sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Lançamento do folheto da LBI “A Primavera Árabe contra a Intifada Palestina” desperta grande interesse no Fórum Social - Palestina Livre

Ocorreu na manhã desta sexta-feira, 30 de novembro, o lançamento do folheto “A Primavera Árabe contra a Intifada Palestina”. Centenas de ativistas presentes no Fórum Social Mundial Palestina Livre adquiriram a mais nova publicação da LBI dedicada a analisar os efeitos da “Primavera Árabe” sobre a heroica luta do povo palestino. O Editor-Geral das Publicações LBI, André Fava, expôs a polêmica que se trava no interior da esquerda e dos próprios grupos palestinos sobre a ofensiva imperialista que se utilizou das revoltas populares no Egito e na Tunísia para operar uma transição conservadora controlada pela Casa Branca, uma grande operação que abrange desde o Magreb até a Síria. Logo após conseguir tirar de cena seus títeres desgastados nestes países, o imperialismo tratou de ter como alvo os governos que de alguma maneira não estavam sob suas ordens diretas. Primeiro agrediu militarmente a Líbia via OTAN, agora busca desestabilizar o regime sírio e se prepara para atacar o Irã. Não por acaso, esses regimes são aliados na luta do povo palestino contra o enclave nazi-sionista.


Como revela o folheto lançado pela LBI, a recente trégua entre o Hamas e Israel, negociada pelo governo do Egito parido na (mal)chamada “Primavera Árabe” após os bombardeios sobre a Faixa de Gaza, se enquadra justamente nos planos do imperialismo de domesticar as direções palestinas e, mais particularmente, o Hamas. Usando o novo governo da Irmandade Muçulmana encabeçado por Morsi para cooptar uma parcela da resistência palestina, a Casa Branca conseguiu dividir o Hamas e colocar uma facção do grupo muito próxima da Fatah de Abbas, este completamente servil aos interesses do imperialismo e de Israel como vimos agora na ONU.

Muitos ativistas presentes assinalaram que concordavam com nossa análise, inclusive salientando que enquanto os militantes palestinos praticamente não tinham armas para lutar contra Israel, os supostos “rebeldes”, primeiro na Líbia e depois na Síria, estavam armados até os dentes pelas potências capitalistas em sua sanha contra Kadaffi e agora Assad. As discussões travadas durante o lançamento do folheto demonstram a importância de abrir este debate em pleno Fórum sobre a Palestina, na medida em que a “Primavera Árabe” longe de fortalecer a Intifada a debilita em sua espinha dorsal, como vimos agora durante a operação sionista “Pilar Defensivo”.

Com o lançamento do folheto “A Primavera Árabe contra a Intifada Palestina” assim como através da intervenção de nossos militantes nos debates, buscamos forjar uma orientação revolucionária para a luta do povo palestino, o que passa por levantar sem vacilo a bandeira da destruição do enclave sionista, hoje ávido para que os aliados da causa palestina se enfraqueçam justamente para Israel poder manter-se como uma intocável máquina de guerra a serviço do imperialismo ianque na região.

 

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Delegação do Comitê Central da LBI chega ao Fórum Social Mundial (Porto Alegre) para defender a luta por uma Palestina Soviética

Teve início neste dia 28 de novembro, em Porto Alegre (RS), o Fórum Social Mundial Palestina Livre. Uma delegação do Comitê Central da LBI se faz presente na atividade, que se encerrará no dia 1º de Dezembro, com a assembleia dos movimentos sociais responsável por deliberar uma série de iniciativas políticas em solidariedade ao povo palestino. Os camaradas Candido Alvarez, André Fava e Marco Queiroz irão defender durante os debates que ocorrerão no Fórum a luta por uma Palestina Soviética, em todo o seu território histórico, baseada em conselhos de operários e camponeses palestinos e judeus. Esta posição se contrapõe à política dos “dois estados” defendida pela ANP e sua representação no Brasil, orientação que na verdade é incapaz de garantir a própria existência de um verdadeiro Estado nacional palestino, como demonstrou a conduta da ANP na ONU ao recuar até mesmo desta reivindicação em busca de chegar a um acordo vergonhoso com Israel e o imperialismo ianque.

Ao centro, André Fava, editor geral das Publicações LBI

A delegação do CC da LBI foi recebida no Fórum pela representante da Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL), Michele Mustafá. Ela nos informou da programação oficial assim como das atividades alternativas, onde temas como a Intifada, o bloqueio de mercadorias produzidas em Israel e a organização da resistência serão debatidos. Apesar das divergências entre a LBI e a FEPAL, ficou acertado que faremos o lançamento do folheto “A Primavera Árabe contra a Intifada Palestina” durante o curso das atividades do Fórum. A publicação da LBI polemiza com as posições do revisionismo do trotskismo e de uma ala do Hamas, ligada ao governo do Egito e que vem se aproximando do Al Fatah dirigido por Abbas. Esta divergência central existe justamente porque a LBI entende a chamada “Primavera Árabe” como um processo que debilita a luta contra o enclave sionista e não o contrário. Não por acaso, as declarações de Netanyahu e Edmund Barak são simpáticas aos “rebeldes” na Síria, que também tem apoio do Qatar, aliado dos EUA.

Marco Queiróz, porta-voz da LBI, Michele Mustafá da FEPAL
e Candido Alvarez, editor chefe do JLO

De nossa parte compreendemos a defesa da causa palestina como integrante da luta contra o imperialismo e pela destruição do enclave sionista de Israel, o que neste momento significa cerrar fileiras em defesa da Síria, do Irã e do Hezbollah, aliados da resistência palestina. Apesar do Fórum Social Mundial Palestina Livre ser homogeneizado pelas posições reformistas, utilizaremos os debates justamente para defender a frente única com todas as forças políticas e regimes políticos que lutam para derrotar as investidas de Israel contra a Palestina. Ao mesmo tempo, denunciamos que a política do governo Dilma e do PT, longe de fortalecer esse combate está a serviço de domesticar a resistência a fim de que se chegue a um “acordo de paz” que não representa os interesses do povo palestino na medida em que preserva a existência do enclave sionista e não permite a edificação de um verdadeiro estado nacional palestino. Não por acaso, o governo brasileiro tem vários acordos comerciais e militares com Israel. Em 2008, Lula assinou o acordo de livre comércio entre Israel e o Mercosul. Este acordo transformou o Brasil em um dos principais parceiros da indústria militar israelense e porta de entrada dessa indústria na América Latina.

A presença da LBI no Fórum Social Mundial Palestina Livre está a serviço de agrupar um pólo internacionalista e anti-imperialista que não se subordine nem à orientação de sua direção reformista e combata os revisionistas do trotskismo, como o PSTU/LIT. Estes dizem defender a Intifada Palestina, mas na verdade apoiam a (mal) chamada “Primavera Árabe”, dando uma cobertura de “esquerda” à sanha neocolonialista na região, como vimos através da brutal intervenção militar da OTAN na Líbia. Desde já nos somamos à campanha pela liberdade imediata dos presos políticos palestinos das masmorras de Israel, como o companheiro Ahmad Sa'adat e declaramos que a genuína vitória do povo palestino somente é possível sobre os escombros do enclave terrorista de Israel!

quarta-feira, 28 de novembro de 2012


Abbas e uma ala do Hamas abrem mão da defesa do Estado palestino na ONU, suplicando que este covil imperialista aprove “status” de bantustão cercado pelo enclave sionista

Nesta quinta-feira, dia 29 de novembro, haverá a votação na Assembleia Geral da ONU para decidir se a Palestina assume o “status” de estado-observador nas Nações Unidas. Atualmente, a Autoridade Nacional Palestina (ANP) é considerada apenas uma “entidade” com direito a voz. Ao mesmo tempo, ocorrerá na mesma data a abertura do Fórum Social Mundial Palestina Livre em Porto Alegre (RS). Para ascender a esta “nova” posição, a iniciativa Palestina encabeçada por Mahmoud Abbas e avalizada pela ala Hamas ligada ao governo do Egito necessita ser apoiada pela maioria dos 193 países-membros. Países imperialistas como a França e a Espanha já anunciaram apoio à medida, enquanto os EUA, Alemanha e Israel se opõem. O Brasil e o conjunto dos BRICs apoiam a mudança de “status”. O que está por trás dessa “disputa” no covil de abutres da ONU não é a defesa da causa nacional palestina, da volta dos refugiados e da existência de um Estado palestino em seu território histórico, o que representaria contestar a própria existência do enclave terrorista de Israel. Na verdade, estamos vendo um embate por quem mantêm a influência política e econômica sobre a região, no marco que repartição das riquezas no Oriente Médio pelas metrópoles imperialistas. Neste contexto, a luta do povo palestino é parte da moeda de troca entre os bandos imperialistas, mas que entre si tem um acordo inquebrantável: impedir o nascimento de um Estado palestino pela via da destruição do enclave sionista. Não por acaso, acionaram o governo do Egito parido da (mal) chamada “Primavera Árabe” com o objetivo de negociar uma trégua entre o Hamas e Israel depois de mais de uma semana de bombardeios sobre a Faixa de Gaza, que deixou mais de 140 palestinos mortos, temendo justamente a mobilização revolucionária das massas árabes e muçulmanas que colocaria a região em luta, fortalecendo assim a posição do Irã e da Síria, alvo da investida neocolonialista!

