quarta-feira, 8 de agosto de 2012



Afundando a todo vapor, Haddad e outros companheiros petistas esperam por “boletins médicos” para se manterem vivos na corrida eleitoral às principais prefeituras do país

As primeiras pesquisas eleitorais em São Paulo vem revelando uma tendência já apontada pela LBI há pelo menos dois meses, ou seja, as candidaturas a prefeito do PT ligadas ao grupo de Lula e Dirceu foram abandonadas pelo anturragem política que circula em torno da presidente Dilma Rousseff. Em particular a candidatura de Haddad, bancada pessoalmente pelo líder maior do PT, vem sendo torpedeada abertamente pelo Palácio do Planalto, desde a renúncia induzida da deputada Erundina que postulava a vice na chapa de Haddad. Serra que conta com o apoio do “dilmista” Kassab, vem se mantendo discreto na luta fratricida que corrói as entranhas do PT. Agora, o novo lance do Planalto consiste em inflar a candidatura de Celso Russomanno pelo PRB, partido aliado da Igreja Universal e do falecido vice-presidente José Alencar. O PT paulistano espera ansioso a entrada de Lula na campanha de Haddad, mas esbarra com as restrições médicas impostas a saúde do ex-presidente. Novamente internado na última segunda-feira (06/08), a assessoria de Lula logo se apressou para divulgar um boletim médico liberando a presença do caudilho petista na campanha de seu afilhado político, mas o certo mesmo é que somente a gravação dos programas televisivos de Haddad contarão com a figura de Lula. A saúde debilitada do ex-presidente metalúrgico o impede de integrar o dia a dia político das campanhas petistas nas principais cidades do país, deixando a anturragem de Dilma livre para promover candidatos dos partidos da base aliada, principalmente PSB, PMDB e PRB. O quadro político do PT se complica ainda mais neste momento de ofensiva reacionária em torno do espetaculoso julgamento do chamado esquema do “mensalão”, pelo STF, onde o Planalto joga silenciosamente pela eliminação definitiva do “capo” José Dirceu, desafeto político da ex-“poste” Dilma.

O cálculo da “gerentona” neopetista é bem pragmático, quanto mais fraco estiver o PT em 2014, mais difícil será tentar barrar suas pretensões declaradas a uma reeleição, somado obviamente o elemento da própria fragilidade da saúde pessoal de Lula. Em uma conjuntura onde a burguesia nacional apóia a continuidade do projeto de colaboração de classe, gerando grande estabilidade social ao regime político, Dilma reúne todos os ingredientes políticos para postular seu segundo mandato, ancorada no alargamento do mercado de consumo e na ampliação da poupança interna. Como a nova “cadelinha” de Obama, Dilma vem alinhando a diplomacia do Brasil em uníssono com a ofensiva imperialista dos EUA contra os povos, o que a credencia muito mais que Lula junto a Casa Branca. Contando com o apoio frontal das classes dominantes nativas e do grande amo do norte, Dilma se considera suficientemente fortalecida para minar as bases sociais do PT, como vem demonstrando no ataque virulento às greves do funcionalismo federal, e buscar recompor um arco eleitoral com os partidos burgueses “tradicionais” que integram a frente popular.

A “oposição de esquerda” já saliva desesperadamente poder tirar algum proveito eleitoral da feroz disputa umbilical do campo petista. Com candidaturas burguesas bem colocadas em Belém e no Rio de Janeiro, o PSOL espera pelo menos se manter como um partido viável, no mapa das elites capitalistas deste país. Tanto Edmilson e Freixo não se descolam muito do velho “cardápio” das promessas de moralidade financeira e competência administrativa, que tanto agradam os ouvidos da opinião pública pequeno-burguesa, sem falar é claro do empresariado municipal. O tão “requintado” socialismo com liberdade destes senhores não passa da defesa das surradas reformas sustentáveis, no marco de uma estrutura capitalista em franca decadência histórica. Assim como as candidaturas do PT, PSOL e PSTU (na oposição parlamentar a Dilma) não ultrapassam o rubicão de classe, convocando a população explorada das periferias urbanas a romper a lógica do capital e da propriedade privada. No limite máximo de sua “plataforma eleitoral” burguesa os cretinos da oposição de esquerda orientam a população a um “repensar crítico do modelo”, sem ousar confrontar com as oligarquias dominantes que financiam suas campanhas “socialistas”. Triste e deplorável o papel cumprido pelo PSTU, um auxiliar desfigurado da política policlassista do PSOL, sempre a procura de uma vaguinha em alguma Câmara de Vereadores...

Os marxistas revolucionários não podem em hipótese alguma, mesmo que extremamente minoritários, serem confundidos com os “grilos conselheiros” do PSTU. Uma política classista para as eleições burguesas nada tem a ver com a defesa do “apoio crítico” a projetos de mini-frente popular, como fazem os Morenistas entusiastas apologistas da intervenção da OTAN nas guerras civis da Líbia e Síria. No atual quadro eleitoral posto no cenário nacional “emprestar” um voto político sequer no PSTU, significa chancelar todo o programa das “reformas possíveis” levantadas pelo PSOL. É bem verdade que alguns charlatães do “trotsquismo fictício”, que tentam em vão piratear o genuíno programa leninista, já falam em apoiar “criticamente” o PSTU, na medida em que este se apresente sem as coligações com o PSOL e PCdoB, como se pudessem assim “purificar” as traições do revisionismo.

Para os Bolcheviques que não puderam se apresentar institucionalmente nestas eleições, por conta de uma legislação draconiana, a política que melhor expressa a publicidade pela revolução socialista e a auto-organização do proletariado é a defesa do voto nulo ou de boicote ativo eleitoral, dependendo das circunstâncias concretas de cada município. A agitação pelo voto nulo em nenhuma medida deve ser confundida com a política anarquista, contra a utilização da tribuna eleitoral para a propaganda revolucionaria. Devemos aproveitar o debate eleitoral nas escolas, ruas e bairros proletários para demonstrar a nulidade destas eleições como via para obter a menor conquista social e denunciar o caráter fraudulento desta democracia dos ricos, onde a verdadeira soberania popular há muito foi “sequestrada” por um seleto clube de “eleitores” empreiteiros, industriais e latifundiários.

Convocamos, desde as modestas forças políticas da LBI, a todos os coletivos classistas e ativistas combativos do movimento de massas a desenvolverem em frente única conosco, uma campanha nacional e ativa pelo voto nulo e em defesa da revolução socialista mundial. Neste sentido, chamamos a organização de um encontro nacional antes do primeiro turno (possivelmente na cidade de São Paulo), para que possamos potenciar coletivamente o processo de agitação e denúncia deste regime democratizante e suas eleições fraudulentas. O voto nulo passivo, sem a demarcação programática vigorosa e necessária com as variantes da política burguesa e reformista, só reforça as tendências de despolitização das massas e sua inação diante de nossos inimigos de classe.