sábado, 1 de abril de 2017

SENADO INCENDIADO NO PARAGUAY: EM MEIO A DISPUTA ENTRE ALAS DA OLIGARQUIA REACIONÁRIA, FERNANDO LUGO E A FRENTE GUASÚ ALIAM-SE AO PARTIDO COLORADO DO PRESIDENTE NARCOTRAFICANTE HORÁCIO CARTES PARA SE CREDENCIAR COMO MAIS UMA ALTERNATIVA DA BURGUESIA PARA AS ELEIÇÕES DE ABRIL/2018


As cenas de incêndio do prédio do Senado, com o exército nas ruas e os confrontos entre adversários políticos são produto da disputa inter-burguesa entre o Partido Colorado e o Liberal em torno da emenda da reeleição. Horácio Cortes, o atual presidente, aprovou as pressas no parlamento a emenda da reeleição com o apoio da Frente Guasú de Fernando Lugo e dissidentes do Partido Liberal que aliaram-se a Lugo. No total, 25 dos 45 senadores votaram a favor da emenda que institui a reeleição via uma consulta popular imediata. A emenda deverá ser ratificada neste sábado pela Câmara dos Deputados, também controlada pelos governistas. A emenda foi apoiada pelo ex-presidente Fernando Lugo, mas o restante da oposição burguesa denunciou a medida como um “golpe parlamentar” afirmando que “É um projeto ditatorial de Horacio Cartes com a cumplicidade de Fernando Lugo, coautor deste projeto autoritário”, declarou o senador opositor Carlos Amarilla. Como se observa, a aprovação da emenda de forma relâmpago só foi possível com o apoio da Frente Guasú, a Frente Popular paraguaia que depois de sofrer o impeachment também relâmpago em 2012 almeja voltar ao governo pela via das urnas e para alcançar seu objetivo aliou-se a Cartes, já que a emenda da reeleição facilita a candidatura de Lugo. Horacio Cartes, do Partido Colorado, é dono de 26 empresas, a maioria delas do setor de tabaco, acusado de ligação com o narcotráfico e lavagem de dinheiro, tendo sido investigado por contrabando de cigarros. Sua eleição em 2013, seis meses após o golpe parlamentar, foi apoiada pela Casa Branca. O fato de Lugo aliar-se a um das alas da oligarquia reacionária contra outra por um cálculo eleitoral, avaliando que vai capitalizar o desgaste do atual presidente, demonstra a canalha política de colaboração de classes da Frente Popular, coerente com sua orientação de se credenciar a todo custo novamente como uma alternativa burguesa para estabilizar o regime político em crise. Lembremos que o governo de Lugo foi eleito sob a base de uma composição (Aliança Patriótica) com o tradicional Partido Liberal, um dos braços políticos da oligarquia fundiária e vinha sofrendo um forte esgarçamento social antes do golpe de 2012. Os trágicos acontecimentos ocorridos em Curuguaty, a duzentos quilômetros da fronteira com o Brasil, serviram como estopim para os sojeros alertarem a burguesia em seu conjunto para a incapacidade do governo Lugo conter o movimento dos camponeses sem-terra, carperos. Sob a acusação de conivência com os carperos e até com Exército do Povo Paraguaio (EPP) a Câmara dos Deputados aprovou por 73 votos a favor e apenas um contra a abertura de um processo sumário de impeachment, logo aprovado no Senado. Neste caso, a burguesia executou um golpe de estado pela via parlamentar e constitucional, com o apoio velado dos militares. Na época, orientado pelos governos da centro-esquerda burguesa sob o comando de Dilma, Lugo aceitou imediatamente a imposição do golpe porque tanto a burguesia paraguaia como os membros da Unasul tinham uma preocupação comum: impedir a entrada em cena do movimento de massas e de sua vanguarda classista que poderiam iniciar a resistência, avançando para a expropriação das terras e questionando o próprio poder burguês e suas instituições apodrecidas, como o parlamento corrupto. Agora Lugo usa o mesmo parlamento burguês que o golpeou para apoiar uma manobra a favor de uma das alas da oligarquia contra outra, buscando assim se apresentar como uma “terceira via” burguesa confiável. A classe operária e a juventude que odeia todas as variantes oligarcas, deve mobilizar-se contra o conjunto do regime político corrupto e reacionário sem depositar qualquer ilusão em Lugo e sua Frente Guasú. Precisa se colocar em luta contra a ação repressora das FFAA e deve construir uma alternativa própria de poder dos trabalhadores convocando uma greve geral política contra as manobras das oligarquias e a política vergonhosa da Frente Popular!