Lula confirmou hoje (30/09) que não aceitará entrar na
arapuca armada pelos Procuradores bandidos da famigerada operação Lava Jato.
Uma posição justa e corajosa, apesar do pedido de seus familiares e de alguns
dirigentes do PT, para que aceitasse a semiliberdade que a malfadada “República
de Curitiba” estava a lhe “oferecer”. Porém com a mesma linha política da
Frente Popular, busca uma aliança com os Ministros Golpistas do STF,
alimentando mais uma vez nefastas ilusões nesta mafiosa Corte Suprema.Se a manobra
política do bando criminoso de Deltan e Moro, que diante do desgaste provocado
pela “Vaza Jato” e das “confissões” de
Janot, agora se apressa em seguir o “rigor da lei”, está cristalina,
desgraçadamente não fica claro para a esquerda reformista que a estratégia de
“frente ampla” com setores da burguesia golpista (arrependida?) poderá conduzir
a desastres ainda piores. E essa mesma estratégia de colaboração de classes
fica patente na nova “Carta aos brasileiros”, embora esta não trate
especificamente de alianças eleitorais policlassistas ou compromissos
econômicos neoliberais com a burguesia, como a “Carta” de 2002. Mas se
debruçarmos atenção sobre as expectativas alimentadas por Lula nas mesmas
instituições que instauraram esse regime de exceção, do qual sua prisão
política é uma das melhores comprovações, vemos que a estratégia do PT e seus
satélites continua exatamente a mesma que nos conduziu ao golpe parlamentar de
2016. Ao invés de convocar uma vigorosa mobilização nacional, galvanizando
amplas camadas da classe trabalhadora e da juventude para lutar pela sua
libertação imediata e incondicional pela via da ação direta das massas, Lula
recorre às ilusões nas “instituições republicanas” do Estado capitalista:
“Diante das arbitrariedades cometidas pelos procuradores e por Sérgio Moro,
cabe agora a Suprema Corte corrigir o que está errado, para que haja Justiça
independente e imparcial”.
A ausência da organização de um vasto movimento independente
pela liberdade de Lula, faz parte de uma política consciente da direção do PT e
não tem justificativa na falta de “ânimo da militância”, como afirmam as
principais lideranças do partido. A posição distracionisra do próprio Lula,
declarando que “um dia o povo terá que acordar”, revela que a Frente Popular
realmente não busca o confronto com os carcereiros togados, aguardando uma
“virada” da alta cúpula do judiciário, apesar de ter absoluta clareza que os
recursos jurídicos impetrados pela defesa do ex-presidente só terão algum
acolhimento no STF na medida da proximidade das eleições presidenciais de 2022.
Em resumo, para o PT e também para a burguesia nacional, o destino político de
Lula está diretamente relacionado às tendências eleitorais, e a própria
“longevidade” ou não do governo neofascista de Bolsonaro. Como todas as
pesquisas mostram um desgaste lento mas constante do projeto ultraneoliberal de
Guedes, levado a cabo pelo Planalto, a consigna “Lula Livre” fica à mercê do
calendário eleitoral segundo o cretinismo parlamentar das lideranças
reformistas da Frente Popular.
Como Marxistas não acreditamos que o exercício da História é
algo desnecessário como “memórias” que não servem muito para uma intervenção
concreta na contemporaneidade. Por isso mesmo não seria demais recordar que
após a “Carta ao povo Brasileiro”, onde a burguesia lhe creditou a vitória
eleitoral, Lula inicia seu governo em 2003 justamente com a proposta de uma
(contra)reforma da Previdência, além de apresentar ao “povo” os novos aliados
do PT, como Sarney, Maluf, Collor e afins... Passado o “boom econômico” de cerca
de uma década, da bolha de crédito e das supervalorização das commodities, a
mesma burguesia que acumulou tanto lucro com os governos petistas, se voltou
com todo seu “ódio de classe” contra a Frente Popular, golpeando seu governo e
encarceramento o próprio líder maior da esquerda reformista que pregava a
“conciliação”. Parece que Lula não conseguiu abstrair as lições programáticas
de sua prisão política, e tenta reeditar agora em “tamanho miniatura” outra
“Carta ao povo brasileiro”, com um aceno ao STF, “Centrão” e ao movimento
“Direitos Já!”.