quinta-feira, 4 de dezembro de 2014


Congresso Nacional dos picaretas dá um verdadeiro "golpe" governista para remendar a meta fiscal ultra monetarista do próprio PT

Muito tem se falado na articulação de um golpe parlamentar (impeachment) contra o quarto mandato consecutivo do governo da Frente Popular, tal aspiração "putchiana" que de fato pulula o cérebro dos cachorros mais ferozes da oposição Demo-Tucana teria que passar necessariamente pelo crivo político majoritário do Congresso Nacional. Pelo menos nesta conjuntura atual não há quem vislumbre um golpe militar gestado nas casernas por generais fascistizantes, a não ser idiotas lúmpens (como Lobão e sua gang) que deliram sob efeito das drogas com uma quartelada ao estilo de 64. Mas se depender deste Congresso dos picaretas o golpe parlamentar poderá vir mesmo na direção contrária, ou seja, para "facilitar a vida" do governo Dilma em descarregar o ônus do "ajuste" fiscal nas costas dos trabalhadores. Foi o que assistimos ontem em Brasília na aprovação, por ampla maioria, da flexibilização da meta fiscal neomonetarista estabelecida anteriormente pela própria equipe econômica do governo petista. De um "compromisso" inicial com o capital financeiro de "poupar" 116 bilhões de Reais, Dilma só conseguiu mesmo "livrar" dez bilhões, alegando fundamentalmente que o "déficit" apresentado foi consequência das desonerações tributárias concedidas a grandes empresas. O arco político "chapa branca" comemorou sem parcimônia: "O governo da presidenta Dilma Rousseff conquistou uma grande vitória política com a decisão tomada em sessão conjunta do Congresso Nacional, na madrugada desta quinta-feira (4), de aprovar a nova meta fiscal para o ano de 2014. Foi uma batalha legislativa que, do ponto de vista da oposição neoliberal e conservadora liderada pelo candidato derrotado Aécio Neves, fez parte de uma estratégia golpista" (Editorial do sítio Vermelho/ PCdoB). Porém não se iludam os mais incautos, se o governo Dilma "afrouxou o cinto" fiscal em 2014 foi para ganhar as eleições, liberando verbas estatais para o cartel das empreiteiras e isentando de impostos federais grandes grupos econômicos. Para não deixar dúvida do que pretende para a próxima "gerência" Dilma convocou para seu gabinete a tropa de choque do neoliberalismo, prometendo aos rentistas um "choque" monetário muito mais duro do que já ocorreu em seu primeiro mandato. Para compensar os banqueiros "ressentidos" com a flexibilização fiscal aprovada no Congresso, o BC aumentou duas vezes a taxa SELIC em menos de 40 dias, chegando ao seu maior patamar dos últimos três anos. A esquerda reformista e afins que "temia" politicamente o golpe parlamentar da Tucanalha, deve uma explicação elementar ao movimento de massas, de onde virá mesmo o "golpe" para atacar as conquistas sociais dos trabalhadores? Se depender destes parlamentares da oligarquia corrupta e reacionária, maioria absoluta, o Congresso Nacional estará inteiramente perfilado e disciplinado sob as ordens do "ajuste" neoliberal comandado pela presidenta Dilma.

O placar da votação do Congresso Nacional (240 votos a favor e 60 contra entre os deputados e 39 a 1 entre os senadores) é uma demonstração que por ampla maioria os parlamentares presentes votaram com o governo, com PSDB e DEM sendo esmagados, apesar do amplo espaço que ocuparam na tribuna e na mídia. Mesmo nos partidos da base aliada, como PMDB, PP e PSD onde houve dissidência, estas foram minoritárias. No caso específico do PMDB da Câmara dos Deputados, cuja bancada de 71 parlamentares é, em parte, controlada por Eduardo Cunha (RJ) que almeja ser Presidente da Câmara na próxima legislatura contra a vontade do Planalto, a maioria (36 deputados) votou a favor do governo Dilma e somente 04 contra, o restante sequer compareceu. O próprio Eduardo Cunha votou com o Planalto em um clara tentativa de se aproximar da “gerentona” Dilma! Como se revela, unindo a oposição conservadora e os “dissidentes” de ocasião da base aliada não se fez frente ao peso da bancada governista. Esse placar demonstra que os alaridos em torno do “golpe iminente” não passam de uma chantagem da esquerda reformista e seus satélites como o PCO para justificar o apoio a iniciativa parlamentar do governo.

Alguns blogueiros “chapa branca” mais críticos, como Breno Altman, reclamaram que a Frente Popular não levou para as galerias do Congresso Nacional manifestantes em favor da alteração da meta fiscal, alertando no artigo “Paralisia do governo facilita o golpismo” (04.12) que “A tomada das galerias do parlamento por um punhado de delinquentes remunerados, durante a votação da LDO, foi simbólica desta política de guarda-baixa. Por que o PT e o PC do B não convocaram sua militância para ocupar as arquibancadas do parlamento, em defesa da proposta do governo?”. Altman e outros semeadores de ilusões fingem não perceber que não precisaria o PT tomar esta iniciativa porque o grosso da burguesia que foi contemplada com as desonerações tributárias concedidas a grandes empresas pelo Planalto orientou seus partidos a votar com o governo Dilma. O “golpismo” enxergado por estes senhores é uma verdadeira miragem já que a Frente Popular prepara em seu quarto mandato um duro ataque contra os trabalhadores como exige o imperialismo, processo que já se iniciou com a escolha do ministério dos sonhos dos rentistas, o aumento das tarifas de luz e combustível e a nova subida da SELIC. Com tamanha aplicação monetarista por parte do PT, o PSDB não tem espaço para patrocinar de forma vitoriosa conspirações "putchianas" em um futuro imediato!

Hilário foi ver o PSOL e o PCO ao lado do governo Dilma na batalha em favor da redução da meta fiscal, o primeiro votando na proposta do Planalto com todos os seus parlamentares disciplinadamente, o segundo comemorando o resultado em seu site “Governo vence disputa pela mudança na lei do superávit primário”. O que estes partidos cinicamente não disseram é que Dilma somente fez este arremedo fiscal depois de ganhar as eleições, na medida que tinha liberado verbas estatais bilionárias para o cartel das empreiteiras e isentado de impostos federais grandes grupos econômicos. Como não podia deixar aberta a possibilidade de ser enquadrada por cometer “crime de responsabilidade fiscal”, a “gerentona” colocou em marcha sua tropa de picaretas para aprovar a mudança na lei de superávit primário no Congresso Nacional, demonstrando mais uma vez que não há qualquer espaço neste momento para um “golpe parlamentar” como sonham alas da oposição Demo-Tucana e fingem acreditar setores da esquerda!