terça-feira, 17 de abril de 2018

HÁ 02 ANOS DO INÍCIO DO PROCESSO DE IMPEACHMENT: O COMEÇO DO FIM DA GESTÃO DA FRENTE POPULAR PELAS MÃO DE SEUS “ALIADOS” BURGUESES VIA O GOLPE PARLAMENTAR

Publicamos o artigo elaborado pela LBI há dois anos atrás analisando a aprovação do processo de impeachment na Câmara dos Deputados, que posteriormente resultou no afastamento definitivo da presidente Dilma. Com Lula hoje preso pelo Juiz Moro, tem-se o aprofundamento do golpe parlamentar iniciado em 2106. Naquele momento pontuamos que os aliados burgueses reacionários, muito úteis para aplicar o ajuste neoliberal contra as conquistas do povo trabalhador, se revelaram “escorpiões” para defender o mandato presidencial do PT. Alertamos naqueles dias que o esgotamento precoce do governo Dilma e o desenvolvimento posterior que desaguou no seu impedimento, não parte de uma necessidade da burguesia nacional em desfechar um Golpe de Estado, ou seja, alterar radicalmente as linhas fundamentais do regime democratizante (uma paródia de democracia burguesa) instaurado com o advento da “Nova República” no Colégio Eleitoral em 1985. Esta variante (Golpe de Estado) se coloca diante de uma situação de absoluta radicalização da luta de classes, onde a liberdade de organização da classe operária (direitos democráticos) pode se transformar em avanços revolucionários que ameacem a dominação capitalista. Nenhum destes ingredientes esteve presente na atual crise política do regime. Recapitulando, o default prematuro da quarta gerência petista foi produto do fim de um ciclo econômico mundial, no qual a política de conciliação de classes da Frente Popular foi extremamente útil para os negócios da burguesia nacional. Encerrado o “boom” das commodities e da fartura do crédito para introduzir no mercado de consumo a chamada “classe C” e financiar a expansão das grandes empresas, o governo petista perde sua utilidade para os reais donos do poder, o capital. Fenômeno político totalmente distinto ocorreu com o presidente João Goulart, onde a organização revolucionária do proletariado avançava a passos largos por cada “brecha” (como as Reformas de Base) que o governo nacionalista burguês abria, nesta situação a burguesia precisava derrotar o conjunto das forças de esquerda (Jango, CGT, Ligas Camponesas, Prestes) com métodos de guerra civil: o Golpe de Estado se impunha. As reformas neoliberais de Dilma e seu draconiano “ajuste fiscal” foram uma exigência do capital imperialista, em nada ameaçavam a dominação burguesa... muito pelo contrário! Porém houve um “óbice” na lentidão do cronograma da austeridade financeira do governo Dilma, o incremento da recessão econômica paralisava a rentabilidade dos negócios da burguesia, e um de seus segmentos mais representativo resolveu por não aguardar as eleições presidenciais de 2018, era necessário por em marcha um golpe institucional lastreado na paralisia estatal da Frente Popular.


A “GLORIOSA” BASE ALIADA DO GOVERNO DILMA FOI PROTAGONISTA DO 1º ATO DO GOLPE INSTITUCIONAL: OS “COMPANHEIROS” BURGUESES DO PT “ROERAM A CORDA” PARA ALIAR-SE AO RATO TEMER
(Blog da LBI, 17 DE ABRIL DE 2016)

O governo Dilma neste domingo, 17 de abril, talvez tenha amargado sua derrota fatal, com forte gosto de "traição" de antigos "companheiros" das oligarquias burguesas que até pouquíssimo tempo habitavam a chamada "base aliada" da Frente Popular no Congresso Nacional. Os tradicionais parceiros do PT como a família Sarney, Cabral&Pezão, Edir Macedo e todos seus pastores parlamentares, Maluf e o PP, o PSD do ministro Kassab, PR etc "roeram a corda" para aliar-se ao rato Temer...Um fato ainda mais ridículo foi o literalmente "até ontem" Ministro da Aviação Civil, Mauro Lopes (PMDB-MG) votar pelo impeachment quando foi "liberado" por Dilma para votar contra! O prefeito do Rio, Eduardo Paes, tido como "amigo íntimo" de Lula ao ponto de trocar confidências por telefone, que lhe presenteou com verbas milionárias das Olimpíadas, mandou seu secretários municipais se licenciarem para literalmente votarem todos contra o Planalto! Mesmo o PDT agora sob o comando dos Gomes teve muitas "baixas" contra a aprovação do impeachment. Ao lado do governo apenas PT, PSOL e PCdoB mantiveram a fidelidade integral ao mandato de Dilma. Com a decisão da Câmara o golpe institucional avançou a passos largos e ainda que o Senado tenha a decisão final, a ser realizada em duas votações (uma por maioria simples e outra qualificada de 2/3) será muito difícil reverter a dinâmica política imposta a partir deste domingo. Faltaram cerca de trinta votos para que o governo conseguisse barrar o golpe parlamentar ainda na Câmara, não era muito considerando que bastava que apenas o PSD ou o PR, que detinham ministérios importantes do governo, fechassem questão contra a admissibilidade do impeachment. O PP, que detém cerca de 40 votos na Câmara, poderia ter ao menos se dividido e assim já complicaria os planos de Temer e Cunha assumirem o Planalto, porém nada disto ocorreu, pelo contrário, essas siglas votarem em peso pelo impeachment de Dilma, no PP apenas 04 votaram com o Planalto! O PR que tinha declarado apoio formal ao governo só garantiu 09 votos... Com esse resultado, a Frente Popular sai gravemente ferida deste processo, e não falamos simplesmente do aspecto institucional e suas consequências da perda do aparelho estatal. Será imenso o desgaste político diante das massas de ter acumulado aliados burgueses reacionários, que foram muito úteis para aplicar o ajuste neoliberal contra as conquistas do povo trabalhador, mas que se revelaram "escorpiões" para defender o mandato presidencial do PT. A próxima "batalha parlamentar" que se aproxima no Senado, já se anuncia perdida para o governo do PT, que deverá se preparar para colher um retumbante fiasco eleitoral nas próximas eleições municipais. É certo que o PT ainda detém um forte potencial político para uma futura eleição presidencial em 2018, ou antes caso a burguesia decida "caçar" também Temer e Cunha. Porém não se sabe ainda em que condições programáticas Lula e o PT se apresentarão em uma nova rodada eleitoral, se com a velha cara do discurso da necessidade do ajuste neoliberal ou com uma renovada demagogia populista de esquerda. O certo é que a ofensiva ideológica e jurídica institucional (estado de exceção) da direita ganha um alento importante com a aprovação do impeachment de Dilma, que apostando todas as fichas de sua defesa na esfera parlamentar colheu (parceiros fisiológicos burgueses) uma tremenda derrota política. A Frente Popular sequer mobilizou suas bases sindicais e populares para uma greve geral contra o impeachment, se limitou a impulsionar atos (de características eleitorais) com artistas e personalidades culturais quando atingiu o melhor momento da resistência contra a ofensiva da direita. Uma derrota vergonhosa sem um chamado de luta para as massas proletárias, assim podemos caracterizar a conduta covarde da Frente Popular diante da grave crise política que foi acometida. O proletariado deve abstrair todas as lições de mais esta derrota da estratégia de colaboração de classes, para poder organizar de forma independente o combate a ofensiva imperialista que atingiu um novo patamar com a efetivação desta manobra parlamentar reacionária contra o governo do PT.