quarta-feira, 31 de dezembro de 2014


CARTA PERSPECTIVA AOS TROTSQUISTAS NA VIRADA DO ANO

Apesar dos enormes retrocessos na consciência e organização do proletariado a tarefa vital que se impõe é o combate a ofensiva neoliberal com a construção do Partido Marxista Revolucionário

O ano de 2014 no Brasil foi marcado por um fato que transcende de forma bem mais profunda um mero cenário eleitoral, a quarta eleição consecutiva da Frente Popular deveria ser um claro sinal político de avanço na organização e consciência do proletariado, porém a realidade concreta do movimento de massas aponta no sentido oposto! A conjuntura nacional aberta já no início de 2015 indica que a ofensiva capitalista neoliberal terá como principal ponto de apoio justamente o governo central petista. Ao mesmo tempo em que as forças mais tradicionais da direita, como o DEM e o Tucanato, cumprem a função de dar a "cobertura" parlamentar do "ajuste" (eufemismo para a subtração burguesa das conquistas operárias) em pleno curso. Neste "caldo de cultura" reacionário surge também a chamada nova direita, representada pelo PSB/ REDE, que terá um papel de destaque na escalada monetarista contra a população oprimida. A "chave" para decifrar esta etapa histórica consiste necessariamente na "ácida" compreensão de que o acúmulo de derrotas mundiais do proletariado gerou um tremendo retrocesso em sua consciência de classe, impondo novos "sujeitos" em suas lideranças políticas e que nada tem a ver com o genuíno legado do Marxismo Revolucionário. Não se trata de "apologizar" o pessimismo entre a classe operária, mas de sempre falar a verdade "por mais amarga que seja" como nos ensinou o chefe bolchevique Leon Trotsky! Se hoje os consecutivos triunfos do PT na arena estatal indicam um giro à direita na conjuntura brasileira, mais além da verborragia demagógica de esquerda, é porque a ausência de uma ferramenta revolucionária para as massas impõe um verdadeiro vácuo na organização classista do proletariado. A perspectiva estratégica se mantém integralmente, porém é necessário afirmar que exigirá um redobrado esforço dos Leninistas que se mantiveram firmes na férrea convicção da necessidade da construção de um autêntico partido operário! É evidente que existe uma forte disposição latente para resistir a ofensiva imperialista em curso, os "signos" desta contraofensiva podem ser encontrados nas corajosas ações das camadas mais exploradas do proletariado, como o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Contudo os Marxistas não cultuam no "mito" reacionário da espontaneidade das massas, os Revolucionários para honrarem suas melhores heranças programáticas sabem muito bem que devem se organizar em um partido hierarquizado e centralizado democraticamente para conduzir a rebelião operária até a vitória socialista. Não podemos confiar em charlatães políticos que individualmente "criam seu próprio partido", para fugir da disciplina revolucionária dos quadros comunistas. Como afirmou Lenin: "Fora do partido não há existência revolucionária". A construção de um partido de vanguarda não é um "capricho" de "dirigentes autoritários", como costumam adjetivar os centristas que abandonaram o "peso de carregar" princípios, é a expressão da necessidade histórica de dotar o movimento operário na rota da conquista de seu próprio poder estatal, a Ditadura do Proletariado. Se a correlação de forças entre as classes sociais se encontra adversa ao proletariado, mais ainda se postulam os alicerces programáticos do comunismo. Os arrivistas costumam "mudar de lado" e de posições ideológicas quando a conjuntura se "estreita", este foi o caso da esquerda petista e de seus parceiros "externos" que convocaram uma suposta "cruzada contra a direita" para apoiar a candidatura de Dilma. Agora terão o cinismo de explicar as viúvas dos trabalhadores que tiveram suas pensões cortadas na metade pela gerência neoliberal petista que o "perigo central" repousava nos ombros de uma direita fracassada e não na responsabilidade política do governo Dilma. Como se pode aferir "sobraram " poucos na esquerda para travar o bom combate contra a ofensiva global do mercado financeiro, mas os que não tombaram ou se prostituíram pelas falácias palacianas estão de pé e dispostos a seguir em frente na longa marcha da construção do Partido Revolucionário Leninista.