Lembremos que em setembro de 2011, durante a reunião do Conselho de Segurança da ONU e em meio a 66ª Assembleia Geral das Nações Unidas, Mahmoud Abbas, presidente da ultracorrompida e desmoralizada Autoridade Nacional Palestina (Al Fatah), solicitou reconhecimento da ANP como Estado de “pleno direito” com assento nas Nações Unidas, sendo sua reivindicação negada. Agora, a proposta é ainda mais recuada, já que reivindica apenas ser estado-observador da ONU. O líder do Hamas no exílio, Khaled Meshaal, anunciou seu apoio à tentativa de Mahmud Abbas de obter o status de Estado observador para a Palestina na ONU. “Khaled Meshaal transmitiu em conversa telefônica com o presidente Abbas o apoio do Hamas ao processo na ONU para obter o status de Estado observador”, destaca um comunicado. Ele enfatizou “a necessidade dessa iniciativa de se enquadrar na visão e estratégia nacional para preservar os direitos da nação, com base nos bens do povo palestino, a começar pela resistência”. Ao contrário do escritório político exilado hoje localizado no Qatar depois da saída de Damasco, dirigentes do Hamas dentro da Faixa de Gaza criticaram a iniciativa de Abbas na ONU, denunciando a falta de consulta aos movimentos palestinos. O porta-voz do chefe do governo do Hamas em Gaza, Ismail Haniyeh, desmentiu em 22 de novembro ter aprovado o projeto de Abbas após conversa telefônica, como havia anunciado a agência oficial WAFA. Em compensação, em 17 de novembro, o número dois do Hamas, Moussa Abou Marzouk, exilado no Cairo, havia incitado Mahmoud Abbas a “não desistir de ir à ONU”, estimando que a ofensiva israelense em Gaza era “um aviso” israelense para desencorajar a iniciativa diplomática.

Longe de ter qualquer caráter progressista, a proposta de Abbas representava o prolongamento dos Acordos de Oslo, acrescido desta vez, com a participação de parte da direção política do Hamas para este projeto de formalização do “bantustão” palestino. Al Fatah e o setor do Hamas ligado ao governo do Cairo querem, na realidade, pressionar possíveis “aliados” internos em Israel, como o trabalhismo e a suposta “esquerda sionista” assim como a União Europeia para que tomem posição em defesa de um acordo com as direções palestinas em torno da tese dos “dois Estados”. Fazem este pedido uma vez que Netanyahu vem ampliando selvagem e violentamente à ponta de baioneta os assentamentos de colonos israelenses sobre o território da Cisjordânia, desferindo inclusive a operação “Pilar Defensivo”, o que fez as “negociações de paz” emperrarem completamente, já que a ANP “exigia” o reconhecimento de um “Estado palestino” restrito à Faixa de Gaza e à Cisjordânia. Por esta “solução”, uma ficção de Estado palestino conviveria lado a lado com a máquina de guerra sionista. Esta é a mesma “autonomia” que uma galinha teria dentro de um viveiro de raposas!

Frente à “nova” proposta vergonhosa para a Palestina assumir o “status” de país-observador da ONU, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, com o apoio do imperialismo ianque lançou a ameaça: “A ONU é como o governo das nações e estou convencido de que, como resultado da ação dos Estados Unidos em estreita colaboração com outros países, a tentativa fracassará” (G1, 25/11). Os EUA já declararam antecipadamente que está contra a medida. A Casa Branca afirma que o status do Estado palestino deve ser alcançado por meio de “negociação bilateral” e pede a volta das conversações de paz, interrompidas em 2010 em razão da expansão de assentamentos judaicos na Cisjordânia ocupada. Como se vê, o imperialismo e Israel tratam de levar a frente o plano estabelecido com o Egito via “trégua” decretada com o Hamas, porque trabalham estrategicamente com a possibilidade de uma agressão iminente ao Irã. Desejam desta forma deixar as direções palestinas presas a estre compromisso reacionário, não fazendo-lhe qualquer concessão, por mínima que seja. O Departamento do Estado ianque indicou que se a resolução for aceita não se deverá então contar com uma resposta favorável do Congresso sobre a libertação de 200 milhões de dólares de ajuda prometida por Washington à Autoridade Palestina, confrontada com a sua pior crise orçamentária desde sua criação em 1993. Já a Inglaterra afirmou que deve apoiar a proposta para que a Palestina vire um “estado observador não membro” das Nações Unidas se receber garantias de que Hamas e Fatah voltem às negociações de paz e não processem Israel no Tribunal Penal Internacional.

No Brasil, o governo da frente popular declarou seu apoio à proposta da ANP e o Fórum Social Mundial Palestina Livre irá fazer uma manifestação neste dia 29 pelas ruas de Porto Alegre (RS) em favor da reivindicação. O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), anfitrião institucional do Fórum, já declarou que o evento seguirá a política oficial do governo brasileiro de apoio à “solução dois Estados” e pela “busca da paz”, não aceitando nenhuma manifestação fora desse eixo político depois da pressão que sofreu dos sionistas no Brasil. A esquerda reformista, dentro e fora do governo, caminha por esta mesma trilha. PT, PCdoB, PSOL, MST, CUT tem hoje como princípio a defesa entusiasta deste fictício Estado, tanto é verdade que marcaram a manifestação para demonstrar seu apoio à criação desta farsa de país “soberano”. A criação de um fictício Estado palestino, tal qual propugna a ANP, é em suma, uma traição histórica à causa palestina e uma impossibilidade política, pois estará restrito a pequenas faixas estéreis de seu território original, bantustões fragmentados e sem recursos econômicos e forças armadas, enquanto os nazi-sionistas continuariam com o filão, as terras férteis, o acesso à água, a passagem para o mar e prosseguiriam com os massacres e a rapina colonialista sob as bênçãos do imperialismo ianque. Já o PSTU, que se diz a favor da Intifada palestina, apoia vergonhosamente a investida neocolonialista na região, voltada a derrubar ou desestabilizar os regimes do Irã, da Síria e o Hezbollah, justamente os principais aliados do povo palestino na região, que provem armas e logística para a resistência ao enclave sionista!

Não será a ONU, um covil de abutres responsável por autorizar a agressão imperialista à Líbia e muito menos países como França e Espanha que, junto dos EUA, apoiam os “rebeldes” pró-OTAN na Síria, que terão a capacidade de “garantir” a existência de um “Estado nacional palestino” se este continua cercado e atacado por Israel, mas a luta de seu povo contra o imperialismo e o enclave sionista através da retomada dos territórios históricos pela resistência popular. Os revolucionários defendem a existência do estado nacional palestino e não uma mera ficção político-diplomática. Portanto, a única alternativa que poderá dar uma resolução cabal à legítima reivindicação nacional do povo palestino, assim como livrar as massas e trabalhadores da região de seus gigantescos sofrimentos há mais de um século, é a defesa de uma Palestina Soviética baseada em conselhos de operários e camponeses palestinos e judeus. A expropriação do grande capital sionista, alimentado em décadas pelo imperialismo ianque, impossível de ser conquistada sem a destruição revolucionária do Estado de Israel, garantirá a reconstrução da Palestina sobre novas bases socialistas, trazendo para seu povo o progresso e a paz tão almejada durante décadas de guerra de rapinagem imperialista nesta região onde historicamente vários povos já viveram com harmonia e solidariedade.


terça-feira, 27 de novembro de 2012


Operação Porto Seguro: Dilma aciona PF para perseguir “affair” de Lula como parte da “faxina” contra o núcleo histórico do PT

A Operação “Porto Seguro”, desferida pela PF sob o pretexto de prender membros do governo que liberavam pareceres técnicos para aprovação de obras em trocas de favores pessoais, na verdade teve um alvo certo e direto: o ex-presidente Lula. Agentes da PF apreenderam computadores e documentos no escritório da Presidência da República em São Paulo, cuja equipe é ligada a Lula e também na casa de Rosemary Nóvoa de Noronha, conhecida nas hostes petistas simplesmente como Rose. Escutas telefônicas registraram inúmeras ligações entre Rose e Lula nos últimos 19 meses, colocando o ex-presidente completamente refém do séquito dilmista instalado no Palácio do Planalto que comanda a PF. Apresentada pela mídia murdochiana como suposto “affair” de Lula, Rose acompanhava-o em todas as viagens internacionais (sem possuir a menor qualificação técnica para a “missão”). Esteve envolvida nos escândalos dos cartões corporativos ligados aos “gastos secretos” da presidência de Lula e havia indicado parentes para postos importantes nas agências reguladoras (ANA e ANAC), assim como na Infraero. A PF a acusa de montar uma rede de tráfico de influência baseada no seu “prestígio” pessoal junto a Lula, já que ela foi nomeada para o cargo em 2003 e mantida por Dilma a pedido do ex-presidente.

