MIGUEL DÍAZ CANEL: UM DIRIGENTE COMUNISTA "TARDIO"
QUE SE COMPROMETE COM AS "REFORMAS" DE MERCADO QUE SUFOCARÃO O ESTADO
OPERÁRIO CUBANO
"Companheiro deputado Miguel Díaz Canel, a partir deste
instante o senhor é o novo presidente do Conselho de Estado e de Ministros da
Assembleia Nacional de Cuba. Aproxime-se e assuma a presidência", assim
anunciou o presidente da Assembleia Nacional, Esteban Lazo, na manhã desta
quinta-feira (19/04). Ao contrário do que as hienas imperialistas desejavam, o
sucessor de Raul Castro (e do próprio Fidel apesar de sua ausência física) no
comando do Estado Operário Cubano não acelerará os ritmos das reformas de mercado,
iniciadas com o fim da URSS no início da década de 90, em direção a uma
transição ordenada do regime de produção socializada para o modo de produção
capitalista. Porém, seguindo disciplinadamente a orientação programática dos
irmãos Castro, Miguel Diaz não se oporá a dar continuidade na economia cubana a
introdução de mecanismos mercantis de dependência financeira com países
capitalistas (centrais e periféricos), tornado o Estado Operário cada vez mais
refém do fluxo mundial de capitais (grandes investidores globais). A fidelidade
"canina" de Diaz Canel as linhas estratégicas da burocracia
castrista, decorre do simples fato de Miguel representar um setor mais
tecnocrático e "sem luz própria" da própria burocracia cubana,
diretamente vinculada aos "negócios de estado" e com pouca relação
com a política mais geral socialista. Diaz, hoje com 58 anos, se vincula a
juventude comunista somente no final da década de 80, assume com 27 anos de
idade um posto na direção do PCC na província Villa Clara na região central de
Cuba. Neste mesmo período (87 até 89) participa das brigadas cubanas de
solidariedade a Nicarágua, em uma etapa histórica onde o próprio Sandinismo
estava tratando de "entregar" a revolução nas mãos da democracia
burguesa, sem dúvida uma péssima "lição" para Diaz. Desde 2003, é
membro do birô político do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba, a
máxima autoridade tanto no sentido ideológico quanto político do partido e do
Estado Operário cubano. Portanto, Díaz Canel, é homem de total confiança de
Raúl Castro, uma espécie de Comunista convertido tardiamente, no pior período
ideológico do movimento operário mundial, ou seja final dos anos oitenta e
posto no staff do comando central do Estado após a retirada parcial de Fidel
Castro. Desde 2013, quando foi eleito para o cargo de vice-presidente do
Conselho de Estado da Assembleia Nacional, Díaz Canel recebeu a missão de ser o
executor das políticas estabelecidas pelo comandante Raúl Castro para área da
comunicação, que envolvia telefonia, ampliação do acesso à internet,
modernização dos canais de televisão, informatização e automatização dos
processos produtivos, um setor da economia cubana que cada vez mais estabelece
vínculo com o imperialismo ianque, a partir da aproximação política do governo
Obama com a "Ilha Socialista". Nesta perspectiva de
"pacificação", Raul Castro preteriu para sucedê-lo outros quadros
dirigentes do PCC com trajetória de enfrentamento ideológico com os EUA, como o
veterano Ricardo Alarcón, ex-presidente da Assembleia Nacional. Miguel terá
presente a figura de Raul no leme maior da direção do Partido Comunista Cubano,
o que limitará qualquer iniciativa política "peculiar" de sua gestão,
porém caso ocorra uma fatalidade com o "Velho" dirigente que
participou com Fidel da grande revolução socialista de 1959, a
"mediocridade" ideológica de Diaz Canel poderá levar Cuba a trilhar
caminhos da restauração capitalista a passos bem largos. A tarefa
revolucionária de construção de um verdadeiro Partido Marxista Leninista e da revolução
política em Cuba se mantém mais vigente do que nunca na "Ilha
Socialista".