terça-feira, 13 de novembro de 2012


Diante da política de extermínio da polícia de Alckmin, organizar os comitês de autodefesa da população pobre!

Poucos dias depois da celebração do acordo entre o governo Alckmin (PSDB) e o Palácio do Planalto acerca do “combate ao crime organizado” no estado de São Paulo, mais um caso de execução sumária por parte da PM veio à tona. Na esteira das centenas de crimes cometidos pela PM paulista, foi a vez do servente de obras Paulo Batista do Nascimento, assassinado a sangue frio em uma abordagem policial em Campo Limpo, durante a chamada “Operação Saturação”, só que agora flagrado por uma câmera de vídeo de um morador do bairro, cujas imagens foram divulgadas em toda a imprensa nacional. No Boletim de Ocorrência, como já é de praxe, os “meganhas” registraram fraudulentamente o caso como “resistência seguida de morte”, quando o vídeo inquestionavelmente mostrava que o servente encontrava-se completamente rendido, dominado, espancado e já preso dentro da viatura. Os marxistas sabem perfeitamente que os policiais e agentes são inimigos de classe do proletariado porque estão inapelavelmente a serviço da repressão do Estado capitalista e vinculados aos grupos de extermínio ou “esquadrões da morte”! Nas periferias a população pobre sofre cotidianamente com as abordagens violentas da polícia, invadindo casas a pontapé não importando quem seja bandido ou não, objetivando criar um clima de terror nos trabalhadores. Nossa resposta deve ser a organização de os comitês de autodefesa da população pobre para responder a sanha assassina do Estado burguês!

Aos revisionistas do trotsquismo (PSTU, PCO, CST) que argumentam serem os policiais trabalhadores e que quando fazem greve devem ser apoiados, afirmamos que o fato de terem sido um dia recrutados entre os trabalhadores não tem a menor importância social: “O fato de que a polícia foi originalmente recrutada em grande número dentre os trabalhadores social-democratas não quer dizer nada. Aqui também a consciência é determinada pela existência. O trabalhador que se torna um policial a serviço do Estado capitalista, é um policial burguês, e não um trabalhador” (E agora, questões vitais para o proletariado alemão, 1932). Por ser um elemento ideologicamente apartado do proletariado na função repressiva sob o comando da burguesia está livre para perpetuar todo tipo de massacre contra a população pobre, como foi o caso da barbárie da desocupação dos moradores do Pinheirinho, da truculência contra os estudantes que ocupavam a Reitoria da USP e com os sem-teto no centro da capital paulistana. A violência contra o povo pobre não é casual, compreende um ato de guerra, de classe como precisamente analisou o velho Engels: “O Estado é uma classe organizada, a violência organizada, para impor a sua ordem a sociedade” (Origem da família, da propriedade privada e do Estado).

Por outro lado, a sequência de crimes na capital paulista faz com que a mídia murdochiana se utilize destes fatos para pressionar pelo incremento da repressão estatal dentro e fora das grandes penitenciárias, criminalizando a priori todo o povo trabalhador pobre que vive sem qualquer assistência nas periferias e favelas, a fim de reforçar a exigência para a ocupação militar de morros e favelas, tal qual ocorre na capital carioca. O pacto entre Haddad e Alckmin logo após as eleições municipais, e pouco depois ratificado por Dilma, caminha por esta trilha, a exemplo do que vem ocorrendo no Rio de Janeiro com as UPPs. Isto, de fato, já começou em São Paulo através da ocupação da maior favela do estado, a Paraisópolis e da São Remo, esta invadida pela ROTA, GOE, Força Tática, a tiros, cães e bombas durante a madrugada em fins de outubro. As mortes de policiais são utilizadas como justificativa para incrementar uma selvagem ofensiva contra o proletariado das periferias. No caso da execução do servente de obras, familiares afirmam indignados: “Mataram meu irmão porque ele é pobre, ex-preso, morava na favela e foi colocado no meio desse fogo cruzado da briga entre a PM e os bandidos” (G1, 13/11).

Como havíamos afirmado em artigo anterior, os mais de 90 policiais mortos somente neste ano revela uma pugna pelo controle do tráfico de drogas no seio da burguesia, ou seja, entre o crime organizado e a própria polícia a fim de mudar os controladores e os chefes da produção, distribuição e transferência dos lucros para paraísos fiscais, uma vez que se trata de uma indústria de alta lucratividade. Neste sentido, uma linha bastante tênue separa a instituição policial do mundo do crime, o limite da “legalidade” e da “ilegalidade” das leis burguesas! Muitas vezes, a mando de certos grupos capitalistas, levam a cabo assassinatos sob encomenda, o extermínio de pobres (sem-teto, sem-terra, índios, lideranças sindicais etc.), configurando-se em “esquadrões da morte” a soldo de grandes empresários. Assim, “autos de resistência” servem para encobrir, sob a obscuridade da lei da democracia dos ricos, crimes contra a população indefesa, principalmente pela ROTA (tropa de elite da PM paulista) em ações na maioria das vezes “espetaculares” e midiáticas nas comunidades onde impera a miséria. A polícia do fascista Alckmin persegue, tortura, forja provas, mata apenas por considerar alguém “suspeito”, ainda mais se for um negro. O objetivo é espalhar um clima de terror na população: “No bairro [do servente assassinado], moradores temem retaliação. Cinco foram presos, mas e os outros? Todo mundo fica com medo de que voltem aqui” (O Estado de S.Paulo, 12/11).

A luta de classes extrai uma ácida lição para os revolucionários: nos dias atuais tornou-se lugar comum os revisionistas se postarem no campo da reação, seja apoiando greves policiais, seja defendendo os bombardeios da OTAN contra países semicoloniais como a Líbia, Síria, Irã... No lado oposto a estas sórdidas tendências político-ideológicas, os genuínos marxistas se colocam em defesa incondicional dos explorados e oprimidos pobres, sem nenhuma concessão a seus inimigos de classe, que recorrem ao aparato policial para impor o terror aos explorados. Para enfrentarmos a brutal repressão estatal que tem as PMs como verdadeiras máquinas de matar, é necessária a organização dos comitês de autodefesa dos moradores pobres das periferias sob a orientação de um claro programa anticapitalista que coloque na ordem do dia o combate organizado à ofensiva fascistizante do governo Alckmin/Dilma. Desta forma estaremos caminhando rumo à completa destruição do aparelho repressivo capitalista, responsável pelos mais bárbaros crimes contra as massas exploradas.