A primeira pergunta que vem a cabeça é: por que a PF controlada pelo governo Dilma desferiria um golpe tão letal contra Lula? Afora a cantilena vendida para ingênuos sobre o combate à corrupção, fica claro que o móvel da “faxina” foi detonar Lula como parte da ofensiva política contra o núcleo histórico do PT, em parte condenado no processo do chamado mensalão via prisão de Dirceu, Genoíno e Delúbio. Obviamente, uma operação desta envergadura teve o aval da ex-“poste” Dilma, que para ser cada vez mais aceita pela burguesia e o imperialismo deseja eliminar de vez a influência de Lula e do “velho” PT sobre seu governo, assim como no seu próximo mandato. Não por acaso, além de demitir imediatamente Rose, afastou os apadrinhados de Lula e Dirceu das agências reguladoras. De quebra, conseguiu eliminar de vez a possibilidade do atual Advogado Geral da União, Luís Inácio Adams, assumir uma vaga no STF, como era desejo do ex-presidente, já que seu substituto direto, José Weber Holanda Alves, também está envolvido no esquema.

Rosemary foi assessora de José Dirceu por 12 anos, estava na cota dos “gastos presidenciais secretos” durante as duas gestões de Lula e seu indiciamento pela PF mostra até que ponto a disputa intestina no PT pode chegar... Desde já está claro que Lula encontra-se totalmente fragilizado na guerra de quadrilhas instaladas no interior do PT e não tem força nem disposição para opor-se à reeleição de Dilma, que usa o STF e a PF para desferir sua ofensiva política sob a fachada da “moralidade pública”. Como prêmio de consolação, Lula já está sendo cotado para receber o Prêmio Nobel da Paz, o que significa sua aposentadoria na política doméstica nacional. Em outro balão de ensaio, fala-se ainda na possibilidade dele disputar o governo de São Paulo, uma aparente armadilha para debilitá-lo ainda mais, em uma perigosa disputa direta com Alckmin.

O mais emblemático é que em meio à divulgação midiática da Operação “Porto Seguro” ocorreu neste final de semana em São Paulo um “ato em defesa do PT” impulsionado pelo chamado “diálogo petista”, um movimento articulado pela corrente “O Trabalho” em aliança com personalidades “independentes” do partido. O móvel da atividade foi o repúdio à condenação de José Dirceu e Genoíno pelo STF, sendo que sua convocatória anunciava o objetivo de denunciar “o julgamento político do STF, a criminalização dos movimentos sociais e a judicialização da política”. Os dois dirigentes petistas condenados na ação penal 470, o chamado “mensalão”, compareceram ao evento e foram saudados como “heróis do povo brasileiro”, em uma atividade concorrida que contou ainda com a presença do presidente nacional da CUT, o arquipelego Wagner Freitas e outros poucos parlamentares como Eduardo Suplicy. Não por acaso, o ato foi convocado por OT e iniciativas idênticas estão sendo impulsionadas por outras correntes de “esquerda” do partido, sem o apoio oficial do PT. A direção nacional petista, ainda mais depois do silêncio covarde de Lula após a condenação de Dirceu pelo STF e agora com a ofensiva da Polícia Federal, não deseja de forma alguma se indispor com a “gerentona” Dilma. Esta já demonstrou que deseja ver Dirceu e o núcleo histórico do PT sem nenhuma influência em seu governo ou mesmo se possível atrás das grades, enquanto mantém uma relação de “paz e amor” com a mídia murdochiana, como a revista Veja e os setores mais reacionários da burguesia.

No ato em defesa do PT Dirceu declarou: “Como foram derrotados no campo político e social, e também no campo eleitoral, eles criaram outro campo, o da judicialização da política, com a instrumentalização da mídia” no que foi complementado por Marcos Sokol, dirigente de OT: “Os setores que se identificam com o PT têm que mostrar a cara. Depois do PT, irão contra a CUT e os movimentos sociais”. O que Dirceu e Sokol encobrem em suas falas é que a ofensiva contra os dirigentes históricos do PT, sem dúvidas envolvidos em negociatas e favores durante o governo Lula, porém, obviamente, não condenados em função disso, fato corriqueiro na república burguesa, só foram defenestrados porque o STF (que tem a maioria de juízes indicados nas três gestões da frente popular) está levando adiante a tarefa de “limpar” o partido do núcleo ligado a Lula por encomenda de Dilma justamente para impedir que o ex-metalúrgico possa ser candidato a presidente em 2014 como era seu plano original via mandato “tampão” da ex-poste. A operação “Porto Seguro” prova que quem patrocina veladamente esta investida é Dilma e sua entourage palaciana lastreada no apoio entusiasta da mídia murdochiana e da própria burguesia que deseja um novo governo da “gerentona” em 2014, muito mais à direita do que o atual e sem a influência de Lula. A burguesia tem como estratégia começar no fim do segundo mandato de uma Dilma completamente refém, a transição rumo a um outro eixo de poder em 2018, mais ligado a centro-direita (PSB, Marina, Joaquim Barbosa, Aécio...) e voltado a desferir uma brutal ofensiva contra o movimento de massas, rompendo com a política de colaboração de classes até então vigente nas gestões da frente popular.

Quando a esquerda petista promove um “ato em defesa do PT” ela trata de apresentar o partido como “adversário da burguesia” (O Trabalho) e chega as raias da loucura de bradar que “nenhum burguês deve estar em nenhum governo do PT” (Esquerda Marxista). Por isto, Sokol reclamou no ato que “Encerradas as eleições, segue a ofensiva do STF e a direção do PT, segue calada! É preciso defender o PT!”. Os pilantroskos fazem mais uma vez seu papel de patrocinar ilusões no PT e chegam ao ponto de engrossar o coro dos que cinicamente apresentam Dirceu como “herói do povo brasileiro”! O PT é hoje um pilar de sustentação do regime político burguês e de suas instituições reacionárias, tanto que Dilma e Gleisy Hofmann deram entrevistas declarando que as decisões do STF são para serem cumpridas, sem nunca defender Dirceu, Genoíno e Cia... O que está em curso via julgamento do STF e na própria operação “Porto Seguro” é a consolidação de um núcleo tecnocrata dentro do PT sem a influência de sua ala histórica composta por Lula e quadros que vieram da ALN e da luta armada, setor que a burguesia deseja tirar de cena depois que cumpriram seu papel de gestores úteis a seus interesses. Apesar de convertidos a gerentes dos negócios da burguesia, esta ala ainda encarna na militância do PT alguma resistência às chantagens da mídia murdochiana e da direita arquirreacionária.

Longe de “defender o PT das origens”, a tarefa colocada para os setores mais conscientes do ativismo brasileiro neste exato momento é declarar que são os trabalhadores e seus organismos de classe os únicos que podem fazer o “ajuste de contas” com os burocratas vendidos da “Articulação” no PT e na CUT e não o arquirreacionário STF ou a PF. Para tanto, é necessário construir um partido operário revolucionário para superar o PT e a frente popular, postando-se como uma alternativa revolucionária também a corrompida “oposição de esquerda” encabeçada pelo PSOL, que deseja ver Lula, Dirceu e Cia atrás das grades para tirar daí algum dividendo eleitoral, quando na verdade tal ato não faz mais do que reforçar as tendências fascistizantes do regime burguês contra os trabalhadores e suas conquistas democráticas e sociais.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012


Burguesia promove megafesta para seu pop star Joaquim, o novo “homem do povo”

Uma megafesta a altura de uma posse de presidente da república, mas tratava-se “apenas” da presidência do Supremo Tribunal federal. Joaquim Barbosa foi promovido pela burguesia ao status de seu novo “pop star”, merecendo uma posse transmitida ao vivo em rede nacional de TV. Estiveram presentes ao evento cerca de três mil convidados em um buffet de alto luxo de Brasília, com direito a “celebridades” do mundo midiático como Lázaro Ramos, Martinho da Vila, Regina Casé, Djavan, Lucélia Santos, Nelson Piquet e Milton Gonçalves entre outros nomes “globais”. O ministro relator da ação penal 470 (conhecida como “mensalão”) e que agora assume a presidência da corte suprema do país não se fez de rogado, em seu discurso de posse utilizou uma retórica populista de “justiça socialmente injusta” ganhando as manchetes de todos os meios “murdochianos” como o mais novo paladino dos pobres e negros deste imenso e desigual Brasil... A operação política da burguesia ao promover Barbosa não se resume a megafesta de sua posse, tem o objetivo de fabricar uma imagem do novo “homem do povo” que conquistou um lugar na elite republicana, ao lado de Lula um ex-metalúrgico que chegou à presidência. O “queridinho” da burguesia de infância pobre no interior de Minas, se aproximou do PT talvez por identidade social com a trajetória de vida de seus quadros dirigentes, ganhando de Lula uma indicação do tipo “populista” para ocupar uma vaga no Supremo. Agora o mesmo “roteiro de criança pobre” serve para que a burguesia o utilize como ferramenta para atacar o PT, projetando nesta figura “deslumbrada” com os holofotes da mídia uma ofensiva de maior envergadura, para além da “interminável” ação penal 470. A operação da polícia federal “Porto Seguro” é parte integrante desta estratégia, balizada pelo “carrasco negro” serviçal da elite racista, representa apenas a ponta deste iceberg que agora ameaça o próprio Lula.

