domingo, 21 de agosto de 2016


Dedicamos esta Edição Especial do Jorna Luta Operária de Agosto a homenagear o grande chefe da revolução Bolchevique, Leon Trotsky. Não se trata de um “mero” ato de reverência política ou humana, mas sim do sincero reconhecimento militante do valor revolucionário de sua vida e da sua trajetória comunista por nossa corrente política que reivindica e aplica na práxis, dentro de suas modestas forças, o legado do velho dirigente bolchevique, mesmo sofrendo por isso muitas vezes o isolamento político e o ataque vil da burguesia, dos reformistas e revisionistas, estes últimos cada vez mais adaptados a defesa da democracia como “valor universal”. Ainda jovem Trotsky dirigiu o Soviete de Petrogrado, depois foi fundador do Exército Vermelho, comandante da Revolução de Outubro ao lado de Lênin e de outros camaradas valorosos. Após ser derrotado na luta interna pelas condições históricas adversas e por limitações políticas, ele foi expulso da URSS, percorreu o planeta na condição de opositor de esquerda da burocracia soviética. No México, última parada de seu “exílio”, lutou com as armas que tinhas às mãos para construir a IV Internacional, sendo assassinado em 21 de agosto de 1940 por ordem da KGB por defender a revolução mundial em oposição à tese do “Socialismo em um só país” aplicada por Stálin mundo afora, responsável por sabotar e derrotar levantes proletários em nome da coexistência pacífica com o imperialismo. O assassinato de Trotsky não foi um mero "acidente" conspirativo ou policialesco, embora tenha todos os ingredientes de uma trama bem urdida, foi uma consequência trágica das próprias fragilidades da recém fundada IV Internacional. Trotsky estava plenamente consciente de seu completo isolamento político, inclusive no interior das próprias fileiras "trotsquistas", chegou a discutir com sua companheira Natalia Sedova a possibilidade do suicídio físico de ambos, longe de ser uma medida de desespero pessoal seria o último ato político para evitar a rendição diante da contrarrevolução. A jovem organização internacional que fundara não parava de sofrer baixas em seus quadros, apesar dos gigantescos acertos programáticos a conjuntura mundial da luta de classes era extremamente desfavorável, Trotsky foi obrigado a recorrer a militantes sem nenhuma experiência política e de pouquíssima  trajetória militante. A III Internacional de Stalin colhia todo o prestígio da URSS no período anterior à II Guerra, mesmo com todas as traições possua milhões de militantes em todo o mundo em franco contraste com apenas uma dezena de militantes da IV Internacional. Porém para Trotsky o critério numérico ou do imenso aparato stalinista não seria motivo para estabelecer sua derrota ou falência política diante de Moscou, decidiu correr os imensos riscos do isolamento e seguir em frente na construção molecular da IV Internacional, consciente que pagaria com a própria vida por sua ousadia revolucionária. Os jovens militantes que o cercavam no México não tinham o menor preparo para defender a vida do chefe bolchevique, os simpatizantes políticos mais reconhecidos, como o casal Rivera e Frida, sucumbiram diante da pressão e também traíram Trotsky colaborando com o Stalinismo. A vida do "velho" dirigente estava por um fio em sua fortaleza de Coyacan, a infiltração de agentes de Moscou no interior da IV internacional foi uma operação relativamente fácil de implementar, primeiro um "militante segurança" da sede/residência localizada em um subúrbio da cidade do México facilitou a entrada de atiradores, Trotsky escapou por pura sorte a uma saraivada de tiros em seu próprio dormitório. Logo após ao atentado, ficou evidente que a disposição de Stalin era pela liquidação física do seu principal opositor no campo do movimento comunista internacional, mas as parcas forças da IV Internacional eram incapazes de estabelecer uma reação diante da crônica anunciada pelo Kremlin. O inseto sicário Ramon Mercader, outro infiltrado "simpatizante", não teve grandes dificuldades de conviver de perto com o gigante bolchevique e desferir um golpe mortal contra o proletariado mundial em 20 de agosto de 1940. Trotsky tombou firme de pé, não abriu mão e tampouco "flexibilizou" seu projeto socialista da revolução permanente apesar de estar reduzido à meia dúzia de colaboradores fiéis que por condições óbvias não poderiam fazer frente ao poderio organizativo de centenas de partidos comunistas que aglutinavam em cada país milhares de militantes. Passado quase um século de sua morte, os genuínos Trotskistas guardam uma lição histórica do nosso inesquecível mestre bolchevique: Mesmo isolados e ridicularizados pela escória revisionista que abraçou a democracia, resistir até o limite físico de nossas forças políticas para seguir em frente na reconstrução do Partido Bolchevique e da IV Internacional. Não temer arriscar a própria vida na luta pelos princípios revolucionários, o único medo possível é o da vergonha de capitular e abandonar o Trotskismo! 

