domingo, 22 de abril de 2018

NICARÁGUA URGENTE: DEPARTAMENTO DE ESTADO DOS EUA PREPARA UM NOVO GOLPE DE ESTADO NO CONTINENTE, AGORA CONTRA O GOVERNO SANDINISTA


Dez mortos, uma centena de feridos, destruição, barricadas e saques foram as marcas deixadas neste sábado (21) pelos violentos protestos desatados na Nicarágua contra uma reforma previdenciária, que levaram o governo Sandinista do presidente Daniel Ortega a reconhecer uma situação de grave crise política no país: "O governo está totalmente de acordo em retomar o diálogo para a paz, para a estabilidade para o trabalho, para que nosso país não fique em meio ao terror que está vivendo neste momento", afirmou Daniel Ortega em pronunciamento em rede nacional de televisão. Ortega não deu uma data para o início do suposto "diálogo nacional" proposto na sexta-feira pela câmara nacional patronal, mas afirmou que seus representantes estão prontos para "discutir todas as medidas tomadas". Nesse mesmo dia tiveram início os mais violentos protestos no país em 11 anos que o governo Sandinista retornou ao poder central, após "enterrar" a revolução de 1979 em troca de eleições burguesas gerais em 1990. O retorno do governo Sandinista na última década, foi marcado por uma gestão neoliberal de Daniel Ortega e sua esposa Rosario Murillo (vice-presidente), combinando políticas sociais compensatórias que agora parecem estar se esgotando com a crise econômica por que passa o país. O Sandinista Ortega, uma espécie de "Chavez que já foi Fidel", apesar de sua "dura" política econômica monetarista que não pretende quebrar o pacto capitalista celebrado com a velha burguesia somozista, sofre uma oposição cerrada dos setores patronais diretamente vinculados ao imperialismo ianque, inconformados com os sucessivos êxitos eleitorais de Daniel e sua esposa. A introdução de novas regras no INSS(Instituto Nicaraguense de Previdência Social), aumentando a taxação de patrões e trabalhadores, foi o "start" para a deflagração de violentos protestos armados e apoiados diretamente pelo Departamento de Estado dos EUA. O "que está acontecendo no nosso país não tem nome", disse o presidente Ortega acompanhado da esposa, Rosario Murillo, e do alto comando militar e policial. Sem citar nomes, Daniel disse que os protestos são incentivados por grupos políticos contrários ao seu governo e financiados por setores extremistas dos Estados Unidos: "Tem todo o direito de criticar (...) mas não tem o direito de conspirar para destruir e, pior ainda, procurar lá nos Estados Unidos os grupos políticos mais extremistas do império que, em primeiro lugar, são racistas", afirmou o Sandinista em seu discurso a nação. Após o discurso do presidente, o primeiro desde o início as manifestações violentas, centenas de jovens voltaram a enfrentar a tropa de choque na capital. Com os rostos cobertos por camisetas, os jovens ergueram barricadas nas ruas e atiraram rojões nos policiais, que respondiam com bombas de gás lacrimogêneo. A federação patronal advertiu neste sábado que "não pode haver um diálogo" com o governo se não acabar imediatamente a repressão policial contra os manifestantes que protestam há quatro dias: "Exigimos urgente do governo cessar de imediato a repressão policial e das forças de choque afins ao governo e garantir o direito à livre mobilização pacífica", declarou um representante da federação nacional patronal em um comunicado, revelando assim o apoio político da burguesia as manifestações contra o governo Ortega. Os reacionários empresários exigiram, por ironia da história para: "libertar de forma imediata os cidadãos detidos por exercerem seu direito a se expressar livre e pacificamente" e "garantir a irrestrita liberdade de imprensa e de expressão". O comunicado patronal deste sábado, assinado pelas câmaras que integram o Conselho Superior da Empresa Privada (COSEP), reconhecem que os protestos: "vão além do descontentamento com as reformas do sistema de pensões". Em Manágua, foram danificados o Ministério da Juventude, o prédio da Previdência Social, a Universidade de Engenharia e a sede da oficial Rádio "Ya". Nas cidades de León e Masaya houve "queima de carros", saque e destruição de prédios públicos", bem como roubos em lojas, denunciou o governo Sandinista. Por sua vez o embaixador dos EUA na OEA, exigiu o fim imediato da repressão aos protestos, advertindo Ortega dos riscos de uma intervenção direta do imperialismo ianque no país. Os Marxistas Revolucionários que não nutrem a menor simpatia política pelo "Neosandinismo", responsável por sufocar a maioria das conquistas da gloriosa revolução nicaraguense de 1979, não podem apoiar as iniciativas "populares" da reação burguesa impulsionadas pelo Departamento de Estado dos EUA, por mais justas que sejam as críticas a malfadada e neoliberal "reforma da previdência", copiada do modelo brasileiro que a ex-presidenta Dilma implementou em seu governo antes de sofrer o golpe parlamentar. Desgraçadamente o revisionismo da LIT/PSTU macula mais uma vez a bandeira da IV Internacional e do próprio Trotskismo, alinhando-se novamente com a ofensiva do governo Trump para desestabilizar politicamente a centro-esquerda burguesa na América Latina. Como Lenin nos ensinou "o pior inimigo dos povos é o imperialismo", com Ortega, Maduro ou Assad nos entrincheiramos para derrotá-lo, porém com nossa própria política e os métodos de combate revolucionário da classe operária mundial!