Ainda é cedo para fazer um prognóstico exato acerca da utilização política da personalidade que a burguesia está construindo em torno de Joaquim Barbosa, mas é quase certo que não se limitará ao espectro de sua atual função jurídico/criminal. O “factoide” Barbosa vem sendo preparado como um coringa do imperialismo, diante do colapso político da oposição Demo-tucana, uma figura que transita entre os dois campos eleitorais (governo e oposição) mantendo a confiança pessoal da presidente Dilma. A última manobra política da burguesia em produzir um “factoide” em caráter nacional ocorreu em meados dos anos 80, com o surgimento do “caçador de marajás”, o então governador Collor, justamente para combater a possibilidade de Lula chegar à presidência da República. Por ironia da história, em plena terceira gestão petista a frente do governo central, a burguesia tenta evitar de todas as formas o retorno de Lula ao Planalto. Não por coincidência, acaba de ser divulgada uma destas pesquisas “encomendadas” onde aponta que a ex-poste Dilma já supera Lula na preferência popular da sucessão de 2014.

O presidente do STF é uma espécie de versão atualizada no tempo (com uma conjuntura distinta) da mística que lançou Collor, Barbosa é o atual “caçador de corruptos”. No primeiro capítulo desta novela assistimos a caçada ao núcleo histórico do PT, preservando Lula, símbolo da colaboração de classes e estabilidade social do regime nos últimos anos. Não se pode descartar que Barbosa se volte agora contra algumas lideranças tucanas, como ex-governador Eduardo Azeredo, conhecido como o fundador do “mensalão mineiro”. Trata-se, é claro, da “lei das compensações” políticas, tão aplicada pela burguesia, mas que não se inscreve na Constituição Federal. Quanto a possibilidade de um futuro enquadramento penal de Lula, o principal operador do esquema de cobrança de comissões em seu governo, Barbosa terá que receber o sinal verde de um vasto condomínio político, abrangendo o próprio Palácio do Planalto. Nesta variante, ainda remota no momento, é o próprio Barbosa que se cacifa para ocupar a “gerência geral”, como um plano “B” da burguesia.

O veto político do imperialismo a um terceiro mandato de Lula não está baseado no medo de um governo “contra as elites”, ao contrário, a frente popular revelou-se como uma gestão de excelentes “negócios e oportunidades” para a burguesia. Acontece que o modo “Lulista” de governar, privilegiando a negociação e intermediação da burocracia sindical com o movimento operário, está esgotado nesta conjuntura mundial de ataques às conquistas históricas do proletariado. Não há mais “margem” para pactos e negociações com o movimento de massas e suas organizações, agora é necessário governar com a “mão de ferro” do neoliberalismo clássico. Este é o cenário projetado para o pós-2014, onde até o momento é a “gerentona” Dilma a opção preferencial das classes dominantes. Barbosa ainda segue como um ator coadjuvante desta “ópera bufa”, se ganhará o papel principal na ofensiva contra as conquistas sociais da população, só a evolução da luta de classes irá determinar.


domingo, 25 de novembro de 2012

Lançado o folheto A “Primavera Árabe” contra a Intifada palestina


SUMÁRIO:
 

Apresentação


A “Primavera Árabe” contra a Intifada Palestina: O verdadeiro significado da “trégua” entre o Hamas e Israel negociada pelo Egito


Com sinal verde de Obama, Israel ataca a Palestina matando líder do Hamas como parte da estratégia de colocar em marcha seu plano de agressão militar ao Irã


Enclave terrorista de Israel ataca a Síria após 40 anos da rapina de Golã. Enquanto isto, no Brasil, PSTU promove jornada de debates com militante “rebelde” pró-sionista!


30 anos do massacre de Sabra e Shatila: nossa melhor homenagem à causa palestina é o combate mortal ao imperialismo e a luta pela destruição do enclave sionista no Oriente Médio!


Traição apresentada como ato de soberania: Abbas irá pedir que ONU reconheça “bantustões” cercados pelo enclave sionista como sendo o Estado palestino


Acordo Hamas-Fatah, patrocinado por Obama, pavimentou o assassinato de Bin Laden


Sangue palestino derramado para servir de barganha ao Hamas e ANP (Fatah) nas “negociações de paz da revolução árabe” com Obama


APÊNDICE
A Questão Palestina à Queima Roupa! - (Dezembro/95)


LIGA BOLCHEVIQUE INTERNACIONALISTA

 

A cumplicidade e o silêncio da direção do Sindiágua diante das denúncias de fraude no contrato da Cagece com a Allsan

A estreita relação de parceria entre a direção do Sindiágua e a diretoria da Cagece nunca foi nenhuma novidade para qualquer trabalhador da empresa. Uma clara demonstração dessa associação de interesses comuns ocorreu na assembleia do dia 31/05, quando a direção do sindicato deu um golpe na categoria e declarou aprovada a proposta da diretoria da Cagece e do governo Cid Gomes, contra a vontade da maioria absoluta dos trabalhadores. A cumplicidade da direção do Sindiágua com a diretoria da Cagece e o governo da oligarquia dos Ferreira Gomes, vai além da política de colaboração de classes, comum a quase todos os sindicatos do país. Tanto é verdade que durante o primeiro mandato de Cid Gomes (2007-2010), quem esteve à frente da diretoria comercial da Cagece foi o ex-coordenador geral do Sindiágua, Paulo Pequeno, que agora, novamente, faz parte da atual direção do sindicato. Como se isso não bastasse, até hoje a direção do Sindiágua tem um de seus principais membros, o ex-deputado Sérgio Novais, compondo o Conselho de Administração da empresa. Causa espanto, portanto, o suposto desconhecimento da direção do Sindiágua sobre o contrato da Cagece com a empresa paulista Allsan Engenharia, uma das principais integrantes do cartel Associação Brasil Medição, acusada na operação Águas Claras do Ministério Público de São Paulo por fraudar licitações em autarquias municipais e empresas de saneamento em vários estados do país, inclusive no Ceará.

Desde 2008 a Cagece mantém contratos com duas das empresas que integram o cartel chamado Associação Brasil Medição: a Allsan Engenharia e a Construtora Santa Teresa. De acordo com uma nota divulgada pelo ex-diretor comercial da Cagece, Antônio Alves Filho, o Cony, que pediu exoneração do cargo após ser acusado de corrupção no escândalo revelado pela operação Águas Claras, a primeira prorrogação do contrato com a Allsan ocorreu ainda em 2010 e a segunda prorrogação do contrato, em 2011, obedeceu “os mesmos procedimentos que sempre foram adotados”.

Estranhamente, o jornal do Sindiágua divulgado na base da categoria em meio às denúncias de corrupção na Cagece, não traz uma só palavra sobre o assunto. A única referência da direção do sindicato abordando superficialmente esse tema apareceu numa nota divulgada no jornal O Povo, em 14/11, onde se afirma: “como se não bastassem todos os problemas relativos à política de saneamento no Estado, agora vemos o nome da Cagece envolvido em escândalo de corrupção e fraudes em licitações que vieram a público a partir da operação Águas Claras, desencadeada pelo Ministério Público de São Paulo. Nunca, em toda a história da Companhia, se viu o nome da Cagece envolvido em um escândalo de desvio de verbas desta dimensão, o que demonstra que a empresa e os recursos públicos estão sendo usados para fins que não são o saneamento”.

Ao contrário do Sindicato dos Urbanitários do Piauí, que denunciou publicamente o contrato da Agespisa coma a Allsan, em janeiro de 2012, mesma época em que foi publicada a segunda prorrogação do contrato da Allsan com a Cagece, o Sindiágua manteve um silêncio complacente, que mais uma vez revela sua cumplicidade com a direção da Cagece e o governo Cid Gomes na má utilização dos parcos recursos públicos destinados ao saneamento. Somente agora que, não podendo mais ser abafado, o escândalo veio à tona, a direção do sindicato decidiu cobrar “o afastamento imediato dos nomes da diretoria da Cagece envolvidos nas investigações da operação Águas Claras”, esquecendo-se que, se as denúncias forem seriamente apuradas, a própria direção do sindicato poderá responder, devido a sua corresponsabilidade e participação direta nos órgãos de direção da empresa nos últimos seis anos, pela cumplicidade diante desse escândalo de corrupção.

Artigo extraído do Blog da Oposição Sindiágua/Ceará – Novembro/2012


sexta-feira, 23 de novembro de 2012


A “Primavera Árabe” contra a Intifada Palestina: o verdadeiro significado da “trégua” entre o Hamas e Israel negociada pelo Egito

Acabou de ser anunciado o acordo de trégua entre o enclave terrorista de Israel e o Hamas, cujo intermediário foi o governo do Egito comandado pelo presidente Mohamed Morsi, da Irmandade Muçulmana. O sionismo comemorou o pacto, anunciando que havia alcançado seus objetivos de “dissuasão” do Hamas com a operação “Pilar Defensivo”, ou seja, assassinando vários dirigentes do grupo ligados ao regime sírio, no rastro de sangue da morte de mais de 140 palestinos. Os ataques foram, segundo Israel, uma medida de caráter preventivo antes de uma investida mais geral contra o Irã. Já o dirigente do Hamas no exílio, Khaled Meshal, alinhado com o governo do Cairo, afirmou que o acordo foi uma grande vitória! Nada mais falso, a trégua celebrada por Israel e o Hamas, negociada por Morsi e a víbora Clinton, serviu para domesticar a resistência palestina e impedir a reação das massas árabes aos ataques da máquina de guerra sionista, demonstrando o verdadeiro papel contrarrevolucionário do governo da Irmandade Muçulmana parido da “Primavera Árabe” em sua tarefa de sabotar a Intifada Palestina. Este acordo compromete o Hamas em uma “trégua duradoura” selando o caminho para um futuro ataque ao Irã porque tem como cláusula fundamental que o grupo islâmico não atacará Israel no próximo período desde que o enclave também não o faça... já que estará dedicado à ofensiva militar com os EUA e as potências europeias contra a nação persa!

