No momento em que o enclave terrorista de Israel declara mais uma guerra contra a Palestina, bombardeando a Faixa de Gaza e assassinando dirigentes e militantes do Hamas, a LBI publica o folheto “A ‘Primavera Árabe’ contra a Intifada Palestina”. Aproveitamos a realização em Porto Alegre (RS) do Fórum Social Mundial Palestina Livre para lançar esta publicação voltada não “apenas” para expressar nossa solidariedade militante à causa palestina e a luta pela destruição do enclave sionista, mas também para abrir uma polêmica no interior da esquerda sobre a (mal) chamada “Primavera Árabe”. Esta, na verdade, trata-se hoje de uma transição ordenada e controlada pela Casa Branca que não só trocou seus gerentes desgastados no Egito e na Tunísia, mas também serviu de justificativa para uma intervenção militar contra o regime líbio dirigido por Kadaffi. Atualmente, essa realidade esta cada vez mais clara, na medida em que Israel deseja ver o fim do regime da oligarquia Assad pelas mãos dos “rebeldes” mercenários na Síria para debilitar o Hezbollah e possibilitar, em melhores condições, uma agressão junto com o imperialismo ianque ao Irã. O atual ataque de Israel à Palestina e sua resistência (Hamas), grupo que tem o apoio da Síria e do Irã, é parte desse plano macabro lastreado na ofensiva imperialista contra os regimes nacionalistas do Oriente Médio batizada de “Primavera Árabe” e está a serviço de debilitar a resistência palestina por meio da luta direta, a Intifada, contra Israel.
Para os marxistas revolucionários da
LBI o apoio à causa palestina está umbilicalmente ligada à luta contra a atual
ofensiva imperialista na região, mais particularmente contra a Síria e o Irã.
Aqueles que como o PSTU/LIT dizem que “A luta do povo palestino ganha força na
medida em que avançam as revoluções no Norte da África e Oriente Médio” nada
mais fazem que prover com uma cobertura “de esquerda” a política da Casa
Branca, da ONU e da OTAN de debilitar seus adversários na região para melhor
avançar em seus objetivos econômicos e políticos neocolonialistas. Agora, Obama
busca fechar um acordo com o governo da Irmandade Muçulmana, que dirige o Egito
e que foi parido da “Primavera Árabe”, para estrangular a reação palestina aos
ataques genocidas de Israel.
Não fazemos nenhuma ode à falsa
“Revolução Árabe”, como os revisionistas que agem como papagaios da grande
mídia. Como já alertamos várias vezes, o imperialismo ianque já vinha há algum
tempo planejando tirar de cena seus antigos títeres para garantir a
estabilidade política necessária à continuidade de seu domínio mais
“legitimado” na região. Dessa forma, Ben Ali e Mubarak, apenas foram
substituídos por novos gerentes do próprio staff do regime e, no caso do Egito
e Tunísia, a continuidade do poder da burguesia foi assegurada pelo principal
sustentáculo do Estado capitalista, ou seja, as forças armadas das quais o
próprio Mubarak também já fizera parte. Não houve qualquer mudança na base
econômica, nem tampouco ruiu a superestrutura do regime político. Em outras
palavras, o caráter de classe do Estado continuou o mesmo, uma máquina de
opressão e dominação da burguesia nacional e do imperialismo sobre as massas
trabalhadoras exploradas. Neste exato momento, a Casa Branca articula seus
aliados para avançar ainda mais as garras do império contra a Síria e o Irã,
saudando ao lado dos revisionistas a “vitória da revolução árabe” made in USA!
O folheto “A ‘Primavera Árabe’ contra a Intifada Palestina” aborda, passo a passo, este processo, chegando aos nossos dias atuais e a guerra que acaba de ser declarada por Israel a Palestina, como parte da preparação da ofensiva militar mais geral contra o Irã. Netanuyahu deseja com esta operação militar contra o Hamas fazer um “balão de ensaio” para medir como será a reação dos povos do Oriente Médio ao ataque a Palestina para justamente melhor se organizar a fim de desferir, junto com o imperialismo ianque, uma investida militar contra a nação persa. Estamos vendo o início de uma guerra contra a Palestina e sua resistência (Hamas) que tem como alvo estratégico o Irã! Como marxistas revolucionários, nos colocamos incondicionalmente pela vitória militar do Hamas frente às forças imperialistas e sionistas, que preparam também a agressão ao Irã. Alertamos que no curso da luta em defesa da libertação da Palestina faz-se necessária a superação das direções burguesas e teocráticas. Apesar das heroicas ações militares que encabeçam, estes grupos são reféns de um programa teocrátrico-burguês sendo sua superação por uma direção revolucionária e comunista a condição fundamental para a conquista da verdadeira pátria palestina no conjunto dos territórios históricos rapinados pela máquina de guerra sionista, rumo à edificação de uma Palestina soviética, em todo o território histórico, baseada em conselhos de operários e camponeses palestinos e hebreus!
Para nós, a justa aspiração do povo
palestino pela sua pátria, a retomada de seu território histórico e a
edificação de seu Estado nacional apenas podem ser alcançados ligando as
tarefas democráticas pendentes com a luta pela revolução social. Essa imposição
decorre do controle que o imperialismo exerce sobre a região e devido ao
caráter de enclave militar de Israel, um Estado artificial montado pelos EUA
para controlar o Oriente Médio. A utopia reacionária da existência de “dois
estados” convivendo lado a lado, um sendo uma máquina de guerra instalada no
território palestino e outro um “Estado-bantustão”, revela-se uma farsa. Essa
fraude é o único “Estado palestino” que o imperialismo e Israel estão dispostos
a aceitar.
Como afirmamos no folheto que agora disponibilizamos para os nossos simpatizantes e leitores, a reivindicação da construção de um Estado palestino laico e não-racista somente tem consequência se estiver ligada à compreensão de que a resolução plena da aspiração nacional palestina choca-se com os estreitos limites do capitalismo decadente, ou seja, é impossível de ser concretizada pela via da construção de um Estado nacional burguês, devido ao caráter de opressão imperialista no Oriente Médio e particularmente na Palestina. As massas somente poderão impor suas reivindicações democráticas diante da opressão imperialista e do sionismo através de uma luta de caráter anti-imperialista e anticapitalista, ou seja, todo o oposto do que vem se cristalizando com a “Primavera Árabe” em países como a Líbia ou mesmo no Egito, que diante do ataque a Palestina se limitou a retirar seu embaixador de Israel, mantendo os acordos com o enclave sionista. A única via para a vitória palestina é a unidade revolucionária dos explorados árabes alicerçada em um programa marxista que defenda a destruição da máquina de guerra nazi-sionista. Para avançar nesta tarefa é imprescindível superar a orientação contrarrevolucionária da ANP de Abbas e edificar, sob os escombros da ordem capitalista na região, a Federação das Repúblicas Socialistas Árabes!