segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

ARÁBIA SAUDITA ROMPE RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS COM O IRÃ: PETROMONARQUIAS ÁRABES PATROCINAM O EI, ALIANDO-SE A ISRAEL NO COMBATE A ASSAD, HEZBOLLA E AO REGIME DOS AIATOLÁS


Logo depois do fuzilamento do clérigo xiita Sheikh Nimr ao-Nimr por ordem da Dinastia Saud no último sábado (03.01), a embaixada da Arábia Saudita foi atacada no Irã, expressando o justo ódio popular contra a decisão da petromonarquia da Casa Saud, aliada de Israel, do imperialismo ianque e uma das financiadoras do Estado Islâmico (EI), junto com o Qatar. Na sequência, a Arábia Saudita rompeu relações diplomáticas com Teerã, no que foi seguida pelo Kuwait, Sudão, Somália e Bahrein. Os Emirados Árabes anunciaram a “degradação” das relações com o Irã e convocaram o embaixador. Esses movimentos apontam logo no começo de 2016 que o chamado Comando Geral do Golfo (CGC), integrado pelas reacionárias petromonarquias árabes, desejam incrementar sua ofensiva contra Teerã e a Síria, aproximando-se ainda mais do enclave sionista e pressionando os EUA a recuar no acordo nuclear com o Irã. No campo militar as ações imediatas de Riad (além das 47 execuções de militantes xiitas) são o incremento no combate aos Houthi, milícia de influência xiita no Iêmen e o maior financiamento do EI para atacar o governo Assad. A Arábia Saudita, ao fazer esses movimentos políticos e militares, também visa debilitar o Hezbolla, aliado de Assad e defensor da Palestina contra Israel. Como se observa a ruptura das relações diplomáticas não se trata de um fato de menor dimensão, mas uma séria decisão que vai ter desdobramentos estratégicos nos próximos anos no chamado mundo árabe. Esse cenário, além de bombardear o acordo EUA-Irã como deseja Israel, deve colocar pelos ares as frágeis tentativas de se chegar a um “acordo de transição” na Síria que estava sendo costurado por Obama e Putin, já que os conflitos devem se recrudescer no país com novas ações do EI. O reacionário e corrupto regime saudita ao romper relações com o Irã aliou-se oficialmente à opção israelense na região: estará mais alinhado com os interesses sionistas no Oriente Médio e também mais agressivo e violento na defesa dos planos geopolíticos mas gerais do imperialismo, particularmente da França de Hollande, governo com quem mantém fortes relações comerciais e militares. Em todas as questões da política árabe, o regime saudita está alinhado ao lado de Israel e com a ala republicana do imperialismo ianque. Israel tem buscado novos aliados imperialistas para compensar o “esfriamento” das relações com Obama após o acordo nuclear EUA-Irã. O que une Arábia Saudita e Israel é o compromisso em isolar o regime xiita dos Aiatolás, hoje principal inimigo do gendarme sionista com capacidade bélico nuclear. Por essa razão o Irã e a Síria são considerados hoje o “eixo do mal” por sunitas e sionistas. Neste quadro, os Marxistas Revolucionários não nos omitiremos de estabelecer uma unidade de ação com o Regime dos Aiatolás, diante da ofensiva saudita e do imperialismo. É bom lembrar que os marxistas já estabeleceram uma frente única com os Aiatolás na derrubada do Xá Reza Pahlevi e seu regime pró-imperialista, apesar de conhecermos o caráter de classe da direção religiosa muçulmana e não termos nenhuma identidade política e ideológica com ela. O eixo central da atuação dos trotskistas na região continua a ser em 2016 a frente única de ação com todas as forças que combatam concretamente pela derrota militar da OTAN e o enclave de Israel, no campo de luta da Palestina, Líbano, Síria e Irã, forjando a construção de uma direção comunista-proletária na trincheira de luta direta contra o imperialismo e seus aliados!