Vejamos o que dizem os principais “atores” do acordo para calar a boca dos revisionistas e dos setores de esquerda ao afirmarem que após a “Primavera Árabe” a luta da causa palestina sairia fortalecida. A víbora Hillary Clinton declarou: “O novo governo do Egito assume a responsabilidade e a liderança que tornaram este país um marco fundamental de estabilidade e paz regional” (O Estado de S.Paulo, 23/11). Suas palavras foram reiteradas pelo primeiro-ministro nazi-sionista, Binyamin Netanyahu: “Gostaria de expressar minha apreciação pelos esforços do Egito com vistas a um cessar-fogo”, disse o chacal em Jerusalém. Já o renegado Khaled Meshal, líder do Hamas no Egito que saiu de Damasco após a ofensiva dos “rebeldes” da OTAN e foi se abrigar no Qatar, aliado dos EUA e de Israel, declarou que “O Egito não esqueceu de sua posição de nação árabe”.

Não por acaso, logo após conseguir o “feito” de sabotar a resistência palestina e debilitar internamente o Hamas, provocando uma grave crise interna, já que a fração comandada pelo dirigente político-militar Jabari, assassinado por Israel, assim como a FPLP se opunham ao acordo vergonhoso, Morsi partiu para nova empreitada contra as massas, agora no terreno interno. Depois que milhares de manifestantes se mobilizaram nas ruas do Cairo durante os oito dias de ofensiva contra a Palestina pelo enclave terrorista de Israel, exigindo que Morsi rompesse os acordos com o sionismo e provesse de armas a resistência palestina, o governo da Irmandade Muçulmana tão logo fechou o acordo com Israel anunciou um “decreto presidencial” para reforçar seu poder internamente, copiando as medidas ditatoriais tomadas pelo exército e seu Comitê durante a crise que levou a queda de Mubarak.

Mohamed Morsi ordenou a blindagem de seus poderes executivos e legislativos perante a justiça, decretando que suas decisões não podem ser mais questionadas. O pacote de “superpoderes” foi lançado justamente depois que Morsi, por sua ação exemplar contra a resistência palestina, recebeu o amplo apoio da Casa Branca e Israel para avançar contra o movimento de massas. A suposta “revolução democrática” tão comemorada pelos revisionistas mostra a sua verdadeira face tanto no campo interno como externo, ao ponto de setores da oposição burguesa, declararem que ele seria um “novo faraó”. Figuras opositoras burguesas importantes, como o ex-chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, Mohamed El-Baradei, o líder do Partido da Dignidade, Hamdin Sabahi, e o ex-Secretário Geral da Liga Árabe, Amr Moussa, acusaram o presidente de dar um “golpe” para transformar-se em um “novo Faraó”e, em uma entrevista coletiva, conclamaram a população do país a sair às ruas para protestar: “Morsi usurpou todos os poderes do Estado e se nomeou novo faraó do Egito. Trata-se de um grande golpe na revolução, que pode ter consequências desastrosas”, escreveu Baradei no Twitter. “(Esses decretos) são um golpe contra o império da lei e a independência judicial”, disse Ahmed Zend, presidente do Clube dos Juízes, a maior associação de magistrados egípcios. Morsi promulgou os decretos que lhe deram superpoderes um dia depois de ajudar a intermediar um acordo entre Israel e o Hamas que cessou o conflito na Faixa de Gaza. Eles impedem o Judiciário de interferir em decisões do Executivo ou deliberar sobre qualquer medida tomada por Morsi desde que ele assumiu a presidência, em junho, até que um novo Parlamento seja eleito no próximo ano e uma nova Constituição entre em vigor. Também impedem os juízes egípcios de dissolverem a Comissão Constitucional – hoje dominada por simpatizantes de Morsi, ligados ao grupo islâmico Irmandade Muçulmana. As escaramuças entre as diversas frações burguesas demonstram justamente que a transição ordenada pela Casa Branca conseguiu colocar a frente um governo que recorrerá ao ataque aos mais elementares direitos democráticos para impor seu poder e sua aliança com o imperialismo.

Os grupos mais à esquerda nesse processo como o partido nacionalista Al Wafd e o Movimento Juvenil 6 Abril se limitam a reivindicar que a “transição democrática” seja levada até o fim. Pedem a anulação da ata constitucional anunciada pelo presidente, a dissolução da Assembleia Constituinte e do Governo, além da aprovação de uma lei de justiça transitória. O reformista grupo 6 Abril qualificou a ordem de Morsi de blindar suas decisões e as da Assembleia Constituinte como “o início de um novo período de ditadura” e pediu sua anulação. Como se vê, os mais elementares direitos democráticos não estão vigentes no Egito, sendo a fantasiosa “revolução árabe” uma transição ordenada pela Casa Branca para tirar de cena o desgastado Mubarak colocando a frente do governo aliados mais legitimados que pudessem agir com mais eficiência na defesa dos interesses do imperialismo. Foi justamente isto que ocorreu agora com o acordo Israel/Hamas negociado por Morsi!

É preciso tirar as lições desse processo político. O sentimento anti-imperialista das massas árabes ainda é marcante em suas consciências e setores cada vez mais representativos do proletariado já começam a perceber o real conteúdo da farsesca “revolução democrática”, este fator vem começando a provocar fissuras no processo de transição política do Egito. No Egito, o campo político das ONGs e correntes revisionistas cumprem a função de bloquear o desenvolvimento independente de uma nova vanguarda classista, que molecularmente começa a superar o engodo da “Primavera Árabe”, se colocando à disposição para combater a invasão imperialista em curso na Síria e no Líbano e, posteriormente, no Irã. O desastre social e humanitário provocado pela “revolução” dos rebeldes da OTAN na Líbia fez despertar na vanguarda antissionista egípcia, a necessidade de romper com a orientação revisionista que até então apoiava criticamente o governo Morsi. Seguindo as teses da revolução permanente, os marxistas revolucionários combatem no Egito pela construção de verdadeiros organismos de poder da classe operária, partindo da luta concreta das massas e seu justo ódio contra o gendarme do imperialismo na região, o sionismo, e seus sócios autóctones (militares e Irmandade) que desejam preservar os acordos de Camp David

 

quinta-feira, 22 de novembro de 2012


Belchior: Agora a boa música brasileira é tratada como caso de polícia

Era feito aquela gente honesta, boa e comovida/Que caminha para a morte pensando em vencer na vida/Era feito aquela gente honesta, boa e comovida/Que tem no fim da tarde a sensação/Da missão cumprida/Acreditava em Deus e em outras coisas invisíveis/Dizia sempre sim aos seus senhores infalíveis/Pois é; tendo dinheiro não há coisas impossíveis (“Pequeno perfil de um cidadão comum”)

Desde domingo, 18/11, a mídia murdochiana vem promovendo uma série de ataques a um dos maiores ícones da autêntica música popular brasileira, o cantor Belchior, que beiram ao histerismo. Como veremos, este tratamento não é um fato isolado ou que esteja colocado apenas para pautar jornalecos ou programas sensacionalistas como a revista domingueira “Fantástico”. A emissora dos Marinhos, em reportagem especial de vários minutos, afirma que Belchior desapareceu de um hotel no Uruguai sem pagar a dívida de hospedagem e responde por diversas outras cobranças no Brasil. Mais uma vez, a mídia transforma em “espetáculo” um drama pessoal, obviamente não no sentido de buscar uma solução, mas sim para raivosamente incriminar e condenar a priori os envolvidos. Mas por que esta perseguição, que remonta desde 2009 pela também Rede Globo que afirmava na época Belchior teria desaparecido quando, na verdade, estava na ativa preparando disco e shows? Belchior foi um dos primeiros cantores nordestinos a fazer sucesso em todo o Brasil em meados dos anos 70, quando participava de um grupo de jovens compositores e músicos cearenses, ao lado de Fagner, Ednardo, Fausto Nilo, Rodger Rogério, Teti, Cirino e outros, conhecidos nacionalmente como o “Pessoal do Ceará” que, fruto desta parceria, compuseram o disco “Massafeira” em 1980. Nesta época consolidou-se não apenas como um cantor, mas cresceu sobre uma proposta (contra)cultural de crítica ao modo de vida imposto pelo regime militar pós-golpe de 1964, lançando canções ácidas e engajadas ao mesmo tempo sensuais do quilate de “Velha roupa colorida”, “Como nossos pais” (que sensibilizaram inclusive Elis Regina!), “Apenas um rapaz latino-americano”, “Divina comédia humana” e a genialíssima crônica da vida “Pequeno perfil de um cidadão comum”. Por isto mesmo o establishment burguês trata de colocar, em tempos de reação ideológica, na marginalidade este menestrel de tão lírica e coerente obra.

