segunda-feira, 22 de dezembro de 2014


Balanço e perspectiva para a luta de classes em 2015

Nem horizonte imediato de um golpe de estado e tampouco uma revolução proletária “dobrando a esquina”, em síntese poderíamos assim definir o “balanço e perspectiva para a luta de classes em 2015”, no plano nacional. A tarefa central para o próximo período continua sendo a organização molecular e independente do proletariado. Na arena internacional, o imperialismo apresenta os primeiros sinais, após mais de vinte anos de ofensiva ininterrupta, de um recuo “tático” em relação a adversários que não conseguiu “dobrar”, estamos falando é claro de Rússia e Cuba. Mesmo a “defenestrada” Coreia do Norte não se mostra disposta a ser humilhada pelos chacais ianques. Quando “olhamos” para o ano de 2014, fazemos um balanço de que o mundo encontra-se em um impasse, reafirmando a velha máxima: Socialismo ou Barbárie! A ofensiva imperialista pautada pela Casa Branca no chamado “Mundo Árabe” perdeu força, com os regimes nacionalistas burgueses na Síria e no Irã sendo ainda um obstáculo a ser superado na sanha colonizadora das potências ocidentais. No Iraque e Afeganistão o cenário não é dos melhores para as tropas ianques e de seus aliados, com grupos islâmicos como o Talebã e o EI resistindo a seu modo “bárbaro” (como criaturas alimentadas originalmente pela própria CIA) a recolonização de ambos os países. Na Europa, a crise econômica se arrasta com duros ataques aos trabalhadores e suas conquistas, que protagonizam greves e lutas importantes mas desgraçadamente não tem uma direção revolucionária a altura das tarefas colocadas. Conflitos “regionais” explodem como o da Ucrânia, tencionando a relação da UE com a Rússia, que é sem dúvida a grande pedra no caminho nas nações imperialistas, pelo poderio militar herdado da antiga URSS. A China, por sua vez, vai acumulando força para enfrentamentos futuros, “esperando” o desenrolar dos acontecimentos. Na América Latina, esse “impasse” é ainda mais visível com o esgotamento dos governos da centro-esquerda burguesa e a tendência a um giro à direita no continente, o que passa necessariamente nos planos do Departamento de Estado dos EUA pelo fim das FARC na Colômbia e a própria restauração capitalista de Cuba. Todas essas zonas de conflitos que tem como mola mestra a luta entre as classes sociais no cenário mundial apontam que 2015 será um ano extremamente difícil para os trabalhadores, na medida em que a crise econômica se aprofundará tendo como centro as semicolônias (principalmente a Venezuela) devido, entre outros vetores, à queda do preço do barril do petróleo. No coração do monstro imperialista as manifestações contra o estado policial e racista servem para “alertar” a classe dominante que a resistência dos trabalhadores e oprimidos continua viva com as desilusões do “sonho americano”. É justamente esse choque aberto entre as aspirações dos explorados com o senil modo de produção capitalista que coloca em marcha a perspectiva de lutas diretas para o próximo período, estas porém carecem de um programa comunista e de uma direção proletária, sendo o desafio histórico e imediato dos marxistas-leninistas darem um duro combate ideológico para forjar entre a classe operária e os setores mais avançados da vanguarda a construção de um genuíno Partido Operário Revolucionário. Não por acaso, justamente em meados de 2015 a LBI completará seus 20 anos de existência, comemorados através do compromisso que manteve firme neste período e mesmo com suas modestas forças o “juramento” militante com esta tarefa histórica e imprescindível para o hoje e o amanhã!

No Brasil, a conjuntura se projeta tendo como base a crise política na quarta “gerência” consecutiva da Frente Popular. O final do primeiro mandato de Dilma, com as denúncias do “Petrolão” e o anúncio de aumentos das tarifas públicas são apenas as primeiras expressões de um quadro de dificuldades que se prolongará durante todo o ano de 2015 e os próximos. O centro da crise é o próprio esgotamento do “modelo” econômico petista baseado na expansão do consumo via a liberação de crédito estatal enquanto mantém o arrocho salarial das principais categorias. O achatamento da renda se manterá porém os subsídios estatais a economia se reduzirão ao máximo, havendo a perspectiva de diminuição das compras e desemprego. Por seu turno, os ataques as conquistas, medidas já anunciadas pelo futuro Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, se recrudescerão, com a limitação do seguro-desemprego e da seguridade social. Esta é a receita que a Frente Popular irá empregar para impor o ajuste fiscal exigido pelo imperialismo e a garantia junto a classe dominante que o PT seguirá fielmente a receita neoliberal. A quarta “gerência” tende a ser uma transição para um governo de corte conservador em 2018, preferencialmente a ser comandado por Alckmin. A perspectiva de um golpe de estado imediata, tão alarmada por setores da “esquerda” não se concretizará. Entretanto, com a realização das Olimpíadas em 2016, o país deve ser palco de movimentações de rua que podem abrir espaço para ação da direita golpista se a classe operária não entrar em cena com as suas reivindicações imediatas e históricas, galvanizando o sentimento popular de contestação do regime político corrupto e decadente.

