deprez.

Pois Marx era antes de tudo revolucionário. Contribuir, de um ou outro modo, com a queda da sociedade capitalista e de suas instituições estatais, contribuir com a emancipação do moderno proletariado, que primeiramente devia tomar consciência de sua posição e de seus anseios, consciência das condições de sua emancipação – essa era sua verdadeira missão em vida. O conflito era seu elemento. E ele combateu com uma paixão, com uma obstinação, com um êxito, como poucos tiveram. Seu trabalho no ‘Rheinische Zeitung’ (1842), no parisiense ‘Vorwärts’ (1844), no ‘Brüsseler Deutsche Zeitung’ (1847), no ‘Neue Rheinische Zeitung’ (1848-9), no ‘New York Tribune’ (1852-61) – junto com um grande volume de panfletos de luta, trabalho em organização de Paris, Bruxelas e Londres, e por fim a criação da grande Associação Internacional de Trabalhadores coroando o conjunto – em verdade, isso tudo era de novo um resultado que deixaria orgulhoso seu criador, ainda que não tivesse feito mais nada.

E por isso era Marx o mais odiado e mais caluniado homem de seu tempo. Governantes, absolutistas ou republicanos, exilavam-no. Burgueses, conservadores ou ultra-democratas, competiam em caluniar-lhe. Ele desvencilhava-se de tudo isso como se fosse uma teia de aranha, ignorava, só respondia quando era máxima a necessidade. E ele faleceu reverenciado, amado, pranteado por milhões de companheiros trabalhadores revolucionários – das minas da Sibéria, em toda parte da Europa e América, até a Califórnia – e eu me atrevo a dizer: ainda que ele tenha tido vários adversários, dificilmente teve algum inimigo pessoal.


Seu nome atravessará os séculos, bem como sua obra!”