quinta-feira, 30 de agosto de 2012


Minifrente Popular encabeçada por Edmilson Rodrigues (PSOL) e integrada pelo PSTU recebe o apoio de Marina Silva, a nova aposta do imperialismo para o Brasil!

A ex-candidata a Presidente da República pelo PV, Marina Silva, hoje sem partido, acaba de anunciar seu apoio a Edmilson Rodrigues, candidato do PSOL à prefeitura de Belém. O gesto tem um significado profundo no jogo eleitoral burguês. Marina e seu “movimento por uma nova política” estão estreitando os laços com o PSOL visando uma aliança para as eleições presidenciais em 2014, mas seus planos vão além desse objetivo! Na verdade, estamos vendo avançar as articulações para o surgimento de uma nova legenda de centro-esquerda burguesa no espectro político nacional, unindo inicialmente Marina e seu entorno com setores do PSOL que tem peso eleitoral (Ivan Valente, Randolfe Rodrigues, Luciana Genro, Marcelo Freixo, Janira Rocha, Chico Alencar, Milton Temer). Em Maceió, Heloísa Helena, “marineira” de primeira hora, também recebe seu apoio em sua campanha à reeleição como vereadora. Esse processo político está em curso na verdade desde 2010, quando a ex-candidata do PSOL a Presidente da República em 2006 apoiou Marina Silva em 2010 para o mesmo posto e logo depois renunciou à presidência do PSOL para ingressar no seu “movimento” político. Não por acaso, o MTL defendeu o apoio diretamente a Marina, mas quando fracassaram as negociações com o PV, o bloco direitista do PSOL, que desejava vender a legenda para a burguesia, lançou Martiniano Cavalcante como pré-candidato laranja à presidência para facilitar as obscuras negociações da direção do PSOL com os partidos patronais nos estados, abandonando a própria sorte a candidatura de Plínio de Arruda Sampaio. Essa fase está definitivamente superada! Agora que o PSOL aprovou alianças com todos os partidos burgueses a exceção dos que compõem a oposição demo-tucana (ainda que as tenham concretizado em algumas cidades) estão dadas as condições para o surgimento de uma nova legenda burguesa, havendo ainda a possibilidade minoritária de Marina filiar-se ao PSOL ou o partido indicar um vice na chapa encabeçada por ela em 2014.

Não há grande surpresa na trajetória traçada tanto por Marina como pelo próprio PSOL no último período. Entretanto, o apoio de Marina a Edmilson Rodrigues, ex-prefeito petista de Belém por dois mandatos e que agora se candidata pelo PSOL coligado com o PCdoB e o PSTU revela bem a amplitude desse processo. A frente eleitoral abarca desde Marina, ex-ministra de Lula, passa pelo PCdoB que sustenta o governo Dilma e vai até o PSTU, que se apresenta como a ala “esquerda” da oposição a frente popular petista. Essa amplíssima aliança demonstra o que a LBI já vinha caracterizando há algum tempo: está em curso a formação de uma minifrente popular “alternativa” ao arco de forças comandado pelo PT em aliança com as oligarquias mais reacionárias do país. Trata-se de mais uma ferramenta política do regime político democratizante burguês que está se forjando justamente em um momento em que o PT enfrenta uma crise interna colocando em confronto a ala dilmista palaciana com os setores históricos do partido ligados a um Lula cada vez mais frágil. A condenação de João Paulo Cunha, ligado a Lula e Dirceu, por um STF controlado por ministros indicados nas duas gestões petistas, prova exatamente isso!