O veterano Leninista viveu intensamente, na vitória e na derrota, o “peso” de ser um dirigente comunista e internacionalista, pagou com a vida pela defesa intransigente de suas ideias e pelo temor que as forças adversárias das teses da Revolução Permanente tinham de seu "pequeno" partido representar a continuidade concreta das tradições de Outubro pelo mundo afora. Cada aspecto pessoal da vida de Trotsky, desde sua genial inteligência até seu poder de oratória, passando pela sua capacidade na elaboração e nas polêmicas, teve a marca da luta programática pelo socialismo científico, em debater sem medo com as diversas correntes políticas do movimento comunista internacional (inclusive com o anarquismo) ao mesmo tempo em que combatia intransigentemente as forças imperialistas “democráticas” ou fascistas. Não fugiu das polêmicas, foi intransigente nos princípios, perdeu seguidores partidários, até então leais por sua defesa incondicional da URSS (mesmo estando sob o comando do stalinismo), como dirigentes fundamentais do SWP norte-americano, parte da própria seção mexicana e a maioria dos agrupamentos que tinham aderido na conferência de fundação da IV Internacional na França em 1938. O assassinato de seus filhos o deixou deprimido por várias vezes e os dias difíceis de exílio geraram outras graves doenças (como uma colite que o castigava impiedosamente), mas ele ainda encontrou forças para se manter pé, firme, escrevendo e organizando a luta política até que um covarde agente da GPU (depois de solto da prisão no México Mercader chegou a ser condecorado em Cuba) o assassinou covardemente pelas costas. Morreu resistindo, literalmente lutando!

Em nome da Direção Nacional da LBI lançamos o jornal comemorativo dos 76 anos da morte de Trotsky também para reafirmar nosso combate intransigente contra os revisionistas que maculam seu legado programático nos dias atuais. Esses trânsfugas revisionistas, hoje melhor representados pelo “MAIS”, ruptura recente do PSTU, desejam por formas “modernosas” apagar o melhor da referência que o velho nos deixou: defensor intransigente da Ditadura do Proletariado e da violência revolucionária das massas, combatente da construção de um partido bolchevique internacionalista centralizado e de quadros, inimigo mortal da socialdemocracia, como o PT e PSOL no Brasil. O "velho" soube defender com maestria “frente únicas” de combate ao fascismo e a direita reacionária sem capitular ao reformismo como fazem seus falsos “herdeiros” atuais. Não serão com "viagens turísticas" a Rússia capitalista de hoje que os revisionistas apagarão da história o crime político de terem apoiado sem o menor pudor a destruição contrarrevolucionária do Estado Operário Soviético, em nome da "Revolução Democrática". 

Dedicamos esta edição especial do Jornal Luta Operária a crivar as polêmicas de ontem e de hoje, abordando temas atuais como a farsesca “Revolução Árabe” ou a apologia da “Frente Popular” em nossos dias, assim como questões teóricas como a concepção leninista do partido revolucionário, a questão dos Soviets, a necessidade do amamento operário, o significado da Revolução de 1905 entre outros tópicos. Além disso, abordamos a história da IV Internacional e de suas fragmentações revisionistas, inclusive analisando a trajetória de dirigentes como Mandel, Lambert e Moreno, pseudotroskistas que tiveram influência decisiva na fundação de correntes políticas que atuam em nosso país e representam o revisionismo na atualidade no continente latino-americano e europeu.

Esperamos que nossos leitores e simpatizantes abstraiam importantes lições com essa nossa pequena contribuição em defesa do legado de Trotsky em pleno Século XXI, onde a barbárie, a contrarrevolução, o retrocesso ideológico e cultural da classe operária caminham a passos largos e avançaram muito nestes 25 anos após o fim da URSS e da queda do Muro de Berlim. Como o Velho Bolchevique sempre optou por dizer a verdade às massas mesmo que amargas, seguimos também nessa questão seus ensinamentos teóricos nesses dias difíceis para a causa comunista em todo o planeta, tendo a certeza que o rigor de nossas posições políticas, programáticas e ideológicas é a melhor forma de honrar sua trajetória para manter-se firme, mesmo diante de nossas pequenas forças militantes, na hercúlea tarefa de reconstruir a IV Internacional! Não será a existência de grandes aparatos revisionistas (como os que foram erguidos ontem e são relançados hoje com outros formatos) o caminho mais curto para retornar a senda proletária da revolução socialista mundial, com Trotsky aprendemos a ousar o Leninismo mesmo “calçando sapatos de criança”!