O período mundial iniciado com queda do Muro de Berlim indicava uma "longa e escura noite" para os combatentes mais abnegados dos ideais comunistas. A partir deste momento germinou com toda intensidade uma (má)sorte de "novas" teorias propondo exatamente a "flexibilização" da estrutura Leninista de partido e não por coincidência no mesmo "pacote" político a defesa feroz da eliminação histórica do planejamento central da economia. Era o "ovo da serpente" do neoliberalismo que viria se consolidar logo após a destruição do próprio Estado Soviético e a implantação da "liberdade do mercado" no interior da antiga URSS. A esquerda revisionista mundial logo "processou" programaticamente as mudanças ocorridas no Leste Europeu, passando a se "qualificar" ela mesma como gestora da ofensiva imperialista contra as conquistas históricas operárias. O proletariado confuso após a derrota de seu "estado maior", vendida como "vitória" pelos reformistas de todos os quilates, passou a depositar sua confiança política nas "novas" lideranças da esquerda social democrata, da qual o PT emerge como o principal fenômeno internacional desta etapa.

Fazemos esta breve regressão no tempo para que nossos leitores possam capturar melhor o peso e a influência mundial do PT no cenário da efêmera "vitória neoliberal" contra o comunismo. Afinal quatro mandatos estatais petistas (com a iminência de um quinto para Lula), com a aplicação do receituário de Wall Street, sem que este partido se desmoralizasse por completo no seio das massas deve ter uma razão bem profunda e não meramente conjuntural. E o que parece ainda mais "inacreditável" politicamente o PT nas últimas eleições conseguiu inclusive granjear suporte de setores que se auto reivindicam "Leninistas e Trotsquistas". Caracterizamos enfaticamente que toda superestrutura ontológica gira a direita, "arrastando" desde as pequenas seitas revisionistas até as grandes vertentes da social democracia como o PT, posto a convergência pragmaticamente exercida no "voto crítico" em Dilma para derrotar o já derrotado Aécio. Por mais de uma vez alertamos que o fracasso prévio do Tucanato estava determinado pelo firme apoio dado pelos principais segmentos da burguesia nacional ao PT.

Acreditar que a ofensiva neoliberal em andamento foi uma "traição" do PT é no mínimo uma piada de mau gosto. O "desenho" do atual ajuste já estava posto muito antes mesmo da reeleição da "gerentona". Vender a ilusão de uma derrota da direita pelas mãos do PT serve apenas para desarmar a resistência das massas diante de um quadro nacional bastante "sombrio". A confluência entre a Frente Popular e os objetivos imediatos da Casa Branca para a América Latina, outorga um papel absolutamente coadjuvante ao PSDB e seus aliados. É muito provável que a articulação partidária em torno de Marina Silva e o PSB assuma a função do "segundo violino" na orquestra imperial de Obama.

Nós da LBI ousamos no limite de nossas forças militantes uma vigorosa campanha de denúncia e enfrentamento contra os dois principais pilares da ofensiva imperialista no Brasil, Marina e Dilma. No primeiro caso chegamos a lançar um livro analisando o "Engodo da Operação Marina" (fomos a única corrente política que apontou o assassinato de Eduardo Campos pela CIA), que rapidamente teve três edições esgotadas. Na segunda vertente realizamos uma pequena mas valente campanha pelo Voto Nulo no segundo turno, explicando pacientemente a vanguarda proletária que o candidato do PSDB seria derrotado por um quase "consenso" das classes dominantes em dar prosseguimento as gestões neoliberais do PT. Hoje a história nos dá razão, e apesar de "isolados" no meio da escória oportunista da esquerda revisionista o Blog diário da LBI é a principal referência política para a vanguarda classista do país.

As perspectivas mais próximas não são de uma "vitória final" sobre o capitalismo e sua escalada de terror contra o proletariado e seus direitos sociais, mas "cavalgar na aridez" é a nossa vocação revolucionária. Os inimigos (abertos ou disfarçados de independentes) do Partido Leninista festejaram em 2014 "conquistas" inexistentes em um terreno de absoluto recuo político da classe operária, entre estas falsas conquistas a maior é claro seria a recondução de Dilma ao Planalto. Os Comunistas ao contrário erguem um brinde neste final de ano a firmeza programática e ideologicamente de conservar viva a estrutura de um partido Leninista que soube "remar contra a corrente" do neoliberalismo, aliado aos mais corajosos ativistas sociais que não temem sequer a morte ou a perseguição estatal. O único "temor" que deve permear a mente dos genuínos revolucionários é a vergonha da capitulação política, "ato" muito frequente e comum entre a "família" dos revisionistas.