quarta-feira, 17 de agosto de 2016

A MISSIVA DA PRESIDENTA E A PRONTA RESPOSTA DO "MAIS": PAIXÃO PELA DEMOCRACIA BURGUESA E SUAS ELEIÇÕES FRAUDADAS COMBINADA COM UMA PROFUNDA DESILUSÃO COM OS DESCAMINHOS NEOLIBERAIS DE DILMA


A presidenta Dilma finalmente resolveu divulgar com um atraso letal sua carta política, dirigida para os senadores "juízes", onde defende a redução de seu próprio mandato (pela via de um plebiscito) e por consequência a convocação de novas eleições gerais no país. Não é mais novidade para ninguém que o retardo na elaboração do documento teve origem em profundas divergências políticas entre a anturragem Dilmista e a cúpula do PT que rechaça cabalmente a proposta de convocação de novas eleições presidenciais antes do prazo estabelecido pelo calendário institucional. O PT e o próprio governo Dilma sairiam de início bem revigorados moralmente com o golpe parlamentar sofrido, o ataque parlamentar à Frente Popular orquestrado por gângster mafiosos da política burguesa acabou novamente por ungir Lula e Dilma com uma aura de democracia e esquerda, maquiagem perdida ao longo de mais de uma década de políticas neoliberais e alianças com as oligarquias corruptas do país. Porém a justa reação quase que espontânea do movimento de massas de sair às ruas em defesa do governo petista diante de um golpe promovido por bandidos (na maioria antigos aliados do PT) foi gradativamente sendo esfriada pela Frente Popular, cuja carta retardatária de Dilma é a expressão mais "cômica" desta situação. O PT e Lula trataram de capitalizar politicamente a condição de "vítimas dos parlamentares facínoras" somente para as eleições de 2018, enquanto Dilma isolada no Planalto tendia a flertar com a iniciativa do PSOL, PCdoB, MTST, MAIS etc... de realizar novas eleições gerais ainda este ano. É evidente que existem outros ingredientes entre estes dois polos, um deles é a dinâmica da famigerada "Operação Lava Jato" que ameaça liquidar a "reserva moral e política" do PT bem antes de 2018, para assim emplacar um bonaparte termidoriano na presidência da república, ainda que não se saiba exatamente quando. Tragicamente para Dilma somente o PCdoB abraçou com vigor sua derradeira iniciativa, nem o bloco dos senadores "indecisos" e tampouco o campo do PSOL (MTST, MAIS etc..) receberam com entusiasmo a missiva da presidenta já quase deposta. Parece que neste momento a grande preocupação destes setores, incluindo neste balaio o próprio PT, é dar a largada nas campanhas as prefeituras, contando que a aprovação do impeachment já são "favas contadas". Nem mesmo a mobilização unitária sindical do último dia 16/08 foi levada muito a sério pelos que "bradam aos céus" que o golpe parlamentar vai retirar direitos e conquistas dos trabalhadores, mas que não movem uma palha para organizar a resistência real do proletariado no sentido de deflagrar uma greve geral contra o "ajuste" neoliberal. Para o neófito MAIS, que em seu debute logo se abrigou nas saias de Luciana Genro e Marcelo Freixo, parece que "primeiramente o Fora Temer" não passa de uma saudação ideológica as eleições burguesas, assim como é para o PSTU o "Fora Todos". Os adeptos do prof. Valério tem como referências políticas os políticos burgueses que juram respeito ao regime da democracia dos ricos, resguardando é claro o discurso da "responsabilidade social" e "defesa das minorias", estes são os casos de Freixo no Rio e Erundina em São Paulo, ovacionados pelo MAIS como exemplos de "candidaturas socialistas". Para o MAIS Dilma errou por aplicar em seu governo uma agenda neoliberal de recessão e desemprego, porém compartilha com a presidenta a "paixão" pela democracia institucional, ou seja, o respeito à diversidade das classes sociais, como afirmou a atriz global e "heroína", Letícia Sabatella, recentemente ofendida por bandos fascistas em Curitiba. Como Marxistas Revolucionários não confundimos a defesa intransigente das liberdades democráticas com a apologia da democracia burguesa, defendemos Letícia das hordas da direita mas não a transformamos em nosso exemplo como fez o MAIS, exatamente porque é adepta do "respeito à diversidade das classes". Os Comunistas Leninistas não outorgam o direito de existência social e histórica para a burguesia e suas alas fascistas, por isso mesmo seguimos com Trotsky na defesa da Ditadura do Proletariado! Não custa lembrar que se hoje o MAIS está desiludido com Dilma (na época ainda no PSTU), foram os primeiros a defender o voto na chapa "Lula&Alencar contra a direita" em 2002. A crítica que hoje fazem a carta da presidenta, ainda que não se posicionem pelo impeachment como o PSTU, não contém uma única menção ao socialismo e a revolução proletária, porém sobram frases em defesa de "novas eleições"... Desilusão política e profunda identidade ideológica, assim pode ser definida a relação de "amor e ódio" entre Dilma e o MAIS.