quinta-feira, 23 de julho de 2015


MRT/LER RENDE-SE AO PSOL NO MESMO MOMENTO QUE SUA "ALMA GÊMEA" GREGA, O SYRIZA, CAPITULA VERGONHOSAMENTE AO IMPERIALISMO: OS MARXISTAS DEVEM "CURTIR NO FACE" MAIS ESTA GUINADA OPORTUNISTA DO REVISIONISMO?

Os tempos atuais do retrocesso ideológico da vanguarda operária "socialista" deixam marcas cada vez maiores do nefasto processo que levou a destruição do Estado Operário Soviético, possibilitando mundialmente o surgimento de uma nova social democracia de "esquerda", dotada de uma vocalização política mais "radical" quase sempre focada no "antiestalinismo" em defesa da democracia burguesa como um valor universal. Fenômenos partidários como o Syriza, PSOL, Podemos, Bloco de Esquerda etc... "pipocaram" em todos os continentes seguindo o ciclo de esgotamento histórico da velha Social Democracia e do Estalinismo. Na Grécia após um período onde a tradicional social democracia (Pasok) foi liquidada pela sua incapacidade de reação estatal frente a espoliação imperialista ao país, o Syriza assume o governo com "ares" de soberania e resgate da dignidade nacional perdida. Não demorou muito para demonstrar que sua essência programática não era muito diferente do Pasok, conduzindo a Grécia a mesma humilhação social imposta pela Troika. No Brasil existe uma versão tupiniquim do Syriza, o PSOL, com a única diferença que está bem longe de assumir a gerência estatal da crise capitalista. Em termos gerais o PSOL segue a trajetória de ainda se manter como a "muleta esquerda" do PT o qual rompeu há mais de uma década. Até aí nenhuma grande novidade, a não ser a recente atração que o PSOL passou a exercer sobre organizações que formalmente se mantinham no campo da "ortodoxia" trotskista. A razão é óbvia, embora o PSOL esteja distante da disputa pelo "poder" central , optando por deixar um ampla vereda aberta para a direita tucana diante do iminente debacle do PT, a possibilidade parlamentar após a contrarreforma eleitoral se concentrou no partido de Luciana, Ivan e Freixo. Para os grupos revisionistas que tem o mesmo horizonte programático do PSOL, ou seja, a institucionalidade burguesa, não restou outro caminho a não ser reivindicar o ingresso na "cara metade" do Syriza brasileiro. Esta parece ser a tendência hegemônica que vem "contaminando" correntes revisionistas como a "Esquerda Marxista", LER/MRT e ao que tudo indica até mesmo o PSTU, que devem se somar aos seus "parentes políticos" como a CST, LSR que ingressaram no PSOL na etapa anterior. O MRT até então vinha criticando a conduta do PSOL em legitimar a governabilidade do PT em nome da política "mal menor", porém mudou bruscamente sua posição passando a reconhecer a "importância estratégica" do PSOL diante do agravamento da crise nacional. O mais "curioso" é que para os "modernos" jovens do MRT sua guinada oportunista foi aprovada pelo número de "curtições " recebidas em seu perfil no Facebook, signos de um período histórico de reação ideológica em toda linha! Porém a direção do PSOL mesmo diante da sincera manifestação de rendição programática do MRT, não se mostrou disposta a aceitar o pedido de ingresso da jovem e moderna "tendência interna". Raposas políticas como Ivan Valente, o ex- prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues e Marcelo Freixo aceitam é claro ceder a legenda do partido ao MRT e a todo e qualquer grupo que esteja disposto a engrossar seus coeficientes eleitorais, ainda mais agora com a ameaça da impossibilidade da coligação proporcional. A LER/MRT é mais um agrupamento a ceder as fortes pressões do chamado "caudal democrático", seguindo a mesma trilha do PTS argentino fascinado com a eleição de deputados nacionais e provinciais no bojo da Frente de Esquerda (FIT), apesar do discurso da ação direta das massas e da "proximidade da revolução" o que realmente vislumbram é a possibilidade de ocupar postos parlamentares em coligações políticas com partidos da ordem capitalista. Nós comunistas compreendemos que a tática eleitoral não pode comprometer a estratégia revolucionária, rejeitamos a via da cobertura política das alternativas da nova social democracia (PSOL, Syriza, Podemos etc..) , ainda mais danosas para avançar na consciência de classe do proletariado.

