sábado, 7 de setembro de 2019

DIA 7 DE SETEMBRO: A VERDADEIRA INDEPENDÊNCIA NACIONAL SERÁ CONQUISTADA PELA VIA DA REVOLUÇÃO SOCIALISTA! DERRUBAR PELA AÇÃO DIRETA E REVOLUCIONÁRIA DOS TRABALHADORES O NEOFASCISTA BOLSONARO E SEU GOVERNO DE RENTISTAS!


Mergulhado na lama fétida de suas ações neofascistas e impondo uma brutal ofensiva neoliberal contra os trabalhadores, além da devastação da Amazônia, o governo Bolsonaro que vem ampliando cada vez mais a miséria para executar servilmente a política de recolonização nacional imposta pelo imperialismo ianque, vem cinicamente comemorar neste dia 7 de setembro o 197 aniversário da “independência do Brasil”. Todas as instituições do Estado e a mídia burguesa são colocadas em ação para iludir os trabalhadores com sensíveis apelos patrióticos, querendo desviar a atenção da crise política e econômica que assola o país, apresentando essa data, sem importância histórica real para a classe operária e o conjunto dos explorados, como marco significativo da história do Brasil. Mas apesar de todo esse esforço, a imensa maioria da população, que sofre diretamente a opressão do capital financeiro internacional através do seu gerente neofascista de plantão não tem motivos para comemorações, pois de modo algum a independência política diante de Portugal fez com que o Brasil deixasse de ser uma colônia. Após a separação do Estado colonialista português, a sociedade brasileira manteve intacta a estrutura econômica que caracterizava o sistema de exploração escravista colonial implantado desde o início da colonização: o latifúndio, conservando até hoje a concentração da propriedade da terra; a monocultura do agronegócio, a dependência externa e o trabalho escravo no campo e na cidade. Nem do ponto de vista político, a independência ocasionou mudanças significativas, restringindo-se a uma acomodação de interesses patrocinada pela aristocracia rural escravista, que visava garantir o livre comércio com a Inglaterra e impedir o retorno do monopólio português, rompido desde 1808 quando o Estado lusitano foi obrigado a se transferir para o Brasil. Em conflito com os colonialistas lusos, que objetivavam restaurar o privilégio exclusivo do comércio colonial, a aristocracia rural e setores mercantis vinculados ao comércio inglês estabeleceram um pacto com a família real, aclamando o herdeiro do trono português, D. Pedro, como Imperador, assegurando assim a continuidade do regime monárquico e os direitos da dinastia de Bragança.

A PARTICIPAÇÃO POPULAR NA LUTA PELA INDEPENDÊNCIA FOI VIOLENTAMENTE REPRIMIDA

Durante todo o processo da independência, o que os escravistas mais temiam era o envolvimento dos escravos e das camadas populares porque isso poderia conduzir a revoltas que fugissem ao seu controle. Portanto, trataram de reprimir as lutas e impedir qualquer participação popular. A classe dominante colonial, constituída pelos latifundiários escravistas, tinha consciência do perigo que representava a inclusão dos setores explorados da sociedade no projeto de separação política. Nos conflitos em que a situação foi além dos limites seguros para a elite colonial, como ocorreu no Pará, onde os setores pobres da população derrubaram o governo provincial colonialista e formaram um governo local com seus próprios representantes, a ação repressora foi implacável. Ali, o mercenário Grenfell, militar inglês a serviço de D. Pedro I, massacrou cerca de 300 combatentes da luta pela independência.

Diante da ameaça de perderem seus privilégios e suas propriedades, a aristocracia escravista preferiu uma saída pactuada, mesmo que isso logo lhe causasse algumas derrotas políticas como a imposição da constituição absolutista de 1824 e a humilhação de assumir a dívida de Portugal com a Inglaterra, no valor de 2 milhões de libras esterlinas, como condição para obter o reconhecimento internacional da independência.

