A indicação do reacionário Augusto Aras ao cargo de
Procurador Geral da República (PGR), feita pelo presidente neofascista Jair
Bolsonaro no último dia 05/09, foi comemorada pela esquerda reformista como uma
“grande vitória”, que em seu mundo imaginário e oportunista representaria uma
derrota do ministro justiceiro Sérgio Moro e sua famigerada operação “Lava
Jato”. É a primeira vez desde 2003 que o
indicado para chefiar a Procuradoria-Geral da República não está na chamada
“lista tríplice”, criada em 2001 e que elege os três Procuradores mais votados
pelos seus pares. Como os partidos políticos que compõe a Frente Popular vem há
muito tempo perdendo até mesmo a noção do ridículo, desta vez seu cretinismo
institucional ultrapassou todos os limites, identificando um notório fascista
como Aras com a luta democrática contra a República de Curitiba e seus
“Procuradores de capital”. Para não pensar que se trata de um exagero de nossa
parte, vejamos o que em entrevista ao Congresso em Foco, o subprocurador
aposentado Eugênio Aragão, ex-ministro da Justiça durante o governo da
presidenta Dilma, afirmou sobre a decisão de Bolsonro em indicar Augusto Aras
para a Procuradoria-Geral da República: “Se fosse qualquer um da lista
tríplice, seria a representação do corporativismo mais bruto do Ministério
Público”. Mas Aragão não foi o único a saudar a indicação de Aras, o Blog
frente populista “Tijolaço”, chegou a enxergar um esmagamento de Moro: “A
escolha de Augusto Aras para a Procuradoria Geral da República, ontem, deixou
claro, já nas primeiras horas, que o esmagamento de Sérgio Moro terá, claro, um
preço para Jair Bolsonaro.” (Tijolaço 07/09). Mas ao contrário do que dizem
cinicamente os petistas e afins, o Procurador Augusto Aras é um mais um
personagem protofascista nesta conjuntura de golpe institucional e instauração
do regime bonapartista, e um dos seus primeiros atos será nomear para sua
equipe um sub Procurador, Ailton Benedito, que já foi denunciado na Comissão de
presos e desaparecidos políticos.
Desde o surgimento das revelações do site “The
Intercept”(Vaza Jato), a esquerda reformista vem “profetizando” a iminente
queda do ministro justiceiro Moro, sem ao menos articular uma ação direta
conjunta entre as denúncias publicadas pelo jornalista Glenn Greenwald e o
movimento de massas. Pensam os apologistas da democracia burguesa que o chamado
“Estado de Direito” iria enquadrar por si só a mafiosa “República de Curitiba”
e na sequência libertar Lula do seu cárcere político. No curso das ilusões
institucionais semeadas pela Frente Popular, espalhou-se as versões acerca da
“humilhação” de Moro por Bolsonaro, do rompimento político entre ambos e até
mesmo de uma mudança na mais alta cúpula da Polícia Federal, obviamente nada
disto ocorreu e o justiceiro continua mais firme do que nunca no atual governo
neofascista, do qual ele é o principal fiador do regime bonapartista diante da
burguesia nacional. Na medida em que as direções burocráticas recuam da ação
direta e apostam todas suas fichas na institucionalidade burguesa, as denúncias
da “Vaza Jato” perderam força e o que é pior acabaram sendo protagonizaras por
figuras da direita conservadora, como Reinaldo Azevedo do pasquim golpista
“Folha de São Paulo”.
Com a recente indicação do admirador da ditadura militar,
Augusto Aras para comandar nacionalmente toda a estrutura da PGR, que ainda
terá que passar pelo crivo do Senado, e
a “eliminação” dos lavajatistas Raquel e
Deltan, os reformistas crônicos voltaram a crer na ficção da derrota de Moro e
de sua subjugação frente a Bolsonaro. Porém os delírios do PT e seus sócios
menores duraram muito pouco, quando foi divulgada a mais nova pesquisa do
DataFolha, apontando quase intacta a popularidade de Moro enquanto despenca a
de Bolsonaro. Foi o recado político passado pela burguesia através do
DataFolha: o avalista do processo que resultou neste regime de exceção,
chama-se Sérgio Moro...Se por acaso Aras não é um “lavajatista” nato, isto não
tem grande importância, afinal o STF continua amedrontado pelas ameaças dos
generais e também das chantagens do próprio justiceiro da “República de
Curitiba”.