domingo, 26 de julho de 2015


VITO GIANNOTTI: UMA VIDA INTEGRALMENTE DEDICADA À CAUSA DA EMANCIPAÇÃO DO PROLETARIADO

O Blog da LBI recebeu com muito pesar a notícia do falecimento do companheiro Vito Giannotti, ocorrida na madrugada do último dia 24/07. Vito era um genuíno representante de uma geração de militantes socialistas que dedicou toda sua vida a causa da emancipação do proletariado, desde os primeiros combates na juventude até o seu último dia de vida, aos 72 anos de idade. Vito poderia tranquilamente ter se dedicado em sua última fase da vida a "fazer negócios" seguindo a trilha de uma camada de antigos dirigentes da esquerda que após a queda da URSS e na sequência da ascensão do governo petista a gerência estatal no Brasil abandonaram completamente os princípios da independência da classe operária. Nascido na Itália Vito chegou ao Brasil nos anos 60 com pouco mais de vinte anos de idade e logo abraçou a luta socialista em uma etapa de profunda ebulição política. Mas foi em meados da década de 70 que Vito desempenhou um papel fundamental na organização da resistência operária ao regime militar. Um dos fundadores do oposição metalúrgica de São Paulo, Vito soube organizar dentro das fábricas núcleos políticos sindicais para lutar contra o arrocho salarial da ditadura e ao mesmo tempo avançar na consciência da necessidade de resgatar os sindicatos das mãos dos pelegos que faziam o " jogo" dos patrões, como o lendário traidor Joaquinzão. O MOMSP (movimento de oposição dos metalúrgicos de São Paulo), integrado por Giannotti, fez história ao lançar a primeira chapa de esquerda, após a intensificação da repressão durante o governo Médici em 1972, no maior sindicato operário da América Latina. O corajoso exemplo do MOMSP, que sobreviveu até as eleições sindicais de 87 quando foi " fraturado" pela corrente Articulação (PT), estimulou o processo de criação da CUT em 83, da qual Vito participou ativamente. Na luta política no interior da CUT, o MOMSP logo se tornou uma referência da esquerda classista impulsionando a tendência "CUT pela Base", tendo a figura de Giannotti com um dos seus principais formuladores. Finalizada a experiência do MOMSP na década de 90, com a hegemonia da CUT no movimento sindical brasileiro, Vito se dedica mais a elaboração teórica sobre a comunicação operária, fundando com sua companheira Claudia Santiago o Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), focado na formação política de novas lideranças sindicais. O NPC se estabelece na cidade do Rio de Janeiro e logo ganha o respeito de todas as correntes da esquerda socialista pela seriedade e empenho de Giannotti, seus cursos de formações recebiam audiência de várias regiões do país. Vito agora travava uma dura batalha contra os oligopólios da mídia corporativa, ressaltando a importância da existência de uma imprensa operária independente. No centro do Rio, Vito organizou um espaço aberto exclusivamente para publicações da esquerda, era a livraria Antônio Gramsci (AG). Nesta livraria, a editora publicações LBI teve a honra de lançar em meio da campanha eleitoral de 2014 seu livro sobre o embuste de Marina Silva e a operação política que levou à morte o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos. A editora da LBI estava planejando em conjunto com Vito e a livraria AG o lançamento de seu novo livro sobre a "Ofensiva imperial para destruir a PETROBRAS" quando foi surpreendida com a dolorida notícia do falecimento de Giannotti. Somos conscientes do tamanho da perda para o movimento social com a partida de Vito, um quadro orgânico que não se vendeu ao capital, lúcido da etapa de ofensiva reacionária do imperialismo contra as conquistas operárias. Vito apesar da crença no futuro socialista da humanidade sabia muito bem dos enormes retrocessos e dificuldades apresentados na atual etapa histórica da luta de classes. Em sua última postagem em uma rede social afirmou o seguinte: " Daqui trezentos anos mudaremos esta situação ". Companheiro Vito Giannotti não sabemos ao certo o tempo exato que levará para o triunfo revolucionário de nossos ideais de liberdade e igualdade social plena, sabemos sim que levaremos um longo tempo para que a ideologia marxista conflua para a reconstrução do partido leninista e que este possa ganhar a influência das amplas massas proletárias no caminho da demolição do capitalismo mundializado. Porém sua valorosa contribuição e exemplo de vida servirão como bússola para uma nova geração de operários socialistas, que como você saiu do "chão da fábrica para os livros" sem nunca perder a referência da luta de classes e do horizonte socialista.


Fachada da Livraria Antonio Gramsci,
em destaque na vitrine o livro lançado pela LBI no Rio de Janeiro