Governo do Egito parido da “Primavera Árabe” impõe que o Hamas decrete “cessar fogo” unilateral para preservar o enclave terrorista de Israel
O governo do Egito liderado pela Irmandade Muçulmana, parido da chamada “Primavera Árabe”, é o responsável pela aberta traição ao povo palestino e a sua resistência através da imposição de um “cessar fogo” unilateral do Hamas ao enclave terrorista de Israel. A decisão de impor um “cessar fogo” por parte da resistência palestina após sete dias de bombardeios de Israel, que deixou mais de 140 palestinos mortos, na verdade está a serviço de conter a reação dos povos árabes, mais particularmente das massas no próprio Egito. Estas exigem que “seu” governo aja em apoio aberto ao povo palestino, rompendo os acordos com Israel, ataque o enclave sionista e apoie concretamente com armas a resistência. Mas, como já denunciamos anteriormente, o governo de Morsi está completamente comprometido com a Casa Branca na medida em que assumiu em função de uma transição ordenada pelo imperialismo ianque. O exército do país é controlado diretamente pelo Pentágono, sem qualquer autonomia e o atual governo, longe de apoiar a Intifada Palestina, tratou de sabotar a resistência depois que Israel assassinou o importante dirigente político-militar da resistência palestina, Ahmed Jabari. Jabari foi o principal alvo desta operação militar porque apoiava o regime sírio e havia rompido com a ala do grupo liderada por Khaled Meshaal, que logo no começo da ação dos “rebeldes” mercenários na Síria, abandonou Damasco e foi viver no emirado do Qatar sob os auspícios do emir Al Thani, aliado dos EUA e de Israel, patrocinador da oposição pró-imperialista contra o regime de Assad. Meshaal agora se encontra no Egito, justamente para fechar o acordo com Israel.
A divisão que estamos vendo no Hamas é produto direto da própria luta de classe no Oriente Médio. Enquanto as vendidas burguesias árabes sob a direção da Arábia Saudita e Qatar, através do Comando Geral do Golfo (CGG), isolam a Síria e por tabela enfraquecem o Hezbollah e o Irã, as massas exigem uma resposta à agressão sionista. Este desejo se choca com os compromissos estabelecidos por Morsi com Obama e Netanyahu, cuja estratégia é debilitar os aliados da nação persa para que possam avançar rumo a um ataque contra o Irã. Se as massas árabes saem em luta contra Israel, automaticamente fortalecem o Irã, a Síria e o Hezbollah, ou seja, os alvos imediatos e principais das potências capitalistas para dominar a região em sua sanha neocolonialista. Pressionado pelo Egito, o líder do Hamas em Gaza, Ismail Haniya, recebeu recentemente o emir do Qatar, mas se negou a condenar a Síria. Logo depois disto Israel liquidou Jabari e depois atacou o escritório pessoal de Haniya na tentativa de que a fração ligada ao Qatar e ao Egito no Hamas tome o controle completo da organização e liquide seu braço armado assim como debilite o objetivo de resistir ao enclave sionista e a agressão a Síria e ao Irã.
Neste exato momento, o governo do Egito impôs que o Hamas decretasse um “cessar fogo” unilateral enquanto Israel continua suas operações militares. Morsi demonstra que avançou no controle sobre o Hamas e agora costura com Israel e os EUA uma “trégua” justamente para estabilizar sua situação interna. Se continuar a agressão sionista, o governo do Egito fica em uma situação extremamente delicada, interna e externamente, já que as manifestações diárias no Cairo exigem uma resposta aos ataques de Israel, enquanto outros grupos na Palestina ameaçam reagir com novos ataques ao enclave terrorista, chamando a solidariedade do conjunto dos trabalhadores do planeta. O assassinato de Jabari foi uma tentativa de quebrar a frente de resistência composta pelo Hezbollah, que agrupa uma fração do Hamas pró-Irã e outros grupos palestinos. Até o momento, este quadro ainda não está decidido já que há resistência interna no Hamas e na Jihad Islâmica à orientação pró-sionista imposta pela Irmandade Muçulmana, enquanto outros grupos mais a esquerda como os Comitês Populares de Resistência e a FPLP defendem ir para a ofensiva visando enfrentar o sionismo e o imperialismo!
Não por acaso, o carniceiro Netanyahu declarou que seria um “parceiro de boa vontade” em uma eventual trégua com o Hamas costurada pelo governo do Egito e a Casa Branca, através da víbora Clinton que se encontra na região. Israel sabe que na verdade está em curso um maior controle do Hamas pela Irmandade Muçulmana visando sabotar a resistência palestina. O Hamas encontra-se na encruzilhada: domesticar-se completamente aos ditames do enclave sionista como é o Al Fatah de Abbas hoje ou romper com a política da Irmandade Muçulmana, que é avalista da falsa “revolução árabe”. Na verdade, esta disjuntiva permeia o debate no interior da própria esquerda mundial, já que a esmagadora maioria dos revisionistas ingressaram de malas e bagagens no campo de reação democrática patrocinada pelo imperialismo em nome do combate às “ditaduras” na Líbia, Síria e Irã, quando na realidade estavam apenas dando uma cobertura de “esquerda” à investida do imperialismo na região. Para vencer Israel e derrotar sua ofensiva militar é preciso impulsionar uma frente única com a resistência palestina, o Irã, a Síria e o Hezbollah, onde as organizações marxistas revolucionárias atuem na mesma trincheira de combate destes países e dos grupos políticos na luta contra o imperialismo, tendo completa independência política diante do programa burguês-teocrático destes regimes e grupos. Nesse sentido, é preciso que os trabalhadores pelo mundo se levantem em luta contra Israel e denunciem o “cessar fogo” imposto pelo Egito ao Hamas que está a serviço de impor a paz dos cemitérios na Palestina, se postando pela vitória militar da resistência palestina para destruir o enclave nazi-sionista!