O quadro nacional se insere na própria dinâmica da luta de classes na América Latina, onde há uma clara tendência de um giro à direita no continente. Neste marco, o principal termômetro deste processo serão as eleições presidenciais na Argentina em 2015. Neste país, o Kirchenerismo deve ser derrotado pela direita, enquanto a esquerda pseudo-trotskista (PO, PTS, IS e congêneres) aprofunda sua adaptação a democracia burguesa pela via da busca desesperada por postos parlamentares e na qualidade de linha auxiliar da oposição conservadora. Em paralelo, o processo de cooptação das FARC através dos “diálogos de paz” com o facínora Santos levará ao desarmamento da guerrilha e residualmente a aniquilação física dos setores que resistirem a estratégia de colaboração de classe de sua direção. Cara metade dessa dinâmica que foi patrocinada em Havana, será o avanço da restauração capitalista em Cuba, com Obama usando os dois anos que lhe resta de mandato para estreitar os vínculos econômicos com a Ilha e setores da burocracia castrista a fim de sedimentar os valores capitalistas na cultura e na economia, focando esse “esforço” junto as gerações que não viveram a experiência da revolução de 1959, justamente as alas da burocracia que assumirão a gerência do Estado Operário após a saída de cena de Fidel e Raul Castro. Este mosaico acabará por também conturbar a realidade da Venezuela no sentido da retomada da ofensiva golpista no país, alvo de grave crise econômico pela redução do preço do petróleo, podendo haver um “referendo revogatório” contra Maduro neste ano. Como podemos observar é um cenário completamente desfavorável para a luta dos trabalhadores do continente!

Os Marxistas-Revolucionários devem ficar bastantes atentos a realidade no “Mundo Árabe” e na chamada Eurásia. Nestas duas regiões, há tendências abertas de novo choques militares entre o imperialismo e nações semicoloniais com forte poderio militar como Irã e Rússia. É deste terreno que se esperam em 2015 as maiores dificuldades para os planos da Casa Branca. Já que a Síria de Assad continua de pé pela resistência heroica de seu povo, a tendência é que o imperialismo aguarde a escolha de um novo mandatário presidencial para seguir em sua sanha recolonizadora que encontra-se empantanada, podendo ser a víbora Clinton a solução do Partido Democrata para deter o Tea Party. Neste período, o Pentágono continuará fustigando a Rússia e mesmo a China. Cabe ao proletariado internacional estabelecer frentes únicas com os governos adversários do imperialismo para criar as condições do fortalecimento de uma verdadeira direção revolucionária nestes países. Ao mesmo tempo, as lutas diretas na Palestina e na África do Sul apontam deslocamentos claramente progressistas no seio dos explorados, podendo neste marco surgirem direções classistas que superem os atuais partidos reformistas ou islâmicos que tem dominado o cenário político destes países.

Essa rica realidade reafirma a necessidade de manter-se firme na tarefa da reconstrução da IV Internacional. Em meados de 2015, a LBI completa seus 20 anos de existência e nosso balanço até agora é que apesar de todas as dificuldades, próprias de um conjuntura contrarrevolucionaria aberta desde o fim da URSS, soubemos honrar a bandeira que o velho bolchevique nos legou e pagou com sua própria vida! O impasse entre Socialismo ou Barbárie somente pode ser superado em favor dos interesses da revolução se conseguirmos forjar e manter, mesmo molecularmente, o núcleo do genuíno Partido Operário Revolucionário no Brasil como parte do movimento pela reconstrução de uma Internacional Comunista e Proletária. A serviço desta perspectiva histórica “olhamos” o futuro, mesmo sabendo dos enormes desafios que é manter de pé uma pequena organização leninista nos dias atuais, em pleno Século XXI! Sigamos em frente em nosso caminho, como diria o Trotsky, o amanhã nos pertence!