“El Cid” no Ministério da Educação: Oligarquia dos Ferreira
Gomes com um pé dentro do PT
A confirmação do nome do governador do Ceará, Cid Ferreira
Gomes, para ocupar a pasta da Educação na quarta gestão estatal consecutiva da
Frente Popular confirma o que o Blog da LBI já tinha prognosticado quando a
oligarquia Gomes indicou o "petista" Camilo Santana para manter o
controle do Palácio da Abolição pela terceira vez ininterrupta. A participação
da oligarquia Gomes em governos do PT não é propriamente uma novidade, o
próprio Ciro Gomes, "coronel" mor do clã, ocupou o Ministério da Integração Nacional quando então pertencia ao PPS na época da presidência de Lula. Também
ocuparam a Secretaria Nacional dos Portos, no período em que se abrigaram no
PSB, porém agora a presença de Cid em um posto estratégico no gabinete de Dilma
(a pasta da Educação tem um orçamento somente inferior a Saúde e Previdência)
marca uma nova tendência política na relação entre os Ferreira e o PT, ou seja,
a oligarquia Gomes (provisoriamente estacionada no PROS) está de malas prontas
para ingressar no partido. O movimento foi muito bem "pensado" por
Ciro Gomes quando estimulou que um dos seus jovens "quadros"
permanecesse no PT, Camilo Santana, mesmo sendo seu pai (Eudoro Santana) um
fiel e histórico escudeiro da oligarquia dos Ferreira Gomes. No momento em que
Ciro orientou seu grupo regional a sabotar a então candidatura presidencial de
seu companheiro de partido, Eduardo Campos, os Ferreira já preparavam uma
manobra "estratégica" em direção a não somente apoiar a reeleição de
Dilma mas fundamentalmente fertilizar o terreno para ingressar no PT. Na
ruptura com o PSB em 2013 ainda não estavam postas as condições políticas para
os irmãos Ferreira "assinarem" a ficha de filiação do PT, alugaram
temporalmente uma legenda oca, o PROS. Mas nem mesmo no minúsculo e inexpressivo
PROS os Ferreira conseguiram impor uma hegemonia nacional, muito pelo
contrário, foram chantageados pela executiva mafiosa do partido que exigia
maior controle na gestão do ministério da integração nacional. A única
possibilidade de Ciro manter viva sua obsessão política em disputar (e ganhar)
a Presidência da República seria ingressar em um partido com raízes históricas
no movimento social deste país. As alternativas se encurtaram entre o PDT e o
PT, já que a permanência na legenda de aluguel do PROS está com os dias
contados, Ciro então "ousou" para constrangimento de muitos
correligionários do "coronelato", iria apostar as fichas mais
valiosas na sigla do PT para a uma disputa muito difícil com o PMDB pelo
governo estadual do Ceará. A "mesa eleitoral" bancou o cacife dos
Ferreira, elegendo o pseudo-petista Camilo Santana para o governo, o próximo
lance seria emplacar "El Cid" em uma posição de destaque no governo
Dilma. Para o projeto nacional de Ciro Gomes, a presença de seu irmão em uma
pasta desvinculada de questões regionais ou específicas (como Portos e
Integração) é fundamental para "quebrar" a imagem de "oligarca
nordestino". A entrada dos Ferreira no PT servirá para "limpar a
ficha" e apresentar a oligarquia burguesa como "socialista" e de
"esquerda". O PT no estado do Ceará, assim como todos os outros
partidos em que passou o grupo está em festa, refestelando-se dos cargos que
ocupará no governo do neopetista Camilo Santana. Até mesmo os
"pilantroskos" da corrente petista "O Trabalho" estão
colaborando na elaboração do programa de governo de Camilo. A questão a saber é
em relação à militância nacional do PT, se aceitará o nome do
"coronel" Ciro Gomes como companheiro de chapa de Lula em 2018. Como
muita água ainda vai "rolar debaixo da ponte" até as próximas
eleições presidenciais os Ferreira devem mesmo se preocupar neste momento é com
a inclusão do nome de Cid Gomes na chamada operação "Lava Jato",
quando intermediou contratos de "consultoria" para a implantação da
refinaria "Premuim" da Petrobras no estado do Ceará. Para as correntes de esquerda que ainda defendem ser o PT um "campo aberto" para a disputa política entre os revolucionários ficará a constatação que irão estabelecer seus embates ideológicos e programáticos com uma das oligarquias mais reacionárias deste país, agora na condição de "companheiros" de partido!
Pelo menos Cid não se sentirá "um estranho no
ninho" no governo Dilma, sendo ladeado por figuras como a latifundiária do
agro-negócio Katia Abreu e o filhote da nova "UDN" Gilberto Kassab,
além do ex-presidente da CNI, isto tudo sem falar nos nomes "sagrados"
da nova equipe econômica indicados pelo "Deus Mercado". Esta
arquitetura estatal reacionária é o que a direção do PT está chamando de "governo
da ampla coalizão". E ainda existem alguns idiotas políticos no campo da
esquerda afirmando que a "direita quer dar um golpe de estado contra
Dilma".
Mas o que não está sendo divulgado na "blogosfera chapa
branca" é o fato do governador Cid Gomes estar enfrentando há meses uma
combativa greve justamente nas universidades estaduais do Ceará. O novo Ministro
da Educação tem levado a cabo um duro plano de sucateamento do ensino público
em seu estado, o que tem provado inúmeras greves tanto nas universidades como
nas escolas de ensino fundamental, ao todo foram mais de uma dezena de paralisações
somente em seu último mandato como governador. Frases como: "Quem quer dar
aula faz isso por gosto, e não pelo salário" foram proferidas por Cid em
plena greve dos professores estaduais que percebem um salário bem abaixo do
piso nacional da categoria.
O próximo lance político no entanto do clã Ferreira está nas
mãos de Ciro, já possuindo em seu "bolso de colete" um governador
"petista" e um irmão ministro de proa no próximo governo Dilma,
caberá a ele definir o cronograma de transferência política de seu grupo para o
PT. Nas últimas eleições o maior foco petista de resistência a aliança com os
Ferreira Gomes foi fragorosamente derrotado, trata-se da ex-prefeita de
Fortaleza e dirigente da DS Luizianne Lins. Ciro conseguiu inclusive a adesão
de vários dirigentes da própria DS para seu projeto de poder. Com a delicada
situação em que se encontra nacionalmente o PDT, não restará outro caminho para
a oligarquia Gomes a não ser "vestir a camisa" do PT, ainda que
tenham tido o descaramento de trocar a cor vermelha pela amarela da bandeira do
partido, sem que os históricos dirigentes petistas fossem capazes de qualquer
reação. É o sintoma político mais evidente que já não existe qualquer traço
classista nas fileiras do PT, configurado programaticamente como mais um
partido capitalista no espectro da política burguesa do Brasil.