“ATO PELA DEMOCRACIA” COM LULA E FREIXO NO RIO: SOB O PRETEXTO DE “COMBATER O FASCISMO” NO CAMPO ELEITORAL, ENCONTRO DÁ INÍCIO AS NEGOCIAÇÕES PARA ALIANÇA ENTRE PT E PSOL EM 2018
Quem assistiu ao “ato em defesa da democracia” ocorrido
ontem (02.04) à noite no Circo Voador, no Rio de Janeiro e viu os discursos e
os abraços entre Lula e Freixo saiu com a certeza de que aquele encontro foi o
ponta pé das negociações para a aliança eleitoral entre PT e PSOL já no
primeiro turno de 2018, pelo menos no Rio de Janeiro. O “combate ao fascismo”
foi apenas o pretexto para legitimar essa unidade eleitoral, nenhum partido
propôs a luta direta e nas ruas contra a direita reacionária e as milícias
assassinas. A construção de comitês de autodefesa não consta no cardário da
Frente Popular! O grande mote foi “eleger parlamentares de esquerda” como
declarou Freixo e votar nas candidaturas do PT, PCdoB e PSOL. Freixo foi ainda
mais claro: “vamos conversar olho no olho, não por notas de jornais, para ver
que caminho seguir daqui para frente”. Fica clara a possibilidade de uma chapa no
Rio com Celso Amorim Governador e Chico Alencar para o Senado, com essa
coligação entre PT, PSOL e PCdoB elegendo muitos deputados estaduais e
federais! Como o candidato presidencial do PSOL, Guilherme Boulos, já atua como
um braço auxiliar do PT na disputa para o Planalto, nem mesmo está descartada
uma chapa entre Lula e o dirigente do MTST. Trata-se da ampliação de frente de
colaboração de classes comandada pelo PT desde 1989. Para melhor justificar
essa aliança utiliza-se do real e concreto perigo do avanço do fascismo e da
escalada reacionária que o país atravessa. Ocorre que longe de ser um
instrumento político útil para barrar a ofensiva da direita pela ação direta
dos trabalhadores, a Frente Popular formada pelo PT e PSOL (cada um tendo seu
papel no campo do reformismo) patrocina ilusões do circo eleitoral fraudado da
democracia dos ricos e orienta os trabalhadores a acreditar nas decadentes e apodrecidas instituições do
regime político burguês. Não por acaso, na sua fala Lula declarou “acredito que
a Suprema Corte irá cumprir seu papel de defender a Constituição e sanar as
injustiças que Moro, Dellagnol e a PF fizeram contra mim”. Diante da
possibilidade de ser preso após o dia 04 de abril Lula foi o mais genérico e
ordeiro possível “Se eu for preso, vocês serão meus pés e minhas mão, minha voz
em defesa da democracia”. Por sua vez Freixo disse que “os policiais mortos
merecem nosso respeito, não hierarquizamos os mortos aqui no Rio” em uma clara
defesa da PM, uma instituição repressora voltada a assassinar trabalhadores e
pobres, não esqueçamos que o parlamentar do PSOL foi ardoroso defensor das UPP´s. Em nenhum momento Lula ou Freixo chamaram mesmo que demagogicamente o
fim da PM ou a “desobediência civil” diante de uma ação desfavorável ao petista
no STF. Da mesma forma limitaram-se a
pedir “prisão e investigação para os que mataram Marielle e atiraram no ônibus
da caranava de Lula”. Como se observa, trata-se de uma frente eleitoral em
gestação que não serve como um ponto de apoio para a luta direta das massas,
uma continuidade das gestões petistas que desmoralizaram o movimento operário e
corromperam as lideranças sociais via sua integração ao Estado capitalista. A
LBI defende um a Frente Única de Ação contra o fascismo, a construção de
comitês populares de autodefesa e da construção da greve geral contra a
intervenção militar e para barrar o recrudescimento das ações das hordas
fascistas. A “Frente Democrática” entre PT e PSOL desgraçadamente se opõem a
esse objetivo de luta direta e aponta o caminho eleitoral. A própria
intervenção de Valério Arcary, dirigente do MAIS que representou o PSOL no ato,
em nenhum momento apontou essas tarefas, não convocou as centrais sindicais a
chamarem um dia nacional de paralisação e greve, não chamou a luta direta
contra a intervenção militar, apenas reforçou a necessidade do “combate ao
neofascismo” sempre dando a essa tarefa um corte eleitoral. Ao contrário dos revisionistas do Trotskismo
como o MAIS-NOS que estiveram presentes no ato, defendemos que no campo, nas
periferias e nos centros urbanos a organização dos círculos de autodefesa deve
estar colada à ação direta nos sindicatos e associações, sempre na perspectiva
da luta concreta por melhores condições de vida e salário. Não devemos encarar
a formação das milícias de autodefesa como uma tarefa “militarista”, separada
de nossas reivindicações pontuais e históricas. Nossas lutas deverão enfrentar
uma etapa bastante delicada nesta correlação de forças, onde teremos que
enfrentar o duro ajuste neoliberal e na mesma proporção a “onda” fascistizante
que deve se avolumar na medida do agravamento da própria crise econômica.