Contudo, o que na primeira reportagem de 2009 transparecia ser uma preocupação com o seu desaparecimento, hoje a situação adquiriu outro aspecto, pois Belchior vem sofrendo um verdadeiro linchamento de toda a imprensa nacional após a reportagem do “Fantástico”, com um tom bem mais agressivo e de conteúdo nitidamente policialesco, acusando-o de ter deixado um rastro de “falcatruas” por onde passara, no Uruguai e no Brasil, agora “encontrado” em Porto Alegre. Em curta declaração ao jornal Zero Hora (21/11), afirma que “esta notícia que está circulando é mentirosa”. O que mais chama a atenção dentro de tudo isto, é que Belchior é um dos poucos artistas nacionais, tal como Ednardo, que se recusou a adotar a “unanimidade” dos ritmos atuais (forró eletrônico, axé-music, sertanejo universitário, pagode mauricinho etc.), muito diferente da postura de Fagner, por exemplo, com quem rompeu por discordar de sua linha de criação e conduta claudicante perante a mídia, e que vem atuando praticamente como garoto propaganda da oligarquia “socialista” dos Ferreira Gomes no Ceará, aceitando passivamente cantar músicas de baixa qualidade do tipo “pop-forró” desenraizado de sua natureza e realidade rural tão bem retratada por Luiz Gonzaga, Humberto Teixeira...

No entanto, o ponto fulcral da perseguição policialesca a Belchior deve ser compreendido na essência da própria época por que passamos e vivemos, de profundo retrocesso ideológico e cultural da humanidade, cada vez mais dominada pela idiotização da internet (as famigeradas e controladas redes sociais), pelos meios de comunicação de massa e a opinião pública a serviço da contrarrevolução imperialista nos países semicoloniais como o Brasil. Assim, qualquer elemento de resistência cultural, mesmo que não esteja em voga na mídia, deve ser destruído, por ser considerado “velho” e contestador da estupidificação das mentes da juventude, cujas letras e poesia da obra de Belchior tratam da inconformidade e de um claro engajamento musical voltado a um projeto estético-político contracultural rechaçado pela ideologia dominante. A ruptura com a “inquestionalidade” e com a cultura do óbvio não mais interessa à classe dominante, o que importa acima de tudo é ser “moderno e atualizado”, em conformidade ao que impõe goela abaixo a indústria cultural de massas voltada exclusivamente para o mercado de consumo do “novo” e do politicamente correto, o que implica inexistência de espaço para a crítica mais ácida aos costumes e idiossincrasias. Muitos artistas consagrados, exponenciais como Chico Buarque, já se renderam covarde e mediocremente a esta situação, declinando conscientemente de se constituir em um pólo que faça germinar qualquer semente de resistência cultural no país, vergando-se às imposições da “voz do dono”.

Desta forma, os detentores da propriedade privada dos meios de comunicação em associação com o imperialismo tratam de destruir os últimos resquícios de resistência cultural ainda existentes para impor os “novos” valores ideológicos extremamente conservadores e belicosos a fim de eliminar o “velho” da sociedade e o que resta da boa música brasileira para logo impor padrões de consumo descartáveis e de baixa qualidade artistíca. Neste sentido, o agora demonizado Belchior, ocupa as colunas policiais dos jornalões da imprensa charlatã. Por outro lado, o grande depositário da cultura de resistência político-cultural deve ser o proletariado, organizado desde seus locais de moradia, estudo e trabalho de forma que possa enfrentar com sua ação direta os ditames da burguesia, a política do “consenso” e o capital financeiro internacional que é o grande beneficiário da idiotização principalmente da juventude. Somente a classe operária dirigida por um partido comunista pode ter em suas mãos o futuro e um horizonte cultural pleno de satisfação e júbilo através da destruição revolucionária e violenta do atual modo de produção e, sobre suas cinzas, erguer as bases de uma nova sociedade.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012


Governo do Egito parido da “Primavera Árabe” impõe que o Hamas decrete “cessar fogo” unilateral para preservar o enclave terrorista de Israel

O governo do Egito liderado pela Irmandade Muçulmana, parido da chamada “Primavera Árabe”, é o responsável pela aberta traição ao povo palestino e a sua resistência através da imposição de um “cessar fogo” unilateral do Hamas ao enclave terrorista de Israel. A decisão de impor um “cessar fogo” por parte da resistência palestina após sete dias de bombardeios de Israel, que deixou mais de 140 palestinos mortos, na verdade está a serviço de conter a reação dos povos árabes, mais particularmente das massas no próprio Egito. Estas exigem que “seu” governo aja em apoio aberto ao povo palestino, rompendo os acordos com Israel, ataque o enclave sionista e apoie concretamente com armas a resistência. Mas, como já denunciamos anteriormente, o governo de Morsi está completamente comprometido com a Casa Branca na medida em que assumiu em função de uma transição ordenada pelo imperialismo ianque. O exército do país é controlado diretamente pelo Pentágono, sem qualquer autonomia e o atual governo, longe de apoiar a Intifada Palestina, tratou de sabotar a resistência depois que Israel assassinou o importante dirigente político-militar da resistência palestina, Ahmed Jabari. Jabari foi o principal alvo desta operação militar porque apoiava o regime sírio e havia rompido com a ala do grupo liderada por Khaled Meshaal, que logo no começo da ação dos “rebeldes” mercenários na Síria, abandonou Damasco e foi viver no emirado do Qatar sob os auspícios do emir Al Thani, aliado dos EUA e de Israel, patrocinador da oposição pró-imperialista contra o regime de Assad. Meshaal agora se encontra no Egito, justamente para fechar o acordo com Israel.

A divisão que estamos vendo no Hamas é produto direto da própria luta de classe no Oriente Médio. Enquanto as vendidas burguesias árabes sob a direção da Arábia Saudita e Qatar, através do Comando Geral do Golfo (CGG), isolam a Síria e por tabela enfraquecem o Hezbollah e o Irã, as massas exigem uma resposta à agressão sionista. Este desejo se choca com os compromissos estabelecidos por Morsi com Obama e Netanyahu, cuja estratégia é debilitar os aliados da nação persa para que possam avançar rumo a um ataque contra o Irã. Se as massas árabes saem em luta contra Israel, automaticamente fortalecem o Irã, a Síria e o Hezbollah, ou seja, os alvos imediatos e principais das potências capitalistas para dominar a região em sua sanha neocolonialista. Pressionado pelo Egito, o líder do Hamas em Gaza, Ismail Haniya, recebeu recentemente o emir do Qatar, mas se negou a condenar a Síria. Logo depois disto Israel liquidou Jabari e depois atacou o escritório pessoal de Haniya na tentativa de que a fração ligada ao Qatar e ao Egito no Hamas tome o controle completo da organização e liquide seu braço armado assim como debilite o objetivo de resistir ao enclave sionista e a agressão a Síria e ao Irã.

Neste exato momento, o governo do Egito impôs que o Hamas decretasse um “cessar fogo” unilateral enquanto Israel continua suas operações militares. Morsi demonstra que avançou no controle sobre o Hamas e agora costura com Israel e os EUA uma “trégua” justamente para estabilizar sua situação interna. Se continuar a agressão sionista, o governo do Egito fica em uma situação extremamente delicada, interna e externamente, já que as manifestações diárias no Cairo exigem uma resposta aos ataques de Israel, enquanto outros grupos na Palestina ameaçam reagir com novos ataques ao enclave terrorista, chamando a solidariedade do conjunto dos trabalhadores do planeta. O assassinato de Jabari foi uma tentativa de quebrar a frente de resistência composta pelo Hezbollah, que agrupa uma fração do Hamas pró-Irã e outros grupos palestinos. Até o momento, este quadro ainda não está decidido já que há resistência interna no Hamas e na Jihad Islâmica à orientação pró-sionista imposta pela Irmandade Muçulmana, enquanto outros grupos mais a esquerda como os Comitês Populares de Resistência e a FPLP defendem ir para a ofensiva visando enfrentar o sionismo e o imperialismo!

Não por acaso, o carniceiro Netanyahu declarou que seria um “parceiro de boa vontade” em uma eventual trégua com o Hamas costurada pelo governo do Egito e a Casa Branca, através da víbora Clinton que se encontra na região. Israel sabe que na verdade está em curso um maior controle do Hamas pela Irmandade Muçulmana visando sabotar a resistência palestina. O Hamas encontra-se na encruzilhada: domesticar-se completamente aos ditames do enclave sionista como é o Al Fatah de Abbas hoje ou romper com a política da Irmandade Muçulmana, que é avalista da falsa “revolução árabe”. Na verdade, esta disjuntiva permeia o debate no interior da própria esquerda mundial, já que a esmagadora maioria dos revisionistas ingressaram de malas e bagagens no campo de reação democrática patrocinada pelo imperialismo em nome do combate às “ditaduras” na Líbia, Síria e Irã, quando na realidade estavam apenas dando uma cobertura de “esquerda” à investida do imperialismo na região. Para vencer Israel e derrotar sua ofensiva militar é preciso impulsionar uma frente única com a resistência palestina, o Irã, a Síria e o Hezbollah, onde as organizações marxistas revolucionárias atuem na mesma trincheira de combate destes países e dos grupos políticos na luta contra o imperialismo, tendo completa independência política diante do programa burguês-teocrático destes regimes e grupos. Nesse sentido, é preciso que os trabalhadores pelo mundo se levantem em luta contra Israel e denunciem o “cessar fogo” imposto pelo Egito ao Hamas que está a serviço de impor a paz dos cemitérios na Palestina, se postando pela vitória militar da resistência palestina para destruir o enclave nazi-sionista!



