segunda-feira, 13 de julho de 2015


CÚPULA EUROPEIA APROVA RENDIÇÃO DA GRÉCIA COM AVAL DO GOVERNO DE "ESQUERDA": ENQUANTO O TROTSQUISMO REVISIONISTA CAMINHAVA A REBOQUE DO "OXI" DE TSIPRAS, LBI DENUNCIAVA A INTENÇÃO DO SYRIZA DE FRAUDAR O DESEJO POPULAR PARA ROMPER COM A EXTORSÃO DO EUROIMPERIALISMO

O governo do primeiro ministro Alexis Tsipras, formado pelos partidos socialdemocrata Syriza e o nacionalista de direita ANEL, finalmente completou o ciclo da fraude política ao povo trabalhador grego com a aprovação dos amos imperialistas europeus a sua proposta de submeter o país a longos anos arrocho e austeridade. Sem dúvida foi um trabalho "bem elaborado" por parte do Syriza que despertou ilusões políticas de todos os lados na versão de um "corajoso" Tsipras convocando um referendum para enfrentar as exigências dos parasitas financeiros europeus. Como já tínhamos denunciado logo na convocação do plebiscito, o "OXI" defendido por Tsipras significava os mesmos planos de ajuste e austeridade impostos pela Troika nos últimos anos ao povo grego. As diferenças entre o "Sim e Não" eram apenas superficiais do ponto de vista econômico, refletindo na verdade uma operação de fraude política para dar ao Syriza uma sobrevida no sentido de aplicar as exigências da Troika sob o manto da "democracia e soberania" nacional. Quando da contundente vitória do "OXI", após o povo ter sido submetido a várias chantagens como o fechamento dos bancos, Tsipras trocou seu ministro das finanças para mostrar "boa intenção" e foi logo correndo ao Eurogrupo (conselho de ministros europeus) levando uma nova proposta de renegociação da dívida bem pior da que seu antigo ministro (Yanis Varoufakis) tinha rejeitado aceitar. Mas o cenário da humilhação da Grécia tendia a se aprofundar ainda mais. Tsipras conduz ao parlamento grego sua plataforma de austeridade contendo mais exigências da Troika para a liberação dos créditos para a rolagem da dívida, seu partido consegue a aprovação em acordo com os tradicionais partidos neoliberais, tendo a correta oposição do KKE. A nova proposta do Syriza prevê a elevação dos impostos; fim dos benefícios tarifários para as ilhas até o final de 2016; fim de alguns benefícios previdenciários até o fim de 2019; alta de impostos para empresas e trabalhadores de transportes marítimos. Além disso, o texto do ajuste prevê, ainda o corte de € 300 milhões nos gastos militares até o final do próximo ano, deixando a Grécia à mercê da proteção da OTAN. As datas para privatização dos portos gregos deverão ser anunciadas em conjunto com a privatização de aeroportos. Porém a UE não ficou totalmente satisfeita com a votação do parlamento, apesar de ter sido plenamente contemplada, era necessário mostrar ao mundo que Tsipras não passa de um neomonetarista disfarçado de social democrata. A chantagem prosseguiu na reunião de cúpula dos chefes de Estado europeus que obrigou o Syriza a submeter o pacotaço novamente ao parlamento grego, em contrapartida à humilhação ofereceram a Tsipras um volume de crédito ainda maior do que o reivindicado por seu novo ministro das finanças, Euclid Tsakalotos. É óbvio que estamos diante de uma das maiores operação de farsa política dos últimos tempos, a expectativa de que o governo do Syriza enfrentaria o saque imperialista da Troika contra a Grécia caiu por terra, junto com os apologistas do referendum que não se cansaram de atacar a justa colocação do KKE, acusando os stalinistas gregos de sectários. Ao contrário dos revisionistas do trotskismo, a LBI denunciou desde a primeira hora a intenção do Syriza em fraudar o desejo popular através da armadilha do referendum. Agora a tarefa dos revolucionários é sair dos estritos limites da oposição institucional a Tsipras e deflagrar uma greve geral de massas contra a rendição que o Syriza submeteu o país. Mais do que nunca deve se apontar a questão da tomada do poder estatal na perspectiva da revolução socialista, única alternativa para se livrar cabalmente do parasítico financeiro imperialista.

Um exemplo dessa política canalha do revisionismo trotsquista foi a adotada pela LIT frente ao referendum e em sua crítica de direita a posição do KKE. Segundo os morenistas “O ‘não’ impulsiona e alenta, em todos os países europeus, a resistência dos trabalhadores contra as medidas de austeridade e contrarreformas. Permite que, a partir de todos os países devedores, se organize a luta pelo “não” às medidas de austeridade e a solidariedade e unidade dos trabalhadores com o povo grego. Aqueles que como o KKE (Partido Comunista Grego) resolveram chamar à abstenção, ajudaram com seu sectarismo a todos os inimigos do “não” e promoveram a divisão da classe operária na Grécia e na Europa” (Site PSTU, 10.07). Por sua vez a CST-UIT afirmou “Fracassou o SIM da Troika e da direita grega. Também a nefasta política dos stalinistas do KKE (Partido Comunista Grego) de chamar o voto nulo, que somado aos brancos, alcançou apenas 5,7%. A Troika foi novamente derrotada” colocando cinicamente o KKE no papel de agente do imperialismo europeu. Os revisionistas do trotsquismo de todos os matizes que acriticamente se perfilaram em defensores do NÃO e saudaram o Syriza pelo resultado obtido, criticando a posição do KKE como sectária e irresponsável. Desde a LIT, UIT, a CMI, passando pelo PTS e PO argentino e até grupos que se dizem “principistas” atacaram a posição dos comunistas gregos que denunciaram o engodo do referendum e o real significado do NÃO que foi utilizado pelo governo Tsipras para se manter estorcido na Zona do Euro, como vimos no acordo vergonhoso celebrado nesta segunda-feira, 13. O governo utilizou o resultado do referendum para fechar um acordo ainda mais draconiano do que o apresentado pelo Eurogrupo anteriormente. Nesse sentido, a denúncia do referendum antidemocrático defendida pela LBI e o KKE foi a posição correta para preparar a vanguarda classista no combate ao golpe perpetrado hoje pelo governo Syriza contra os explorados. Quem enganou a classe operária e a dividiu em favor do golpe do Syriza contra os trabalhadores e em favor do imperialismo foi a LIT, UIT e os demais membros da grande família revisionista.