O Blog da candidatura de Edmilson assim anuncia o apoio de Marina: “A ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que é referência nacional e internacional na pauta do meio ambiente, declarou publicamente apoio à candidatura de Edmilson Rodrigues à Prefeitura de Belém, nesta segunda-feira, 27, durante coletiva de imprensa no Hotel Regente, em Belém. ‘O eleitor está aprendendo a diferenciar o candidato que só tem o discurso de sustentabilidade, do candidato que tem histórico coerente com a plataforma de sustentável, que é o Edmilson. Eu sei que o Edmilson tem esse comprometimento porque demonstrou isso quando foi prefeito (entre os anos de 1997 a 2004). Agradeço a oportunidade de estar aqui para apoiá-lo’, ressaltou Marina” (Edmilson50, 28/08). Mas não para por aí e complementa sinalizando claramente por um engajamento no movimento de Marina: “Marina é ex-filiada do Partido dos Trabalhadores (PT), concorreu à Presidência da República pelo Partido Verde (PV), em 2010, quando obteve 20 milhões de votos, e, hoje, sem partido, lidera um movimento nacional de defesa do meio ambiente com crescimento socioeconômico. Marina e Edmilson atuaram juntos no movimento sindical dos professores, nos anos 80. ‘A Marina tem um pensamento estratégico para a construção de um futuro civilizatório, ético e voltado à sustentabilidade”, destacou Edmilson”. (Idem). A identidade política é evidente entre os dois bandos. Marina sabe que as duas gestões burguesas de Edmilson em Belém, quando este ainda era do PT e reprimiu a greve dos professores, o credenciam como um homem de confiança do regime e um importante aliado em seu projeto político nacional de se alçar como a mais nova aposta do imperialismo para o Brasil.

Fingindo-se surpreso e indignado o PSTU logo criticou para o público interno o apoio de Marina ao candidato do PSOL. Em um singelo “comunicado” perdido no seu sítio na internet e nem sequer publicado no blog de seu candidato a vereador em Belém, os morenistas declaram: “É por isso que nós do PSTU, como parte da coligação, não apoiamos Marina e não aceitamos incorporá-la na frente eleitoral de Belém. Defendemos que a aliança seja com a classe trabalhadora e com o povo pobre de nossa cidade, sem a influência da burguesia e de sua ‘sombra’. É preciso que o espaço e a confiança que a classe deposita na frente ‘Belém nas mãos do povo’ seja concretizada em um programa que defenda o meio-ambiente, que se posicione contra o código florestal, aprovado recentemente pelo governo Dilma e, principalmente, que rompa com a burguesia e seus interesses” (PSTU, 27/08). Essa lacônica declaração é uma verdadeira piada que obviamente não arranca risos da militância do partido, já totalmente desmoralizada com a aliança em Belém, ainda mais agora com o apoio de Marina Silva a Edmilson. Primeiro porque na candidatura do PSOL não estão representadas as “sombras” da burguesia e sim os seus mais declarados representantes, a começar pelo próprio Edmilson, que é financiado por empreiteiras, empresas de ônibus e de limpeza urbana. Não por acaso, tem ao seu lado o PCdoB e agora Marina Silva, em uma típica frente popular de novo tipo nos mesmos moldes da montada pelo PT.

Lembremos que o PSTU, cinicamente em nome da “revolução” e recorrendo a citações de Lênin e Trotsky, ingressou na frente popular por vontade própria. Aceitou o PCdoB que tem em suas fileiras o officie-boy dos ruralistas, Aldo Rabelo, que elaborou o famigerado projeto do Código Florestal e sabia perfeitamente que Marina iria apoiar Edmilson. Recordemos mais uma vez que o PSTU está coligado com o PSOL em Maceió, onde Heloísa Helena amarga uma tentativa de reeleição como vereadora e também tem o apoio entusiasta de Marina Silva! A direção do PSTU pode ser acusada de tudo menos de desavisada e ingênua. Para “consumo interno” o PSTU se diz contrário às coligações com partidos patronais, chegando a implorar ao PSOL para “rever” sua política de alianças, enquanto para o “grande público” apoia Edmilson e se coliga com Heloísa Helena, mesmo com o apoio de Marina Silva. Na verdade, a direção nacional do PSTU é defensora da ampliação da política de alianças do partido, rompendo de vez com a velha tradição de formação de frentes unicamente com partidos da “esquerda” pequeno-burguesa. Estamos vendo, a partir da aliança estabelecida em Belém, o “começo do fim” do PSTU enquanto partido que se reivindicava formalmente revolucionário, que a passos largos vai se tornar mais uma legenda “domesticada” da esquerda social-democrata refém do regime democratizante, onde os apetites eleitoralistas, sindicalistas e aparelhistas, já com enorme peso no partido e que corrompem grande parte de sua militância vinculada a essas estruturas, vão esmagar qualquer traço de bolchevismo, ainda que formal, que mantinha até então o PSTU fora das alianças diretas com a burguesia e seus partidos. Os militantes que ainda se opõem a essa política escandalosa da direção de seu partido devem tirar as lições programáticas dessa vergonhosa integração do PSTU ao regime da democracia dos ricos!