terça-feira, 20 de novembro de 2012


20N: Um “paro nacional” que consolida a ampla aliança entre a direita argentina, a burocracia sindical mafiosa e os revisionistas do trotskismo

Neste 20 de novembro, a CGT comandada por Moyano, dirigente de uma ala da burocracia sindical mafiosa recentemente rompida pela direita com o governo de Cristina Fernandez Kirchner (CFK), a CTA de Michelli em aliança com as reacionárias Sociedade Rural e a Federação Agrária, que representam a classe dominante do campo, chamaram um “paro nacional” de 24 horas na Argentina, o primeiro contra a uma gestão kirchnerista desde 2003. A convocatória também teve a adesão da arqui-direitista CGT “azul e branco” de Luis Barrionuevo e o apoio velado da oposição burguesa conservadora (Macri, De Narváez, UCR, FAP de Binner) assim como do Clarín e do La Nación, que estão dando uma inusual ampla cobertura a mobilização, na medida em que o protesto desgasta o governo CFK, sendo apresentado na mídia como uma sequência natural dos dois “cacerolazos” ocorridos anteriormente sob a direção da direitona argentina. Os revisionistas do trotskismo agrupados na FIT (PO, PTS, IS) assim como o MAS e outros grupos satélites menores (LIT/PSTU, CS, LOI-DO...) desta vez apoiam unidos e entusiasticamente a paralisação. A grande família revisionista trata de encobrir o fato que o móvel político do protesto não é as reivindicações dos trabalhadores (ainda que elas estejam presentes de forma extremamente secundária entre os reclamos), mas a política de um setor da burocracia sindical que em aliança com a direita e particularmente com a oligarquia rural pretende chantagear o governo em benefício de seus próprios privilégios enquanto é funcional ao objetivo de debilitar o governo nacional. Tanto que nos sindicatos que aderiram ao “paro” não houve sequer assembleias de base para organizá-los para não haver um debate democrático sobre os eixos do protesto. Estamos, portanto, vendo mais um capítulo da gestação da unidade entre a oposição conservadora, a burocracia sindical vendida e os revisionistas do trotskismo, em uma “santa aliança” de fortalece os setores abertamente pró-imperialistas da burguesia que almejam substituir a gestão nacional populista dos K por uma administração ainda mais alinhada a Casa Branca, em uma disputa que já começa nas eleições regionais e parlamentares de 2013.

Curiosamente, em todas as entrevistas e comunicados, a burocracia sindical da CGT e CTA ignorou a reivindicação central dos trabalhadores por um salário mínimo vital ou outras demandas que dessem um corte mais classista ao protesto, justamente para não desagradar seus aliados de direita da Sociedade Rural e Federação Agrária. A principal reivindicação é a exigência de liberação imediata de 14 milhões que dizem que o governo deve as “obras sociais” dos sindicatos, recurso controlado diretamente pelos corruptos dirigentes. Em resumo, tentando paralisar algumas atividades chaves e fazer bloqueios de rua para impedir o trânsito, Moyano e a direitona ruralista pretendem fazer mais uma demonstração de força e para isto contam com o apoio da esquerda, que sabe perfeitamente desta manobra porém avaliza o protesto. O PO chama a “Paralisar massivamente” apesar de reconhecer que “A oposição tradicional trabalha para levar para o seu campo a enorme insatisfação popular. As centrais opositoras não chamaram a marchar à Praça de Maio. Tampouco dará continuidade a paralisação através de um plano de luta. Querem colocar a classe operária a reboque dos Macri, Binner ou De la Sota”. Já o PTS nos dá uma resposta reveladora a sua própria pergunta “Porque Moyano e Micheli conspiram contra o sucesso da medida chamada por eles mesmos e chama uma paralisação de forma tíbia e burocrática? Se deve aos compromissos que têm com os vários setores da oposição da oposição patronal, que não querem que se expresse a força da classe trabalhadora e seus métodos de luta. Enquanto o governo de Cristina vai se desgastando desde sua vitória nas eleições presidenciais de outubro do ano passado, as patronais preparam variante de mudança, fazendo que se faça quase impossível à 're-reeleição' ”. Como se vê estes calhordas sabem perfeitamente do móvel reacionário e direitoso do 20-N, mas apoiam o protesto justamente porque são favoráveis a unidade “de massas” com a oposição conservadora para desgastar Cristina achando que podem capitalizar eleitoralmente seu debacle, criticando apenas a burocracia sindical por ser “tímida” em seus métodos de luta! Repetem na Argentina a mesma fórmula que fizeram na Líbia e agora intervém na Síria: unidade com os “rebeldes” pró-imperialistas contra governos que tem algum grau de atrito com a Casa Branca, ainda que daí se fortaleça uma saída política ainda mais reacionária, como o “novo” governo fantoche líbio do CNT! Como declara a ultra-revisionista Izquierda Socialista: “É sabido que temos diferenças com os projetos sindicais e políticos de Moyano e Micheli. Porém agora se necessita a mais ampla unidade dos trabalhadores e dos setores populares para enfrentar o governo” (Sítio IS). Não por acaso a IS/UIT defendeu armas para os monarquistas “rebeldes” líbios e agora saúda os mercenários do ELS na Síria, em uma “ampla unidade” que inclui até mesmo a víbora Clinton e a OTAN!

De tão escandalosa a conduta da maioria dos revisionistas tem sido criticada até por aliados. Vejamos o que nos diz o ex-morenista e fundador do PTS, Carlos Petroni, mais conhecido na esquerda como Leon Perez: “A esquerda de todos os matizes (desde PO, PTS e IS, componentes FIT, até o MST e o PCR) apoiam incondicionalmente a greve e se mobilizam por ele com todas as suas forças, embora não possam incidir sobre sua direção, nem no seu programa e implementação prática... Altamira e o PO até mesmo trataram de teorizar. Dizem que qualquer greve, sob quaisquer circunstâncias, deve ser apoiada e que as assembleias são secundárias e subordinadas à ação. De fato, lembremos que quando houve uma greve em Nova York de professores contra o controle da comunidade negra das escolas em plena luta por direitos civis, os trotskistas não a apoiaram. Quase ninguém na esquerda antepôs um programa alternativo ao de Moyano, contentando-se a segui-lo e não puderam separar-se do eixo central, político, de que a paralisação se converteu em um ato partidário da oposição, tanto pejotista de direita como da UCR e até da Coalização Cívica por um lado e da FAP por outro” (sítio Izquierda.info). O fato é que a esquerda revisionista atua como satélite da burocracia sindical e dos setores mais reacionários da burguesia quando deveria denunciar o engodo montado em torno de 20-N e chamar uma mobilização independente, com uma claro corte de classe e com métodos próprios de luta. Como não fazem esse combate político se limitam a reclamar que a CGT e a CTA não chamaram um marcha a Praça de Maio... fazendo desta “polêmica” uma paródia da verdadeira delimitação que os genuínos revolucionários deveriam fazer ante a investida reacionária da direita, justamente para clarificar as posições em meio a confusão que toma conta dos trabalhadores! Lembremos que Trotsky não vacilou em alertar sobre greves reacionárias quando disse “Um sindicato dirigido por burocratas reacionários, organiza uma greve contra a admissão de operários negros em um determinado ramo da indústria. Apoiaremos uma greve tão vergonhosa? Naturalmente que não. Porém, imaginemos que os patrões, utilizando tal greve, tentem derrotar o sindicato e impossibilitar, no geral, a defesa organizada dos trabalhadores. Neste caso, logicamente, defenderemos o sindicato, apesar de sua direção reacionária” (Em defesa do Marxismo). Sabemos que o 20N não chegou a esse estágio... ainda , mas a tendência política é cada vez mais o alinhamento dos setores que o convocaram (CGT Moyano e a CTA de Michelli) com a direita, sendo a burocracia sindical vendida no mínimo funcional a esta!

Já o grupo El Militante, ligado a CMI de Alan Woods, corrompido até a medula pelos governos “progressistas” na América Latina, como os petrodólares de Chávez, agora critica a “esquerda” por adotar a mesma linha que tal grupo venal aplicou na Líbia, de “ampla unidade” contra a “ditadura” de Kadaffi, por exemplo! Lembremos que na Argentina, a direitona diz que o governo de CFK faz parte de “ditadura K” iniciado pelo falecido Nestor Kirchner e, por isto, se levanta em marcha contra a possibilidade de uma “re-reeleição”. Vejamos o que nos dizem esse caras de pau que apoiaram Cristina nas eleições presidenciais, espantados com a política que eles mesmos aplicam no outro lado do planeta: “Moyano e Micheli apoiaram as reacionárias mobilizações e cacelorazos de 13 de setembro e 08 de novembro. A ‘valentia’ de Moyano e Micheli assenta-se no alento que lhes dão a patronal, os seus meios de comunicação, o espectro político à direita de Kirchner (de Macri até o Projeto Sul, com o aplauso da ‘esquerda’ sectária) e da pequena burguesia. Achamos lamentável que se utilizem de demandas legítimas da classe trabalhadora e de suas organizações para manobras políticas não confessas que vão contra os interesses da mesma, em aliança com setores patronais e políticos reacionários”. A CMI apoia a (falsa) luta contra as “ditaduras” no Oriente Médio, mas se opõe as mobilizações de direita na Argentina e na Venezuela alegando que Cristina e Chávez foram “eleitos democraticamente”. Assim escondem, por exemplo, que Chávez foi eleito respeitando as regras burguesas e por isso não adotou nenhuma medida socialista real de enfrentamento com o capital e vive chantageado pelo imperialismo por respeitar o sistema legal vigente. Chávez, o dirigente da fantasiosa “revolução bolivariana” apoiada pela CMI, sempre rebate o argumento de que não é “totalitário” porque respeita os resultados eleitorais e a Constituição, ou seja, não ousa romper com a ordem política e jurídica do regime capitalista. O mesmo faz CFK com sua “Ley de Medios”, já que ela é gerente de um governo burguês, que enfrenta bandos de sua mesma classe que desejam tomar o controle da gestão para suas próprias mãos. Macri e De Narváez almejam romper com o cinturão de governos da centro-esquerda burguesia porque sabem que o ciclo de vida destes deve acabar nos próximos anos na América Latina!