É lógico que os revisionistas da LER/MRT afirmarão que o ingresso no PSOL tem como objetivo reforçar sua ala esquerda, contribuindo desta forma para "conter" a adaptação da legenda ao puro "jogo burguês" eleitoral. Porém se analisarmos com rigor marxista o "polo de esquerda" que internacionalmente sempre habita as siglas da nova social-democracia, no PSOL não é diferente, chegaremos a conclusão que as diferenças são apenas de grau político e nunca de conteúdo programático. Para sairmos da "abstrato teórico" ao concreto brasileiro é só verificar a atual polarização existente as vésperas do congresso nacional do PSOL marcado para dezembro próximo, todas as correntes de "esquerda" (CST, APS, Insurgência, MES etc...) estão unidas contra a ala majoritária do partido representada pelo deputado Ivan Valente e aliados. Neste "blocão" de esquerda contra a tendência de Ivan, Randolfe e Edmilson, considerados uns "Tsipras" tupiniquins, estão presentes figuras tão reformistas e palatáveis ao establishment como Marcelo Freixo, Chico Alencar e Milton Temer. No fundo a chamada ala esquerda da nova social democracia padece das mesmas concepções e programa da linha oficial, ou seja, pretende administrar a crise do capital de forma mais "humana e social". Na Grécia a "Plataforma de Esquerda" do Syriza que criticou a capitulação de Tsipras, aponta um programa que não arranha nenhuma fronteira da acumulação capitalista da burguesia nacional. No Brasil o "blocão" de esquerda do PSOL ainda é mais aguerrido na defesa da política de colaboração de classes e respeito das fronteiras da institucionalidade burguesa, seu principal slogan político para a próxima disputa da prefeitura do Rio é "governar para todos". O MRT pretende se aceito organicamente no PSOL engrossar o "blocão" de esquerda, entrando de "cabeça" na campanha de Freixo à capital carioca, onde avaliam que possuem grandes chances de vitória.

O "grande sonho" destes revisionistas globais é na verdade provar que podem romper o isolamento assumindo co-responsabilidade na gestão do Estado capitalista, seja no parlamento ou governo central. Quando ocorre esta situação em geral nos momentos de acirramento da luta de classes, a burguesia costuma ampliar os espaços do regime para "absorver" forças políticas desde a extrema-esquerda até o fascismo. Nesta conjuntura de "abertura democrática" com o pretexto de "dialogar com as massas" rebaixam o programa marxista revolucionário, contribuindo desta forma com o atraso da consciência política da classe operária. O MRT sequer disfarçou suas cretinas intenções eleitorais ao aderir ao PSOL no mesmo momento em que o Syriza se desnuda completamente com mais variante do capital imperialista. Se é perfeitamente justo que o MRT tenha aspirações eleitorais para publicitar um programa que faça apologia da violência revolucionária das massas, deveriam procurar o PCB (único partido legal que proclama a inviabilidade da "revolução por etapas") e pedir ingresso como corrente interna e não bater à porta da social democracia para reivindicar ser mais uma tendência do "blocão de esquerda" do PSOL.

É a mais pura verdade que os genuínos Trotskistas estão atravessando uma etapa de profundo isolamento político, negar esta realidade seria um delírio ufanista que em nada ajudaria a superação desta situação determinada pelas leis da história. Porém a história da luta de classes não é algo estático, está determinada pela correlação de forças das classes sociais em disputa pelo seu próprio projeto de poder. Se atravessamos um período de ofensiva imperialista em toda linha onde o proletariado acumula derrotas históricas significativas, sem ainda conseguir efetivar uma resposta que consiga alterar esta correlação desfavorável, não se justifica abrir mão de princípios e tampouco rebaixar a plataforma revolucionária para "dialogar com as massas". Um momento de resistência e acúmulo de forças para poder desencadear uma contraofensiva proletária é totalmente distinto do oportunismo que dissolve o programa de transição em "atalhos" que debilitam a luta ideológica dos marxistas contra os nossos inimigos de classe. A trajetória do MRT em direção ao PSOL indica uma tendência que deve ser acompanhada de outras vertentes do revisionismo, como o PSTU por exemplo, que há muito já abandonaram o norte da revolução socialista. Os Bolcheviques Leninistas não utilizarão a desculpa do "momento difícil" para abdicar dos princípios revolucionários e processar a diluição programática no curso da nova social democracia de "esquerda".