EUA E CUBA REABREM SUAS EMBAIXADAS: ENFRENTAR O "ABRAÇO
DE URSO" RESTAURACIONISTA QUE OBAMA DESEJA IMPOR AO ESTADO OPERÁRIO COM A
REDOBRADA DEFESA DA REVOLUÇÃO E DAS CONQUISTAS SOCIAIS FRENTE A
"NOVA" TÁTICA DO IMPERIALISMO IANQUE
Nesta semana houve o hasteamento da bandeira de Cuba na
capital norte-americana simbolizando a retomada das relações diplomáticas entre
a Ilha e os EUA. A partir de agora, as duas embaixadas, a cubana em Washington
e a dos Estados Unidos em Havana, estão abertas oficialmente. O secretário de
Estado ianque, John Kerry, irá a Havana no dia 14 de agosto. Ele e o ministro
cubano de Relações Exteriores, Bruno Rodriguez, deram uma entrevista coletiva
no Departamento de Estado, em que o dirigente cubano afirmou está negociando o
fim do embargo comercial contra a ilha e reivindicando a devolução de
Guantánamo, a baía na costa cubana que os Estados Unidos transformaram em uma
base naval. A retomada das relações diplomáticas entre Cuba e os EUA colocou o
debate sobre a restauração capitalista na Ilha operária no centro da pauta
política da esquerda mundial. De imediato podemos afirmar como defensistas
incondicionais do Estado Operário Cubano que a iniciativa da Casa Branca está
inserida neste momento no contexto da própria crise que atravessa a ofensiva
imperialista contra os povos, em particular no impasse militar no "Mundo
Árabe" após o êxito inicial contra o regime kadafista na Líbia. O
empatanamento da invasão contra a Síria e as dificuldades de iniciar a
estratégica operação contra o Irã agora revertida parcialmente pela via do
acordo militar recém celebrado, sem falar na impossibilidade de
"dobrar" a influência militar da Rússia na região, obrigaram o
Império a voltar o "foco" do Departamento de Estado para Cuba. Hoje a
"mão estendida" de Obama para o regime castrista tem por objetivo
liberar as forças até então represadas de uma restauração capitalista no mesmo
modelo da chamada "via chinesa". Como declarou Obama no discurso que
anunciou sua decisão "Vamos discutir as diferenças diretamente - como
vamos continuar a fazer sobre as questões relacionadas com a democracia e os
direitos humanos em Cuba. Mas eu acredito que podemos fazer mais para apoiar o
povo cubano e promover os nossos valores por meio do engajamento. Afinal de
contas, estes 50 anos têm demonstrado que o isolamento não tem funcionado. É
hora de uma nova abordagem. Eu acredito que as empresas americanas não devem
ser colocadas em desvantagem, e que o aumento do comércio é bom para os
americanos e para os cubanos. Então, vamos facilitar as transações autorizadas
entre os Estados Unidos e Cuba. Instituições financeiras dos EUA serão
autorizados a abrir contas em instituições financeiras cubanas. E vai ser mais
fácil para os exportadores dos EUA para vender bens em Cuba". O porto de
Mariel em Cuba, construído pela empreiteira Odebrecht e financiado pelo governo
Dilma via empréstimo de 800 milhões do BNDES, tem um papel importante na
abertura da Ilha para produtos do EUA. A principal agenda do governo brasileiro
em Cuba é aprofundar as relações econômicas tendo por base o processo de
restauração capitalista em curso promovido pela burocracia castrista,
principalmente após o último congresso do PCC, em que copia parcialmente a
chamada “via chinesa”. Trata-se da entrega de setores da economia para o
controle de grupos capitalistas, estreitando cada vez mais os vínculos da casta
dirigente com grandes empresas estrangeiras que investem no país, ao mesmo em
tempo que se fragiliza e ataca conquistas históricas da revolução. Na atual
conjuntura internacional o principal ponto de "travamento" da
ofensiva imperial encontra-se no receio de um enfrentamento direto com o
poderio militar russo, herdado do antigo Exército Vermelho. Putin pretendia
estender a influência militar russa para Cuba, com a instalação de uma moderna
base naval no Caribe, seria um duro golpe para o Pentágono e a OTAN que hoje
sequer conseguem impor um recuo de seus adversários no leste europeu. Com uma
possível "cooptação" de Cuba os EUA de uma só tacada podem conseguir
neutralizar a Venezuela e impedir a entrada da Rússia na geopolítica
latino-americana. No mesmo compasso, com a popularidade em alta via o acordo
com Cuba e o Irã Obama tentará eleger a víbora Hillary nas eleições
presidenciais de 2016 buscando derrotar o republicano Jeb Bush, já que os
Clinton apoiam integralmente a "jogada" de aproximação com Cuba. Como
Trotsquistas não podemos rejeitar possíveis manobras diplomáticas de um Estado
Operário no contexto de um mundo hegemonizado pelo capital financeiro, reconhecemos
o direito de Cuba exigir o fim do criminoso bloqueio comercial, porém não somos
"ingênuos" ao ponto de desconsiderar os objetivos estratégicos do
imperialismo ianque. Como nos ensinou Lenin que pessoalmente em sua época
celebrou vários acordos comerciais com o imperialismo europeu, é necessário
aproveitar as fissuras da crise imperialista sem "baixar a guarda" de
uma política que convoque permanentemente a mobilização do proletariado mundial
contra a atual ofensiva neoliberal contra os povos. Nesta perspectiva revolucionária
não podemos confiar plenamente na burocracia Castrista, que busca conservar o
atual regime estatal cada vez mais sob as bases de concessões econômicas e
políticas. Frente a esta disjuntiva histórica, está colocado a construção do
genuíno Partido Operário Revolucionário na Ilha com o objetivo de avançar nas
conquistas sociais e do chamado a expropriação da burguesia mundial, se opondo
a política de colaboração de classes das direções reformistas, rompendo desta
forma o isolamento de Cuba por meio da vitória da revolução proletária em
outros recantos do planeta! O imperialismo tenta cooptar Cuba com a
"promessa" de massivos investimentos comerciais e financeiros na
economia do Estado Operário, uma armadilha da qual a classe operária cubana não
pode cair, sob o risco de reproduzir a desastrosa "via chinesa". O
proletariado cubano deve marchar no sentido oposto ao da restauração
capitalista, se preparando para enfrentar novos desafios como a nefasta
influência ideológica, cultural, política e econômica que os EUA na condição de
principal potência capitalista desejam impor a Ilha agora na cínica condição de
novo "parceiro".