Mitt Romney escolhe seu vice: o Tea Party entra na disputa derrotado e pela porta dos fundos
No início do ano passado o Tea Party, um braço do neofascismo ianque abrigado temporariamente no interior do Partido Republicano, estava bem cotado para derrotar Obama na disputa das eleições presidenciais de outubro de 2012. O cenário político dos EUA em 2011 apontava para uma fragorosa derrota dos Democratas em função do profundo desgaste do governo Obama, incapaz de reverter o quadro da crise econômica doméstica instalada no principal centro do imperialismo. Em franca ascensão política, o recém-fundado movimento reacionário denominado de Tea Party (uma alusão à festa nacionalista comemorada contra a ocupação britânica) lançava o nome da ex-governadora do Alaska, Sarah Palin, como favorita na batalha pelo controle da Casa Branca. Mas, a brutal ofensiva política e militar do governo Obama contra os povos árabes e regimes nacionalistas da região, detonada nos primeiros meses de 2011, conseguiu reverter o adverso quadro eleitoral dos Democratas, forçando o Tea Party a retirar a candidatura de Palin e acenar com um apoio envergonhado a Mitt Romney, escolhido previamente pelo Partido Republicano para ser derrotado nas próximas eleições. A ofensiva contrarrevolucionária imperialista no Oriente Médio, batizada pelo Departamento de Estado como “Revolução Árabe”, credenciou politicamente Obama junto à burguesia ianque, até então considerado um “banana”. Mesmo não revertendo os drásticos índices econômicos nacionais, produto da crise estrutural do capitalismo, a ofensiva imperial contra regimes considerados “inimigos”, pavimentou bilionários negócios para as transnacionais ianques, catapultando a figura de Obama como um “neofalcão”, merecedor de um segundo mandato presidencial.
Vitorioso no processo das prévias republicanas, Romney agora indicou seu vice, o legislador congressual Paul Ryan pelo estado do Wisconsin. Como um veterano parlamentar ultraconservador, Ryan reúne o apoio do Tea Party, em função de suas posições abertas em favor das elites dominantes, como a defesa do fim dos subsídios estatais aos planos sociais do “Welfare State”. O Tea Party abdicou de sua candidatura própria, o que resultaria inclusive em sua formação partidária, porque não obteve o sinal verde dos tradicionais “falcões” do Pentágono, empolgados com os “êxitos” das pilhagens operadas pela dupla Obama/Clinton. Na iminência de um ataque ao Irã e em meio da guerra civil na Síria, que não consegue ser vencida pelos mercenários armados pela OTAN, o centro imperialista decidiu seguir com Obama por mais quatro anos. A permanência do ex-banana na Casa Branca e o recuo “tático” do Tea Party de forma alguma significam um retrocesso nas poderosas tendências latentes do neofascismo ianque, pelo contrário, apenas preparam o terreno para um período histórico de grandes ataques ao proletariado mundial e povos oprimidos.
A sequência dos recentes atentados nazistas ocorridos nos EUA revela o crescimento das correntes reacionárias no interior das classes médias urbanas, mais além da potencialidade militar da “KKK” no meio rural. A esquerda “marxista” no interior dos EUA tem se mostrado impotente para combater, do angulo político da classe operária, a ofensiva contrarrevolucionária imperial. Ao contrário, o campo revisionista tem se mostrado “sócio” dos ataques militares da OTAN, considerados por esta esquerda reformista como a expressão da “primavera árabe”. Os movimentos como o “Occupy” que permeou as principais cidades dos EUA, carece de um programa anti-imperialista, voltando seu foco político contra a especulação financeira, como se esta não fosse inerente à acumulação capitalista. As principais direções sindicais norte-americanas seguem atreladas como uma “pata esquerda” do Partido Democrata, nutrindo esperanças em um inexistente “giro à esquerda” do gabinete Obama.
Neste marco de profundo retrocesso ideológico da mais importante classe operária do planeta, perdendo lentamente suas características anti-imperialistas, amplamente demonstradas nas manifestações contra a guerra do Vietnã nos anos 70, a corrente “Spartacist”, representante do trotsquismo menos corrompido e não-integrado ao Estado ianque, atravessa uma profunda crise política. A ausência de uma clarificação programática em relação aos países semicoloniais, vem paralisando o grupo dirigido por Robertson que se absteve totalmente diante dos grandes conflitos internacionais dos últimos dez anos, como a ocupação do Afeganistão, Iraque e atualmente Líbia e Síria. As recentes cisões do “Spartacist”, que concentram suas críticas nas “futricas” intestinas do grupo, são ainda mais prostradas e inoperantes do que a “matriz”. O genuíno trotsquismo que teve uma importante tradição histórica no interior do proletariado dos EUA está ameaçado de “sumir do mapa” do cenário político do monstro imperialista, caso não tenha uma política clara de apoio aos levantes anti-imperialistas dos povos imperializados. Ao mesmo tempo, ainda se faz necessário lançar uma candidatura revolucionária à presidência, pelas “brechas” que a legislação ianque permite, como um meio publicitário de demarcação ideológica com movimentos pequeno-burgueses do tipo “Occupy” ou mesmo o reformismo de “pressão” sobre os Democratas. Esta importante tarefa recai concretamente sobre os ombros do “Spartacist”, ainda que limitado pelos seus graves desvios programáticos.