Em decorrência de sua posição dentro do modelo de exploração colonial, subordinado ao processo de acumulação primitiva de capital no mercado mundial capitalista, a classe dos latifundiários escravistas, já em 1822, não podia encabeçar um verdadeiro processo de independência nacional. Dessa maneira, o que ocorreu foi uma manobra de adaptação de seus interesses de classe às novas condições históricas da relação metrópole-colônia. De antigos aliados da nobreza e dos decadentes setores mercantilistas lusos, a aristocracia agrário-exportadora brasileira, seduzida pelos encantos (e lucros) do liberalismo econômico, transformou-se em parceira dos modernos capitalistas britânicos.

O DOMÍNIO DO CAPITAL IMPERIALISTA APROFUNDOU A DEPENDÊNCIA ECONÔMICA

Sob o domínio do capital inglês, a dependência econômica do Brasil tornou-se ainda mais forte. Se antes, quando era uma possessão portuguesa, a diversificação da economia era impedida por medidas administrativas como a proibição da produção de manufaturas na colônia, a partir da segunda metade do século XIX e, especialmente quando o capitalismo entrou em sua fase imperialista, os escassos empreendimentos nacionais surgidos nesse período, a maioria em associação com capitais ingleses e norte-americanos, acabaram esmagados sob a pressão da concorrência do capital monopolista. Os capitalistas ingleses passaram a controlar não só o comércio de exportação e importação, mas também os investimentos no setor financeiro e em infra-estrutura, com a construção de ferrovias, os serviços telegráficos e de iluminação pública nas principais cidades do país.

Do final do Império às primeiras décadas da República, a nascente burguesia industrial brasileira encontrava-se sufocada de um lado pela concorrência imperialista e, por outro, pelo controle das oligarquias rurais sobre o Estado, desviando recursos estatais que podiam ser aplicados na indústria para o setor agrário, principalmente para reduzir os prejuízos dos cafeicultores diante da crise de superprodução do café. Mas seus vínculos econômicos e sociais com o setor agrário exportador impediam que essa classe pudesse se colocar à frente das massas populares para demolir as velhas estruturas da sociedade. Como ficou demonstrado na chamada Revolução de 30, a burguesia industrial conseguiu apenas dividir o controle do Estado com as velhas oligarquias. Esse processo era um reflexo do desenvolvimento tardio do capitalismo no Brasil, que se ajustou perfeitamente ao legado do passado colonial, usando o latifúndio agro-exportador, a dependência econômica ao imperialismo e a brutal exploração dos trabalhadores, submetidos às condições de semi-escravos, como seus pilares de sustentação, fazendo da burguesia brasileira, desde sua gênese, uma classe reacionária, submissa ao imperialismo e, portanto, historicamente incapaz de realizar as tarefas elementares da revolução democrático-burguesa, dentre elas a independência nacional.

Quanto as revoltas dos escravos e dos camponeses pobres, por mais heróicas que tenham sido as suas lutas contra o latifúndio e a escravidão, não podiam alcançar a libertação nacional devido ao baixo desenvolvimento das forças produtivas. As revoltas dos escravos, quando vitoriosas, conseguiam no melhor dos casos a organização de comunidades livres isoladas, os quilombos. Os camponeses pobres, por sua vez, mesmo produzindo fenômenos como as guerras de Canudos e do Contestado, careciam completamente de um projeto político de unidade nacional das lutas para pôr fim à exploração de classe.

DERROTAR O IMPERIALISMO E O GOVERNO NEOFASCISTA PARA CONQUISTAR A VERDADEIRA INDEPENDÊNCIA NACIONAL

Somente o proletariado, criado pelo desenvolvimento capitalista no país a partir do século XX, é a classe que pode unificar o conjunto das lutas dos explorados para derrotar a burguesia nacional e o imperialismo, conquistando, através da revolução socialista, a verdadeira independência nacional. Entretanto, a política de colaboração de classes das direções do proletariado tem, nos momentos decisivos, desviado a classe operária de sua tarefa histórica. O antigo PCB (Partido Comunista Brasileiro), que detinha o controle do movimento operário no início dos anos 60 e subordinava as lutas do proletariado e dos camponeses ao projeto nacional desenvolvimentista da burguesia nativa, aplicando com essa estratégia política a concepção da revolução por etapas, preparou o terreno da derrota, desarmando programaticamente o proletariado diante o golpe fascista de 64, patrocinado pelo imperialismo ianque.

