“Operação Águas Claras” respinga lama no Deputado José Guimarães, o “Capitão Cueca”, alvo de chantagem da oligarquia “socialista” dos Ferreira Gomes
Veio à tona nos últimos dias mais um escândalo de corrupção comandado pelo deputado federal José Guimarães (PT-CE), que será líder do PT na Câmara dos Deputados e irmão do ex-presidente do PT, Genoíno Neto, condenado recentemente no processo do chamado mensalão. A operação “Águas Claras” do Ministério Público de São Paulo que investiga empresários acusados de fraudes em licitações de prestadoras de serviço a autarquias de água e esgoto de municípios de quatro estados, São Paulo, Piauí, Ceará e Rio Grande do Sul e o Distrito Federal, revelou através de escutas telefônicas a participação do deputado Guimarães em um grande esquema de corrupção na Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), cujo controle da diretoria é compartilhado entre a oligarquia Ferreira Gomes (PSB), o PMDB e o PT. A operação flagrou citações frequentes de seu nome em diálogos grampeados dos empresários da Allsan engenharia e administração, Reynaldo Costa Filho e Moisés Ruberval Ferraz Filho, que chamam o deputado ora pelo nome, ora por “cueca”, ou simplesmente “capitão cueca”. O contato de Reynaldo e Moisés na Cagece é o diretor comercial, Antonio Alves Filho, o Cony, indicado para o cargo pelo deputado Guimarães. A Allsan detém um contrato de R$ 8,94 milhões para a prestação de serviços de leitura e emissão de faturas junto à companhia estatal, tendo que para garantir a prorrogação do esquema, pagar propina para Guimarães, através do seu laranja, Cony, que frequentemente mantinha contato e se reunia com Reynaldo e Moisés para receber o dinheiro do esquema.
Em 2005, quando era deputado estadual, José Guimarães ficou conhecido nacionalmente quando o seu assessor foi flagrado no aeroporto de Congonhas-SP com R$ 200 mil em uma maleta e US$ 100 mil dentro da cueca. O dinheiro era parte do recebimento de propinas de empresas que conseguiam empréstimo a fundo perdido no Banco do Nordeste do Brasil (BNB) através da intermediação (autorização) do então assessor especial da presidência do banco, Kenedy Moura, indicado para o cargo por Guimarães. O presente escândalo de corrupção, assim como o ocorrido em 2005, representa apenas a ponta do iceberg dos esquemas que os partidos representantes da burguesia como o PT realizam para fazer caixa a partir do botim estatal. Homem de confiança da cúpula petista nacional, José Guimarães comanda a estrutura do partido há décadas no Ceará, tornou-se a partir do governo Lula o grande operador da máquina de rapina montada pelo PT no estado e agora deve assumir pelo sistema de rodízio a liderança do partido na Câmara Federal.
Com o controle de todas as indicações dos cargos de primeiro e segundo escalão das empresas estatais, tanto as de responsabilidade administrativas da União como o BNB, assim como as vinculadas ao governo Cid Gomes, como a Cagece, Guimarães detém um grande poder político e financeiro a ponto de não apenas ser absolvido no processo de cassação da Assembleia Legislativa no escândalo dos dólares na cueca como também por ter sido eleito deputado federal em 2006 e reeleito em 2010 através da compra de votos. Agora, depois das eleições municipais de Fortaleza, em que o candidato do PT ligado à prefeita Luizianne Lins (DS) foi derrotado pela oligarquia “socialista” dos Ferreira Gomes, através de uma aberta fraude eletrônica, Guimarães tratou de defender a “trégua” entre ambos os bandos burgueses (PT e PSB locais), justamente porque sabe que caso agisse de outra forma viria à tona o mar de lama de seus escândalos...Preventivamente, Ciro Gomes tratou de fazer chegar na imprensa os esquemas de Guimarães na Cagece, disciplinando a ala do PT que era até então aliada de Luizianne Lins na disputa municipal. Como a aliança entre os Ferreira Gomes e Dilma foi reafirmada recentemente, Guimarães já declarou que defende o que chamou de “repactuação” entre PT e PSB em Fortaleza, propondo até mesmo que o partido componha a nova administração municipal.
A influência de Guimarães no governo Dilma como operador dos esquemas de corrupção petista e sua capacidade de negociar com outras legendas burguesas, o “toma lá da cá”, o levou ao posto de vice-líder do PT na Câmara dos Deputados e, consequentemente, por um sistema de rodízio, o próximo presidente da legenda na Câmara Federal. A operação “Águas Claras” assim como o julgamento do processo do mensalão pelo arquirreacionário STF, longe de uma tentativa de moralização da “coisa pública” e do Estado burguês, corrompido por essência, já que não passa de um comitê de negócios dos capitalistas, acontece como parte da luta pelo controle do botim estatal entre as diversas frações da burguesia e seus gerentes de plantão em nível nacional. No PT, em particular, serve para disciplinar as tendências, grupos e parlamentares que ainda não estavam totalmente alinhados a estratégia eleitoral da “gerentona” para 2014 de fortalecer o “novo PT” à sua imagem e semelhança, desfazendo-se dos resquícios da influência de Lula, Dirceu e Cia. Luizianne e sua DS em Fortaleza, que se enfrentaram violentamente com a oligarquia Ferreira Gomes, já foram rifadas nesta guerra entre as máfias petistas, com o “capitão cueca” sendo agora alvo de denúncias justamente para enfraquecer qualquer resistência do PT local aos ditames do Planalto. O futuro do PT após a prisão de Dirceu e Genoíno e com o enfraquecimento de sua ala histórica é a sedimentação da liderança dos neopetistas tecnocratas, comandados por Dilma, que reeleita em 2014 fará um governo ainda mais à direita e servil a burguesia!