O que esta claro é a necessidade de se construir uma alternativa própria dos trabalhadores, contra os ataques do governo “nac e pop” de CFK e a investida da direita. Nesta senda, os genuínos revolucionários declaram abertamente que não entrarão pelas portas dos fundos destas mobilizações direitistas de “massas”, como o 8N ou mesmo o atual “paro nacional” de 24 horas a serviços dos interesses de classe dos setores opositores da burguesia. O combate aos ataques de Cristina ao movimento operário e sua política de colaboração de classes não se dará no terreno do apoio às iniciativas da direita e da burocracia sindical a seu serviço, abdicando da completa independência política dos trabalhadores, mas denunciando justamente que estes “cacerolazos” e “paros” patrocinados por setores de alta classe média e os “sojeros” da classe dominante rural não são uma alternativa ao populismo de Cristina. É preciso levantar as demandas dos trabalhadores e usar seus próprios métodos de luta para derrotar o CFK e a oposição conservadora, nunca aliançar-se a reação para o “derrumbe” de Cristina. Os marxistas leninistas não nutrimos a menor simpatia política pelo governo burguês da senhora Cristina mas jamais nos uniremos à escória direitista como Macri, De Narvaez ou o grupo Clarín para “derrubar” os K. Nossa tarefa é construir um campo de luta próprio e independente dos trabalhadores, denunciando vigorosamente Moyano e a burocracia sindical corrupta e mafiosa, assassina de Mariano Ferreira, como agentes patronais que não merecem nenhuma confiança dos trabalhadores, forjando uma oposição operária e revolucionária ao governo de CFK e a reação direitista.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

 
LBI lançará no Fórum Palestina Livre o folheto “A ‘Primavera Árabe’ contra a Intifada palestina”

No momento em que o enclave terrorista de Israel declara mais uma guerra contra a Palestina, bombardeando a Faixa de Gaza e assassinando dirigentes e militantes do Hamas, a LBI publica o folheto “A ‘Primavera Árabe’ contra a Intifada Palestina”. Aproveitamos a realização em Porto Alegre (RS) do Fórum Social Mundial Palestina Livre para lançar esta publicação voltada não “apenas” para expressar nossa solidariedade militante à causa palestina e a luta pela destruição do enclave sionista, mas também para abrir uma polêmica no interior da esquerda sobre a (mal) chamada “Primavera Árabe”. Esta, na verdade, trata-se hoje de uma transição ordenada e controlada pela Casa Branca que não só trocou seus gerentes desgastados no Egito e na Tunísia, mas também serviu de justificativa para uma intervenção militar contra o regime líbio dirigido por Kadaffi. Atualmente, essa realidade esta cada vez mais clara, na medida em que Israel deseja ver o fim do regime da oligarquia Assad pelas mãos dos “rebeldes” mercenários na Síria para debilitar o Hezbollah e possibilitar, em melhores condições, uma agressão junto com o imperialismo ianque ao Irã. O atual ataque de Israel à Palestina e sua resistência (Hamas), grupo que tem o apoio da Síria e do Irã, é parte desse plano macabro lastreado na ofensiva imperialista contra os regimes nacionalistas do Oriente Médio batizada de “Primavera Árabe” e está a serviço de debilitar a resistência palestina por meio da luta direta, a Intifada, contra Israel.

Para os marxistas revolucionários da LBI o apoio à causa palestina está umbilicalmente ligada à luta contra a atual ofensiva imperialista na região, mais particularmente contra a Síria e o Irã. Aqueles que como o PSTU/LIT dizem que “A luta do povo palestino ganha força na medida em que avançam as revoluções no Norte da África e Oriente Médio” nada mais fazem que prover com uma cobertura “de esquerda” a política da Casa Branca, da ONU e da OTAN de debilitar seus adversários na região para melhor avançar em seus objetivos econômicos e políticos neocolonialistas. Agora, Obama busca fechar um acordo com o governo da Irmandade Muçulmana, que dirige o Egito e que foi parido da “Primavera Árabe”, para estrangular a reação palestina aos ataques genocidas de Israel.

Não fazemos nenhuma ode à falsa “Revolução Árabe”, como os revisionistas que agem como papagaios da grande mídia. Como já alertamos várias vezes, o imperialismo ianque já vinha há algum tempo planejando tirar de cena seus antigos títeres para garantir a estabilidade política necessária à continuidade de seu domínio mais “legitimado” na região. Dessa forma, Ben Ali e Mubarak, apenas foram substituídos por novos gerentes do próprio staff do regime e, no caso do Egito e Tunísia, a continuidade do poder da burguesia foi assegurada pelo principal sustentáculo do Estado capitalista, ou seja, as forças armadas das quais o próprio Mubarak também já fizera parte. Não houve qualquer mudança na base econômica, nem tampouco ruiu a superestrutura do regime político. Em outras palavras, o caráter de classe do Estado continuou o mesmo, uma máquina de opressão e dominação da burguesia nacional e do imperialismo sobre as massas trabalhadoras exploradas. Neste exato momento, a Casa Branca articula seus aliados para avançar ainda mais as garras do império contra a Síria e o Irã, saudando ao lado dos revisionistas a “vitória da revolução árabe” made in USA!

O folheto “A ‘Primavera Árabe’ contra a Intifada Palestina” aborda, passo a passo, este processo, chegando aos nossos dias atuais e a guerra que acaba de ser declarada por Israel a Palestina, como parte da preparação da ofensiva militar mais geral contra o Irã. Netanuyahu deseja com esta operação militar contra o Hamas fazer um “balão de ensaio” para medir como será a reação dos povos do Oriente Médio ao ataque a Palestina para justamente melhor se organizar a fim de desferir, junto com o imperialismo ianque, uma investida militar contra a nação persa. Estamos vendo o início de uma guerra contra a Palestina e sua resistência (Hamas) que tem como alvo estratégico o Irã! Como marxistas revolucionários, nos colocamos incondicionalmente pela vitória militar do Hamas frente às forças imperialistas e sionistas, que preparam também a agressão ao Irã. Alertamos que no curso da luta em defesa da libertação da Palestina faz-se necessária a superação das direções burguesas e teocráticas. Apesar das heroicas ações militares que encabeçam, estes grupos são reféns de um programa teocrátrico-burguês sendo sua superação por uma direção revolucionária e comunista a condição fundamental para a conquista da verdadeira pátria palestina no conjunto dos territórios históricos rapinados pela máquina de guerra sionista, rumo à edificação de uma Palestina soviética, em todo o território histórico, baseada em conselhos de operários e camponeses palestinos e hebreus!

Para nós, a justa aspiração do povo palestino pela sua pátria, a retomada de seu território histórico e a edificação de seu Estado nacional apenas podem ser alcançados ligando as tarefas democráticas pendentes com a luta pela revolução social. Essa imposição decorre do controle que o imperialismo exerce sobre a região e devido ao caráter de enclave militar de Israel, um Estado artificial montado pelos EUA para controlar o Oriente Médio. A utopia reacionária da existência de “dois estados” convivendo lado a lado, um sendo uma máquina de guerra instalada no território palestino e outro um “Estado-bantustão”, revela-se uma farsa. Essa fraude é o único “Estado palestino” que o imperialismo e Israel estão dispostos a aceitar.

Como afirmamos no folheto que agora disponibilizamos para os nossos simpatizantes e leitores, a reivindicação da construção de um Estado palestino laico e não-racista somente tem consequência se estiver ligada à compreensão de que a resolução plena da aspiração nacional palestina choca-se com os estreitos limites do capitalismo decadente, ou seja, é impossível de ser concretizada pela via da construção de um Estado nacional burguês, devido ao caráter de opressão imperialista no Oriente Médio e particularmente na Palestina. As massas somente poderão impor suas reivindicações democráticas diante da opressão imperialista e do sionismo através de uma luta de caráter anti-imperialista e anticapitalista, ou seja, todo o oposto do que vem se cristalizando com a “Primavera Árabe” em países como a Líbia ou mesmo no Egito, que diante do ataque a Palestina se limitou a retirar seu embaixador de Israel, mantendo os acordos com o enclave sionista. A única via para a vitória palestina é a unidade revolucionária dos explorados árabes alicerçada em um programa marxista que defenda a destruição da máquina de guerra nazi-sionista. Para avançar nesta tarefa é imprescindível superar a orientação contrarrevolucionária da ANP de Abbas e edificar, sob os escombros da ordem capitalista na região, a Federação das Repúblicas Socialistas Árabes!