quarta-feira, 4 de setembro de 2019

50 ANOS DA CAPTURA DO EMBAIXADOR CHARLES ELBRICK: ALN E DI-GB (MR-8) EM UMA AÇÃO ESPETACULAR CONJUNTA CONTRA O IMPERIALISMO IANQUE E A DITADURA MILITAR


Em 4 de setembro de 1969, o embaixador ianque Charles Burke Elbrick foi capturado por uma ação conjunta da ALN e da Dissidência da Guanabara (DI-GB) no Rio de Janeiro em plena ditadura militar, exigindo a libertação de 15 presos políticos e a divulgação de um manifesto como condição para a devolução do diplomata. Câmara Ferreira, o comandante Toledo, esteve à frente desta espetacular e heroica ação dos grupos guerrilheiros urbanos no Brasil. A ideia da captura havia partido da DI-GB (depois MR-8), mas ela não tinha quadros experientes para executar essa tarefa. Por isso, pediu a colaboração da ALN de São Paulo. O apoio foi acertado diretamente com Câmara Ferreira. A essa ação foram incorporados Virgílio Gomes da Silva (Jonas) e o próprio Toledo, ambos dirigentes da ALN. O primeiro seria o comandante militar e o segundo comporia o comando político, que ajudaria a elaborar o manifesto público e a lista de militantes presos que seriam trocados pelo embaixador, além de definir os delicados passos das negociações com a ditadura. A operação realizada na semana da pátria por 12 militantes das duas organizações foi um sucesso. A ditadura foi forçada a atender às reivindicações dos revolucionários: os 15 presos políticos foram enviados para o México. O manifesto foi publicado nos principais jornais e divulgado em todas as rádios e televisões. O texto divulgado concluía assim: “Finalmente, queremos advertir aqueles que torturam, espancam e matam nossos companheiros: não vamos aceitar a continuação dessa prática odiosa. Estamos dando o último aviso. Quem prosseguir torturando, espancando e matando ponha as barbas de molho. Agora é olho por olho, dente por dente.”. A ditadura saiu desmoralizada. Contudo, a resposta dos militares seria dura e desarticularia a ALN, eliminando seus principais dirigentes. Poucos dias depois, em 29 de setembro de 1969, Virgílio Gomes da Silva (o comandante Jonas) foi preso, brutalmente torturado e assassinado nas dependências da Operação Bandeirante (OBAN). Quase todos os envolvidos no rapto do embaixador foram presos. Em outubro, o comandante Toledo, como era conhecido, foi obrigado a sair do país até que as coisas se acalmassem. Mas elas não se acalmaram, pelo contrário se agravaram. Na França, recebeu a trágica notícia do assassinato de Carlos Marighella, ocorrido em 4 de novembro em plena Alameda Casa Branca na cidade de São Paulo. 


Apesar de nossas diferenças com as organizações guerrilheiras, quando se completam 50 anos da ação espetacular da captura do embaixador ianque Charles Burke Elbrick rendemos aos militantes que executaram nossa mais profunda homenagem e admiração. Vale registrar que salvo alguns setores do “Partidão” que já flertavam com uma “flexibilização” do leninismo em direção à social democracia, o que anos depois daria origem ao chamado “eurocomunismo”, as organizações de esquerda (como a ALN e o MR-8) que se levantaram em armas contra os facínoras adotavam a estratégia da defesa da ditadura do proletariado versus ditadura capitalista, sob a forma concreta assumida em 64 de um regime político militar. Portanto, o incontestável heroísmo desses militantes na luta contra a ditadura militar, fazem deles heróis dos trabalhadores brasileiros e de sua vanguarda comunista. A LBI, que se mantém firme no combate por desmascarar a democracia dos ricos como uma face da ditadura do capital e dedica o melhor de suas forças à construção do partido revolucionário, espelha-se no exemplo inquebrantável desses camaradas que, apesar dos erros programáticos e de alguns terem involuído décadas depois para a senda reformista da socialdemocracia, combateram bravamente naqueles dias e muitos pagaram com a sua própria vida a luta contra os gorilas genocidas.