ATAQUES TERRORISTAS E “MANIFESTAÇÕES CONTRA A CORRUPÇÃO” NA
RÚSSIA: UMA ALA DO IMPERIALISMO IANQUE E O EI ATUAM CONJUNTAMENTE PARA
DESESTABILIZAR O GOVERNO PUTIN
O ataque terrorista ao Metrô em São Petersburgo que matou 14
pessoas e deixou mais de 50 feridos foi reivindicado pelo Estado Islâmico (EI)
e seus similares (Frente Al Nursa) no interior da Rússia e das antigas
repúblicas soviéticas com minorias islâmicas como o Quirguistão. Por sua vez as
recentes “manifestações contra a corrupção” ocorridas duas semanas antes do
atentado e organizadas por Alexei Navalny, um político de direita que pretende
disputar a presidência da Rússia em 2018, demonstram um ação conjunto de uma
ala do imperialismo ianque e do EI para desestabilizar o governo Putin. Para
fechar esse cenário sinistro está o ataque com gás tóxico na Síria que matou 60
pessoas, com a imprensa pró-imperialista acusando Assad e Putin como
responsáveis pelo massacre. Não por acaso, a UE criticou o Kremlin por reprimir
as manifestações no final de março: “As operações policiais na Federação Russa,
que tentaram dispersar manifestações e prenderam centenas de cidadãos,
incluindo o líder da oposição Alexey Navalny, impediram-nos de exercer as suas
liberdades fundamentais, incluindo liberdade de expressão, de associação e de
reunião pacífica, que estão consagradas na Constituição russa” (DN 27.03),
disse um porta-voz da UE em comunicado e concluiu “Instamos as autoridades
russas a respeitarem plenamente os compromissos internacionais (...) a
respeitar estes direitos e a libertar sem demora os manifestantes pacíficos que
foram detidos” (idem). Essa movimentação que tem a víbora Clinton por trás é
parte do processo de desgastar Putin e por tabela atacar Trump, apresentado
como aliado do presidente russo. Tanto que no sentido inverso Trump ligou para
Putin para demonstrar solidariedade com o líder russo. Em comunicado a Casa
Branca declarou “total apoio do governo norte-americano para levar adiante a
justiça aos responsáveis do ataque no Metrô de San Petersburgo... Tanto o
presidente Trump como o presidente Putin coincidiram que o terrorismo deve ser
eliminado de maneira decisiva e rápida” (RT, 04.4). Desde 2011 o imperialismo
ianque sob o comando dos Democratas vem fomentando essa tática de
desestabilização. Os Clinton sempre apoiaram publicamente as manifestações em
Moscou promovidas pela oposição “democrática” pró-imperialista fomentada por
milhões de dólares recebidos da Casa Branca para ampliar sua bancada
parlamentar e se credenciar como alternativa eleitoral para as eleições
presidenciais de 2018. Desta forma uma ala do imperialismo recorre ao mesmo
script que vem usando no Oriente Médio para fomentar a desestabilização dos
regimes nacionalistas burgueses que tem fricções com as potências capitalistas
ocidentais, tudo em nome da defesa “democracia” ocidental e dos “direitos
humanos” mas que vem abrindo espaço para grupos terroristas como o EI. Está
claro que essa ofensiva política contra Putin está voltada a neutralizar seu
governo diante da investida da Casa Branca contra o Irã e a Síria. Ao
pressionar Putin, via uma oposição interna, os Clinton e seus aliados dentro do
Partido Republicano desejam que a Rússia recue em seu apoio militar a esses
dois países, medida fundamental para que o imperialismo possa impor seus
interesses na região. A Rússia tem uma base militar na Síria, porta-aviões
estacionados na costa do país além de ser parceira estratégica do programa nuclear
iraniano. Ademais, se opõe parcialmente a criação do sistema de defesa
antimíssil para Europa controlado pela OTAN, voltado justamente para
neutralizar qualquer reação militar russa a uma possível agressão imperialista.
De barbas de molho, Putin acusou os manifestantes ligados a grupos de direita
de agirem “de acordo com um cenário bem conhecido e com seus próprios
interesses políticos mercenários” arrematando que “É inaceitável que dinheiro
estrangeiro esteja sendo injetado no processo eleitoral russo”. Por fim ele
afirmou: “Precisamos pensar em formas de defender nossa soberania da
interferência vinda do exterior”. Está colocado para o proletariado mundial e,
particularmente, para os trabalhadores das ex-repúblicas soviéticas rechaçarem
as provocações imperialistas e os ataques terroristas contra a Rússia. Apesar
de não depositarmos qualquer confiança no governo burguês do ex-burocrata
Putin-Medvedev, cuja conduta está voltada a defender os interesses da nascente
burguesia russa, as fricções com o imperialismo ianque e europeu objetivamente
representam um obstáculo à expansão guerreirista da OTAN na região. Nesse
sentido, os revolucionários devem denunciar as manifestações dos grupos
pró-imperialistas e seu caráter contrarrevolucionário, voltado a fazer na
Rússia uma “transição democrática” conservadora aos moldes da que vem sendo
operada no Oriente Médio. Opomos-nos pelo vértice à política dos grupos
revisionistas como a LIT, que depois de saudarem a farsesca “revolução árabe”
agora apoiam as manifestações da direita russa assim como festejaram as
“revoluções das cores” na Ucrânia, Geórgia, Quirguistão. Tais “revoluções” nada mais eram que a
segunda etapa da restauração capitalista em curso nas antigas repúblicas soviéticas,
hoje convertidas a países capitalistas atrasados semicoloniais, quando o
imperialismo ianque e europeu impuseram títeres nos governos que ainda estavam
sob a influência do Kremlin e mantinham relações políticas e econômicas
privilegiadas com a Rússia. Não nutrimos
a menor simpatia política pelos bandos mafiosos restauracionistas que se
instalaram no poder na Rússia desde agosto de 1991 e mesmo pela dupla
Putin-Medvedev responsáveis por reverter o processo de entregas das estatais
russas . Porém, não apoiamos qualquer “movimento” de fachada democrática
patrocinado pelo Departamento de Estado ianque que tenha como objetivo preparar
as condições para defenestrar Putin pelas mãos de uma ofensiva imperialista
para impor um nome ainda mais alinhado com a Casa Branca, como Alexei Navalny.
A derrota de todos os bandos restauracionistas e dos fantoches do imperialismo
se dará por meio de uma nova revolução social que faça da construção de uma
nova Rússia soviética uma realidade política concreta! O proletariado deve
empunhar um programa revolucionário para assumir o controle dos recursos
energéticos da região, impor a expulsão dos abutres multinacionais e a
expropriação do conjunto das burguesias restauracionistas para que as massas
ucranianas, georgianas, ossetas e russas possam conduzir vitoriosamente a luta
estratégica por uma Federação de Repúblicas Socialistas e soviéticas livres,
fundadas por novas Revoluções Bolcheviques.