DEPOIS DE PARALISAR OBRAS DAS NOVAS REFINARIAS "LAVA
JATO" AGORA ATACA A CONSTRUÇÃO DA USINA NUCLEAR DE ANGRA 3: TÊNUE
SOBERANIA ENERGÉTICA DO PAÍS VAI "PRO ESPAÇO" E CASA BRANCA ELOGIA
MORO, MERA COINCIDÊNCIA?
A etapa "radioativa" da operação
jurídica/policial "Lava Jato" alcançou o incipiente programa nuclear
brasileiro, paralisando a construção da usina de Angra 3 (sob a suspeição de
superfaturamento) e prendendo o presidente licenciado da Eletronuclear, Almirante
Othon Luiz Pereira da Silva. A "Lava Jato" depois de inviabilizar a
ampliação do refino industrial do petróleo brasileiro, suspendendo as obras do
Comperj (já reduzida à metade de seu projeto inicial) e Abreu Lima (PE), além
do cancelamento total das refinarias Premium I e II, agora avança para acabar
não só com Angra 3 mas com os projetos dos reatores de propulsão nucleares para
novos submarinos e porta aviões da marinha brasileira. Preso por Moro, o
Almirante reformado da Marinha, Othon Luiz, comandou por mais de vinte anos o
programa de enriquecimento de urânio não só para fins de produção de energia
mas também para a possível utilização em equipamentos militares. Em 1994, ano
da eleição de FHC, Othon, que também é engenheiro naval, foi colocado na reserva
da Marinha. Em 1998 sob a imposição da Casa Branca o presidente Tucano assinou
o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), sepultando a
possibilidade do Brasil desenvolver a chamada "Bomba Atômica", um
projeto "secreto" das FFAA em andamento desde o final dos anos 70.
Obviamente um país que detém a tecnologia do armamento nuclear, independente de
seu regime político, é visto pelas potências imperialistas como um obstáculo a
sua hegemonia belicista mundial. Othon era "persona non grata" pelos
EUA que o considerava "pai" do embrionário programa atômico militar
nacional. Indicado por Lula para chefiar a Eletronuclear em 2005 foi sob a
gestão de Othon que as obras da usina de Angra 3 foram retomadas, após duas
décadas do início da construção. Em abril deste ano Othon se licenciou do
comando da Eletronuclear em função da acusação da "Lava Jato" de
recebimento de "comissões" por parte de um consórcio de empreiteiras
responsáveis por parte das obras de Angra 3. As "investigações " de
Moro apontaram que a empresa particular de consultoria de Othon teria recebido
"propina" de cerca de 5 milhões de Reais, sempre seguindo o relato (única
prova) dos "voluntários delatores". Não podemos afirmar se o
Almirante teria ou não recebido as "comissões" das empreiteiras, o
certo mesmo é que não existe neste país um só único contrato comercial
celebrado entre qualquer instância estatal e a iniciativa privada que não
envolva o pagamento de algum tipo de "propina" a gestores públicos. O
fato "curioso" na Lava Jato é só são investigados e punidos
previamente aqueles que têm algum tipo de relação com o governo da Frente
Popular (PT). Porém mais grave ainda é o foco exclusivo da Lava Jato, centrado
na inviabilização de projetos da soberania nacional. Primeiro o ataque as
refinarias nacionais, sem as quais qualquer país fica completamente vulnerável
diante das transnacionais imperialistas de energia por mais que produza
petróleo, afinal não se pode abastecer uma frota nacional civil e militar aérea, naval ou terrestre) com óleo cru. É bom
lembrar a esquerda governista que pensa que o "Pré-sal" significa a
redenção nacional, que o país é grande importador de derivados industriais do
petróleo, enquanto o barril da commoditie não para de oscilar para baixo, o nafta
refinado mantém sua estabilidade comercial. Dilma seguiu as "ordens"
de Moro suspendendo a construção das novas refinarias e reduzindo a capacidade
de extração do óleo cru (plataformas, navios sondas etc), além de anunciar um
plano de privatização da Petrobras. Para legitimar a destruição do complexo
energético do Brasil, a Lava Jato promove prisões espetaculares de grandes
empresários nacionais e dirigentes estatais. Com a cobertura da mídia
corporativa Moro aparece como "herói " que veio combater a corrupção
endêmica da nação... sua fama chegou até Washington onde seu "trabalho"
foi elogiado pelo Departamento de Estado dos EUA...O processo de fragmentação
da tênue soberania do país avança na mesma proporção em que a crise capitalista
subtrai conquistas históricas da classe trabalhadora, tudo isso
"regado" com a intensificação do recrudescimento das garantias
democráticas ameaçadas diretamente desde o julgamento do chamado "Mensalão" e sua atualização o "Petrolão". Somente os muito ingênuos ou
os oportunistas de plantão podem acreditar nos "nobres" motivos que
fazem da Lava Jato uma "república paralela" no país.
Para a esquerda reformista que pensa que a soberania
energética do país é uma "bobagem" e que nada tem a ver com a defesa
da nação frente a uma investida do imperialismo, lembramos da movimentação
golpista de 64 onde o primeiro passo da operação ianque "Brother Sam"
(navios tanques dos EUA em nossa custa) foi garantir as forças da direita o
abastecimento de combustíveis aos tanques e aviões das tropas golpistas. Não
foi necessário, o governo Jango rendeu-se vergonhosamente sem luta diante dos
militares que seguiam a orientação do Pentágono. Passados mais de 50 anos do
golpe a questão da soberania energética do Estado permanece mais atual, posto
que o total da frota mecânica das FFAA é bem maior hoje e nosso país não dispõe
de autonomia na capacidade de abastecimento sequer dos veículos civis que
circulam em nosso território e tampouco das geradoras termoelétricas que
garantem a fluxo de energia em período de crise hídrica. No caso das
transnacionais de energia e petróleo suspendessem a exportação de combustíveis
ao Brasil em função de uma crise política de poder o país ficaria semiparalisado.
Este elemento está diretamente relacionado a produção de energia a partir das
usinas atômicas, agora que Angra 3 foi suspensa em razão da Lava Jato.
Para qualquer observador político minimamente atento fica
cristalino que a malfadada operação Lava Jato infere diretamente sobre questões
estratégicas de segurança nacional, que vão bem mais além de questões que
envolvem a corrupção sistêmica do regime capitalista. A prisão do Almirante
Othon mira diretamente no setor nacionalista de nossas FFAA, o mesmo campo
político que hoje sustenta a necessidade de se reequipar nossa defesa nacional,
sucateada por exigência de uma agenda neoliberal do imperialismo.
Como Marxistas sabemos muito bem do caráter de classe
burguês do Estado, o que inclui o conjunto de suas instituições. Porém não
somos "tolos" o suficiente para advogar a decomposição de suas
estruturas (econômicas ou militares) sob as ordens do grande Amo do Norte. A
revolução socialista nada tem a ver entre uma "associação" política
com as investidas reacionárias do imperialismo contra povos e nações, como
desgraçadamente defendeu a esquerda revisionista na Líbia e Síria e parece que
agora quer repetir a dose na América Latina.