Estabelecer uma enérgica resposta política dos oprimidos a cada ataque
direitista contra nossos companheiros e lutas, perpassa pela organização de
nossas milícias de autodefesa, sabemos muito bem que com o fascismo que ameaça
nossas liberdades democráticas “Não se dialoga, se combate de armas na mão, se
preciso for!”. Por esta razão reforçamos nosso chamado ao conjunto das
organizações políticas e sindicais da esquerda para que debatam em suas bases e
organizem o mais rápido possível as milícias de autodefesa de cada organização
de esquerda, porque a sanha facínora da direita já mostrou que está muito bem
preparada. A LBI que combateu o golpe institucional sem deixar de denunciar a
gestão neoliberal de Dilma Roussef, mais uma vez alerta que essa via de
respeito a ordem capitalista e as instituições burguesa é a o caminho da
derrota. Por essa vereda o movimento operário será ainda mais desmoralizado no
caso de uma prisão de Lula ou de uma nova ação concreta das milícias
reacionárias! Por fim, declaramos que eleições sem Lula ou com Lula são uma
fraude da democracia dos ricos! O povo na democracia burguesa só pode
“escolher” entre os candidatos “autorizados” pelo regime e que não convoquem a
expropriação violenta do capital como fazem o PSOL e o PT. Defendemos o direito
de Lula ser candidato, ou de qualquer outro cidadão, apesar de denunciar que
uma candidatura comunista e revolucionária jamais será admitida pelo
“establishment” dominante. Defender o direito de Lula, ou de qualquer outro
cidadão brasileiro, ser candidato a presidente não é o mesmo que defender a
“democracia” como valor universal, ou avalizar seu programa de sustentabilidade
do capitalismo com “face humana”. Lutamos pelas liberdades democráticas no cenário
social do modo de produção capitalista. Entendemos a luta pelas liberdades
democráticas como o direito dos Marxistas-Leninistas se organizarem livremente
para “conspirar” contra o próprio regime democrático, porém os comunistas na
legalidade ou na clandestinidade mantém o mesmo objetivo estratégico, a tomada
do poder pelo proletariado! Não apoiamos nenhuma sentença da justiça de classe
da burguesia contra lideranças de esquerda, muito menos da famigerada operação
“Lava Jato" montada pelo imperialismo para desmontar a Petrobras. A
corrupção no sistema capitalista não se combate com a justiça do Estado burguês
e sim com a revolução socialista! Não existe capitalismo sem corrupção, é
inútil (ridículo mesmo) reivindicar dos juízes da burguesia que prendam todos
os capitalistas como fazem o PSTU e a TS, cada vez mais atuam escandalosamente como linhas
auxiliares da direita. Diante da Frente Popular que está se gestando entre o PT
e o PSOL dizemos: Não ao circo eleitoral de cartas marcadas pelo poder do
capital financeiro. Abaixo a fraude eleitoral da soberania popular, seja com
Lula, Boulos, Ciro e os fascistas Alckmin e Bolsonaro. Pela ação direta e
revolucionária das massas! Lutemos por um verdadeiro Governo Operário e
Camponês para demolir todo o “edifício” institucional da república do capital!
Para derrotar o fascismo, organizemos o armamento do proletariado e os comitês
populares de autodefesa, únicas garantias de um genuíno combate de classe a
reação burguesa que avança em nosso país!