No final da Ditadura Militar, a falência política do stalinismo e a ausência de um autêntico partido operário possibilitaram que a direção do movimento operário caísse nas mãos do PT, um partido programaticamente burguês que, desde a sua origem, tinha como estratégia democratizar a gestão do Estado capitalista e jamais defendeu o socialismo como objetivo da luta de classe do proletariado. O desfecho desse processo histórico foi a conformação dos governos de Frente Popular (Lula e Dilma), defensores dos interesses do capital financeiro internacional e verdugo das massas exploradas, que de tão desmoralizados abriram caminho para a ascensão do canalha golpista Temer e Bolsonaro, responsável neste momento por aplicar um duro ajuste neoliberal e levar a frente escandalosas privatizações, como a da Eletrobras, Correios e Petrobras. O dinheiro arrecadado com a privatização (doação) será integralmente consumido com a emissão de títulos da dívida pública que consome quase 100% do orçamento estatal.

Para a vanguarda do proletariado e os lutadores classistas que hoje enfrentam os ataques do governo títere do imperialismo diante da passividade da Frente Popular que espera passivamente participar do circo eleitoral da democracia dos ricos em 2022, apenas observando o saque da economia nacional pelos especuladores internacionais, as comemorações do dia 7 de setembro não passam de uma farsa montada para encobrir a exploração dos recursos naturais e da força de trabalho do proletariado em favor dos bandos capitalistas nacionais e seus parceiros imperialistas.

Nesse sentido, a tarefa histórica da conquista da independência nacional se constitui em parte da luta da classe operária e sua vanguarda revolucionária para se libertar da opressão capitalista e só pode ser alcançada com destruição do Estado burguês pela via da revolução proletária.

REVOLUÇÃO PERMANENTE VERSUS REVOLUÇÃO POR ETAPAS

Na atual etapa histórica marcada pela ofensiva imperialista para impor um violento processo de recolonização sobre os países atrasados, com a destruição das economias nacionais através das privatizações e degradando as condições de vida dos trabalhadores com os baixos salários, o problema da libertação nacional assume uma importância fundamental como tarefa da luta de classe do proletariado, reacendendo a antiga polêmica entre a concepção menchevique da revolução por etapas e a teoria da revolução permanente.

Analisando o processo de independência das colônias latino-americanas, incluindo o Brasil, Nahuel Moreno e a LIT afirmavam a necessidade de uma segunda independência nacional. Tal concepção partia do pressuposto de que em 1822, no caso do Brasil, tinha havido de fato uma primeira independência nacional, contra o colonialismo português. A segunda independência nacional, portanto, seria contra o domínio imperialista inglês e norte-americano.

Essa visão etapista é retomada atualmente pelos Morenistas do PSTU, quando, diante da opressão imperialista ianque levantam a bandeira da defesa da “soberania nacional” sem colocar que esse objetivo só pode ser alcançado com a tomada do poder pelo proletariado. Com essa política, o PSTU e a LIT, que se dizem trotskistas, negam abertamente a teoria marxista da revolução permanente retomada e desenvolvida por Trotsky a partir da Revolução Russa de 1905, onde a questão da libertação nacional é colocada da seguinte maneira: “Para os países de desenvolvimento atrasado e, em particular, para os países coloniais e semicoloniais, a teoria da revolução permanente significa que a verdadeira e completa solução das suas tarefas democráticas e de libertação nacional não pode ser outra que não seja a ditadura do proletariado”. Ao não apresentar a “soberania nacional” como uma tarefa essencialmente ligada à revolução proletária, o PSTU não se delimita com a esquerda frente-populista, que alimenta nos trabalhadores a ilusão de que a verdadeira soberania nacional pode ser alcançada nos marcos do capitalismo e do Estado burguês, reproduzindo o velho etapismo menchevique, depois incorporado pelo stalinismo, responsável por inúmeras derrotas do proletariado dos países coloniais e semicoloniais por colocá-lo a reboque das frações nacionalistas da burguesia.