terça-feira, 23 de dezembro de 2014


“El Cid” no Ministério da Educação: Oligarquia dos Ferreira Gomes com um pé dentro do PT

A confirmação do nome do governador do Ceará, Cid Ferreira Gomes, para ocupar a pasta da Educação na quarta gestão estatal consecutiva da Frente Popular confirma o que o Blog da LBI já tinha prognosticado quando a oligarquia Gomes indicou o "petista" Camilo Santana para manter o controle do Palácio da Abolição pela terceira vez ininterrupta. A participação da oligarquia Gomes em governos do PT não é propriamente uma novidade, o próprio Ciro Gomes, "coronel" mor do clã, ocupou o Ministério da Integração Nacional quando então pertencia ao PPS na época da presidência de Lula. Também ocuparam a Secretaria Nacional dos Portos, no período em que se abrigaram no PSB, porém agora a presença de Cid em um posto estratégico no gabinete de Dilma (a pasta da Educação tem um orçamento somente inferior a Saúde e Previdência) marca uma nova tendência política na relação entre os Ferreira e o PT, ou seja, a oligarquia Gomes (provisoriamente estacionada no PROS) está de malas prontas para ingressar no partido. O movimento foi muito bem "pensado" por Ciro Gomes quando estimulou que um dos seus jovens "quadros" permanecesse no PT, Camilo Santana, mesmo sendo seu pai (Eudoro Santana) um fiel e histórico escudeiro da oligarquia dos Ferreira Gomes. No momento em que Ciro orientou seu grupo regional a sabotar a então candidatura presidencial de seu companheiro de partido, Eduardo Campos, os Ferreira já preparavam uma manobra "estratégica" em direção a não somente apoiar a reeleição de Dilma mas fundamentalmente fertilizar o terreno para ingressar no PT. Na ruptura com o PSB em 2013 ainda não estavam postas as condições políticas para os irmãos Ferreira "assinarem" a ficha de filiação do PT, alugaram temporalmente uma legenda oca, o PROS. Mas nem mesmo no minúsculo e inexpressivo PROS os Ferreira conseguiram impor uma hegemonia nacional, muito pelo contrário, foram chantageados pela executiva mafiosa do partido que exigia maior controle na gestão do ministério da integração nacional. A única possibilidade de Ciro manter viva sua obsessão política em disputar (e ganhar) a Presidência da República seria ingressar em um partido com raízes históricas no movimento social deste país. As alternativas se encurtaram entre o PDT e o PT, já que a permanência na legenda de aluguel do PROS está com os dias contados, Ciro então "ousou" para constrangimento de muitos correligionários do "coronelato", iria apostar as fichas mais valiosas na sigla do PT para a uma disputa muito difícil com o PMDB pelo governo estadual do Ceará. A "mesa eleitoral" bancou o cacife dos Ferreira, elegendo o pseudo-petista Camilo Santana para o governo, o próximo lance seria emplacar "El Cid" em uma posição de destaque no governo Dilma. Para o projeto nacional de Ciro Gomes, a presença de seu irmão em uma pasta desvinculada de questões regionais ou específicas (como Portos e Integração) é fundamental para "quebrar" a imagem de "oligarca nordestino". A entrada dos Ferreira no PT servirá para "limpar a ficha" e apresentar a oligarquia burguesa como "socialista" e de "esquerda". O PT no estado do Ceará, assim como todos os outros partidos em que passou o grupo está em festa, refestelando-se dos cargos que ocupará no governo do neopetista Camilo Santana. Até mesmo os "pilantroskos" da corrente petista "O Trabalho" estão colaborando na elaboração do programa de governo de Camilo. A questão a saber é em relação à militância nacional do PT, se aceitará o nome do "coronel" Ciro Gomes como companheiro de chapa de Lula em 2018. Como muita água ainda vai "rolar debaixo da ponte" até as próximas eleições presidenciais os Ferreira devem mesmo se preocupar neste momento é com a inclusão do nome de Cid Gomes na chamada operação "Lava Jato", quando intermediou contratos de "consultoria" para a implantação da refinaria "Premuim" da Petrobras no estado do Ceará. Para as correntes de esquerda que ainda defendem ser o PT um "campo aberto" para a disputa política entre os revolucionários ficará a constatação que irão estabelecer seus embates ideológicos e programáticos com uma das oligarquias mais reacionárias deste país, agora na condição de "companheiros" de partido!

Pelo menos Cid não se sentirá "um estranho no ninho" no governo Dilma, sendo ladeado por figuras como a latifundiária do agro-negócio Katia Abreu e o filhote da nova "UDN" Gilberto Kassab, além do ex-presidente da CNI, isto tudo sem falar nos nomes "sagrados" da nova equipe econômica indicados pelo "Deus Mercado". Esta arquitetura estatal reacionária é o que a direção do PT está chamando de "governo da ampla coalizão". E ainda existem alguns idiotas políticos no campo da esquerda afirmando que a "direita quer dar um golpe de estado contra Dilma".

Mas o que não está sendo divulgado na "blogosfera chapa branca" é o fato do governador Cid Gomes estar enfrentando há meses uma combativa greve justamente nas universidades estaduais do Ceará. O novo Ministro da Educação tem levado a cabo um duro plano de sucateamento do ensino público em seu estado, o que tem provado inúmeras greves tanto nas universidades como nas escolas de ensino fundamental, ao todo foram mais de uma dezena de paralisações somente em seu último mandato como governador. Frases como: "Quem quer dar aula faz isso por gosto, e não pelo salário" foram proferidas por Cid em plena greve dos professores estaduais que percebem um salário bem abaixo do piso nacional da categoria.

O próximo lance político no entanto do clã Ferreira está nas mãos de Ciro, já possuindo em seu "bolso de colete" um governador "petista" e um irmão ministro de proa no próximo governo Dilma, caberá a ele definir o cronograma de transferência política de seu grupo para o PT. Nas últimas eleições o maior foco petista de resistência a aliança com os Ferreira Gomes foi fragorosamente derrotado, trata-se da ex-prefeita de Fortaleza e dirigente da DS Luizianne Lins. Ciro conseguiu inclusive a adesão de vários dirigentes da própria DS para seu projeto de poder. Com a delicada situação em que se encontra nacionalmente o PDT, não restará outro caminho para a oligarquia Gomes a não ser "vestir a camisa" do PT, ainda que tenham tido o descaramento de trocar a cor vermelha pela amarela da bandeira do partido, sem que os históricos dirigentes petistas fossem capazes de qualquer reação. É o sintoma político mais evidente que já não existe qualquer traço classista nas fileiras do PT, configurado programaticamente como mais um partido capitalista no espectro da política burguesa do Brasil.